S.O.S. Coração escrita por Anatomia do Conto


Capítulo 13
Decepção.




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Verônica estava paralisada.

Não conseguia acreditar no que seus olhos estavam vendo. Nick, cuja pessoa há anos Verônica não tinha nenhuma informação, estava a apenas alguns passos de distância.

Como ele está bonito. Pensou a garota. Está até um pouco diferente daquele garotinho meigo de Surrey. Mas muito interessante.

O garoto continuava a olhar feio para a garota que o gritara. A tal garota foi então até ele. Começaram a discutir. Verônica não conseguiu ouvir o que diziam um para o outro, tanto pelo barulho que as pessoas faziam no local quanto por estar como num estado de choque pelo reencontro inesperado. Mas viu que a garota deu dois tapas no braço do garoto e ainda agarrou em sua jaqueta. Porém Nick empurrou a garota e ela o largou e lhe deu um tapa na cara. O garoto falou outra coisa, com muita raiva estampada no rosto, virou as costas à garota e saiu. A garota ainda o gritou, mas desta vez ele não parou. Continuou caminhando. E ela saiu logo em seguida, muito contrariada, xingando muito o garoto.

Vendo que o garoto estava indo embora, se misturando com as muitas pessoas que caminhavam no local pra lá e pra cá, Verônica foi “acordando”.

– Nick. – Pensou Verônica em voz alta, um tanto ofegante. Ainda não acreditando em tudo. – Nick está indo embora. Não! Não posso deixá-lo escapar mais uma vez.

E começou a correr.

Mas mal deu duas passadas e uma mão a puxou.

– Verônica! Você está com minha fala da apresentação. – Era Annie.

A garota olhou para Verônica. E ao ver a expressão da irmã, começou a se assustar.

– Menina. O que foi? – Perguntou. – Parece que viu um fantasma.

– Annie! Foi quase isso. – Respondeu.

– Hããã? ? Do que você está falando? Anda! Vem comigo... – Falou Annie, começando a puxar o braço da irmã. – Vamos procurar algum lugar pra você se sentar. Te compro uma água, você se acalma aí você me explica isso.

– Não posso, Annie! – Disse Verônica, se soltando. – Depois te explico tudo. Te prometo! Agora volta pra o seu stand. E leva minha bolsa que está... Ali no chão! Sua fala está dentro dela. Vai!

– Verônica...

– Depois, Annie...

Então Verônica saiu dali, deixando a irmã preocupada, sem entender absolutamente nada.

Ryan, James, Lion e Kathy estavam observando todo o movimento da feira escolar e comentando tudo.

– Caramba! Como tem gente aqui, não é? – Observou James.

– E muitos dos que eu vi não são da escola. – Completou Ryan.

– Ahh... Mas vamos combinar que ia ser chato se fosse só a galera da escola. – Concluiu Lion. – O legal é ver gente nova na área.

– Verdade! – Disse Kathy. – Mas sabe quem eu não vi ainda?

– Hum... Quem? – Perguntou Ryan.

– Craig, Lorraine e Donnie. – Respondeu.

– É bom que eles não venham mesmo. – Falou James. – Toda vez que eles estão em algum lugar é só pra causar confusão.

– Devem estar roubando ou usando drogas. – Disse Lion. Espirrando de modo teatral, logo em seguida, e por pouco não acertando nos irmãos e na amiga.

– EEEECA, Lion! – Exclamou Kathy. – Seu nojento! Vamos te levar no médico. Essa sua gripe está muito estranha.

– Verdade! – Disse James. – Ninguém permanece gripado todo esse tempo. Isso deve ser a gripe da vaca louca, isso sim.

– Vai procurar remédio, seu nojento! – Disse Ryan. – Quase acerta em mim.

– É por isso que o mundo está assim. – Disse Lion, passando a mão no nariz e na boca. – Ninguém tem pena dos doentes!

Todos já iam responder, porém viram Annie chegando.

– E aí, o que está achando do seu primeiro evento escolar em Londres? – Perguntou James, quando a garota se juntou a eles.

– Está legal! Tem muita gente, né? Estou até surpresa. – Respondeu Annie.

– É. A galera gosta desses eventos. – Informou Lion.

– Só estou preocupada com a Verônica. – Disse Annie. – Fui falar com ela e a vi super tensa.

– Você perguntou o que era que ela tinha? – Perguntou Ryan, um pouco intrigado.

– Perguntei. – Respondeu Annie. O celular da garota começou então a tocar no seu bolso, e ela foi pegar, continuando. - Mas ela disse que depois falava comigo e se mandou atrás de sei lá o quê. É... Esperem um pouquinho, vou atender o celular.

– Atende aí! – Disse James. – Devem ser as esquisitas.

– James! – Falou Annie ao primo. – Não fale assim delas. Elas são minhas amigas.

Annie saiu dali, enquanto os outros ralharam com James.

– Tá ok, Annie! – Disse Mallory ao telefone. – Mas não esqueça que combinamos de sair depois da feirinha! - Humrumm... Ok! Podemos sim. Se preocupa não. Te esperamos lá, sim. A Cecily tá aqui comigo... Tá! Mando sim. Tchau, garota!

Mallory e Cecily estavam caminhando por entre os stands, cada uma com seu look excêntrico. Mallory com uma blusa muito folgada e shorts. Cecily de blusa e shorts pretos e sobretudo jeans. Carregadas, todas duas, de maquiagem.

– E aí, o que a Annie disse? – Perguntou Cecily.

– Que se encontra com a gente no final dessa chatice. – Respondeu Mallory. – Ela estava com os primos no stand deles. E acho bom irmos logo para os nossos.

– Estou sem vontade alguma de ir para droga de stand. – Respondeu Cecily, um pouco até deprimida. – Minha vontade era de estar em qualquer outro lugar que não fosse aqui.

– Você ainda está triste com a tal irmã da Annie estar namorando o Henry, não é? – Perguntou Mallory, olhando para a amiga. – Cecily... Quantas vezes vou ter de repetir que...

– Mallory, cala boca! – Disse Cecily, chateada. – Não quero ouvir esse seu sermão! Não se deu conta ainda que eu acho chato isso. Você o tempo todo falando que não é certo meu amor pelo Henry?

– E você acha que seja? – Perguntou seriamente Mallory, pondo-se agora a frente da amiga. – Te falo que isso não vai dar certo e que tudo isso só fará mal a você, mesmo que ache chato, porque sou sua amiga. Não quero te ver mal. De novo.

– Você não entende mesmo! – Insistiu Cecily, se sentindo mais contrariada ainda. – Eu amo Henry. E não importa o que você acha. Eu o amo. E não estou me importando com todo o sofrimento que eu possa ter até conseguir ficar com ele. Mas eu vou conseguir.

– Coitada! – Disse uma voz, com desdém. – Pobre iludida!

Era Lorraine. Ela estava logo atrás de Cecily. Estava acompanhada por Craig e Donnie. Cecily a olhou semicerrando os olhos, tamanho desprezo que sentia pela garota.

– O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntou Mallory. – Não deviam estar puxando uma erva hora dessas?

– Acabamos de puxar, prima. – Respondeu Craig, com um sorriso no rosto. – Fica sossegada. Nós só ficamos um pouco preocupados com o lamento da nossa amiga Cecily aqui.

Lorraine ainda estava com um sorrisinho irritantemente malicioso e o olhar fixo em Cecily.

– Ouve sua amiga Mallory, pequena Cecily. – Falou Lorraine. – Você nunca vai ter o Henry. Nunca!

– Nunca! – Repetiu Donnie, rindo no momento seguinte.

– Parem de encher o saco, vocês! – Bradou Mallory, faltando-lhe a paciência.

– Deixa, Mallory! – Disse Cecily, olhando para a amiga, e dando um passo para sair de lá. Porém Lorraine puxou com agressividade o colarinho do sobretudo da garota, fazendo as duas ficarem novamente cara a cara.

– Você é uma babacona! Tolinha! Otária! – Lorraine xingou Cecily com um sorrisinho no rosto. – Você é uma infeliz que nunca vai ter Henry nem garoto nenhum. Nenhum garoto vai um dia te querer, sua esquisita!

Me larga! – Falou Cecily, bem alto, se soltando de Lorraine. – Me deixa em paz, sua descompensada!

– Descompensada? Ahh, não, Lorraine... – Provocou Donnie, rindo. Enquanto a garota gótica saia dali, ofegante.

– Vocês não dão sossego a ela, não é? – Censurou Mallory. – Porque não a deixam em paz?

– Porque isso é a única coisa que nos dá prazer, Mallory. – Respondeu Donnie, ainda rindo. – Infernizar a vida de otários infelizes como a “doce” Cecily.

– Os únicos infelizes aqui são vocês! – Rebateu Mallory.

– Como é? Tá me chamando de infeliz? – Perguntou Lorraine indo pra cima de Mallory. – Vou te mostrar quem é infeliz, sua cachorra...

– PARA, LORRAINE! – Disse Craig, censurando a colega. – PARA COM ISSO! A MALLORY, NÃO! ELA É MINHA PRIMA, DROGA!

Lorraine então foi se contendo, relutantemente. Olhou para Craig, depois para a garota punk.

– Garota de sorte! – Sussurrou a valentona, com ódio. – Você se salvou! Mas sua amiga eu vou ter o prazer de infernizar até quando puder..

– Chega, Lorraine! – Disse Craig, rispidamente. – Vamos! Você já falou demais.

– Ahh, Craig... – Disse Donnie, chateado. – Deixava as duas se entenderem.

– Cala a boca! – Disse Craig, olhando para os dois. – Não quero ver vocês se metendo com a minha prima. E acabou!

Lorraine e Donnie lançaram um olhar assassino à Mallory e então saíram junto com Craig.

Verônica foi em direção à saída da escola. Havia um grande número de pessoas passando por ela, porém a garota não parou um único momento para descansar. Estava caminhando tão rapidamente que, por vezes, esbarrava em alguém ou tropeçava em algo, mas não parava. Seus pensamentos estavam confusos. Lembrava que a pouco beijara Henry, e todos os momentos que haviam passado juntos nesses quase 30 dias de namoro. Pensava em Nick. E ainda não havia caído a ficha que o encontrara depois de tanto tempo. A altura que chegava ao estacionamento da escola, sua vida passou novamente como num flash em sua mente.

Onde está Nick? Pensou. Será que eu o perdi novamente?

Seu celular tocou, assustando-a. A garota parou, enfim, para atender a ligação.

– Oi? – Disse Verônica, com a voz ofegante.

– Verônica? – Era a voz de Henry. – Onde você está? As apresentações dos stands começaram a 10 minutos. Annie veio aqui me dizer que te viu assombrada com algo. O que está acontecendo, amor?

– Nada! – Mentiu Verônica. – É que só fiquei com vontade de sair desse mar de gente. E vim pra um lugar sossegado. Sabe que não gosto de lugares cheios, né?

– E essa voz? Parece cansada.

– Cansada? Impressão sua.

– Rummm. – A voz desconfiada de Henry preocupou Verônica. – Tá ok! Só fiquei preocupado.

– Não fique! – Disse Verônica, enquanto caminhava pelo estacionamento da escola. – Quer dizer... Não fiquem! Você e Annie. Estou bem.

Foi então que viu novamente o garoto de jaqueta preta, encostado numa moto vermelha.

O coração de Verônica deu um salto tão grande que a garota pôs a mão no peito. Era ele.

– Mas você está onde? – Perguntou a voz de Henry. – Por que...

– Henry, falo com você depois! – Disse Verônica, sem cerimônia. – Tchau!

Ela ficou olhando o garoto durante uns dois minutos. Ele olhava o sol se pôr. Verônica então pensou que mesmo com aquele jeito com que tratou aquela garota no momento que o reencontrou, ou mesmo não se portando como aquele garoto meigo de Surrey, havia algo que dizia a ela que aquele garotinho que a amava continuava ali junto com o garoto de jaqueta preta.

Verônica então decidiu. Tinha de ir falar com ele. Eles se reconheceriam e se abraçariam e ficariam o resto de suas vidas juntos. Sem se separarem novamente.

A garota se aproximou. Percebe então que ele estava escutando uma música. “Patience” da banda Take That. Ele estava tão desligado de tudo a sua volta que apenas percebeu que não estava sozinho no local assim que Verônica parou logo ao lado de sua moto. Olhou para a garota. Verônica então se arrepiou.

É ele!– Pensou. – Nick.

Verônica se esforçou para não se emocionar a ponto de começar a chorar. Apenas, se conteve e sorriu para ele.

– Nick?

O garoto ficou intrigado.

– Oi.

– Oi! – Disse a garota, com um grande sorriso no rosto. – Quanto tempo!

Não houve resposta. Verônica percebeu, pela expressão de Nick, que o garoto não estava ainda a reconhecendo. Achou que a emoção do reencontro havia o deixado sem ação. Assim como ela ficou: Bestificada.

– Sou eu! – Continuou. Não houve resposta da parte de Nick. – Verônica Watson.

– Espera! – Falou Nick, começando a se desgrudar da moto. - Acho que já te vi em algum lugar!

– Fomos vizinhos em Surrey. – Verônica agora já estava ficando desapontadíssima com Nick. O sorriso começando a vacilar.

O garoto a olhava com atenção. Passado um momento falou, com voz de surpresa.

– Verônica!!! – Apontando para a garota. – Foi com você que eu tive o primeiro namorinho de criança! Não foi?

Aquilo foi um golpe extremamente forte para Verônica. Mesmo lutando para conter a emoção uma lágrima escapou, inevitavelmente.

A garota ficou decepcionada com Nick. Então, naquele momento, Verônica percebeu que por todos esses anos sofreu por alguém que, pelo visto, não lembrava tanto dela.

Eu não posso estar de frente com Nicholas McGroff. Pensou Verônica.


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