Não sabia ao certo quando sua vida havia começado a mudar.

Talvez tenha sido quando desembarcou em Budapeste. Ou no momento em que pôs seus pés dentro daquele avião. Ou quem sabe até, antes mesmo de descobrir a localização de seu alvo e decidir ir para a Hungria.

Ela nunca imaginou que viveria um futuro tão diferente do que havia esperado para si mesma durante toda sua vida.

Seu nome é Natasha Romanoff, ou como conhecida por muitos, a Viúva Negra.

Havia acabado de desembarcar na Hungria, e optou por agir como uma turista normal. Pediu ao taxista que a levasse ao hotel, e logo já estava acomodada em um quarto. Nada de especial: uma pequena sala, com uma porta que dava acesso ao único quarto e ao banheiro.

Aquela sensação de estar sendo vigiada, que começara a sentir ainda dentro do avião, continuava nela, mas preferiu ignorá-la por hora. Agora, tinha negócios a tratar. Tomou um banho rápido, e em pouco tempo estava pronta: o uniforme da KGB que ela ainda usava mesmo depois de tanto tempo após o fim da organização, duas oito milímetros, além é claro, de seus “brinquedinhos” favoritos.

Henry Darrow era o nome do homem quem ela iria matar, e por quem vinha procurando por um longo tempo, enquanto seu desejo de vingança obscurecia suas decisões mais fortemente do que nunca.

Encaminhou-se para o prédio onde ele estaria, utilizando de um Audi preto pego “emprestado”, e subiu pelas escadas de incêndio, tomando suas devidas precauções para não ser vista. Posicionou-se no telhado, com a arma em mãos, observando pela claraboia, os convidados no jantar em homenagem a um importante empresário, que acontecia logo abaixo de seus pés.

Ele ainda não tinha chegado. Começava a recear sua demora, temendo que ele não aparecesse e novamente, perdesse sua oportunidade.

- Sabe, o que dizem sobre você está errado. – disse uma voz as suas costas. Rapidamente ela se virou mirando no homem que havia pronunciado tais palavras – Não foi tão difícil para te rastrear. – disse ele com um meio sorriso.

- Golpe de sorte, eu diria. Embora sua vigia não tenha passado completamente despercebida por mim.

- Imaginei que não passaria, entretanto acreditei que seria um desafio um pouco mais... Interessante.

- Interessante não será a palavra certa para quando eu atirar em você. Gostaria de se apresentar antes disso?

- Não complique as coisas Natasha Romanoff. – disse segurando o arco pendurado em seu ombro. - Estou aqui apenas para lhe impedir de matar mais um inocente.

- Ele não é inocente, nunca foi. E absolutamente nada, nem ninguém poderá me impedir. – disse atirando.

Surpreendendo-a ainda mais do que sua presença ali, ele simplesmente desviou da bala, e rapidamente armou e atirou uma flecha de seu arco. Natasha deu um mortal para trás, também desviando facilmente. Ela correu até ele, que continuou a atirar, em vão, e começaram o combate corpo a corpo.

Lutaram igualmente durante alguns minutos, nenhum dos dois conseguindo ultrapassar os bloqueios do outro. Ao tentar acertá-la com um soco, a mulher facilmente desviou, segurou e torceu seu braço, chutando seu peito em seguida, fazendo-o cambalear para trás.

- Nada mal. Mas ainda não foi forte o suficiente.

- Tem certeza? – ela sorriu.

Ele voltou seus olhos para seu peito, e só então percebeu no ponto que ela encarava, o ferrão preso em seu peito, e o arrancou imediatamente.

- Sua... – tentou dizer, antes de sua cabeça ficar pesada e cair de joelhos, as mãos apoiadas no chão.

- Aprenda mais essa, querido. O veneno certo pode paralisar a pessoa em poucos segundos. Vai doer um pouco, mas você vai sobreviver. Eu acho. – disse, quando ele foi ao chão, já inconsciente.