Enquanto caminhava pelo parque, Violetta preferia sentir a brisa do vento em seu cabelo, era mais simples que qualquer outra coisa, havia acabado de visitar Leon, na casa dos pais dele, a garota culpava-se pela perca de memória do namorado, ou ex-namorado, ainda não sabia o certo, ele não se recordava dela, o que era evidente, mas segundo a mãe dele, sempre que Leon dormia, ela chamava desesperadamente o nome de Violetta e acordava ou confuso ou queimando em febre, ela não gostava de visita-lo, por mais que o ama-se, a culpa a completava, se ele não tivesse a salvado, estaria muito bem, assim como ela saiu ele teria saído ileso, Violetta tinha certeza que teria morrido, mas pelo menos não carregaria essa culpa com ela.

Estava ainda um tanto longe de seu destino, o mesmo banco em que sempre sentava-se, todos os dias, sem falta, estava trajando o mais comum para aquele decair da tarde de inverno, uma calça jeans, uma blusa branca de manga comprida, um enorme e quente casaco e botas de cano longo, alem de uma boina para completar, a neve cobria as ruas de Buenos Aires, que algum tempo atrás eram floridas, Violetta nunca havia prestado atenção nas estações, não até o grande acidente, foi um assunto que fez a Argentina inteira parar o dia 14 de agosto ainda a assombrava de forma assustadora, antes do acontecido passava seu tempo buscando belas roupas, sair com suas amigas, agradar seu namorado, que de certa forma deu a vida por ela.

-Violetta ! -Ouviu uma voz masculina a chamar, era o único que não estava no dia do acidente, estava com gripe, o que salvou a vida dele.

-Olá Andrés -Respondeu virando-se para o antigo bem...eles nunca foram amigos, apenas conhecidos, os únicos que realmente eram amigos dele, eram Naty que nessa hora, na realidade...não está mais entre nós, Maxi que com a morte de Natália entrou em depressão, e bem o último...era Leon...que doía em Violetta recorda-se. -Como você está ? -Indagou Violetta forjando um sorriso.

-Vou indo e agradecendo a Deus por ter pegado aquela gripe -Riu sem humor -E você como está passando ? -Indagou Andrés, apesar de tudo ele parecia bem interessado.

-Ando meio sozinha, o que mais me dói é o fato que Leon não recorda-se de mim e que...se ele não tivesse me salvado ele estaria bem...-Andrés a cortou.

-Não, ele não estaria bem, ele jamais teria se perdoado se algo ocorresse com você, ele teria feito alguma besteira para amenizar o fato de ter te perdido, não se sinta culpada -Afirmou Andrés -As vezes não acredito que já se passou um ano-Comentou Andrés.

-Não, se passaram onze meses, vinte e dois dias e... -Olhou o relógio de pulso de Andrés -Treze horas -Concluiu corrigindo-o.

-Certo -Murmurou Andrés -Foi um prazer revê-la -Afirmou dando um meio sorriso e se dirigindo ao lado contrário do parque.

Depois do ocorrido Andrés havia mudado muito, amadurecido, talvez pelo fato de estar tão sozinho quanto Violetta. Finalmente ela chegou ao seu destino final, dessa vez sem interrupções, sentou-se no banco e pegou o papel e a caneta, o papel era uma folha comum, verde, a cor favorita de Leon e de Francesca, isso era a única coisa que seu namorado e sua melhor amiga tinham em comum, a cor favorita.

"Querida Francesca,

Hoje faz exatamente onze meses, vinte dias e treze horas, bem é por aí, que ocorreu o acidente, é meio estranho, escrever cartas, nunca pensei que me sentiria tão sozinha...adoraria ter seu endereço de e-mail real, isso é...se você ainda estiver viva. Hoje visitei Leon na casa dele, é horrível culpar-me pelo ocorrido com ele...talvez se eu não estivesse lá naquele dia, com toda certeza ele teria saído sem um arranhão sequer. A propósito, hoje vê Andrés...ele está bem diferente...as vezes acho estranho o fato dele nunca ter visitado Leon, sei lá...eles eram...melhores amigos, eu daria qualquer coisas para estar no lugar do meu "príncipe encantado", engraçado, não ? Eu deveria estar contente, inspirada pelo que ele fez por mim, mas o único sentimento é culpa, culpa por ele ter dado a vida por mim.

Papai ainda está arrasado, eu também sinto muita falta da Angie, mas aprende a superar. Apesar que se Leon não tivesse resistido, acho que eu não teria suportado, ele continua sendo o grande amor da minha vida, mas...é meio que...ele não me olha nos olhos, ele sempre me pede desculpa, todos os dias, a mãe dele me liga desesperada, me dizendo que ele grita meu nome enquanto dorme, talvez pelo fato que o interior dele ainda precise de mim, tanto quanto eu preciso dele, um dos últimos motivos, para eu ser feliz.

Ramalho, me ligou nesse último final de semana que se passou, segundo ele eu entrei na faculdade de música em "Julliard". É inacreditável, eu sei, mas acho que não irei, por mais que Leon não se recorde de mim, eu ainda me sinto bem, perto dele. E papai ? Ele anda muito ocupado no trabalho, ou melhor ele se ocupa, parece que esse foi o modo com que ele decidiu curar-se, mas em minha opinião ele está fazendo isso em uma tentativa bem...falha...amiga, você não sabe como que precisava de um conselho ou seu...ou do Leon...ou da Angie...ou talvez até mesmo do papai...

Um beijo, de sua amiga Violetta".

Após terminar de escrever mais uma de sua cartas diárias, Violetta fez o de sempre, a amaçou e jogou na lixeira ao seu lado, suspirou eram, tantas coisas...talvez um novo começou fosse bom, ou talvez apenas novamente partisse seu coração, que já encontrava partido o suficiente.