P.S. Não me deixe acordar escrita por brokenblack


Capítulo 2
Capítulo 1 — A banda




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Stephany POV

Nós tomamos o sorvete sem nos importarmos com o tempo que estávamos gastando. Era verídico que queríamos que a segunda-feira demorasse a chegar, mas não nos importávamos com o tempo quando estávamos juntos, brincando e se divertindo ao ponto de parecermos crianças.

Eu iria pedir outro pote de sorvete se não fosse o Diego dizendo que eu havia engordado. Fiquei um bom tempo procurando toda aquela gordura que ele disse que eu havia ganhado, e quando vi, já estávamos à caminho da casa do Rafael.
Se eu estivesse segurando algo naquele momento, teria arremessado na cabeça do Diego e voltado à sorveteria.

Notei os singelos olhares de Giovanna, percorrendo cada curva do corpo viril de Diego. Foi um dos raros momentos em que eu senti o calor que suas bochechas deveriam estar emanando. Ela arrumou as longas mexas azuis de seus cabelos e desviou o olhar, percebendo que eu a estava encarando. Corri em sua direção, empurrando Rafael propositalmente e bagunçando os fios de cabelo que ela havia acabado de arrumar.

—E ai, Gii? Quando pretende checar as estrelas do céu da boca dele? —sussurrei a última parte, arqueando algumas vezes seguidas as sobrancelhas.

—Ste, você viaja. —ela me deu um franco empurrão, mas sem conter o sorriso em seus lábios.

—Se você não ficar com ele, eu fico. Hah, ele gosta de mim, mesmo.

Afastei-me dela, rindo, e fui encher o saco dos meninos, dizendo que eu não iria subir todo aquele morro e que teriam de me carregar. Isso foi um bom passatempo, fui falando isso até perceber que eu já estava na metade do caminho, e era ali que teríamos que parar e esperar o Rafael.
Ele foi andando na frente a abriu o portão da casa dele. Mal dava para ver a entrada de tantas plantas que havia no jardim.

Tentei me aproximar do Diego dessa fez, já que estávamos parados e a Giovanna se encontrava muito mais à frente, escorada em um poste.

—Hei, Pizza, there’s an endless mouth to rediscover'...

—Ehn? O que tá querendo dizer com isso? —ele me olhou arqueando uma sobrancelha, mas já sabendo do que se tratava.

—Você sabe... A Gii... —cutuquei o braço dele com meu ombro.

—Qual é, Ste, quer que eu vá lá e apanhe? —Diego pousou a mão direita sobre a testa e a guiou até o final de sua nuca, pondo um certo "fim" àquele assunto.

Quando me dei conta, lá estava Rafael fechando o portão com seu violão em mãos.

—Vamos lá, galera. Sofrer mais um pouco pra chegar na casa da Ste. —ele riu.

Voltamos a andar com uma distância considerável uns dos outros. Esse era um dos momentos em que eu pensava "devo ter feito merda" pois não costumávamos ser assim tão... Quietos.
Giovanna estava na frente de todo mundo, nem sequer parou quando eu disse para ela nos esperar. Era difícil, de certa forma, conviver com seu estado bipolar. Uma hora ela era a pessoa que entraria em sua frente caso você fosse levar um tiro, noutra, era a bala da arma que você moldou com suas próprias palavras, e só foi perceber o erro instantes antes de sua morte.

O silêncio para mim era perturbador, olhava para os lados, inquieta, procurando alguma distração. Foi quando Rafael me cutucou, tirando-me do transe e me lembrando de que eu teria que abrir a porta. Procurei a chave em meu bolso e assim o fiz.
Quando coloquei os pés para dentro de casa, só ouvi os sons das mensagens e atualizações dos celulares dos três, e quando me virei lá estavam eles com os celulares em mãos.

—Pronto, começou a festinha do Wi-Fi.

—Desculpa, desculpa. —Diego falou quase se ajoelhando no chão.

Aquela cena despertou um riso até mesmo na Giovanna, que se mantinha séria até então.
Fomos rindo até o meu quarto e, no caminho, cumprimentaram a minha mãe, que passou varrendo o pé de todo mundo.

Nem me preocupei em dizer aquela costumeira frase "não reparem na bagunça" porque eles iriam reparar mesmo. Desamarrei a blusa da minha cintura e a deixei sobre o encosto de uma cadeira, enquanto me jogava na cama.
Também não precisei falar para eles ficarem à vontade, quando vi, já haviam tirado suas jaquetas e jogado em qualquer canto, enquanto procuravam um lugar para se sentar.

—E aí, quando a gente começa a ensaiar? —Rafael rompeu o silêncio daquele desanimo.

—Ensaiar para...? —Questionou Giovanna, arqueando uma sobrancelha.

—Nosso show, ué. —falei empinando o nariz e fechando os olhos.

—Dãr, como tu não sabia disso Gii?

—Fica quieto Diego. Nem temos uma banda, como eu iria pensar nisso?!

—Agora temos. —joguei meu travesseiro na direção dela, mas, incrivelmente ela se virou a tempo de pegá-lo e jogá-lo com precisão na minha cara.

—Vou procurar umas músicas fáceis aqui...

Rafael mal acabou de dizer a frase e já ligou o monitor do meu computador. Todos ficaram encarando a tela e os únicos ruídos audíveis eram os das teclas do teclado e os cliques do mouse.
Assim que ele encontrou uma página, ele desceu todo o início até chegar em um tópico, onde ele selecionou os gêneros musicais que ele considerava ser mais fácil de "pegar o ritmo". Novamente escutamos um clique e, logo depois, uma série de musicas apareceram.

Nos acomodamos mais à frente para poder enxergar melhor as letras menores. Estava difícil escolher uma das músicas, até porque, além do fato de termos de escolher uma música que todos gostávamos, tínhamos que saber se o Rafael sabia tocar. Acabamos, depois de uns 30 minutos, ficando com "Mulher de Fazes", já que era uma das poucas músicas que todos sabiam a letra.
Demorou um pouco até começarmos a realmente "cantar", porque sempre alguém errava ou começava a rir.

Deveríamos estar um pouco empolgados, pois pegamos minhas escovas e subimos em cima da minha cama, como se estivéssemos em um palco. E creio que minha mãe deveria estar pensando que não tínhamos alguns parafusos na cabeça, pelo fato de estarmos gritando e fingindo que era uma música do gênero deathcore ou algo do tipo.

Quando paramos de cantar por já estarmos quase sem voz, caímos de costas na pequena cama de casal, rindo no nosso "primeiro show".

—Wow, já dá pra pedir esmola na hora do intervalo.

Brinquei, rindo ainda mais. E logo depois vieram as tosses e as gargantas doloridas, o que nos fez levantar e ir até a cozinha beber água.
No caminho me veio uma ideia à cabeça: eles poderiam dormir na minha casa! O único problema era que minha mãe iria trabalhar e provavelmente não deixaria.

Quando cheguei na cozinha e vi minha mãe cortando a carne eu não exitei, fiz uma cara que considerava ser a mais fofa que eu tinha e fui falar com ela.

—Mãe, eles podem dormir aqui hoje? —os quatro olharam para mim.

—Você sabe que eu vou trabalhar. Acha que eu vou deixar vocês aqui sozinhos?

Ahhhhhh, por favor, mãe. Deixa, vai? Deixa, deixa deixa, deixa, deixa, deixa. —falei enquanto a cutucava com o dedo indicador.


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