Os Protagonistas escrita por Menina Estrela


Capítulo 3
Momento difícil esse da sua avó, espero que ela tenha aproveitado a visita, babaca


Notas iniciais do capítulo

Demorei um milênio mais ou menos uashaushaush mas apareci. Sem provisão de volta pq do jeito que sou enrolada pode levar um dia, uma semana ou até um mês, mas eu voltarei *------* Obrigada apaixonada por palavras pelo favoritamento, fico muito contente quando vi :3 +_+ e obrigada também as pessoas que estão comentando, espero que gostem do capítulo



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– E então, já sabe qual vai ser o próximo?

Dakota estava visivelmente impaciente. Coitado, eu não o culpava, em seu lugar não teria tido nem um terço da paciência que ele estava tendo comigo. Era a sexta lanchonete em que íamos e que eu me recusava a ficar, e mesmo sem entender nada ele demonstrava compreensão e me levava para um lugar que eu preferisse. A grande questão da qual ele não fazia ideia é de que não procurávamos uma lanchonete que me agradasse, mas a lanchonete onde Jake estava.

Repassei uma lista mental das lanchonetes em que Jake costumava ir. Não estava dando certo. As que fui eram suas preferidas e não havia sinal dele por lá. Talvez ele estivesse ao contrário do que eu pensava em algum lugar que não tinha costume de ir para não ser reconhecido. Pelo menos dessa vez ele podia ter tido decência de ir para um lugar em que eu não o encontraria. E havia uma lanchonete que ele levava as garotas com quem não queria ser visto. Como eu sabia? Já o ajudei muito contando mentiras a essas garotas e afirmando que ele não queria escondê-las, ou dizendo até que ele só levava até lá quem considerava realmente especial. Pura baboseira. Não existem pessoas especiais para Jake além dele mesmo.

– Libby, você já sabe? Onde quer ir afinal?

Dakota me encarou. Seu cabelo loiro havia crescido de forma significativa desde a última vez que me dei conta. Estavam na altura do queixo e davam um certo charme aos seus olhos castanhos. Eu tinha que admitir, ele era um gato. Forte, mas não a ponto de dar medo como alguns caras que parecem que vivem apenas para malhar, Dakota estava... Exatamente como deveria estar.

– Não fica muito longe daqui. – respondi por fim – Vou te indicando o caminho. – ele assentiu – Por agora é só seguir reto e depois virar à direita no sentido da avenida. Então pode ir reto de novo por pelo menos uns cinco minutos.

– Tudo bem.

– E Dakota, desculpa por estar sendo assim tão chata com você. Eu só... – não havia desculpa, e mesmo que houvesse eu não poderia dizer, soaria muito ridículo e provavelmente machucaria o ego de um garoto – Sinto muito.

Ele balançou a cabeça. Sempre o vira rindo, era muito brincalhão e sempre era visto com uma garota diferente, mas agora ele estava sério. Eu estava arruinando aquele encontro. Onde estava com a cabeça quando o chamei para sair? Ah, claro! Pra variar, em Jake.

– Não. – ele disse.

Eu não fazia ideia do que exatamente Não significava. Mas também não tinha cara de que era alguma coisa boa. Abaixei a cabeça e deixei meu cabelo cair tampando um dos lados do meu rosto. Eu estava com vergonha e bem provavelmente corada por isso. E então ele riu.

Agora eu estava ainda mais vermelha e era a única coisa da qual não tinha dúvidas.

– Acho que não entendi. – resmunguei finalmente olhando para ele.

Seu sorriso foi grande e divertido.

– Não é Dakota, é Dake. Sabe, deixa menos mulherzinha. E Libby, até parece que depois de três anos você ainda não me conhece. Não são assim que as coisas funcionam pra mim, dentre as chatices das garotas que já levei para sair a sua nem entra nessa lista.

– Não?

Seu sorriso teria aumentado se pudesse.

– Não. E agora vamos, me guie para essa lanchonete para ver se finalmente é “a escolhida”.

Isso não me animou. Em uma escala de um a dez de culpa eu estava em onze. Dakota era afinal, apesar de sua persistência um cara legal. Estava me agradando a noite inteira mesmo que eu não retribuísse de forma alguma. E com o tempo em que havíamos rodado sem rumo por aí nem sabia se Jake ainda estava com a garota ou se já havia ido para a festa. Rezei para que eles se atrasassem de alguma forma.

– Vá para a direita. – digo para Dake indicando com a mão tentando não reparar que ele está na verdade olhando de canto para mim.

São os cinco minutos mais desconfortáveis da minha vida. De repente sinto que a calça está caindo quando na verdade não está e mudo minha posição no banco diversas vezes sem sucesso. Tenho vontade de gritar de frustração ou atirar em alguma coisa, mas me contenho e conto mentalmente até dez para me acalmar.

– Você está bem? – seus olhos estão intercalando entre mim e o para-brisa o que me deixa ainda mais desconfortável.

– Claro. – soa falso até mesmo para mim e não tenho dúvidas de que Dake acreditou tanto quanto eu.

– Será que em algum momento dessa noite você vai me contar o que está acontecendo com você? – seu sorriso de canto me deixou confusa. Houve algum momento de sua vida em que Dake não estivesse sorrindo?

– Não está...

– Mentirosa. Quer saber Libby, você não precisa me contar, não sou o tipo de cara que pressiona uma garota em qualquer situação seja lá para o que for – me senti aliviada instantaneamente antes mesmo de ouvi-lo terminar -, mas quero que saiba que não me importo em pagar um bife a mais para quem me der informações “privilegiadas”. – ele diz a última palavra bem lentamente e consegue me arrancar um riso – Isso se você gostar de bife, é claro. Também sei fingir que me amarro em uma salada.

– Não, não – ainda estou sorrindo quando começo a falar –, as carnes daqui são as melhores da região, eu não perderia por nada um bom bife bem passado.

– Nada de mal passado? – ele ergue uma sobrancelha.

– Deus me livre, não, de jeito nenhum. Já tive experiências ruins demais para uma vida toda.

– Ah é? Duvido muito que seja pior do que ver alguém matando a vaca que você é obrigado a comer no almoço. – ele faz sua melhor cara de nojo e volta a prestar atenção na movimentada avenida.

– Matar a vaca. – contradigo e ele dá um risinho de sarcasmo.

– Você já matou uma vaca? – pergunta sem olhar para mim.

Estou o encarando e segurando para não rir.

– O quê? Uma garota como eu não poderia fazer isso? Está me subestimando?

– Claro que não. – Dake se defende voltando-se para mim – Mas você não matou uma vaca. - cruzo os braços e finjo estar ofendida – Vamos lá, admita Libby, você nunca matou uma vaca.

– Bom, não matei, mas isso não significa que não mataria! – paro por um instante perplexa com o que acabo de dizer.

– Meu Deus, sua assassina!

– Não! Quer dizer, não! Eu não disse que não mataria, mas também não disse que mataria, eu não sou... – tento me desculpar, mas tropeço com as palavras enquanto Dake está rindo e gritando “Ai meu Deus” ao meu lado.

– Você quis sim, você é uma assassina de vacas! – ele diz rindo ainda mais alto.

– Não sou não!

Inesperadamente Dake abre mais a janela e coloca a cabeça para fora gritando “Socorro! Tem uma assassina aqui dentro! Fujam ou ela vai matar as suas vacas! ”. Sei o quanto irresponsável é, mas ainda estou rindo e custo para puxá-lo para dentro.

– Por favor, eu não quero morrer, ponha as mãos no volante.

Ele faz o que peço e me assusto ao perceber que estamos parando. Fico confusa até perceber que estamos em frente a lanchonete que o pedi que me levasse. Engraçado como de extremamente desconfortável passei para relaxada em questão de segundos quando comecei a conversar com Dake. Ele era uma cara legal e por um momento imaginei como seria se eu me interessasse por ele, mas não, isso não iria acontecer até mesmo porquê eu não conseguia imaginá-lo de uma forma diferente.

Quando desci do carro senti um calafrio rápido. Será que Jake estaria ali? Eu esperava que estivesse e ao mesmo tempo preferia que não. Mas eu estava cansada de procurá-lo a noite toda, se não estivesse ali faria cara de desgosto e daria um jeito para ir embora.

Minhas mãos suaram em expectativa. Comecei a morder meu lábio inferior, meu sinal claro de ansiedade, e caminhei até a lanchonete lentamente como quem se encaminha para a morte. Não segurei a mão de Dake e ele, se reparou alguma coisa, não comentou.

Fechei os olhos centímetros antes da entrada sem saber o que esperar. No fundo do meu coração ainda não tinha se queria ou não encontrá-lo ali com a garota. Mas quando abri os olhos e vistoriei o lugar, não encontrei Jake em nenhum canto. Bufei decepcionada e cheia de frustração. Tudo bem, eu desistia.

– O que foi agora, senhorita assassina de vacas?

Dake não conseguiu me arrancar o sorriso que pretendia.

– Odeio essa lanchonete. Quero ir embora.

Ele me encara boquiaberto.

– O quê? Mas nós nem saímos do carro ainda, quer dizer, além de para ver umas seis ou sete lanchonetes que não te agradavam e que você mesmo pedia para ir; não pode acabar com o encontro assim, de repente. – vocifera.

– Escuta... - ele não me deixa continuar.

– Não, não, espera! Me dê só uma chance de escolher o lugar para onde vamos e prometo que você vai se divertir. Libby, vamos, é a minha vez agora, por favor.

Não olho para ele querendo estragar sua noite como Jake fizera com a minha. Não quero ir, mas tenho pena e remorso em recusar e acabo soltando um “tudo bem” deprimido. Voltamos para o carro mais uma vez e quando Dake puxa assunto dou respostas monossilábicas para ele evitando ao máximo de tempo que ainda posso que essa noite se prolongue. Mas não dura muito tempo. Ele passava cem por cento de seu tempo rindo, e acaba me fazendo passar setenta por cento do meu tempo também. Quando descemos do carro não estamos em uma lanchonete ou lugar informal tampouco. É um restaurante obviamente um dos mais caros da cidade e me sinto mal vestida em um piscar de olhos. O que uma adolescente de calça, blusa lisa e sapatilha viria fazer desse jeito e em um lugar como esse?

– Dake, eu não...

– Tudo bem. – ele diz com um sorriso tranquilizador – Não se preocupe, tem algo especial aqui que quero te mostrar depois de jantarmos.

Penso de repente que não tenho dinheiro suficiente para pagar por um jantar aqui, mas nem preciso perguntar para que Dake diga que é por sua conta. Ele não tenta pegar minha mão, mas sem motivo aparente seguro a dele e lhe lanço um sorriso. Ele a aperta e logo estamos entrando no restaurante. Dake troca poucas palavras com o atendente e finalmente estamos sendo levados para uma das mesas em frente a parede de vidro no canto mais afastado do lugar.

Olho para baixo e suspiro pedindo silenciosamente que dê tudo certo. Mas sem estrela cadente ou lâmpada mágica, desejo não realizado. Levanto os olhos e a mesa ao lado da que paramos, está Jake rindo brincalhão para a garota que vi mais cedo na escola. Ele murmura alguma coisa e deduzo que é o nome dela, Caprice. Fico enjoada de repente. Meu estômago embrulha e aperto a mão de Dake mais forte pois Jake ainda não reparou que estamos aqui. E é aí que Dake o reconhece e inocentemente sem saber de nada, para em frente à sua mesa e o cumprimenta sorrindo. Jake olha para ele distraído, e então finalmente repara em mim.

Congelo, com medo, vergonha e ao mesmo tempo raiva. Afinal não era aquilo que eu queria? Vê-lo quebrar a cara? Sua boca se abre, mas não sai nenhum som. Estamos nos encarando e a única coisa que quero é enfiar a cabeça num buraco e não tirar nunca mais.

– E aí cara, como andam as coisas? Não te vejo muito ultimamente na escola. – Dake diz claramente para Jake de forma amigável, mas não tenho cabeça para notar o quão a proximidade dos dois me é estranha.

Ele ainda está me encarando quando fecha a boca e se recompõe voltando-se para o meu acompanhante. Se repara que estamos de mãos dadas não olha ou sequer comenta.

– Ocupado com alguns deveres, treinos no time... Sabe como é, a temporada está se aproximando e o técnico anda meio agitado.

Sinto vontade de socá-lo. Por um momento desvio o olhar para Caprice, mas me sinto ainda mais desconfortável e com uma vontade maior de socá-la também. Não ouço a breve conversa dos dois garotos e quando vejo Dake já está olhando para mim esperando que eu me despedisse também. Mas eu não o daria um tchau ou um sorriso a ele. Diria apenas o necessário para fazê-lo se sentir um idiota.

– Dê meus cumprimentos a sua avó. Diga que espero que ela esteja aproveitando bastante o tempo que passa com o marido no asilo. Ela tem muita sorte de ter um neto como você, disponível para levá-la as visitas.

Pelo menos é o que digo quando na verdade quero chamá-lo de falso e mentiroso e limpar a minha lista de xingamentos. Ouço Caprice murmurar algo do tipo "desde quando seu avô está num asilo". Também quero saber.

Não espero que Dake me leve e o puxo de uma vez para a nossa mesa me sentando de costas para eles. Quero morrer, quero matar Jake, quero matar Caprice e chuto a mesa sem querer, meus dedos doem mesmo por dentro da sapatilha e, ah, o universo! Quando foi mesmo que me tornei tão desajeitada e estúpida?


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Notas finais do capítulo

qualquer erro ortográfico é só avisar que eu conserto, sou meio desatenta e-e