Eternamente escrita por Mayara


Capítulo 57
Capítulo 58 - último capítulo


Notas iniciais do capítulo

Oi, amores!

Ai, não vou ficar falando muito, porque me bate a tristeza por aqui. Ainda teremos o epílogo, que deve sair essa semana, eu acho. Pra quem ainda não sabe, teremos mais dois livros. Eternamente apaixonados, e Eternamente com você. Ansiedade me define!

Espero que gostem, porque foi escrito com muito amor, carinho e sofrência, rs.

Facebook: Autora de romances - Mayara Silva

Beijos



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Gabe me olhava com os olhos arregalados, e estava estático no lugar, e eu estava sem reação. A hora tinha chegado para valer! Eu me tornaria mãe de dois bebês, e eu estou com medo. Não da dor. Ok! Eu estava com medo da dor também, mas eu me tornaria mãe. E caiu a ficha só agora. Meu Deus!

— Gabe, nós temos que ir para o hospital. – falei, desesperada.

— Aham. Ok! Hospital! Eu... Vou... Quero fazer xixi.

— O que? Gabe, você quer fazer xixi? Agora?

— Aham, senão eu faço na roupa, Emy. Eu estou apertado.

— Corre pro banheiro, que eu te espero aqui.

— Se eu demorar é porque eu estou me cagando de medo.

— Corre, Gabe!

Eu respirei fundo, e fiz algumas respirações que eu aprendi. A dor tinha passado, mas eu sabia que a cada vez ele ficava mais forte.

Gabe voltou rápido como um foguete. Ele estava com as bolsas dos bebês, e outra mala, que eu tinha separado algumas roupas que são minhas.

— Ok, eu estou de volta. Vamos para o hospital, senão eu terei que fazer o parto aqui, eu não vou aguentar de ver o sangue, não vou saber pegar os bebês, e como cortar aquele cordão. Ai, não dou conta. – ele falava, sem parar. – Imagina se isso acontecer, Emy. Eu desmaio aqui, feito uma abóbora podre. Não, eu não sei fazer um parto, mas seria interessante se eu tivesse feito um curso e...

— Gabe, para! Respira! Quem vai ter os bebês aqui? Sim, sou seu! – sorri. – Vamos lá!

Ele me levou até a garagem, e me ajudou a entrar. Uma forte contração me atingiu, e ele não sabia se dirigia ou se cuidava de mim. Ele estava bem assustado. Ligou para a minha médica, que disse que logo estaria no hospital.

Ele parou o carro, e me pegou no colo. Entrou correndo, gritando feito um louco e chamando pela minha médica.

— Nós iremos te levar para a sala de parto, e a sua médica já nos avisou. Logo ela estará aqui. – um enfermeiro veio até nós, e me colocou na cadeira de rodas.

— Gabe, os nossos pais. Nós não avisamos a eles.

— Sem problemas, princesa. Eu mando uma mensagem para o meu pai. – disse, digitando rapidamente.

O enfermeiro me levou para dentro da sala de parto, e eu me deitei, tentando relaxar o máximo possível.

— Eles já estão vindo, princesa. Agora o foco é são os nossos bebês. – sorriu. – Será que essa médica vai demorar? Daqui a pouco você terá os bebês, e essa mulher não chegou. Isso não pode acontecer! Se ela demorar, eu terei que fazer o parto, se eu fizer o parto, eu posso machucar os bebês, se eu machucar os bebês, eu morro, se eu morrer, você fica viúva, se você ficar viúva, outro homem vai querer casar com você, se você se casar com ele, terão outro bebê, e se tiverem outro bebê, eu volto e puxo o pé dele.

Eu comecei a rir sem parar. Só o Gabe poderia me fazer rir numa hora dessas. Eu, tendo contrações, prestes a ter dois bebês saindo de dentro de mim, e ele com essas ideias malucas.

— Do que está rindo?

— De você. Que ideia é essa? Daqui a pouco a médica aparece, Gabe.

Um médico apareceu, e o Gabe olhou para ele com a cara fechada.

— Olá, eu sou o doutor Harris. Vamos ver como anda o procedimento, Sra. Emily Hunter.

Que o Gabe não me pegue, mas o médico é lindo! Isso não vai dar certo!

— O que? Que história é essa de tocar a minha mulher, projeto de Calvin Harris? Vá tocar na tomorrowland, não na minha mulher. A médica dela irá chegar daqui a pouco.

— Senhor, é um procedimento, até que a médica dela apareça.

— Ela tem próstata? Ah? Não! Então não precisa tocar. Vá tirando esses dedos bem longe dela. Vai saber em que lugar enfiou esses dedos.

— Gabe! – gritei, sentindo dor.

Ele veio ao meu lado, e segurou a minha mão.

— Você está vendo? Isso é um protesto dos meus filhos! Eles não querem que você toque na mãe deles. Calma, meus amores! Ele não vai fazer isso!

Eu queria matar o Gabe por aquilo, mas a dor estava demais, e eu só queria que passase logo.

— Cheguei! – a minha médica chegou, graças a Deus! – Obrigada pela ajuda, doutor Harris.

— Eu tentei ajudar, mas não deu tão certo. – o médico apontou para o Gabe, que fez cara de desentendido.

— Sem problemas. – sorriu.

O médico saiu, e ela começou a me examinar. Gabe não saiu do meu lado em momento algum.

— Ótimo, Emy. Eu chamei as enfermeiras, e nós iremos começar o processo do parto natural, ok?

— Sim, por favor. Dói demais!

— Eu sei, mas logo vai passar.

Gabe estava quieto demais, e isso não era bom para quem tem uma mente que não para.

— O que aconteceu, meu amor? – perguntei.

— Eu vou ser pai! Isso é real, Emily! Eu serei pai! Não tem como voltar atrás.

— Eu sei como você está se sentindo, querido. Eu também estou em pânico, mas vai valer a pena, Gabe. Nós teremos os nossos bebês. Um mini Gabe e uma mini Emy. – ri.

— Sim, nós iremos ter os nossos bebês, meu amor. – beijou-me.

— Ok, Emily. Você já está pronta.

Respirei fundo, e segurei a mão do Gabe, que estava suando frio.

— Na próxima contração você faz força e tenta empurrar o máximo que conseguir.

Não demorou muito, e uma dor forte me atingiu. Eu fiz toda a força possível, e gritei alto. Meu Deus! Dói muito!

— Ah!!!!! – gritei, segurando a mão do Gabe, que estava tremendo.

— Isso, Emy. Daqui a pouco os bebês estarão aqui. Mais um pouco.

Olhei para o Gabe, que estava pálido.

— Gabe. Ai... Conta uma piada.

— O que? – perguntou sem entender.

— Conta uma piada ou qualquer outra coisa que vier na sua mente.

— Ok! Eu acho que consigo pensar em piadas.

Assim que eu apertei a mão dele, Gabe respirou fundo e me segurou.

— Vamos, Emy. Porque a mulher do Hulk largou dele?

— Não sei! – falei, chorando.

— Porque queria um homem mais maduro. – riu.

A piada é muito ruim, mas me fazia rir em uma hora de dor.

— Qual é o tipo de carne que os bebês gostam?

Balancei a cabeça, negando a minha resposta.

— Fraldinha.

— Vamos, Emy, eu já estou conseguindo ver a cabecinha.

— O que o Batman foi fazer na igreja?

Eu gritei, fazendo mais força ainda.

— Se Bat-zar.

Eu olhei para o Gabe, e apertei ainda mais a sua mão. Ele fez uma careta, e quase gritou comigo.

— Ai, Emy, você está... – ele tentou falar, mas eu apertei mais ainda.

— O que? – gritei?

— Qual a parte mais artística do corpo humano?

— Não sei! – gritei.

— O pulmão, porque ele é cheio de inspiração.

— Isso, Emy. Está nascendo!

Eu dei um empurrão forte, e escutei um chorinho forte. Abri os olhos e vi a médica segurando o meu bebê.

— É um menino. Um lindo menino!

Gabe o pegou no colo, e começou a chorar. Eu já estava chorando antes, agora eu estava me derrubando em lágrimas.

— Ele é lindo, princesa! Ele é perfeito!

— Ele é nosso, Gabe! Nosso pequeno! – sorri, beijando a cabecinha dele.

— Ele vai arrebentar o coração das meninas. – falou, e eu sorri com a ideia.

Uma enfermeira pede que o Gabe entregue o bebê, e ele faz cara feia.

— Porque você quer pegar o meu filho? Não! Vai saber se você não vai sequestrá-lo.

— Gabe!

— Senhor, eu preciso cuidar do bebê.

Ele revirou os olhos, e entregou o nosso filho.

Eu senti uma dor forte, e eu sabia que era a chegada da minha menina. Gabe segurou a minha mão, e eu pedi que ele continuasse com as piadas.

— Vamos, Emy! A sua menininha já vai nascer!

Olhei para o Gabe, que sorriu e me beijou.

— Empurra, Emy!

— Ah!! – gritei, usando toda a minha força.

— Emy, qual número vai à academia? – Gabe me perguntou.

— Não sei!  - gritei.

— O fourteen.

— Ai, que dor! – empurrei o máximo que estava aguentando.

— Gabe, olha pra mim e conta outra piada.

— Ok! Ah... É... Droga! Em uma corrida de frutas a maçã está ganhando. O que acontece se ela diminuir a velocidade?

— Não sei!

— A uva passa.

— É muito ruim essa piada. – tentei rir, mas eu senti que precisava empurrar mais um pouco.

— Mais um pouco, e ela nasce, Emy. Vamos lá! Mais força!

— Ah!!! – apertei a mão do Gabe, que estava pálido, e suando frio.

Fechei os olhos novamente, e senti alguém puxando alguma coisa. Um alívio tomou conta do meu corpo, e eu respirei fundo. O choro da minha filha ecoou pelo quarto, e eu sorri. Era o som mais lindo do mundo.

— Olha a nossa princesa, meu amor. Ela é perfeita, igual a você.

Abri os olhos, e me deparei com dois olhinhos apaixonantes, que me olhavam atentamente. Minha filha, meu amor.

Gabe já estava chorando, e eu mais ainda. Agora eu estava completa! Meus filhos são saudáveis, o que mais importa no momento.

Mesmo a contra gosto, Gabe entregou a nossa pequena para a enfermeira. Ele ainda estava um pouco assustado, e foi até onde a médica estava. Olhou pra mim, e fez uma cara estranha.

— É normal todo esse sangue? – perguntou.

— Mais do que normal, Gabe. Nós vamos acabar de cuidar da Emy, então você pode sair.

Ele olhou estranho para a médica, e fechou a cara.

— Por favor, meu amor. Vá avisar aos nossos pais que os bebês nasceram. – sorri.

— É, fazer o que, né? Tem pessoas que não querem a minha presença, mas eu volto.

Beijou-me, e me deixou com a médica, que ria da teimosia do Gabe.

***

— Eles são tão perfeitos, minha filha! – minha mãe estava babando nos meus filhos, que estavam no quarto com a gente.

Minha madrinha estava segurando o meu filho, enquanto a minha mãe segurava a minha filha.

— Ele parece com o Gabe. É a cara dele!

— Eu também acho, madrinha. – sorri.

— E ela é a sua cara, filha.

— Você acha? Eu achei que ela fosse a cara do Gabe.

— É a mistura dos dois, com certeza. Os olhinhos são iguais aos do Gabe. Só vamos ver se o gênio será igual ao seu ou do pai. – mamãe falou.

Isso eu também queria saber. Se puxarem ao gênio sarcástico do Gabe, eu estou ferrada ao triplo. Três com aquele jeito de irônia? Ah, é demais pra mim!

Todos os nossos familiares vieram visitar os bebês, que ainda não tinham nome, e isso era um problema. Alex e Beck não vieram porque estão viajando, e George e Lis não conseguiram voo, e não vieram, mas me deram parabéns. Não deu tempo do Gabe e eu conversarmos sobre isso, mas faremos aqui mesmo, no quarto do hospital.

Os bebês estavam dormindo, quando ele chegou ao quarto, após pegar um café.

— Gabe, nós precisamos conversar.

— Ah, você concordou em colocar a nossa filha no convento? Eu sabia que você iria pensar com carinho. Isso é ótimo, porque ela poderá se dedicar a Deus, sem essa coisa de namoros, meninos e romances perto dela. A carinha dela não nega que ela irá adorar brincar no chafariz, ir à capelinha e rezar. Olha que lindo! – fechou os olhos, e colocou a mão em seu coração. Tão típico dele.

— Gabe, parou! Não, eu não concordei com isso, e você sabe muito bem,

— Eu sou o pai, Emily!

— E eu a mãe, Gabe! Eu fiz todo aquele trabalho de empurrar, então a minha palavra é a que prevalece.

— Isso, joga na cara! Só porque eu não tenho um útero. Mas na próxima reencarnação, eu quero nascer mulher, e ter vários filhos, só para mostrar que eu também posso. – colocou a mão no peito, e fez a cara de drama.

— Ok, senhor resmugão. - ri. – Nós temos que escolher um nome para os nossos filhos.

— Uh, verdade!

— Eu pensei em Alice. O que você acha?

— Não! Temos que pensar em um nome bem longe das iniciais do alfabeto. – falou, seriamente.

— Por quê?

— Porque quando eles estiverem na escola, terão como escapar das questões das professoras.

— Como assim, Gabe?

— Emy, uma pessoa que começa com a letra A, será chamada primeiro, e não terá chance de pensar em alguma desculpa na escola. Se não fizerem a lição, poderão dar aquela copiada no amigo, porque não serão chamados primeiro. – deu de ombros, explicando a sua ideia maluca.

— Gabe, isso é maluquice!

— Claro que não! Você não dava desculpas porque a sua letra é E, a minha é G, então dava para dar aquela enganada básica. Por isso que eu acho que devemos escolher um nome bem distante.

O que o Gabe anda comendo para ter essas ideias? Eu acho que ele bateu com a cabeça.

— Ok! Qual nome você acha que combina com eles?

— Eu andei pensando, e eu acho que ele combina com Lucas, que significa iluminado, e eu sempre quis esse nome, caso eu tivesse um filho.

Lucas? Lucas! É lindo!

— Eu amei!

— E tem 11 letras antes dele. Dará tempo suficiente. – sorriu.

— E para ela? – perguntei.

— Sophie, igual a minha avó paterna, que eu não pude conhecer, mas eu sei que foi uma grande mulher. – sorriu.

— Que lindo, meu amor. Então ela se chamará Sophie. – fiquei emocionada com a homenagem.

— Fora que é a letra S é quase no final do alfabeto, então tudo será mais prático na vida deles.

 - Você é bem maluquinho, sabia?

— Sou?

— Muito! Mas eu te amo desse jeito, e nunca mude.

— Nunca vou mudar a minha essência, porque a essência sou eu.

— Ah?

— Frase de Orkut. – riu, mas calou-se ao escutar o chorinho do nosso Lucas.

— Alguém quer mamar, mamãe. Eu quero mamar, papai. Estou com fome. – Gabe o pegou, e fez carinho nele. Meus dois homens!

Entregou-me, e o Lucas pegou no peito rapidinho.

Gabe sorriu pra mim, e me beijou.

***

Estávamos em casa, graças a Deus. Os bebês estavam ótimos, e eu estava exausta. Isso porque só se passou dois dias, desde que eu tive alta. Sophie é tranquila, mas o Lucas... Ele é o Gabe em pessoa. Berra, chora, faz manha e parece que será bem dramático. Apesar, de que eu acho que a Sophie também será desse jeito.

As meninas irão vir me visitar hoje, e eu estou morrendo de saudades delas. Menos o Gabe, que sabe que a Beck irá infernizar a vida dele. Coloquei um vestido solto, e fui ver os meus filhos. Eles estavam dormindo calmamente.

Cheguei à sala, e eu vi o Gabe sentado, lendo um jornal.

— Oi, meu amor.

— Uau, você está linda. Linda até demais para o meu gosto. O George vai vir, e vai te ver com esse vestido? Eu não sei se...

— Vai me ver com esse vestido, sim. Melhor me ver com ele, do que nua, não acha?

Ele fechou a cara, e eu sorri. Atingi o alvo. Escutei a campainha tocando, e me apressei a atender.

— Meninas! – falei, animadamente.

— Emy, você está linda, amiga! – Lis falou, me abraçando.

— Está muito linda! – Beck me abraçou.

George e Alex me cumprimentaram, e eu pedi para eles entrarem.

Gabe olhou para a Beck, que sorriu pra ele. E ele fuzilou o George com os olhos. Típico.

Alex e Lis cumprimentaram o Gabe, que retribuiu. George acenou pra ele, que fez cara de poucos amigos, mas, sorriu daquele jeito irônico, mas sorriu.

— Então, como você está papai do ano? – Beck disse, e eu sei que lá vem provocação.

— Eu estou ótimo, Beck. Que bom que veio ver os nossos filhos.

— Nós estamos bem ansiosos para conhecer os gêmeos. – Lis falou, sorrindo pra mim.

— Eu vou buscá-los. Eles estão dormindo lá no quarto.

— Eu vou com você, Emy.

— Não precisa, meu amor. Eu vou colocá-los nos carrinhos. – falei, beijando-o. – Faça sala para eles, que eu volto em um minuto.

Gabe fez uma careta, mas concordou.

Fui até o quartinho deles, e suspirei. Meus bebês estavam dormindo tão lindamente. Peguei um de cada vez, e coloquei nos carrinhos. Assim que eu estava no topo da escada, pedi ajuda ao Gabe, que, rapidamente me ajudou.

— Bem, esse é o Lucas Campbell Hunter. – falei, pegando-o no colo, e mostrei para os nossos amigos.

— E essa é a Sophie Campbell Hunter. – Gabe a pegou, e mostrou para eles.

Ai foi choro das meninas, felicitações dos meninos e muitas fotos, babações nos meus pequenos, e brindes pela vinda deles.

— A minha afilhada é linda! – Beck disse, com a Sophie no colo.

— O meu afilhado também. – Lis falou, sorrindo.

Elas já tinham até se decidido quem seria madrinha de quem. Só que eu não tinha contado para o Gabe.

— Que história é essa? Eu não estou sabendo dessa história de afilhado e afilhada.

— Ah, eu serei madrinha da Sophie, e a Lis será madrinha do Lucas. Não é legal?

— E quem serão os padrinhos?

— Dã, Gabe. O Alex será padrindo do Sophie, e o George do Lucas. Os casais.

Gabe arregalou os olhos, e olhou furiosamente pra mim. Eu sorri pra ele, tentando amenizar a raiva dele.

— Ah, vamos mudar de assunto, né? Lis, e o casamento? – perguntei.

— Logo sai. – sorriu para o George, que fez o mesmo. – Queremos adotar um bebê antes, porque é o nosso sonho. Iremos entrar com o processo de adoção e, se Deus quiser, vai dar tudo certo!

— Claro que vai dar, Lis. – sorri.

Eles ficaram mais um tempo, até que decidiram ir embora, prometendo que viriam mais vezes. Nossos pais também vieram, e ficaram um pouco com os bebês. Mais tarde, eu os coloquei para dormir, enquanto o Gabe tomava banho. Cheguei ao quarto, e ele estava arrumando a cama.

— Eu queria saber que história é essa da Beck ser madrinha da Sophie.

— Ah, meu amor, ela me perguntou se poderia, e eu disse que sim. Ela é a minha amiga.

— Você nem me consultou? Isso mesmo. Se eu fosse jogado as traças, em um lixão, você nem iria se importar, porque ninguém se importa comigo. Minha opinião não vale nada.

— Sem dramas, por favor.

— Drama? Ela gosta de me provocar, e vai usar a nossa filha. Eu conheço a Beck.

— Que exagero! – disse, me deitando.

— Ah, outra coisa. George sendo padrinho do Lucas? Emily, ele foi o seu ficante, e agora quer se infiltrar na sua vida de alguma maneira.

— Nossa, que perigo! Ele é um agente infiltrado do FBI, e tentará roubar o nosso filho. Meu Deus! Temos que correr contra o tempo, e não o deixarmos ser padrinho do Lucas. – fiz o mesmo drama que ele faz. – Que perigo!

— Isso, brinca comigo. Dói o meu peito, sabia? Não ligarem para a minha opinião, que deveria valer para alguma coisa, já que eu te ajudei a fazer os nossos filhos, não é?

— Se dói o peito, então é enfarte, Gabe. – ri.

Ele fechou a cara, e se deitou. Eu adoro provocá-lo.

— Você vai se arrepender, Emily. Brinca comigo desse jeito, mas quando eu te pegar...

— É... Isso será só depois de quarenta dias.

— Como? Eu não entendi.

— Gabe, eu estou de quarentena.

Ele olhou como se eu tivesse falado japonês com ele. Homens.

— Sem sexo por quarenta dias. – pronto, joguei a bomba.

— Como? Quem inventou isso? É coisa da Beck, né?

— Não!

— Quem inventou isso? Qual cientista ou estudante infernal de universidade? Ah? Deve ser esses estudantizinhos novatos, que não pegam ninguém, e querem que a gente fique sem sexo por quarenta dias.

— Gabe, não sei quem inventou isso, ou sei lá o que, mas os médicos pedem para ficarmos sem sexo por esse tempo, para a recuperação.

— Eu é que vou para a ADPSS.

— O que é isso?

— Associação dos pais sem sexo. – falou, sério.

— Ah, meu amor. Vai passar rápido. Eu também estou louca para ter você. – beijei-o. – Você pode me beijar a vontade.

— Isso eu vou fazer até os seus lábios caírem.

— Bobo!

Ele me deitou, e ficamos abraçados, no nosso melhor momento da vida, mesmo sem sexo.

***

Três meses se passaram desde o nascimento do Lucas e da Sophie. Preciso dizer que eles não são fáceis, né? Lucas chora muito, e adora ficar no colo, principalmente no colo do Gabe. A Sophie é mais calma, mas eu acho que ela terá o gênio do Gabe. Adora sorrir e também ama o colo do Gabe. Fora que eles se parecem cada dia mais com o pai, e menos comigo. Eu os carrego por quase nove meses, e eles se parecem com o pai? Que mundo injusto! Não que eu esteja reclamando. Ok, eu estou reclamando. A única coisa que eles puxaram, foi a cor do cabelo. Pelo menos isso, né?

Hoje eles estão completando mêsversário, e a minha mãe fez o bolo de chocolate, e iremos comemorar aqui em casa, no nosso jardim. Lucas já estava todo arrumadinho, e estava no colo do meu pai, por ai. Já a pequena Sophie fez uma bela arte na fralda, e eu vim limpar. Aliás, o Gabe está fugindo desse assunto desde quando eles nasceram. Ele disse que iria limpar, mas nunca fez isso. Ele me ajuda quando eles choram, mas na hora do cocô, ele foge. Hoje ele me paga!

Eu o chamei no quartinho deles, e coloquei a Sophie deitada no trocador.

— Hoje o seu papai vai me ajudar, meu anjinho. – ela riu pra mim, e eu apertei as suas bochechas.

— Oi, meu amor. Você me chamou?

— Aham. Eu preciso que você venha aqui, querido.

— A Sophie está no trocador? – perguntou, alarmado.

— Não! – menti. – Eu preciso que você pegue uma coisa pra mim, meu amor.

Ele foi chegando perto, e eu fui abrindo a fralda da Sophie. Assim que ele parou do meu lado, eu mostrei o cocô na fralda. Ele tentou fugir, mas eu o puxei pelo braço.

— Ah, volta aqui, Gabe Hunter. Acha que vai escapar? Nada disso! Venha!

— Emy, eu estou com uma tosse terrível. – colocou as mãos no pescoço, fingindo que estava tossindo. – Acho que terei que operar das amígdalas, e não posso ficar muito tempo perto da nossa filha. Sinto muito!

— Para de mentira, Gabe! Você está ótimo! Melhor do que eu. – lembrei-me na noite passada que foi... Uau! Quente pra caramba!

— Quem disse? Eu tenho alergia ao tecido da fralda.

— Aham.

— É sério!

— Venha e para de inventar histórias. Já faz três meses que eles nasceram, e você não limpou o cocô deles nenhum dia.

— Eu não consigo fazer isso. Limpa aqui passa ali, fora esse talco que eu quase fiquei cego àquela vez, e depois faz isso ou aquilo. É muita coisa na minha cabeça, princesa.

— Gabe, é tão simples. Você tira a fralda com cuidado. Pega o lenço umedecido como eu estou fazendo aqui. Pegue quantos lenços você quiser, até ficar tudo limpinho. Passe a pomada se eles estiverem assados, caso não esteja, não passe. Como ela não está assada, eu apenas coloco uma fralda limpa, e a roupinha. Não é simples?

Ele me olhava como se não estivesse entendido nada.

— Gabe?

— Ah, claro! Sem pomadas quando eles não estiverem assados, lencinho, tira fralda suja, coloca a limpa e roupinhas. Pronto.

— Quase isso, mas você pegou. Logo você aprende, meu amor.

— É. – deu de ombros.

Descemos para curtir a mini festinha, que só tinha a nossa família e os nossos amigos. Gabe já estava conformado com a ideia da Beck ser madrinha da Sophie, e o George ser o padrinho do Lucas. Ele até tentou me fazer mudar de ideia, mas viu que era impossível.

Cantamos parabéns, cortamos o bolo e comemos. Estava maravilhoso! Aos poucos, todos iam embora, restando apenas eu e o Gabe. Nossos pais queria ficar para me ajudar a cuidar dos bebês, mas eu pedi que eles fossem descansar, e que eu dava conta.

Após o banho, e os levei para o Gabe, que estava trabalhando na sala. Pedi que ele cuidasse dele, porque eu precisava tomar um bom banho. Entrei na banheira, me permitindo relaxar completamente. Eu estava tão cansada. Cuidar de um bebê não é fácil, imaginem cuidar de dois. E ainda por cima, dois bebês que tem o gênio do pai. Gabe se mostrava mais apaixonado e um ótimo pai, só na questão do cocô que ele não me ajudava, por enquanto. Mas ele era tão perfeito comigo e com os bebês, que isso era o de menos.

Após o meu bom banho relaxante, coloquei a minha camisola e fui até a sala. Vi que eles não estavam mais lá, e fui até o quarto, e eu me deparei com uma cena maravilhosa. Gabe estava sentado entre os dois berços, e ele cantava algumas músicas para eles. Lucas e Sophie estavam adormecidos, e o Gabe estava de olhos fechados, mas continuava com o carinho.

Fui até ele, que sentiu a minha presença, e sorriu assim que me viu.

— Eles dormiram. – sorriu para os bebês.

— Pois é, papai. Você conseguiu fazê-los dormir. Achei que você iria começar a contar histórias para eles.

— Eu ia, mas achei melhor cantar.

— E estava lindo, meu amor. Agora, nós podemos ir para o quarto. – pisquei.

— Com toda a certeza. – ele pegou a babá eletrônica, puxou a minha mãe e me levou até o nosso quarto.

— Você está tão gostosa nessa camisola. O seu corpo está mais bonito, não que antes ele fosse feio, mas os seus seios estão maravilhosos!

— Isso tudo é leite.

— Eu sempre gostei de leite. – piscou.

— Safado! – ri.

— Mas você gosta. – falou, agarrando a minha cintura, e me jogando na cama.

— Muito!

E nós nos perdemos um no outro, antes dos bebês começarem a chorar por causa do horário do leite.

***

Hoje era domingo, e iríamos almoçar na casa dos meus padrinhos. Eles disseram que estavam com saudades de nós, mas eu sei muito bem que isso era saudade dos bebês. Depois de deixar tudo arrumado, principalmente eles, eu fui até o escritório, onde o Gabe estava trabalhando. Ele disse estava adiantando alguns trabalhos, logo de manhã, para poder passar mais tempo com a gente.

— Gabe, eu vou levar a sobremesa na casa dos nossos pais, e depois irei ver se a minha mãe precisa de ajuda. Os bebês estão dormindo, então não precisa se preocupar com nada. Já tomaram um bom banho, mamaram e dormiram. Caso eu demore, você pode levá-los até lá, por favor? – pedi, pegando a minha bolsa.

Ele me olhava coma quele jeito fascinado, e sorriu.

— O que foi? – perguntei, curiosa.

— Esse seu lado mãe me deixa louco, sabia?

— Jura? – sorri. – Adoro saber que te deixo louca. – sentei em seu colo, e o beijei.

— Você sempre me deixa louco, princesa. – agarrou a minha cintura, e foi tirando a minha blusa.

— Nada disso. Nós temos um almoço para ir, e não podemos nos atrasar.

Ele fechou a cara, mas acabou concordando.

Despedi-me dele, e fui para a casa dos meus padrinhos. Assim que eu entrei, senti o cheiro de comida. Melhor cheiro do mundo! Coloquei a sobremesa na geladeira, e lavei as mãos para poder ajudar a minha mãe e a minha madrinha.

— Cadê os meus lindos netinhos? – mamãe perguntou.

— Estão dormindo, como sempre. Gabe ficou com eles, mas daqui a pouco eles estarão aqui.

— Aproveita enquanto eles dormem, porque depois isso não acontece.

— Isso é verdade. – mamãe concordou.

— Você e o Gabe terão que se preparar para os choros mais frequentes, cólicas, quando eles decidirem que não querem dormir, ou atrapalhar bem na hora que o casal resolve namorar. – minha madrinha falou, rindo. – Gabe era assim. Quando eu decidia ter um minuto com o seu padrinho, ele abria a boca, e chorava sem parar. Reze para que o Lucas ou a Sophie não fique assim.

— Eles choram, mas não nessa hora, graças a Deus. – disse rindo.

— Mas eles irão fazer isso, tenha certeza. – mamãe falou.

Terminamos o almoço, e eu resolvi ligar para o Gabe trazer os bebês. Fui até o jardim, que era o meu lugar preferido daquela casa. Onde eu havia me casado, onde o Gabe tinha se declarado pra mim e onde eu passava horas brincando. Ali era o nosso cantinho. Debaixo daquela enorme árvore, eu me casei diversas vezes com o Gabe, sem imaginar que, anos mais tarde eu me casaria de verdade. Foi ali que fizemos planos para o nosso futuro, sem sabermos que eram os mesmos planos, porque estávamos predestinados a ficarmos juntos. Aquele lugar tinha um cantinho no meu coração, por inúmeras vezes o Gabe ter me defendido dos monstros que a vida colocou no meu caminho. Olhei para o tronco da árvore, e vi as nossas iniciais, que estava cravada nela. Eu sorri com aquilo, e me lembrei do dia que ele fizera isso. Foi em um dia que estávamos falando dos nossos sonhos, e que nós nunca queríamos nos separar, em momento algum, porque um morreria se ficasse longe um do outro. Ele pegou uma faquinha, e colocou as nossas iniciais, mostrando que iriamos ficar juntos, e que, independente de qualquer surpresa que a vida nos dá, nós sempre voltaríamos para aquele lugar. E foi isso que aconteceu. Eu voltei para o meu lugar, que é ao lado do Gabe. Não só como amiga, mas como namorada, mulher e mãe dos filhos dele. Nossos filhos. Um pedacinho meu e dele.

Senti alguém me abraçando por trás, e imaginei que seria ele, o homem que me completava em todos os momentos e quesitos.

— Você está tão linda, princesa! – sussurrou em meu ouvido.

Virei-me para ele, e sorri. Meu príncipe, meu amor e o homem que consegue tirar risadas e o meu ar ao mesmo tempo.

— Eu te amo tanto, Gabe!

— Eu te amo muito mais, princesa! Você mudou a minha vida no momento em que eu te vi pela primeira vez. Naquela manta rosa, quando você abriu os olhos, eu vi o meu futuro ali. Você foi o meu passado, é o meu presente e sempre será o meu futuro, em todos os meus planos. Eu sabia que eu estava perdido quando te vi, e nunca quis ninguém como eu queria você. Emy, você é o melhor dos meus sonhos. Algo que vai além do que eu achei que teria na vida. Aqui, nesse jardim, eu passei um dos melhores momentos da minha vida. Nossa infância foi aqui, onde eu te protegia de todos, onde comíamos os nossos bolos de chocolate, e onde eu poderia te olhar, ali da minha janela, e observar o quão linda você é. Foi aqui que nós nos casamos, perante o céu estrelado, tendo como testemunha os nossos amigos, familiares, as estrelas e Deus, que está abençoando a nossa vida. Você é a minha melhor metade, Emy. Metade do meu coração e da minha vida!

Ai, Deus, eu já estou chorando de emoção.

Eu o beijei com todo o amor que sentíamos. Beijei com vontade, desejo e prazer. Gabe era meu, do mesmo jeito que eu era dele. Estávamos predestianos a ficarmos juntos e, mesmo com as dores que passamos, estamos aqui, firmes e fortes, com dois bebês que amamos muito e apaixonados cada vez mais.

 Eu olhei para o homem que era o meu tudo, e encostei a minha testa na dele. Senti a sua respiração, e sorri. Era com ele que eu quero passar todos os perrengues da vida, mas todas as alegrias, vitórias e risadas que a vida irá nos proporcionar.

— Eu te amo, meu príncipe. Eternamente.

— Eu te amo, minha princesa. Eternamente.

Gabe

 

Ok! Eu não conseguia mover um músculo do meu corpo. Eu não sabia como reagir, o que fazer e como fazer. Eu sei que eu tenho que levá-la ao hospital, mas estou com medo de alguma coisa. Eu estou entrando em pânico total! Eu preciso me controlar. Eu preciso respirar sem a ajudos dos meus aparelhos imaginários.

— Gabe, nós temos que ir para o hospital. – falou, desesperada.

— Aham. Ok! Hospital! Eu... Vou... Quero fazer xixi.

Droga de pinto e bexiga traidora. Nem para aguentar mais um pouco. Mas eu estou muito apertado, e é de ansiedade.

— O que? Gabe, você quer fazer xixi? Agora?

— Aham, senão eu faço na roupa, Emy. Eu estou apertado. – falei, fazendo careta.

— Corre pro banheiro, que eu te espero aqui.

— Se eu demorar é porque eu estou me cagando de medo.

De muito medo! Medo mesmo!

— Corre, Gabe!

Corri para o banheiro, e me aliviei. Fazer xixi quando você está muito apertado e quase a mesma sensação de ter um orgamo. Um belo alívio!

Senti a minha barriga doer, e não poderia ser o que eu estava imaginando. Não, o número dois agora não. Meu cu vai ter que dar uma segurada, senão a Emy terá os bebês na sala da nossa casa.

— Querido cu, eu terei que te apertar um pouco. Você não está com vontade de sair. Isso é psicológico!  - repeti três vezes.

Corri para o quarto, peguei as bolsas e sai correndo. Poderia estar na olímpiada de tão rápido que eu fui.

— Ok, eu estou de volta. Vamos para o hospital, senão eu terei que fazer o parto aqui, eu não vou aguentar de ver o sangue, não vou saber pegar os bebês, e como cortar aquele cordão. Ai, não dou conta. – falei, sem parar. – Imagina se isso acontecer, Emy. Eu desmaio aqui, feito uma abóbora podre. Não, eu não sei fazer um parto, mas seria interessante se eu tivesse feito um curso e...

— Gabe, para! Respira! Quem vai terá os bebês aqui? Sim, sou seu! – sorriu. – Vamos lá!

Ok, ela irá fazer todo aquele trabalho de abrir pernas, sair uma criança, que no caso serão duas, sangrar muito e ficar com a coisa abertona, como se quisesse uma ventilação vaginal.

Respirei fundo, e a levei para a garagem. O caminho parecia que era mais longo do que eu me lembrava. Ela sentia a contração cada vez mais forte, e eu não sabia se parava o carro para ajudá-la, ou se seguia em frente. No meio do caminho eu liguei e quase berrei com a médica dela, pedindo que ela fosse correndo para o hospital. A coitada achou que tinha acontecido algo grave, mas depois eu avisei que os bebês já queriam vir ao mundo. Peguei-a no colo, e entrei desesperado. Cadê a porra de um enfermeiro? Nos filmes sempre aparece um enfermeiro na hora, e aqui não tinha nenhum. Um enfermeiro, que parecia que tinha se formado agora, veio até nós, e nos ajudou.

— Nós iremos te levar para a sala de parto, e a sua médica já nos avisou. Logo ela estará aqui. – graças a Deus!

— Gabe, os nossos pais. Nós não avisamos a eles.

Droga! Eu me esqueci de avisá-los, e isso porque moramos perto.

— Sem problemas, princesa. Eu mando uma mensagem para o meu pai. – mandei uma mensagem, que eu acho que não tinha nexo nenhum, mas estava escrito: Bebês nascer. Emy hospital. Venham logo! Socorro! Maldito corretor ortográfico. Vou mandar assim mesmo.

Ficou parecido com uma mensagem de desespero, mas acho que deu para entender.

— Eles já estão vindo, princesa. Agora o foco é são os nossos bebês. – sorri, mas por dentro eu estava com medo e bem ansioso. – Será que essa médica vai demorar? Daqui a pouco você terá os bebês, e essa mulher não chegou. Isso não pode acontecer! Se ela demorar, eu terei que fazer o parto, se eu fizer o parto, eu posso machucar os bebês, se eu machucar os bebês, eu morro, se eu morrer, você fica viúva, se você ficar viúva, outro homem vai querer casar com você, se você se casar com ele, terão outro bebê, e se tiverem outro bebê, eu volto e puxo o pé dele. – falei, andando de um lado para o outro.

Escutei uma risada, e vi que a Emy estava rindo de mim, e eu no desespero. Ela acha que está sendo fácil pra mim? Não está sendo nem um pouco fácil. Essa demora, que eu deveria processar por isso. Cadê o atendimento preferencial para grávidas? Não tem!

— Do que está rindo?

— De você. Que ideia é essa? Daqui a pouco a médica aparece, Gabe.

Eu espero mesmo que... Que porra é essa aqui na minha frente. Está de brincadeira com a minha cara, Deus? Se for, joga uma bomba na minha cabeça. O que esse homem quer aqui, e olhando com esse sorrisinho de transplante dentário para a minha mulher.

— Olá, eu sou o doutor Harris. Vamos ver como anda o procedimento, Sra. Emily Hunter.

Ele vai ver é a passagem dele para o andar de cima. Olhei para a Emy, que sorria. Que porra de sorriso é esse? Virou concurso de sorriso?

— O que? Que história é essa de tocar a minha mulher, projeto de Calvin Harris? Vá tocar na tomorrowland, não na minha mulher. A médica dela irá chegar daqui a pouco.

— Senhor, é um procedimento, até que a médica dela apareça.

Procedimento é o caralho! Eu não estou nem ai para a porcaria do procedimento. Nenhum homem toca na minha mulher! Ela não é cabine de Dj para precisar ser tocada.

— Gabe! – ela gritou, sentindo dor.

Eu corri pra o lado dela, e segurei a sua mão, tenando ajudá-la de alguma forma.

— Você está vendo? Isso é um protesto dos meus filhos! Eles não querem que você toque na mãe deles. Calma, meus amores! Ele não vai fazer isso!

Eu usaria de todos os argumentos, mas foi falar que esse médico com transplante dentário iria tocar nela, que os meus bebês já quiseram protestar.

— Cheguei! – a médica chegou, graças a Deus! – Obrigada pela ajuda, doutor Harris.

— Eu tentei ajudar, mas não deu tão certo. – ele apontou pra mim? Ninguém aponta pra mim. Eu nem sei que assunto é esse que ele está falando. Sou inocente.

— Sem problemas. – sorriu.

A médica a examinou, e sorriu. Será que estava chegando a hora?

— Ótimo, Emy. Eu chamei as enfermeiras, e nós iremos começar o processo do parto natural, ok?

— Sim, por favor. Dói demais!

— Eu sei, mas logo vai passar.

Chegou a hora! Respira, Gabe! Você só vai se tornar pai de dois bebês. Um menino que será gostosão, e uma menina que não conhecerá sexo até completar 100 anos, porque nenhum homem será suficiente para ela. Só isso! Coisa básica! Você só vai se tornar pai, e não entre em desespero. Eu não estou entrando em desespero. Ok, eu estou entrando em desespero!

— O que aconteceu, meu amor? – perguntou.

— Eu vou ser pai! Isso é real, Emily! Eu serei pai! Não tem como voltar atrás.

Não que eu queria voltar atrás, porque isso eu não voltaria em hipótese alguma, mas o medo está batendo em mim. O medo de não conseguir ser o que eles esperam que eu seja.

— Eu sei como você está se sentindo, querido. Eu também estou em pânico, mas vai valer a pena, Gabe. Nós teremos os nossos bebês. Um mini Gabe e uma mini Emy. – riu.

Ela estava com medo, mas animada. Eu parei um segundo, e percebi que isso era bobagem. Nós teríamos o fruto do nosso amor aqui. Teríamos a nossa mistura, e seria perfeito.

— Sim, nós iremos ter os nossos bebês, meu amor. – beijei-a.

— Ok, Emily. Você já está pronta. – a médica perguntou, e eu sorri para ela, mas suando feito um idiota.

— Na próxima contração você faz força e tenta empurrar o máximo que conseguir.

Ela olhou pra mim, e eu sorri, mostrando que estava ao lado dela, e que nunca sairia dali, em hipótese alguma.

Um dor a atingiu, e ela segurou a minha mãe com força, e eu estava tremendo de dó dela.

— Ah!!!!! – gritou.

— Isso, Emy. Daqui a pouco os bebês estarão aqui. Mais um pouco.

Caralho! Que grito foi aquele? Será que doía tanto? Será que era como se fosse um chute no saco?

— Gabe. Ai... Conta uma piada.

— O que? – ela queria que eu contasse piada nesse momento?

— Conta uma piada ou qualquer outra coisa que vier na sua mente.

— Ok! Eu acho que consigo pensar em piadas.

Pesquisei mentalmente a minha cartilha de piadas, Porque raios eu não estou me lembrando de nenhuma? Eu preciso de... Ótimo! Eu tenho algumas piadas que eu lia, e eu acho que ela vai gostar.

— Vamos, Emy. Porque a mulher do Hulk largou dele?

— Não sei! – falou, chorando.

— Porque queria um homem mais maduro. – ri. – essa é boa. Um clássico!

— Qual é o tipo de carne que os bebês gostam?

Ela balançou a cabeça, negando que sabia a resposta.

— Fraldinha.

— Vamos, Emy, eu já estou conseguindo ver a cabecinha. – a médica falou, e eu arregalei os olhos.

— O que o Batman foi fazer na igreja?

Ela gritou, e eu assustei.

— Se Bat-zar.

Ela apartou forte a minha mão, e eu estou cagando de dor. Ela aperta forte, e está machucando a minha mão. Ai! Ela está retorcendo os meus ossos, igual aquela cobra que eu esqueci o nome no momento. Eu estou quase gritando junto com ela.

— Ai, Emy, você está... – tentei falar, mas ela apertou mais ainda. Peguem o pinico, porque eu acho que quero fazer cocô! Socorro!

— O que? – gritou.

Respirei fundo, e me foquei nas piadas. Sem sentir dor, porque é psicológico.

— Qual a parte mais artística do corpo humano?

— Não sei! – gritou.

— O pulmão, porque ele é cheio de inspiração.

— Isso, Emy. Está nascendo!

Assim que eu ouvi a palavra nascendo, eu me foquei na médica. Assim que ela sorriu, e me mostrou o bebê, meu mundo parou. Meu filho tinha nascido! Um amor forte e puro tomava conta do meu corpo, e eu só queria senti-lo mais perto de mim.

— É um menino. Um lindo menino!

Eu o peguei pela primeira vez. Meu filho! Isso é inacreditável! Eu já estava chorando mais do que a Cinderela quando rasgaram o vestido dela. Foda-se o nariz entupido. Era o meu filho, porra! Nosso bebê!

— Ele é lindo, princesa! Ele é perfeito!

— Ele é nosso, Gabe! Nosso pequeno! – sorriu, beijando a cabecinha dele.

— Ele vai arrebentar o coração das meninas. – falei, e ela sorriu.

Uma enfermeira pediu que eu entregasse o bebê, e eu fechei a cara. E se ela fosse uma sequestradora disfarçada de enfermeira? Esse mundo está difícil! Não dá pra ficar confiando em todo mundo.

— Porque você quer pegar o meu filho? Não! Vai saber se você não vai sequestrá-lo.

— Gabe!

— Senhor, eu preciso cuidar do bebê.

Olhei para a Emy, que queria me matar pelo olhar. Ok! Eu iria entregar. Virei-me para a enfermeira, e dei o meu olhar de raio laser. Estou de olho!

Escutei um grito, e voltei para a Emy. Segurei a sua mão, e comecei a pensar em mais piadas. Porque tudo some na hora do desespero? Eu sei tantas piadas, mas todas sumiram da minha cabeça!

— Vamos, Emy! A sua menininha já vai nascer!

Sorri, e beijei-a. Eu preciso de piadas. Eu preciso me lembrar de mais uma piada. Cadê a minha memória?

— Empurra, Emy!

— Ah!! – gritou.

Ah, lembrei! Essa era boa! Vocês vão gostar.

— Emy, qual número vai à academia? – perguntei.

— Não sei!  - gritou.

— O fourteen.

— Ai, que dor! – arregalei os olhos, e tentei não me lembrar de que ela estava sentindo dor. Foco, Gabe! Foco!

— Gabe, olha pra mim e conta outra piada.

— Ok! Ah... É... Droga! – cadê a porra da piada?  - Em uma corrida de frutas a maçã está ganhando. O que acontece se ela diminuir a velocidade?

— Não sei!

— A uva passa.

— É muito ruim essa piada. – isso feriu o meu ego cômico. Ele está chateado!

— Mais um pouco, e ela nasce, Emy. Vamos lá! Mais força!

— Ah!!! – apertou a minha mão, e eu estava desidratado do tanto que eu estava suando.

Olhei novamente para a médica, que sorriu pra mim, e mostrou a minha menina. Minha filha! Porra, a minha filha nasceu! Quando eu a peguei, eu me senti totalmente completo. Eu era o homem mais feliz desse mundo! O seu rostinho vermelho de tanto chorar, me fez chorar ainda mais.

— Olha a nossa princesa, meu amor. Ela é perfeita, igual a você.

Emy abriu os olhos, e chorou. Era um sentimento único, que eu me lembraria pelo resto da minha vida. As três pessoas mais importante da minha vida estavam bem, e isso era o que importava.

 A enfermeira com cara de Nazaré Tedesco pegou a nossa filha, e eu fiquei de olho nela. Se ela tentar fugir, eu dou o meu golpe de super sayajin.

 Fui até a médica, e vi sangue. Será que era normal aquilo? Será que a Emy não estava tendo uma hemorragia? Sei lá, vai saber se isso é normal. Depois da vagina elástica, eu não duvido de mais nada.

— É normal todo esse sangue? – perguntei.

— Mais do que normal, Gabe. Nós vamos acabar de cuidar da Emy, então você pode sair.

Eu senti como se tivesse levado um golpe em meu peito. Ela queria que eu saísse dali? Como assim?

— Por favor, meu amor. Vá avisar aos nossos pais que os bebês nasceram. – sorriu.

A Emy também? Não importam comigo, por isso me tratam assim.

— É, fazer o que, né? Tem pessoas que não querem a minha presença, mas eu volto. – disse, tentando ser ameaçador.

Beijei-a, e fui até a sala de espera. Nossos pais estavam lá, e muito ansiosos para conhecer os netos.

— Nasceram! – falei, sorrindo de orelha a orelha. – São perfeitos!

Não preciso dizer que foi choro pra tudo o que é lado. Minha mãe e minha madrinha não paravam de chorar de emoção. Meu pai e padrinho vieram me abraçar, e sorriam iguais a mim.

— Quando podemos conhecê-los? – papai perguntou.

— Daqui a pouco a Emy estará no quarto, e será melhor para vocês. Vocês vão amar, eu tenho certeza! São os bebês mais lindos do mundo!

— Com certeza, meu filho! – minha mãe me abraçou, e chorou mais um pouco.

***

Meu pai e meu padrinho estavam tão felizes, e já tinham babdo nos netos. O assunto era somente eles, e eu estava amando.

— Já estou imaginando aqueles dois correndo pelo jardim de casa. Precisamos comprar alguns brinquedos para eles. – meu pai falou, sorrindo.

— E fazer a casa da árvore.

— Eles vão amar, padrinho.

— Como você se sente, filho?

— Completo, pai. Eu me sinto o homem mais feliz do mundo! É um sentimento tão puro e gostoso, sabe? Eu entendo esse sentimento louco, de querer olhar, cuidar e pegar a todo o momento. Só pelos primeiros segundos que eu os vi, eu já não queria soltá-los nunca mais. Eu estou com a minha família completa, e não poderia estar mais pleno e feliz.

— Você será um pai maravilhoso, Gabe.

— Eu espero, padrinho. Eu tenho exemplos em casa. O senhor foi e é um excelente pai para a Emy, e eu tive e tenho um excelente pai na minha vida. Vocês são os meus maiores exemplos.

— Estamos orgulhosos e felizes com a família que vocês formaram.

Eu sorri para o meu pai, e agradeci pelo carinho. Voltamos rapidamente para o quarto, porque eu já estava com saudades os meus pequenos.

***

Após toda a família ir embora, voltei para o quarto com um café na mão, mesmo sabendo que a Emy iria me matar quando visse que eu estava tomando o seu café preferido. Olhei para ela, que estava me esperando.

— Gabe, nós precisamos conversar.

Ai. Meu. Deus! Isso não se faz comigo. Esse tom de voz e mania de falar que quer conversar. Eu sempre penso o pior, ou que eu fiz alguma coisa de ruim. Já digo, sou inocente em tudo o que me acusam. Apesar de que eu acho o assunto que ela quer tratar. Deve ter pensando no convento para a nossa filha, claro. Que bom que ela pensou com carinho, e percebeu que ali será um ótimo lugar para ela ficar afastada de meninos, e me dando mais anos de vida.

— Ah, você concordou em colocar a nossa filha no convento? Eu sabia que você iria pensar com carinho. Isso é ótimo, porque ela poderá se dedicar a Deus, sem essa coisa de namoros, meninos e romances perto dela. A carinha dela não nega que ela irá adorar brincar no chafariz, ir à capelinha e rezar. Olha que lindo! – fechei os olhos, e coloquei a mão em meu coração, mostrando o quão emocionado eu estava.

— Gabe, parou! Não, eu não concordei com isso, e você sabe muito bem.

A voz da dor atravessou os meus ouvidos. Ela havia negado o meu pedido, mais uma vez. Posso morrer aqui, jogado no meio do caminho, mas ela não mudaria de ideia.

— Eu sou o pai, Emily!

— E eu a mãe, Gabe! Eu fiz todo aquele trabalho de empurrar, então a minha palavra é a que prevalece.

Joga na minha cara, mais uma vez. Se eu pudesse voltar no tempo, eu bateria um papo com Deus. Sério. Ou eu acabaria com Adão e Eva, que erraram em suas escolhas, e agora quem paga sou eu. Não tenho culpa que eu não tenho útero. Eu tenho um coração, que foi machucado por ela. Que dor!

— Isso, joga na cara! Só porque eu não tenho um útero. Mas na próxima encarnação, eu quero nascer mulher, e ter vários filhos, só para mostrar que eu também posso. – coloquei a mão no peito, e tremi os lábios, fingindo que iria chorar.

— Ok, senhor resmugão. - riu. – Nós temos que escolher um nome para os nossos filhos.

Eu iria protestar esse apelido de resmungão, mas o assunto era mais sério. Nossos filhos não tinham nome. Eu chamaria de B1 e B2, mas a Emy descartou essa ideia.

— Uh, verdade!

— Eu pensei em Alice. O que você acha?

Nada contra esse nome, mas começa com a letra A, e isso não é bom se eles não forem tão bons na escola.

— Não! Temos que pensar em um nome bem longe das iniciais do alfabeto. – falei, seriamente.

— Por quê?

— Porque quando eles estiverem na escola, terão como escapar das questões das professoras.

— Como assim, Gabe?

— Emy, uma pessoa que começa com a letra A, será chamada primeiro, e não terá chance de pensar em alguma desculpa na escola. Se não fizerem a lição, poderão dar aquela copiada no amigo, porque não serão chamados primeiro. – dei de ombros.

Eu fazia isso. Quando a professora fazia prova oral em ordem alfabética, e eu conseguia me escapar de vez em quando, ou ela nem chamava, já que até chegar à letra G, demoraria, pois tinha muitos alunos na minha frente. Eu dava aquela copiada na lição, e dava tempo de conversar ainda. Nome com começo de alfabeto só ferra.

— Gabe, isso é maluquice!

— Claro que não! Você não dava desculpas porque a sua letra é E, a minha é G, então dava para dar aquela enganada básica. Por isso que eu acho que devemos escolher um nome bem distante.

Poderia ser Zayan, Yan ou qualquer nome no final, mas eu tinha outros nomes que eu sempre quis colocar nos meus filhos.

— Ok! Qual nome você acha que combina com eles?

— Eu andei pensando, e eu acho que ele combina com Lucas, que significa iluminado, e eu sempre quis esse nome, caso eu tivesse um filho.

É um nome que eu sempre gostei, e tem um singnificado bonito, ainda mais se ele for eletricista, ele pode usar esse iluminado como uma propaganda. Lucas, o eletricista que ilumina a sua vida. Entenderam?

— Eu amei!

— E tem 11 letras antes dele. Dará tempo suficiente. – sorri.

— E para ela? – perguntou.

— Sophie, igual a minha avó paterna, que eu não pude conhecer, mas eu sei que foi uma grande mulher. – sorri.

Viu, eu sei ser fofo quando eu quero. Não escolhi nomes feios para eles. Eu poderia ter colocado Zenaide, mas não coloquei.

— Que lindo, meu amor. Então ela se chamará Sophie. – ficou emocionada com a homenagem.

— Fora que é a letra S é quase no final do alfabeto, então tudo será mais prático na vida deles.

 - Você é bem maluquinho, sabia?

— Sou?

— Muito! Mas eu te amo desse jeito, e nunca mude.

— Nunca vou mudar a minha essência, porque a essência sou eu.

Control C + Control V nessa frase. Usava tanto. Aplausos para essa frase magnifica.

— Ah?

— Frase de Orkut. – ri, mas me calei assim que ouvi o chorinho do Lucas.

Peguei-o do berço, e vi que ele estava com fome.

— Alguém quer mamar, mamãe. Eu quero mamar, papai. Estou com fome.

Entreguei para ela, que logo deu o peito para ele mamar. Era uma cena linda, que eu queria ter para sempre em minha vida.

Eu a beijei, e fiquei contemplando a visão dos meus dois amores.

***

Eu estava me prepando para receber a visita do Alex, Lis, Beck, a chatinha e George, o enxerido. Ele já se acha intimo, a ponto de querer vir na minha casa. É muita folga! Ainda por cima queria visitar os meus filhos! Fiquei sentando na sala, lendo qualquer coisa no jornal, só para tentar passar a raiva que eu estava sentindo. Olhei para ela, que estava usando vestido. Um belo vestido naquele corpo maravilhoso, porque o corpo de qualquer mulher quando tem filho se torna maravilhoso, independente de qualquer coisa ou opinião.

— Oi, meu amor.

— Uau, você está linda. Linda até demais para o meu gosto. O George vai vir, e vai te ver com esse vestido? Eu não sei se...

Eu não quero que ele fique babando pela minha mulher! Porra! Eu sei que ele ainda fica de olho nele. Eu sei o quão esperto ele é.

— Vai me ver com esse vestido, sim. Melhor me ver com ele, do que nua, não acha?

Nua? Nem nos melhores sonhos dele! Jamais! Never! Nem por cima de todos os cadáveres do cemitério. Eu furo os olhos dele antes disso. E tenho dito         !

A campainha tocou, e eu suspirei. Pronto, agora eu terei que me comportar.

— Meninas! – falou, animadamente.

— Emy, você está linda, amiga! – Lis falou.

— Está muito linda! – Beck, a chatinha chegou também.

Alex cumprimentou a Emy, e o George também. Respira, Gabe! Você acabou de ser pai, não morra por causa dele. Você é lindo, e ele não merece a sua morte! A Emy te ama! É, ela me ama!

Beck sorriu pra mim, e eu estava preparado para as gracinhas dela. Eu estou calmo, e tentarei ter uma conversa civilizada, porque eu sou civilizado. Olhei para o George, e repeti o mantra de ser civilizado. Respira. Respira. Finge amizade, mas não dá confiança.

— Então, como está papai do ano? – Beck disse pra mim, e eu pensei em tratá-la com carinho.

— Eu estou ótimo, Beck. Que bom que veio ver os nossos filhos.

— Nós estamos bem ansiosos para conhecer os gêmeos. – Lis falou.

— Eu vou buscá-los. Eles estão dormindo lá no quarto.

— Eu vou com você, Emy.

— Não precisa, meu amor. Eu vou colocá-los nos carrinhos. – falou, beijando-me – Faça sala para eles, que eu volto em um minuto.

Fazer sala? Eu lá sou pedreiro pra ficar fazendo sala? Não! Odeio essa coisa de fazer sala, conviver com visita e essas coisas. Odiava quando ia visita na minha casa. Eu tinha que sair do meu quarto para ficar sorrindo para eles, sem saber quem eram. Droga! Vi que a Emy me chamou, e eu fui ajudá-la com os bebês. Ajudei-a descer a escada, e parei ao lado dela.

— Bem, esse é o Lucas Campbell Hunter. – falou, pegando-o no colo, e mostrou para os nossos amigos, menos o George e a Beck, que eles eu ainda estou pensando se são meus amigos.

— E essa é a Sophie Campbell Hunter. - mostrei para eles.

Do nada, as meninas começaram a chorar, mas eu as entendo. Eu também choro, e isso é normal quando se trata desse amor pelos meus filhos.

— A minha afilhada é linda! – Beck disse, com a Sophie no colo.

— O meu afilhado também. – Lis falou, sorrindo.

Como assim? Que negócio é esse da Beck chatinha ser madrinha da minha filha? A Lis eu até concordo, porque ela é um amor de pessoa, mas a Beck? Elas conversaram e decidiram isso sem mim? Estou me sentindo usado. A Emy usou o meu corpo nu, e meu esperma para fazer filhos, mas agora não pede a minha opinião sobre a vida deles? Injustiça!

— Que história é essa? Eu não estou sabendo dessa história de afilhado e afilhada.

— Ah, eu serei madrinha da Sophie, e a Lis será madrinha do Lucas. Não é legal?

Legal? Ela vai ver o que é legal.

— E quem serão os padrinhos?

— Dã, Gabe. O Alex será padrindo da Sophie, e o George do Lucas. Os casais.

George será padrinho do meu filho? Meu filho! Esse homem queria a mãe do meu filho, e agora quer ser padrinho dele? Isso aqui é alguma pegadinha? Cadê as câmeras? Senhor, você está brincando de vídeo game comigo? Passa essa fase, senão eu não aguento. Isso aqui é um jogo da vida?

Olhei para Emy, que não me deu nenhuma explicação lógica para essa barbaridade. Apenas sorriu, como se eu pudesse esquecer isso. Ela vai se vir comigo.

— Ah, vamos mudar de assunto, né? Lis, e o casamento? – perguntou.

— Logo sai. – sorriu para o George, que fez o mesmo. – Queremos adotar um bebê antes, porque é o nosso sonho. Iremos entrar com o processo de adoção e, se Deus quiser, vai dar tudo certo!

— Claro que vai dar, Lis. – sorri.

Coitado dessa criança. Não pela Lis, que é a minha amiga também, mas pelo pai que terá. Duvido que saiba cuidar de uma criança. Babaca!

Após eles irem embora, fui tomar um banho para esfriar a cabeça. Eu tiraria satisfação com a Emy sobre esse negócio de escolher a Beck e o George. Ela não me falou nada, nem tentou dizer.

Sai do banho mais calmo, e estava arrumando a cama quando ela apareceu.

— Eu queria saber que história é essa da Beck ser madrinha da Sophie. – falei. Perguntei na lata e sem rodeios.

— Ah, meu amor, ela me perguntou se poderia, e eu disse que sim. Ela é a minha amiga.

Mas ela me odeia! Faz de tudo para me perturbar, mas a Emy não liga pra isso. Claro! Quem sou eu? Só o pai dos bebês dela.

— Você nem me consultou? Isso mesmo. Se eu fosse jogado as traças, em um lixão, você nem iria se importar, porque ninguém se importa comigo. Minha opinião não vale nada.

Minha opinião e um monte de lixo são a mesma coisa. Vida cruel! Meu coração está triste, e isso não é drama, é a realidade!

— Sem dramas, por favor.

— Drama? Ela gosta de me provocar, e vai usar a nossa filha. Eu conheço a Beck.

Fora que vai infernizar a minha vida quando a Sophie ficar adolescente. Estou até vendo a minha filha andando com ela. Ai, não dou conta!

— Que exagero!

— Ah, outra coisa. George sendo padrinho do Lucas? Emily, ele foi o seu ficante, e agora quer se infiltrar na sua vida de alguma maneira.

Ele sempre vai achar algum jeito de se infiltrar na minha família. Foi com a Emy, mas não deu certo e agora quer ser padrinho do meu filho.

— Nossa, que perigo! Ele é um agente infiltrado do FBI, e tentará roubar o nosso filho. Meu Deus! Temos que correr contra o tempo, e não o deixarmos ser padrinho do Lucas. Que perigo!

— Isso, brinca comigo. Dói o meu peito, sabia? Não ligarem para a minha opinião, que deveria valer para alguma coisa, já que eu te ajudei a fazer os nossos filhos, não é?

Sozinha ela não fez, porque eu me lembro do dia que eles foram concebidos. Então a minha opinião deveria valer alguma coisa, pelo menos um pouco.

— Se dói o peito, então é enfarte, Gabe. – riu.

Já deu pra mim. Ela está brincando com algo sério, mas fica brincando comigo. Estou magoado.

— Você vai se arrepender, Emily. Brinca comigo desse jeito, mas quando eu te pegar...

— É... Isso será só depois de quarenta dias.

— Como? Eu não entendi.

— Gabe, eu estou de quarentena.

Quarentena? Aquele filme de terror? Eu só me lembro disso. Que merda é essa de quarentena?

— Sem sexo por quarenta dias. – ela falou, como se isso não fosse nada.

— Como? Quem inventou isso? É coisa da Beck, né?

Tenho quase certeza que isso saiu da cabeça daquela garota. Invenção dela, só pode.

— Não!

Se não foi ela, quem foi o maluco? Eu vou atrás dele!

— Quem inventou isso? Qual cientista ou estudante infernal de universidade? Ah? Deve ser esses estudantizinhos novatos, que não pegam ninguém, e querem que a gente fique sem sexo por quarenta dias.

— Gabe, não sei quem inventou isso, ou sei lá o que, mas os médicos pedem para ficarmos sem sexo por esse tempo, para a recuperação.

Tudo bem! Eu me precipitei. A recuperação dela era mais importante do que qualquer outra coisa. Se ela precisava desse tempo, eu iria dar. Não dar o que eu quero, mas eu vou dar esse tempo. 40 dias? Jura? Fazer o que, né!

— Eu é que vou para a ADPSS.

— O que é isso?

— Associação dos pais sem sexo. – falei, sério.

Vou criar um, porque eu tenho certeza que há bastantes pais precisando disso.

— Ah, meu amor. Vai passar rápido. Eu também estou louca para ter você. – beijou-me. – Você pode me beijar a vontade.

— Isso eu vou fazer até os seus lábios caírem.

— Bobo!

Eu a beijaria todos os dias, segundos e todos os momentos desses 40 dias. .

***

Já se passaram três meses, e os meus filhos estão cada vez mais parecidos comigo. Lindos, obviamente. Lucas é a minha cara, e adora o meu colo. A Emy fala que eu estou mimando muito, mas não estou. Se eles choram, eu os pego, e ela quer me matar por isso. A Sophie é a nossa princesinha. Ela é o oposto do Lucas, calma e tranquila. Que se mantenha assim até que tenha 100 anos. Sem se preocupar com nada. Ela é a mistura de nós dois, mas a Emy insiste em dizer que se parece comigo. Obviamente que ela é perfeita, né? Saiu da Emy, mas também saiu de mim, se é que entendem.

Decidimos fazer uma mini festinha de mêsversário para eles. Era somente a família, e os amigos, icluindo o George, que já estava se achando da família. Eu estava tentando ter uma “amizade”, mas eu me faço de difícil, porque eu sou assim mesmo. Quero ver se ele merece estar entre nós. Parece que ele realmente ama a Lis, então irá parar de sorrir feito bobo para a minha mulher. Beck já está entupindo a minha filha de vestidos. Eu os acho lindos porque são de bebês, mas depois vou dar uma cortada nessa moda de vestido curto.

Lucas estava vestido, e passando de colo em colo. Lindo e sempre sorridente. Eu me segurava para não apertar as bochechas dele.

— Pai, você pode ficar com o Lucas? Eu vou ver se a Emy precisa de mim.

— Nem precisa pedir. Eu fico com esse garotão a hora que você quiser. – disse sorrindo.

Entrei dentro de casa, e fui até o nosso quarto. Emy não estava lá. Passei em frente ao quarto dos gêmeos, e escutei a Emy me chamando.

— Oi, meu amor. Você me chamou?

— Aham. Eu preciso que você venha aqui, querido.

 Ok, vamos aos fatos. Ela estava no trocador, e não estava com Sophie em seu colo, então tinha acontecido alguma merda. Sim, merda mesmo. Cocô. Vai sobrar pra mim.

— A Sophie está no trocador? – perguntei, alarmado.

— Não!  Eu preciso que você pegue uma coisa pra mim, meu amor.

Fui chegando devagar, e alarmado. Se desse errado, eu sairia correndo, mas a cena que eu vi não foi das melhores. Tentei correr para não ter que enfrentar aquilo, mas fui puxado. Droga!

— Ah, volta aqui, Gabe Hunter. Acha que vai escapar? Nada disso! Venha!

Qual desculpa eu posso usar? Já usei a desculpa do trabalho. A desculpa do meu banho, do sono, do telefonema falso e vários outros. Qual que eu poderia usar agora? Ah, eu já sei. Deus me perdoe, mas eu estou doente. Acabei de ficar doente.

— Emy, eu estou com uma tosse terrível. Acho que terei que operar das amígdalas, e não posso ficar muito tempo perto da nossa filha. Sinto muito!

Eu tossia sem parar, e ela teria que acreditar em mim. Não sou um péssimo ator.

— Para de mentira, Gabe! Você está ótimo! Melhor do que eu.

— Quem disse? Eu tenho alergia ao tecido da fralda.

Merda, ela sabe que eu não tenho alergia ao tecido da fralda. Que burrada, Gabe!

— Aham.

— É sério! – menti.

— Venha e para de inventar histórias. Já faz três meses que eles nasceram, e você não limpo o cocô deles nenhum dia.

Não me levem a mal. Essa parte do cocô é complicada. Quem limpa cocô é como se tivesse sido promovido aos céus, porque não dá. Eu nunca tive estômago para isso.

— Eu não consigo fazer isso. Limpa aqui passa ali, fora esse talco que eu quase fiquei cego àquela vez, e depois faz isso ou aquilo. É muita coisa na minha cabeça, princesa.

E eu não dou conta de ficar me lembrando disso ai. Eu nem sequer consigo passar uma pomada deles. Aquela coisa não espalha direito. Quase liguei para os direitos do consumidor.

— Gabe, é tão simples. Você tira a fralda com cuidado. Pega o lenço umedecido como eu estou fazendo aqui. Pegue quantos lenços você quiser, até ficar tudo limpinho. Passe a pomada se eles estiverem assados, caso não esteja, não passe. Como ela não está assada, eu apenas coloco uma fralda limpa, e a roupinha. Não é simples?

Oi? Parei de aprender quando ela falou do lenço. O que ela falou depois? Pomada, que não espalha direito, né? Fralda limpa, roupinha e não falou do talco, graças a Deus. Aquilo lá suja tudo.

Ele me olhava como se não estivesse entendido nada.

— Gabe?

— Ah, claro! Sem pomadas quando eles não estiverem assados, lencinho, tira fralda suja, coloca a limpa e roupinhas. Pronto.

— Quase isso, mas você pegou. Logo você aprende, meu amor.

— É. – dei de ombros.

Eu aprendo a arte do amor, não a trocar fraldas. Eu sou uma negação nisso.

Ela sorriu pra mim, e descemos para curtir a festinha. Comi horrores, porque em festa de criança o importante é comer, né? Ainda mais que é a festa dos meus filhos, mandei guardar uns salgadinhos pra poder comer no outro dia, e ainda sobrou bolo, então o café da manhã está garantido.

Após todos irem embora, eu precisava trabalhar mais um pouco. Tomei um banho e fui até a sala.  O trabalho estava fervendo, graças a Deus. Emy disse que daria banho neles, e eu me prontifiquei ajudá-la, mas ela disse que faria isso sozinha, sem problema nenhum. Voltei a olhar para os papéis sobre a minha a mesa, até vê-la com os bebês nos carrinhos, pedindo que eu fique com eles para ela poder tomar banho. Eu queria poder tomar banho com ela, mas eu sei que agora temos que dividir as tarefas por causa dos bebês.

— Oi, meus amores. Não vão dormir? Vocês precisam descansar, meus pequenos. – sim, eu estou falando com voz de bebê.

Eu os levei até o quarto, e os deitei nos berços. Eles sempre dormem quando estão mamando, ou quando a Emy os balançam no colo. Eu não tenho seios para dar de mamar, e eles não querem dormir no meu colo. O que eu faço? Ah, e vou ler alguma história. Isso sempre funciona.

Fui até a prateleira de livros, e decidi ler algum conto de fadas. Estou muito menininha hoje. Peguei o livro da Chapeuzinho vermelho, e comecei a ler as primeiras páginas. Foi quando eu me lembrei da história toda. Essa história mostra a violência, e eu vou ler para os meus filhos? Nunca! Fora a conotação sexual quando o lobo come a vovó. Sei, ele queria era comer a chapeuzinho, mas não conseguiu segurar o pau dentro das calças, e comer a vovó, mas de outro jeito. Que coisa mais feia!

Peguei o livro da Cinderela, e me lembrei de que ali mostrava a humilhação e trabalho escravo com a pobre da Cinderela. Fora que deve insinuar que a pobrezinha tem problema de cabeça, porque nem se lembrou do sapatinho, e não tem nem força de vontade de ir atrás deles, e catar o príncipe pra ela, mostrando quem manda ali. Deixou a Anastácia e a Drizella tomando conta das coisas, e quase se ferrou.

A Bela adormecida, vamos ver o que eu acho dela. Jamais. Mostra a preguiça dela, e a falta de higiene ao beijar o príncipe. Ficou dormindo, e certeza que estava com aquele bafinho . Ah, e também mostra o quão xereta ela foi ao enfiar o dedão na roca, sendo que ela não deveria podia, mas não respeitou. Bem feito.

A Bela e a Fera é um absurdo. Mostra o machismo da Fera, que acha que é submisso, deixando a pobre Bela presa em seu castelo, Meus filhos não lerão isso. Ela se mostra dominante demais. É o Christian Grey dos contos de fadas.

Branca de Neve é o pior de todos. As nossas mães sempre ensinam que não podem pegar nada de estranhos, não é? A burra comeu a maçã, que ela achou que estava boa, só porque a velha nariguda com aquela verruga enorme no nariz tinha lhe dado. O que aconteceu com ela? Tomou no cu. Quase morreu, e os pobrezinhos dos anões tiverem que carregar aquele corpo enorme e ainda fazer um caixão de vidro. É isso, gente. Pegou coisa de estranho, e quase morreu. Deve ter aprendido a lição. Sorte que um príncipe, do nada, estava passando por ali, decidiu beijar uma estranha, ao invés de ir pra balada, porque naquela época não existia. Eles caçavam as moças em florestas, e dava uns beijos ali mesmo. Ou davam festas, mostrando a ostentação de ser príncipe de livros infantis.

Nenhum livro bom para eles, na minha opinião. O que eu posso fazer. Cantar? É eu posso cantar. Coloquei a poltrona entre os dois berços, e pensei uma música educativa.

— Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega esse menino que tem medo de careta.

Isso é assustador. Nenhuma criança dorme com isso. Eu não dormiria achando que tem um boi na minha cola, querendo me pegar. Sai fora.

— Nana, neném, que a Cuca vai chegar. Papai foi na roça e a mamãe foi trabalhar.

Que porra é essa? Se o papai está na roça e a mamãe trabalhando, quem está cantando essa música? Isso é um caso a se pensar.

— Nenhumas dessas músicas são educativas. São é assustadoras. Ok, qual música? Qual é o nome daquela banda que a Emy gostava quando era adolescente? Ah, Backstreet boys. Vai ser a música deles mesmo.

— Filhos, a mamãe de vocês amava essa música.

Yeah-eh-heah

You are, my fire

The one, desire

Believe, when I say

I want it that way



But we, are two worlds apart

Can't reach to your heart

When you say

I want it that way



Tell me why

Ain't nothin' but a heartache

Tell me why

Ain't nothin' but a mistake

Tell me why

I never wanna hear you say

I want it that way

Como é o resto da música? Eu não me lembro mais. Droga!

— Na, na, na. – eu só fiquei no na, na, na, porque eu não me lembrava de mais nada.

Acariava os cabelos dos dois, que estavam adormecendo. Senti a presença da minha princesa, e sorri assim que a vi. Ela parecia um anjo.

— Eles dormiram. – sorri para os bebês.Estavam tão lindos.

— Pois é, papai. Você conseguiu fazê-los dormir. Achei que você iria começar a contar histórias para eles.

Nem me lembre daqueles livros. Não sei se a Emy vai contar para eles, mas eu não acho legal.

— Eu ia, mas achei melhor cantar. – o que não foi essas coisas, porque cantei Backstreet boys.

— E estava lindo, meu amor. Agora, nós podemos ir para o quarto. – piscou.

— Com toda a certeza. – peguei a babá eletrônica, e a puxei para o nosso quarto.

— Você está tão gostosa nessa camisola. O seu corpo está mais bonito, não que antes ele fosse feio, mas os seus seios estão maravilhosos!

Ela ficou com medo de eu gostar menos dela por causa do corpo. Eu não estou com ela por causa disso. Eu a amo por ela ser a mulher mais incrível do mundo! A mulher que me deixa de pernas bambas só de me olhar. A essência dela que me faz amá-la ainda mais. E o corpo dela estava maravilhoso, porque ela tinha me dado o melhor presente da minha vida: meus filhos.

— Isso tudo é leite.

— Eu sempre gostei de leite. – pisquei. Eu gosto de tudo nela, os seios então, nem se fala.

— Safado! – riu.

— Mas você gosta. – falei, agarrando a sua cintura, jogando-a na cama.

— Muito!

E nós nos amamos, mais umam vez. Sussurros, gemidos e carícias por todo o nosso quarto, aproveitando que os bebês estão dormindo.

***

Hoje o almoço seria entre família, e seria na casa dos meus pais. Usaram a desculpa da saudade dos filhos, mas eu sei que é por causa dos netos. Estava acabando um trabalho de um contrato, para poder passar mais tempo com eles durante a semana.

— Gabe, eu vou levar a sobremesa na casa dos nossos pais, e depois irei ver se a minha mãe precisa de ajuda. Os bebês estão dormindo, então não precisa se preocupar com nada. Já tomaram um bom banho, mamaram e dormiram. Caso eu demore, você pode levá-los até lá, por favor? – pediu, pegando a sua bolsa.

Ela estava incrível. A cada dia ela ficava mais bonita, plena e com um brilho incrível. Acho que a maternidade lhe fez bem. Ela conseguia cuidar de tudo, e deixar perfeitamente arrumado em todos os lugares corretos.

— O que foi? – perguntou, curiosa.

— Esse seu lado mãe me deixa louco, sabia?

— Jura? – sorriu. – Adoro saber que te deixo louca. – sentou em meu colo, e me beijou.

— Você sempre me deixa louco, princesa. – agarrei a sua cintura, e fui tirando a sua blusa, sentindo o tecido do sutiã.

— Nada disso. Nós temos um almoço para ir, e não podemos nos atrasar.

Droga! Nem uma rapidinha? Aqui mesmo pode ser. Claro que ela não iria concordar com isso.

Despediu-se, e eu finalizei o contrato, salvando – o e desligando o notebook. Coloquei uma roupa melhor, porque era domingo. Domingo é dia de colocar a melhor roupa, porque os parentes sempre inventam de ir almoçar na sua casa. Se eu fosse com a roupa que eu estou, a minha mãe me mandaria ir trocar na hora.

Escutei um chorinho, e corri para o quarto. Lucas estava acordado, e eu o peguei, e senti um cheiro estranho. Ah, não! Era o cheiro do desespero. Ele tinha feito cocô?

Coloquei-o no trocador, e rezei um pai nosso, pedindo que aquilo não fosse o cheiro que eu estava pensando. Abri a fralda, e me deparei com a cena da minha morte: cocô! Era um monte de cocô. Um monte! Isso aqui só pode ser mau olhado de alguém. Como uma criança pode fazer tanto cocô assim? E o pior, é cocô do meu filho! O moleque soltou uma bomba aqui Eu achava que conhecia o que era homem bomba, mas depois da imagem que eu estou vendo, acho que me enganei. Lucas e o seu cocô eram o homem bomba.

— Como que faz isso aqui mesmo? Eu deveria ter anotado.  – olhei para o Lucas, que apenas sorria.  – Você ri, enquanto o papai se ferra com essa bomba atômica que saiu da bunda, né? Espertinho. – apertei a sua bochecha.

Tirei a fralda, e fiz todo aquele precodimento que a Emy tinha ensinado. Gastei um pacote de lenço, mas o importante é que estava limpo.

— Eu só sei que você vai arrasar com a mulherada, Lucas. Você tem um pintão, igual ao papai. Vai mostrar o poder dos Hunter, né? Sim, você vai mostrar. Use camisinha, hein! Ah, um dia eu te explico sobre camisinha, filho. Mas você vai ser um arraso. – coloquei-o no carrinho, e vi que a Sophie estava acordada.

Peguei-a, e escutei um barulho estranho. Será que... Ah, não! Isso é castigo por tudo o que eu aprontei na vida? Mais cocô?

Coloquei a Sophie no trocador, e quase desmaiei ao ver e sentir aquilo.

— Caramba, Sophie. O que a sua mãe anda te dando pra comer? Ela está colocando Whey Protein no leite? Está comendo clara de ovo e batata doce? Que fedor é esse, filha? Isso saiu do seu cu? Credo!

Fiz a mesma coisa com ela, e a limpei certinho. Estou orgulhoso do meu trabalho. Ponto pra mim. Que orgulho do papai do ano!

— Prontinho. Os dois estão trocados, e nada de fazer cocô quando a mãe de vocês não estiver aqui, entenderam? – eles riam pra mim. Será que estavam entendendo o que eu estava dizendo? – Ótimo! Façam cocô quando a mamãe estiver aqui. Só o papai? Não! Mamãe, sim! Deem risada se entenderam o recado. – eles riram. – Agora nós iremos para a casa dos vovôs, e vocês vão se comportar e brincar bastante, meus amores. Ah, o papai ama muito, mesmo com a bomba atômica saindo do bumbum de vocês. – beijei-os, e sai.

Cheguei à casa dos meus pais, e chamei pela minha mãe. Os bebês já não estavam comigo, já que a minha madrinha e a minha mãe os pegaram antes mesmo de me cumprimentarem.

— Mãe, cadê a Emy? – perguntei.

— Ela está no jardim, meu filho. –sorriu, beijando a bochecha da Sophie.

— Eu vou até lá.

— Nem precisa pedir para ficarmos com eles, porque isso nós iriamos fazer de qualquer jeito.

— Eu sei. – sorri.

Fui até o jardim, e me deparei com a cena que era uma das minhas visões favoritas. A minha princesa, debaixo da nossa árvore preferida. O vento batendo, e seus cabelos voando. Essa era a imagem que eu mãos gostava quando éramos crianças. Eu poderia ficar horas vendo-a daquele jeito. Eu já a amava, mas não sabia admitir. Olhei para o imenso jardim, e tantas recordações vieram na minha cabeça. Tanta coisa boa aconteceu aqui. Quantos segredos compartilhados, sorrisos gratuitos e abraços calorosos. Emy sempre foi parte da minha vida, e eu não consigo me lembrar da minha vida sem antes de conhecê-la. Esse lugar era o nosso mundo. O mundo da princesa Emy e do príncipe Gabe. Ela é o meu mundo!

Fui até ela, e a abracei. Seu cheiro tomou conta de mim, e eu supirei ao sentir aquele aroma.

— Você está tão linda, princesa! – sussurrei em seu ouvido.

Virou-se para mim, e sorriu. Aquele sorriso era um dos meus pontos fracos. Aquele sorriso me faz querer fazer o que ela quiser.

— Eu te amo tanto, Gabe! – ela não imagina que eu a amo muito mais. Mais do que eu posso suportar.

— Eu te amo muito mais, princesa! Você mudou a minha vida no momento em que eu te vi pela primeira vez. Naquela manta rosa, quando você abriu os olhos, eu vi o meu futuro ali. Você foi o meu passado, é o meu presente e sempre será o meu futuro, em todos os meus planos. Eu sabia que eu estava perdido quando te vi, e nunca quis ninguém como eu queria você. Emy, você é o melhor dos meus sonhos. Algo que vai além do que eu achei que teria na vida. Aqui, nesse jardim, eu passei um dos melhores momentos da minha vida. Nossa infância foi aqui, onde eu te protegia de todos, onde comíamos os nossos bolos de chocolate, e onde eu poderia te olhar, ali da minha janela, e observar o quão linda você é. Foi aqui que nós nos casamos, perante o céu estrelado, tendo como testemunha os nossos amigos, familiares, as estrelas e Deus, que está abençoando a nossa vida. Você é a minha melhor metade, Emy. Metade do meu coração e da minha vida!

Ela é a minha vida! Meu destino, e a minha menina. A menina que roubou o meu coração assim que me olhou, ainda bebê. Eu senti que ela seria minha, e Deus me ajudou a conquistá-la. Da minha maneira torta, mas eu a conquistei. Ela me beijou com doçura, mas foi mudando para o seu lado feroz, que eu amava também. Eu amo cada coisinha que ela faz. Emy me olhou, encostou a sua testa na minha, e eu respirei fundo. Se existi amor maior do que o nosso, eu não sei. Mas o nosso amor é forte, imenso e para sempre. Meu coração é dela, e o dela é meu.

— Eu te amo, meu príncipe. Eternamente.

— Eu te amo, minha princesa. Eternamente.

Juramos nos amar, e assim será, até o último dia das nossas vidas.


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