O ar gelado percorreu-me até a garganta, e a curiosidade aumentou. Mas não iria cair na tentação. Olharia isso amanhã, ou melhor, mais tarde da manhã. Guardei as folhas no bolso do meu casaco, o atirei em cima da mesa da sala e fui dormir. Amanhã eu precisava acordar ás seis horas da manhã.

Acordei ás seis horas da manhã, fiz minha higiene, fui ao quarto da mamãe e ela ainda estava dormindo, aproveitei o tempo que eu ainda tinha, e corri para a sala, que a mamãe fazia questão de deixar sempre limpa e organizada. A sala possuia 3 grandes sofás antigos. Um ficava encostado na parede, perto do escritório e da lareira, e era xadrez vermelho e verde, o outro marrom de couro de frente para a lareira, que ficava abaixo da televisão. Por último, o sofá de couro verde que ficava de frente para a porta do escritório. Embaixo desses sofás, havia um grande tapete estampado com pele de vaca, que percorreu gerações de nossa família.

Sentei no grande sofá verde de dois lugares, e puxei as pequenas folhas dobradas do bolso do meu casaco azul, no qual eu havia deixado na sala. Desdobrei as folhas, mas ao ler novamente as palavras da primeira folha, um ar gelado, e a sensação de estar sendo observado voltou com mais verocidade que antes, li aquela frase e deixei a folha cair, fiquei paralisado, tentando assimilar o que havia acabado de ler. Havia um pequeno recado que a três horas atrás não estava na folha...

"Se eu fosse você, eu rasgaria essas folhas agora Henry, eu sei quem você é, e algo ruim vai acontecer com você se prosseguir" Fiquei tão paralisado e em choque, que nem consegui me mexer para recolher a folha caída sobre o chão. Depois de longos instantes, juntei coragem, e recolhi a folha que estava escrito um fato secreto do chão.

Criei coragem para lê-la, minhas mãos tremiam, e meu rosto estava horrorizado com o que poderia acontecer. Não importava o quanto perigo eu corresse. Daria tudo para descobrir algo sobre essas "falsas estrelas" e até mesmo sobre o meu pai... Certo? Errado. Eu já esperava pelo que viria depois.

"Henry idiota, você achou mesmo que você acharia informações sobre o seu pai e sobre as estrelas aqui? Eu tenho acesso a suas coisas, e eu roubei todos os arquivos confidenciais sobre esse fato. Até mesmo aquele quadro antigo, e eu roubei a folha que você decidiu apenas ler agora... Depois que você acabar de ler isso, você estará em um um outro Universo paralelo, onde ninguém sabe da sua existencia... E se você pensa que eu vou ir aí e te levar, está enganado. O espaço e o tempo farão isso por mim"

Minha boca ficou seca, e uma neblina colorida, que piscava de todas as cores começou a percorrer a casa, pareciam luzes LED coloridas, e isso foi a última coisa que eu lembrei, antes de apagar completamente...

Quando minha consciência voltou, estava no meio do centro de uma cidade, que parecia, e ao mesmo tempo não parecia o centro de uma cidade. As pessoas andavam normalmente sem me notar, e elas eram diferentes das pessoas que eu via normalmente.

O que eu faria agora? Se eu falasse que eu vim de outro Universo Paralelo através de um papel, e uma pessoa que comanda o espaço e o tempo que me trousse. Alguém acreditaria nisso? Nem eu acreditava a alguns segundos atrás...

Eu devo ter chamado a atenção de muitas pessoas, com a minha confusão e desespero, pois as pessoas começavam a caminhar me olhando estranho. Quem estaria por trás dessa viagem para outro Universo Paralelo? Seria alguém que eu conhecia? Algum amigo? Meu pai? Minha mãe? Eu já não sabia mais...

Uma moça chamou minha atenção, seus cabelos eram encaracolados, um pouco acima dos ombros, ela era loira e usava um blazer azul, e uma saia branca, era a única que parecia do meu universo ali, mas eu não podia ter certeza, pois ela estava de costas.

Corri até ela, que estava em frente da vitrine de uma loja, cutuquei-a, e ela se virou. Seus olhos eram castanhos esverdeados, ela tinha umafranjinha para frente, e era branca como neve.

–Eu conheço você? - Ela perguntou confusa, e pressionou o lábio com o dedo.

Ela me conhecia muito bem, eu tenho certeza que sei quem ela é, ela era minha amiga de escola, que acabei me afastando para poder descobrir o mistério que cada vez que chego mais perto de desvendar, me tiram todas as pistas. Mas ela, eu tinha certeza que sabia quem ela era, nunca iria me esquecer dela.

–Conhece... Eu sou o Henry, não se lembra? - Ela continuou pressionando o lábio com um olhar interrogativo. - Nós estudávamos na mesma escola, não se lembra Nassie?

Ela pareceu se lembrar de alguma coisa, comecou a ficar vermelha de irritação e começou a olhar para o chão.

–Só os meus amigos me chamam de Nassie. Pra você é Nassiane, pois eu nunca conheci nenhum Henry. Você deve ter me confundido com alguém, pois parece que você nem é daqui.

–E não sou, acabei de vir de outro Universo Paralelo, bom é uma longa história então é melhor nos sentarmos e...

–Como você sabe meu nome então? - Ela perguntou ainda duvidando do que eu falava.

–Nós fomos colegas de escola... Você que não se lembra.

E saí andando especificadamente em direção ao nada. Não sabia o que faria daqui em diante.