Eve escrita por BibiBennett


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Feliz Nataaaaaaaaaaaaaaaaaal!! Ou boas festas, se você não comemora o Natal! =D
Dessa vez eu não demorei tanto, viu? =D Ainda não estou no ritmo ideal, mas acho que ainda vou chegar num ritmo de postagem bom.
Enfim! Esse é o meu presentinho de Natal pra vocês! Eu tava pensando em fazer algo mais especial, mas não tive tempo, então resolvi postar o maior capítulo da fic até agora hoje pra vocês. =D

Sem mais delongas, o Capítulo 19! =D



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Encarei o elevador por alguns segundos, antes de fechar a porta atrás de mim e encarar a vazia sala de estar. O barulho alto do relógio era o único som quebrando o silêncio, um de seus “ticks” sendo seguido por um alto suspiro que saiu por minha boca.

De repente, percebi que o apartamento ficava grande demais sem Steve.

Seria sempre essa a sensação que eu teria quando ele estivesse em alguma missão? Essa angustia e preocupação, que apesar de Steve já ter me provado mais de uma vez que era capaz de cuidar de si mesmo, não saiam do lugar?

Eu certamente esperava que não.

Ele havia pedido mais algum tempo livre para seu chefe, diretor ou seja lá o quê for, no nosso primeiro dia na Torre, mas eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele iria voltar para as suas missões na S.H.I.E.L.D., e o pensamento de ficar dias preocupada e sozinha nesse lugar imenso estava começando a me inquietar.

Apoiei-me na porta e olhei em volta, procurando algo para me distrair, quando avistei a lasanha na mesa da cozinha. Balancei a cabeça e suspirei, pronta para guardar o prato de Steve quando quatro batidas na porta me fizeram pular de susto.

Virei-me na direção da porta, confusa. Steve definitivamente não havia esquecido o celular dessa vez, e Jarvis iria avisar caso qualquer ameaça estivesse na Torre, então quem poderia estar na porta?

— Hã, Steve? É a Clara. — A voz da cientista saiu abafada pelo outro lado da porta, e meus olhos se arregalaram em realização. Eu havia pedido para o Steve chamar o Doutor Banner e ela logo antes de Sam ligar, e com tudo o quê aconteceu eu não tinha me tocado que nenhum de nós havia cancelado o encontro.

— Só um segundo! — Eu disse, olhando em volta em busca da minha chave.

Achei-a na mesa de centro, do lado de um dos provavelmente bem caros vasos que Steve quase derrubou algumas vezes durante a semana, e logo corri para a entrada.

— Eve. — Clara cumprimentou assim que abri a porta, me lançando um sorriso tímido. Ela estava bem diferente da última vez que a vi, seus cachos agora estavam soltos e chegavam até seus ombros, e ela já não carregava mais o semblante profissional que tinha quando acordei na Torre, junto com ele também se foi o jaleco branco, substituído por um vestido roxo que ia até a metade de suas coxas.

— Clara, oi. — Retribui o sorriso, olhando para o corredor e percebendo que somente ela havia vindo, nenhum sinal do Doutor Banner.

— Jarvis disse que vocês precisavam falar comigo e com o Bruce. Bem, ele não pode vir agora, mas como o Steve falou que é urgente... — Ela também olhou em volta, percebendo a ausência de Steve dentro do apartamento.

— É, sobre isso... — Cocei minha cabeça, pensando no que dizer. — Ele acabou de receber uma ligação importante e teve que sair correndo, e o assunto que queríamos falar, bem, eu preferia falar com ele aqui.

— Oh. — Clara disse, franzindo as sobrancelhas. — Tudo bem, eu posso voltar outra hora se quiser.

Assenti, lançando um sorriso envergonhado para ela.

— Seria ótimo, obrigada por vir tão rápido. — Agradeci, ganhando um sorriso da cientista.

— Sem problemas, eu moro no andar de cima mesmo. Qualquer coisa é só chamar. — Ela falou simpática, começando seu caminho até o elevador. Foi nesse momento que, quase que comicamente, eu escutei um alto som vindo do meu estômago, e uma ideia me veio em mente.

— Você já almoçou? — Eu perguntei de repente, fazendo-a parar no meio do caminho e virar-se na minha direção. Fiz uma careta ao perceber o quão desesperada minha voz soava, e esperava que ela não tivesse percebido o quanto eu não queria ficar sozinha.

— Já está na hora do almoço? — Ela disse quase que para si mesma, pegando o celular da bolsa e arregalando os olhos ao ver o horário.

— Eu vou interpretar isso como um não. — Ri, abrindo mais a porta. — Quer almoçar aqui? Steve saiu com tanta pressa que nem comeu a lasanha dele, eu estava prestes a guardar quando você chegou.

Clara me analisou, estreitando os olhos por um momento.

— Se não for dar muito trabalho- — Eu balancei a cabeça, a interrompendo.

— Trabalho nenhum, já está tudo na mesa.

— Bem, então quem sou eu pra recusar? — Ela sorriu em agradecimento, andando na minha direção.

Comemorei mentalmente, abrindo passagem para Clara e fechando a porta assim que ela entrou no apartamento, um leve sorriso em meu rosto. A cientista olhou em volta, memorizando o apartamento, e eu tive que me lembrar de que era a primeira vez dela ali.

— A cozinha é por lá. — Apontei.

Não demorou muito para nós começarmos a conversar, e eu logo descobri que a tímida cientista gostava bastante de falar. Era uma oportunidade de saber com quem eu estaria compartilhando o meu segredo, e também uma chance de conhecer melhor minha vizinha, oportunidade essa que eu agarrei.

— Como você veio morar aqui na Torre? — Perguntei entre uma garfada e outra, curiosa.

— Ah, longa história... — Clara respondeu, pausando para beber um gole do suco que eu havia preparado. Ela franziu as sobrancelhas antes de continuar. — Parando pra pensar, não é tão longa assim não.

Levantei uma de minhas sobrancelhas, incentivando-a a continuar.

— Eu conheci o Bruce – o Doutor Banner – alguns anos atrás em uma convenção, depois disso nós trabalhamos juntos algumas vezes e pode-se dizer que ficamos amigos. Recentemente, bem, dois anos atrás, Tony abriu uma vaga na minha área aqui na Torre e o Bruce me indicou... Eu só não sabia que ele iria falar tão bem de mim a ponto do Stark me oferecer um apartamento. — Ela sorriu, dando de ombros. — Tudo bem, eu morava do outro lado do país e não tinha um lugar pra ficar aqui em Manhattan, mas mesmo assim.

— Nossa... Parece que tem bastante gente morando aqui na Torre. — Comentei.

— E tem mesmo, além de alguns internos que o Tony ofereceu apartamentos no setor inferior do prédio, cada Vingador tem o seu andar. — Clara assentiu. — Não que todos possam caminhar livremente por aqui, da academia pra cima a maioria dos funcionários não tem acesso.

— Academia?

— Você ainda não foi lá? Pensei que fosse do tipo que malhasse. — Clara perguntou, parecendo genuinamente surpresa.

— Talvez eu fosse, eu não lembro. — Desviei meu olhar para a comida, espremendo meus lábios em um fraco sorriso forçado.

Eu claramente era do tipo de me exercitar, meus sonhos, minhas habilidades e meu preparo físico comprovavam isso, mas eu não podia falar isso a ela, pelo menos não agora.

— Oh. — Clara arregalou os olhos, ironicamente parecendo se lembrar somente agora da minha condição. Ela me analisou por alguns segundos, e eu fiquei feliz por seu olhar não carregar pena, e sim curiosidade.

— Do quê você... — Clara hesitou. — Do quê você se lembra?

Observei-a por alguns segundos, pensando no quê poderia falar.

— Não muita coisa. — Respondi, pelo menos essa não era uma mentira. — Só alguns flashes, nada muito revelador.

Clara assentiu, ajeitando seu óculos pensativa.

— Se você precisar de alguma ajuda é só passar no meu consultório. Eu não sou nenhuma especialista, mas eu posso te passar alguns exames, tentar descobrir a causa da sua perda de memória. — Ela ofereceu algum tempo depois, parte da sua máscara profissional aparecendo brevemente em seu rosto.

— Oh. — Foi a minha vez de dizer, arregalando os olhos.

Se ela soubesse que era exatamente esse o motivo dela ter sido chamada aqui...

— Tudo bem, obrigada. — Agradeci com um sorriso.

— Eu também posso te indicar alguém. — Ela acrescentou em seguida.

Em pouco tempo nós duas acabamos de almoçar, mas nenhuma de nós saiu do lugar enquanto continuamos a conversar. Ela me contou histórias constrangedoras que presenciou de cada um dos Vingadores, com detalhes e direito a hilários efeitos sonoros, além de me prometer uma tour pela Torre assim que eu quisesse, quando mencionei que só podia acessar os andares acompanhada por alguém.

Era boa a sensação de fazer uma nova amizade, e Clara, com seu jeito bondoso e atrapalhado, e sua facilidade para me fazer rir, me fez ter esperança de que em um futuro próximo poderíamos ser grandes amigas.

— E eu não preciso dizer que meu apartamento teve que ser todo reformado depois disso. — Ela riu, depois de contar da desastrosa festa de aniversário surpresa que Bruce havia planejado em seu apartamento, o quê incluía um Thor bêbado e uma competição de arremesso de dardos – ou no caso do asgardiano, de martelos. –.

— Eu não acredito. — Balancei a cabeça, rindo junto com ela.

— Acredite, eu tenho fotos. — Clara assentiu, fingindo seriedade antes de suspirar e sorrir para mim.

— Enfim, você tem que conhecê-los, aposto que todos vão gostar de você. — Comentou ela, abrindo sua bolsa e pegando o celular.

— Quem sabe? — Coloquei meu cabelo atrás da orelha, torcendo para que Clara ganhasse a aposta. Eu só havia conhecido Tony até agora, mas depois de tudo o quê eu já havia escutado, eu certamente não iria querer ficar na lista negra de nenhum deles.

Quem sabe? Se o Capitão te adora eu duvido que vá ser diferente com os outros. — Clara me assegurou, franzindo o cenho para o celular e por sorte não percebendo meus olhos se arregalarem com seu comentário.

— Acho que já está na hora de eu ir, já abusei demais da sua boa vontade. — Ela disse, me lançando um sorriso embaraçado e me mostrando o relógio do celular. — Eu nem vi o tempo passar.

Arregalei os olhos ao perceber que mais de duas horas já haviam se passado, mas balancei a cabeça em negação de qualquer maneira. Clara não estava abusando de minha boa vontade, muito pelo contrário, eu estava adorando conversar com ela. Mesmo assim ela insistiu que já estava na hora de ir, não sem antes me convidar para ir ao apartamento dela assim que as reformas acabassem, oferta que eu aceitei prontamente.

Nos despedimos na porta do apartamento, e logo eu estava sozinha novamente.

Dessa vez a sensação de vazio e preocupação estavam só no fundo da minha mente, e eu sorri comigo mesma, otimista. A conversa com Clara definitivamente havia levantado meus ânimos, e mesmo sem saber que horas Steve iria voltar com seu amigo, eu ia aproveitar esse tempo que eu teria sozinha.

A primeira coisa que fiz foi tomar um longo banho de banheira, e depois fui direto para a prateleira do meu quarto. Tinham coisas que eu queria pesquisar, livros que eu queria ler, e que com todo o turbilhão de acontecimentos e notícias que eu vinha recebendo nos últimos tempos não havia tido tempo. Passei por alguns títulos e percebi que eu definitivamente me interessava mais nos contos de terror do quê nos romances, e acabei lendo pedaços de alguns deles antes de ir para a televisão.

Depois de alguns minutos procurando o quê assistir, eu finalmente achei algo que me interessava, um filme de ficção científica que Clara havia recomendado, Star alguma coisa. Não assisti tudo, pois logo a fome começou a bater novamente, mas já era um avanço.

Mais tarde, depois de lanchar, eu resolvi dar uma olhada no meu armário, e agradeci mentalmente à pessoa que havia escolhido as roupas pra mim, pois quem quer que ela fosse, tinha muito bom gosto. Até agora, eu tinha vestido só o quê eu achava confortável e prático em relação as minhas asas, roupas que não iriam rasgar – até o momento a maioria dos vestidos tinha preenchido esse quesito – ou que, caso eu estivesse escondendo as minhas cicatrizes, cobrissem minhas costas, então foi bom ver o quê eu gostava e não gostava ali, e separar tudo direitinho.

Eu sabia que não era grande coisa, mas esses pequenos gostos, pequenos detalhes sobre mim, eram avanços que me fizeram sorrir de orelha a orelha.

No final do dia, foi bom ter algum tempo só pra mim. Eu pude me focar não nas memórias, não em descobrir quem eu era antes disso tudo, mas em descobrir pelo menos um pouquinho de quem era Eve.

Somente quando começou a anoitecer que eu parei para tentar preparar algum jantar, mas desisti no meio do caminho e resolvi encomendar comida japonesa. Eu tinha certeza de que havia ouvido algum dia Steve mencionar que gostava, e no ritmo de descobrir mais alguma coisa sobre mim eu resolvi provar também.

Foram só alguns minutos esperando pela entrega, que chegou na recepção da Torre e veio com um dos funcionários que tinham acesso ao andar. Era uma entrega grande, certamente tinha comida suficiente para três, mesmo duas das pessoas sendo super soldados com um equivalente super apetite. Agradeci e preparei tudo na mesa, tentando decidir se esperava ou não por Steve e Bucky.

Não tive que pensar muito, pois enquanto olhava a comida escutei passos vindos do corredor, seguidos pelo baixo clique que a porta fazia quando era aberta. Eu não sabia se ficava assustada ou não em reconhecer o som do andar de Steve, mas resolvi deixar isso de lado enquanto andava com um sorriso no rosto em direção à sala.

Steve entrou no apartamento, fechando a porta atrás de si, e meu sorriso morreu assim que vi a expressão que ele carregava. Seus olhos, fitando o chão, não carregavam o brilho e o bom-humor que eu conhecia, e seu rosto, embora sério, carregava uma melancolia que me fez parar no meio do caminho e olhar em volta, percebendo uma coisa muito importante.

Steve havia voltado para casa sozinho.

Sem Bucky.

Meu coração se apertou por ele.

Assim como eu havia feito horas antes, Steve se apoiou na porta, e seus olhos percorreram a sala até pousarem em mim, cheios de angústia.

— Oh, Steve. — Eu disse, minha voz não soando mais alta que um sussurro.

Ele me lançou um mínimo e derrotado sorriso, e eu senti meu coração se apertar ainda mais em meu peito. Eu não queria imaginar quantas vezes ele já havia passado pela mesma situação, quantas vezes ele já havia carregado esse mesmo olhar depois de ter suas esperanças estilhaçadas.

Andei em passos rápidos até Steve, envolvendo meus braços em volta dele em um abraço apertado. Ele retribuiu o abraço imediatamente, enterrando seu rosto em meus cabelos e respirando fundo. O coração dele batia em um ritmo acelerado em meus ouvidos, e eu tinha quase certeza de que o meu batia quase no mesmo ritmo, se não mais rápido.

Eu queria confortá-lo, expulsar essa tristeza que irradiava dele, ver de novo o sorriso esperançoso que cobria seus lábios antes de sair, mas eu não sabia como fazer isso, então fiquei parada, escutando a respiração e o coração acelerado de Steve, e esperando que o abraço fosse suficiente.

Nós dois ficamos naquela posição por algum tempo até qualquer um de nós criar coragem de dizer alguma coisa.

— O quê aconteceu? — Fui eu que perguntei, ainda no mesmo lugar, minha voz saindo abafada pelo corpo de Steve.

Steve suspirou, quebrando o abraço e se afastando um pouco.

— Ele estava lá. — Respondeu ele, engolindo em seco antes de continuar. — Bucky estava lá, mas nós não chegamos a tempo. Sam e eu seguimos o rastro dele por algumas horas, mas ele desapareceu.

O encarei por um momento, vasculhando seu rosto e percebendo as paredes que ele tentava construir, a frustração que ele tentava esconder. Pelo menos, e eu não sabia se isso era algo bom ou não, a expressão melancólica não estava mais lá.

— Eu sinto muito. — Eu disse, mesmo achando que as minhas palavras não serviriam de nada naquele momento.

Steve assentiu, antes de eu continuar.

— Mas... — Eu tentei achar algum lado bom naquilo tudo. — Pelo menos ele está bem, não está? Está vivo, e perto. Você ainda pode encontrá-lo.

— É... Eu acho que sim. — Steve assentiu, tentando sem sucesso esconder o cansaço de sua voz.

— Então. — Lhe lancei um leve sorriso, tentando encorajá-lo. — Você vai achá-lo da próxima vez.

Seus olhos azuis vasculharam os meus por um momento, antes dele sorrir em agradecimento. Não era seu típico e genuíno sorriso, ou o sorriso de lado que só aparecia em seu rosto quando ele implicava comigo, mas já era melhor que a expressão derrotada que ele carregava ao entrar no apartamento.

— Então, eu, hã, comprei comida japonesa. — Eu falei de repente, depois de alguns segundos de silêncio, tentando mudar de assunto.

As sobrancelhas de Steve se uniram em confusão, e eu comemorei mentalmente por tirar sua mente de Bucky por pelo menos alguns segundos.

— Você gosta de comida japonesa? — Ele perguntou, curiosidade evidente em sua voz.

— Não faço ideia. — Dei de ombros, seguindo em direção à cozinha e escutando os passos de Steve logo atrás de mim. — Você está com fome?

Steve deu uma pequena pausa no meio do caminho, pensativo.

— Morrendo. — Ele disse em seguida, de forma quase dramática, e eu sorri para mim mesma.

Virei-me na direção dele, apoiando-me na mesa, e estava prestes a comentar sobre a quantidade de comida quando o barulho alto do genérico toque do celular de Steve me interrompeu. Franzi minhas sobrancelhas, “de novo não” foram as únicas palavras que preencheram a minha mente.

A expressão de Steve também mudou drasticamente assim que o telefone começou a tocar, combinando com a minha, e suas sobrancelhas se uniram em confusão enquanto ele parava logo na minha frente e retirava o celular do bolso. Ele olhou para a tela por alguns segundos, e no mesmo instante seriedade tomou conta de suas feições.

— Desculpa, eu tenho que atender... — Ele se desculpou, culpa estampada no seu rosto por essa ser a segunda vez no dia em que havíamos sido interrompidos por seu celular.

— É claro. — Eu assenti, lhe lançando um fraco sorriso.

Steve respirou fundo uma vez antes de atender.

— Capitão Rogers. — Ele disse, concentrado, somente para exclamar em seguida. — O quê?!

Levantei uma de minhas sobrancelhas, surpresa.

Steve apoiou o celular entre o ombro e a orelha e passou por mim até chegar à mesa, puxando uma das cadeiras e voltando a encontrar meu olhar. Ele parecia estar escutando atentamente quem quer que estivesse falando do outro lado da linha, mas ainda assim sinalizou com a cabeça para que eu me sentasse. Meus olhos se arregalaram minimamente e eu assenti, me sentando na cadeira que ele havia puxado, de frente para um dos pratos de comida japonesa. Por um momento eu havia me esquecido do cavalheirismo típico dele.

Ainda escutando o quê parecia uma voz masculina no telefone, ele se sentou de frente para mim, olhando para a mesa, mas sem realmente ver alguma coisa. Olhei para os lados, batendo o pé no chão de forma rápida em um tique nervoso, a curiosidade e a preocupação tomando conta de mim.

Não parecia ser nada sobre Bucky, Sam havia ligado da última vez e ele definitivamente não atenderia seu amigo tão formalmente, então quem estaria no telefone?

— Eu entendo que é necessário, mas–—Ele pareceu ser interrompido, e franziu o cenho em irritação. Observei-o enquanto ele passava a mão na testa e suspirava, minha mente zunindo com possibilidades.

Talvez fosse a S.H.I.E.L.D.? Eu não o vi ligando para lá no início da semana, quando ele avisou que precisaria de mais um tempo livre, mas era provável que ele atendesse por Rogers ou Capitão Rogers na agência.

Minha atenção voltou para ele assim que ele olhou para mim, seus olhos encontrando diretamente os meus, como se ele quisesse me dizer alguma coisa.

— Tudo bem, eu falo com ela. — Ele poderia estar falando de qualquer pessoa, mas Steve concordou com a cabeça assim que viu minha expressão surpresa ao ouvir suas palavras, confirmando que ele estava, sim, falando de mim. — Eu ligo mais tarde com a resposta.

O clique que indicava o fim da ligação logo ecoou pela cozinha, e eu engoli a seco.

— Por favor, me diz que são boas notícias. — Pedi.

Steve passou a mão livre pelos cabelos, guardando o celular no bolso da calça. Ele me encarou por um momento, parecendo estar calculando o quê falar, o quê me deixou ainda mais apreensiva.

Levantei minhas sobrancelhas, incrédula.

Ele teve toda aquela reação no telefone para agora ficar nesse suspense?

— Ok, não são boas notícias então. — Assenti, olhando para o lado em uma tentativa de fugir de seu olhar. Isso pareceu fazê-lo desistir.

— Era a S.H.I.E.L.D. — Steve começou, confirmando minhas suspeitas e fazendo meu coração se acelerar.

— E o quê eles querem comigo? — Perguntei, minha voz seca. — Como eles me conhecem? Eles sabem sobre as-

— Não, não, eles não sabem quem você é. — Ele me assegurou, me interrompendo, e eu não consegui me decidir se aquilo era bom ou ruim.

Se eles soubessem sobre mim eu finalmente iria poder responder pelo menos algumas das infinitas perguntas que me assombravam desde que eu acordei em meio ao fogo, por que eles com certeza teriam mais informações do quê eu, mas isso provavelmente viria com consequências. Eu tinha certeza de que já havia feito parte da HYDRA, que batia de frente com eles, e eu não queria saber o quê eles faziam com quem já fez parte do time inimigo. Depois que Steve me explicou sobre a S.H.I.E.L.D., algo me dizia que eles não seriam tão abertos a explicações quanto ele.

Não que eu já tivesse falado sobre essas minhas preocupações com Steve, eu mesma estava me negando a pensar sobre isso nesses últimos dias.

Afinal, o quê a S.H.I.E.L.D., ou qualquer um realmente, faria se soubesse do meu passado? Só o quê eu havia aprendido recentemente já tinha me assustado, então qual seria a reação de alguém que soubesse de tudo?

Por enquanto eu deixei essa pergunta de lado, e me foquei na mais importante para o momento.

— Então como eles sabem sobre mim?

— Fyres. — Steve respondeu, observando atentamente minha expressão surpresa. — Eles o apreenderam quando você... Bem, depois que você o nocauteou. Ele está na S.H.I.E.L.D. desde o ataque, e se recusa a falar com qualquer um.

Assenti, olhando para a mesa e respirando fundo.

— Mas ele quer falar comigo? — Adivinhei, arqueando uma sobrancelha.

— Sim, mas você não precisa, eu posso convencer o Diretor de quê-— Dessa vez fui eu que o interrompi.

— Eu-eu preciso pensar. — Disse, voltando meu olhar para ele.

Steve me encarou, surpreso.

— Eles vão transferi-lo amanhã para outra base. Coulson estava tentando evitar ter que envolver um civil no assunto e por isso só agora veio falar comigo. Parece que Fyres está pedindo pra falar com você desde que foi preso. — Steve suspirou. — Amanhã é a última chance de falar com ele antes dele ser transferido.

Bem, isso complicava as coisas.

— Oh. — Franzi o cenho.

Desde o ataque na antiga casa de Steve eu não havia parado muitas vezes para pensar no agente da HYDRA. Sim, uma vez ou outra, afinal o cara me conhecia, mas tinha algo nele que me incomodava, e que me fazia querer ficar o mais longe possível – e não só o fato dele fazer parte de uma organização cujo um dos objetivos era a dominação mundial. –. Ao mesmo tempo, eu sabia que ele era uma das únicas fontes de respostas sobre mim – na forma de um violento e arrogante agente de 1,70m, mas ainda assim. –, e a proposta de falar com ele de novo, apesar de me assustar era tentadora.

Mas quem disse que ele iria me dizer alguma coisa? Não precisava ser um gênio para saber que Fyres não era confiável, e pensando bem, falar com ele poderia ser uma perda de tempo, além de uma possível armadilha.

— Pode ser perigoso. — Steve disse depois de um tempo, como se estivesse lendo meus pensamentos.

— Eu sei. — Eu apoiei meus braços na mesa e enterrei meu rosto em minhas mãos, de repente cansada.

— Você não precisa ir. — Ele repetiu.

— Eu sei. — Eu disse, minha voz soando abafada.

— Mas você vai, não vai? — A voz de Steve era diferente quando disse essas palavras, e eu tirei as mãos do rosto para encará-lo. Ele olhava para mim com um olhar diferente, que bem mais tarde eu vim a descobrir que era reconhecimento.

Nós éramos parecidos, é claro que ele já sabia a resposta.

O encarei pelo o quê pareceu uma eternidade.

— Sim.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Espero que tenham gostado! *-*
Não sei se vocês perceberam, mas esse capítulo acabou girando bastante em torno de comida... Não foi minha intenção, mas acabou assim. xD
Foi um capítulo bem doméstico, mas aprendemos algumas coisas nele, e de agora em diante as coisas vão deixar de ficar tãão calmas assim.
Quem não se lembra do Fyres, ele é o agente que atacou a Eve na casa do Steve, o cara com a cicatriz no rosto que ela usou a arma pra bater. :P

Mas eeeenfim, hoje é dia de comemoração!!

Eu queria agradecer à todos vocês que continuam aqui comigo acompanhando a jornada da Eve, que comentam sempre(aparecem de tempos em tempos, ou são leitores fantasmas) e que mesmo com a demora dos capítulos continuam aqui! Muito obrigada mesmo!
Recentemente Eve alcançou 200 acompanhamentos no Nyah!, além de 120 favoritos do Social Spirit, e isso é muuito mais do quê eu poderia esperar quando comecei essa fic! Nos dois sites juntos, a fic também tem mais de 200 comentários! Muito obrigada meeeeeesmo, seus lindos! Eu não sei como agradecer!(se tiverem ideias, podem falar.)

Além disso, eu queria desejar um feliz Natal de novo pra vocês, e boas festas! Além de um felicíssimo ano novo, cheio de coisinhas boas! Muitas fics, shipps que se realizam, séries que continuam no ar e inspiração pra escrever! Além de boa sorte nos estudos!
E aaah, muito obrigada mesmo pra quem me desejou boa sorte nas provas! Os resultados só sai ano que vem, mas to tentando ser otimista apesar do desespero que deu no ENEM ;-;!
Enfim, vou parar por aqui!
Muitos beijos, queijos pra quem pode comer queijo, queijo sem lactose pra quem tem alergia, morangos e chocolate(pq chocolate é sempre bom.)
Vejo vocês no próximo capítulo!

(Vou tentar responder tooodos os comentários hoje, vai demorar mais de uma hora, mas vamos lá xD)

Se você gostou do capítulo, odiou, achou meh ou amou, por favor comente com suas opiniões, críticas e sugestões! Deixe uma autora muito feliz!
Fui :*