14 de Maio de 1999

O céu estava estável, nublado e com apenas alguns raios do sol cortando as nuvens carregadas.

 Abaixo desse céu um garoto, comum as outras crianças, andava pelo o asfalto, sem rumo. Esse garoto que acabara de fugir de um abrigo, chorava por sentir seu estomago doer de tanta fome que sentia naquele momento. Mas para sua sorte, uma lanchonete na beira da estrada estava aberta causando em seus lábios um sorriso de lado. Olhou para seu estomago e seguiu em direção a onde seu cérebro mandava.

Seu nome era Jackson. Um menino de cabelos castanhos, olhos azuis e pele pálida. Com seus cinco anos de idade, começou a se virar sozinho, sem um adulto para criá-lo. Ele perdeu seus pais e sua irmã mais nova em um acidente de carro. Fora o único que sobreviveu. Depois de um ano, Jack foi adotado por várias famílias, mas o mesmo não gostava de nenhuma delas. Logo depois o próprio prometeu a si mesmo que viveria livre igual seus personagens favoritos das histórias que liam a ele. Sem responsabilidades que viriam. Sem viver a mando de pessoas que dizem serem seus superiores. Seria o que ele quisesse ser. Preocupar-se-ia consigo mesmo e curtiria sua infância.

Jack adentrou o local e logo depois de dar seu primeiro passo, pôde sentir vários aromas que deixaram seu estomago completamente descontrolado, como se dissesse para seu dono "COMIDA, EU QUERO COMIDA!".

— Hey, garoto! – Chama o balconista – Tá querendo alguma coisa?

— Eu...- Jack ficou encarando o balconista com os olhos arregalados, assustado pela feição máscula e o jeitão bruto. Aquela pergunta o deixou desconcertado.

— Cadê seus pais? – Essa pergunta abalou Jack e o enfureceu.

— Te interessa? – Fala Jack grosseiro e o balconista se rebela.

— Oxê garoto! Vasa daqui seu pivete – Fala o balconista e Jack faz um gesto com um dos seus dedos, antes de sair do local, deixando o balconista mais enfurecido, a ponto de ter deixado bem claro que era hora de correr.

Jack correu bem rápido para a área externa da lanchonete, se abaixando e se esquivando de mesas e cadeiras, as quais o balconista não teve a mesma sorte, mas isso não o impediu de correr atrás do menino. Jack percebeu que tomara muita distancia entre ele e o homem que o perseguia, mas como estava faminto e sem forças, começou a passar mal. Mesmo com a visão meio turva, Jack se dispôs a correr, mas sua pequena corrida acaba quando se choca contra um homem de porte bem grande.

A longa barba branca e os cabelos mostrando o tempo de sua existência fizeram Jack crispar os olhos e uma lembrança lhe veio à cabeça. Os olhos azuis e a pança coberta pelo tecido da blusa social branca foram o que chamaram mais atenção. O sujeito usava um terno cinza e calça preta, blusa social branca e uma grava vermelha com estampa de bengalinhas listradas.

— Olá pequeno – Fala o homem lançando um sorriso amigável para o garoto assustado.

— PEGUEM ESSE PIVETE – Gritava o balconista ofegante que chega ao local onde o homem e Jack estavam – Garoto vou lhe ensinar como aprender a respeitar os mais velhos – Fala o balconista segurando Jack por um dos antebraços.

— Posso ajudar? – Pergunta o velho, paciente.

— Conhece esse garoto? – Pergunta o balconista apontando para Jack.

— Claro que conheço – Mente o homem, deixando Jack surpreso – Ele é meu sobrinho – O balconista soltou Jack com um semblante envergonhado e o homem o puxa pelo braço – Eita moleque. Como vou explicar para sua tia que você aprontou de novo? – Encena o homem empurrando Jack pelo ombro sorrateiramente para perto de um carro esportivo preto – Obrigado por achá-lo.  Agora entra garoto – Jack entra no carro e o homem também que logo se movimenta.

— Que irado. Valeu moço - Agradece Jack visualizando o carro, enquanto sorria abertamente.

— Se ficar se metendo em confusão assim, vai acabar em um reformatório - Alerta o homem encarando a estrada. Jack não argumentou só passou os dedos no cabelo e deu um sorriso torto.

Jack ficou observando a paisagem e até que pensou. Eles não haviam se apresentado.

— Sou Jack. Qual é o seu nome? – Pergunta o garoto mostrando interesse.

— Sou o Manuel, mas pode me chamar de North – Fala o homem. E um silêncio se estabelece no automóvel. Mas North puxa assunto – Onde você mora?

— Na rua - Diz simplesmente Jack.

— E seus pais?

— Morreram - Fala Jack sem encarar o homem que franziu a testa e demonstrou um ar de dó.

— Você está sozinho? - Jack afirma com um manuseado de sua cabeça - Você quer vir comigo? - Jack arregalou os olhos e começou a bater no homem que perdeu a direção e parou em um acostamento - Tá ficando louco?

— Eu tô louco? Você quer me sequestrar - Grita Jack e North imobiliza o garoto.

— Não, você entendeu errado. - O velho ficou bestificado com a força que aquele menino tinha. Um lampejo de ideia iluminou sua mente. - Sinceramente, você tem agilidade para um tipo de serviço. - Jack se acalma e encara o homem.

— Eu não sou ladrão - Fala Jack.

— Não, não é isso - Fala North - É meio que o oposto.

— Então é o que? - Fala o garoto com birra e North abre um sorriso.

— Vou lhe mostrar. Aperta o cinto garoto - Fala North esquentando o motor e logo deu a partida do carro que com muita velocidade foi até um local onde Jack não conhecia.

Quando desceram do carro. North guiou Jack para uma cabine telefônica.

—  O que isso tem haver? - Pergunta Jack fechando a porta.

North aperta alguns números e aparece um micro microfone.

— Senha, por favor - Jack escutou uma voz saindo do objeto.

— Leite e Biscoito - Fala North e como um elevador a cabine desce rapidamente.

— AHHHHHHH - Jack ficou gritando e North achando graça, não se conteve e começou a gargalhar - ONDE ESTAMOS INDO?

— Para seu futuro garoto - Fala North e eles chegam a uma espécie de caverna moderna, cheia de computadores e pessoas trabalhando em projetos - Bem vindo a central de comando da R.O.T.G - Fala North e Jack abre sua boca e arregala seus olhos.

— North - Um homem de cabelos escuros, olhos verdes, porte musculoso e aparentava ter 25 anos se aproximou do mais velho - Onde esteve?

— Passeando por aí - Fala o homem dando tapinhas de leve em sua pança.

— Quem é o garoto? - Pergunta o homem. Ele usava blusa moletom cinza, calça jeans e botinas de couro.

— Esse é o Jack - Apresenta North - Jack esse é o Bunny.

— Bunny? - Pergunta Jack achando graça.

— É apelido - Fala o homem e Jack visualiza todo o lugar, até que chegam em um campo de treinamento.

Jack foi com uma mulher chamada Tooth até um campo de tiro ao alvo. Enquanto North e Bunny discutiam entre si com a ideia absurda em colocar o garoto na equipe de agentes secretos.

— Confia em mim. Ele pode ser útil - Argumenta North - Eu sinto isso... Aqui na pança.

— Como você quer que eu confie na sua pança? Não depois do que aconteceu com o último recruta. - Lembrou o grandalhão, fazendo-o coçar a barba, pensativo. 

— Mas esse garoto, ele tem algo de especial meu amigo. Por que não tente enxergar o que vejo uma vez na vida? - Bunny revirou os olhos, fixando-os no garotinho, que encarava outros agentes maravilhado. - E além disso, ele está sozinho. - O coração de Bunny amoleceu em questão de segundos. Não poderia enxotar aquele garotinho indefeso sem ao menos lhe dar uma oportunidade.   

Suspirou profundamente, massageando uma têmpora. -  Tudo bem - Fala por fim Bunny, e quase saltitando, North caminha até Jack que brincava com os dardos.

— Hey Jack - Chama North - O que você acha de ser um agente secreto? - Jack não pode se conter em dar um abraço em North.

— Quero, quero, quero - Fala Jack sem se separar de North que retribui o abraço - Vocês não vão se arrepender, eu vou deter todos os vilões - Fala Jack animado.

— Oh calma seu moleque exibido - Fala Bunny - Primeiro, vai ter que treinar bastante.

— E então Jack, você está preparado? - Pergunta Tooth.

— Vamos lá - Responde Jack. Nem o mesmo sabia que desde agora sua vida mudará pra sempre.