Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 170
Capítulo 170


Notas iniciais do capítulo

Aí está, peoples! Boa leitura '3'



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Por Pamela:

 

— Você tá pronta? – Perguntou-me Herval com medo reverberando em seu olhar.

I'm ready...!— Menti tremulamente. Eu não estava preparada para morrer. Engoli em seco quando mirei o doctor. Embora confiante, já que era um grande profissional, ele estava preocupado, dava para perceber. Dava para sentir que era um martírio saber que há duas vidas nas mãos dele... vida de médico não deve ser fácil, não...

Senti o suave toque da mão de Herval sobre meu rosto e fechei os olhos. Aquela era uma das melhores sensações que eu já fui capaz de experimentar em toda a minha vida e me enlouquecia saber que poderia ser a última vez que eu teria aquela sensação... a última vez de tudo é sempre desesperador, não é? O nunca mais nos arrepia até a alma!

Quando o doctor começou, meus olhos apenas buscavam os de Herval e vice-versa. Eu não sentia nada, nenhum corte, apenas ouvia o doctor pedir um instrumento ou outro e tentar ser o mais cuidadoso possível para que eu saísse dali viva.

Mas a única coisa que poderia me fazer ter vontade de resistir, era a imagem de Herval ao meu lado. Estavam prestes a tirar uma little person de dentro de mim e esse pensamento me arrancou lágrimas. A emoção era gigantesca e a cada minuto que se passava, mais eu pedia a Deus que me deixasse ao menos ver o rostinho do meu bebê. Para que eu pudesse tê-lo em meus braços pela primeira e pela última vez antes de partir...

The doctor tirava a criança e Herval simplesmente não desviava o olhar de mim. Percebia-se o seu desejo de ir ver o bebê, mas ele estava preocupado que algo de errado pudesse me acontecer. Agora mesmo é que ele temia muito mais que antes.

Senti a vista escurecer num segundo e no outro voltou ao normal, mas tudo parecia girar. Era o sinal. Herval tinha que sair daquela sala!

— Droga! Sabia que isso podia acontecer... – Murmurou o doutor. – Levem-na daqui. A entubem imediatamente e façam todos os exames necessários. – Ordenou a duas mulheres que estavam com ele.

What's wrong?— Questionei-o já me alterando. Nada poderia acontecer àquela criança, nada!

— Meus parabéns! É uma linda menina... – murmurou desviando o assunto, mas sua cara não era das melhores. Eu não tive sequer tempo de me emocionar com a notícia de que acabava de ter mais uma little girl ou de ver seu rostinho.

Tell me, doctor! What’s happening? Para onde estão levando minha filha? – Senti meu coração bater com força.

— Calma Pam...

— Ela só precisa fazer alguns exames, Sra. Parker... ela não chorou ao nascer, e isso não é normal. – Ele falou, concentrado em me deixar clean again. – Ao que me parece, ela está com dificuldade pra respirar. Nós só precisamos fazer uns exames e deixa-la na... - Sem terminar a frase, notando alguma coisa de errado comigo, se agitou e murmurou algum pedido ao ouvido de uma das pessoas que continuava com ele.

Olhou para Herval, para mim, e eu soube o que aquilo significava. Herval estava olhando as enfermeiras limparei a baby rapidamente para levarem-na dali e eu balancei a cabeça negativamente para o doctor, que se controlou temporariamente. Ele sabia que se Herval percebesse o que estava acontecendo, ia ser ainda pior. Instantaneamente apertei a mão do my love enquanto o medo só crescia e contaminava meu sangue. Além de ver minha filha ser levada para longe de mim por algum problema, eu estava vivenciando aquilo que temi e evitei por longos meses...

Um medo absurdo se apossou de todo o meu corpo e se eu permitisse que Herval continuasse ali e me visse morrer... eu não me perdoaria jamais.

— Herval, Herval, please, fique perto dela. Acompanhe tudo de perto! – Eu tinha que tirá-lo daquele lugar imediatamente!

— Mas e você, Pam? Eu não vou te deixar até que você esteja num quarto e bem. – Mesmo sem perceber, eu já estava chorando. Sentia meu coração comprimido dentro do peito. Sentia-o pesado e minha respiração estava ficando cada vez mais complicada.

Dear, I will be fine... apenas vá atrás dela. Eu te imploro...

— Mas...

— Prometa que não vai sair de perto dela. – Meus olhos o suplicavam em lágrimas. O doctor nos olhava às vezes, percebeu o que eu estava tentando fazer e por isso esperou para agir mais apressadamente. Eu tinha que fazer Herval sair daquela sala antes do desespero maior... – Please! Eu só vou ficar bem se souber que você está com ela. – Ainda que muito relutante, ele concordou. Segurou-me o rosto gentilmente e depositou um beijo na minha testa, que ao invés de me fazer sentir bem, me doeu como uma faca no peito. Isso, porque ele estava me dando um beijo de despedida sem nem saber.

Quando ele me deu as costas, eu senti um arrepio monstruoso, segurei sua mão e ele voltou a me olhar. Eu cerrei os lábios por um curto momento, tentando segurar as lágrimas. Sabia que aquele era nosso último momento e era profundamente doloroso. Ele sairia dali achando que voltaria com nossa filha para que eu pudesse vê-la, mas...

— Eu te amo, Herval Domingues... e vou te amar por toda a eternidade.

— Eu também te amo, Pam... mais do que à minha própria vida! – Beijou-me a mão. – Eu já volto, me espera! – Apenas o esperei sair para fechar os olhos deixando as lágrimas escorrerem.

— Agora me diga, o que está acontecendo? I'm going to die, are not I? — O doctor suspirou e disse:

— O que você está sentindo?

— Que estou perdendo todas as minhas forças... e o meu peito dói... tá difícil respirar...

— Consequência da hemorragia... o coração tá ficando sem sangue para bombear... Tragam duas bolsas de O- urgente! Ela está perdendo muito sangue!

— Não é preciso, my friend... thank you... – Chorei em silêncio, pronta para me entregar à morte. – Eu sabia que não sobreviveria... está tudo bem... – Fechei os olhos.

— Não! Não faça isso! Eu não faço milagre, Sra. Parker... você não pode desistir, pra eu te salvar, você precisa me ajudar! – E eu só sentia uma coisa boa... a voz dele ia ficando distante e mesmo de olhos fechados, um clarão imenso se fazia presente diante de mim. Alguém parecia me chamar dentro desse clarão. – Aguente firme, Sra. Parker... eu posso dar um jeito nisso, não se entregue, resista!

Por Herval:

Tudo aquilo estava me deixando zonzo. Eu sentia que não era para deixar a Pamela, mas ela estava apavorada, queria ter certeza de que nossa filha estaria bem. E, para que sua preocupação não causasse complicações, eu a obedeci. Segui as enfermeiras que saíram carregando minha filha até a UTI neonatal.

Depois que a colocaram na incubadora e foram feitos todos os exames, eu pude chegar perto. Ela era tão pequena... tão frágil... meu coração se encheu de ternura e ao mesmo tempo, de medo.

— O que há de errado com ela? – Perguntei a uma das enfermeiras.

— Ela está tendo dificuldade para respirar.

— E-e-e isso significa que...?

— Era de se esperar algo pior de um bebê prematuro na situação dela, Sr. Domingues... ela vai precisar de uma ajudinha para respirar até conseguir fazer isso com os próprios pulmões. Mas é só. Fora isso, está tudo certo com a sua filha. Com licença...

Eu pude respirar mais aliviado. Fiquei ali por mais alguns minutos, mas queria voltar para onde a Pamela estava. A bebê já estava “bem” e eu precisava se a mãe dela também estava! Foi aí que eu senti meu celular vibrar. Era Dorothy querendo saber notícias. Ela ficou na sala de espera e provavelmente estava tendo uma síncope.

Deixando a garotinha, decidi ir explicar tudo a ela rapidamente e pedir para que ela ficasse lá olhando a bebê para que eu pudesse voltar para a Pam. Desse modo, nenhuma das duas ficaria sozinha.

— E aí? Deu tudo certo? – Eu mal apareci na sala de espera e ela já me agarrou pelos braços esperando a resposta.

— Deu. É uma menina! Uma linda menininha... – Ela suspirou profundamente e sorriu largo com a notícia. Sorri junto, recordando da imagem da pequena que inundava meu coração de doçura e quando eu menos esperei, Dorothy me abraçou.

— Me dê mais informações! Eu preciso de notícias!

— O médico tá terminando os procedimentos lá com a Pam e o bebê foi pra UTI neonatal. E-e-ela nasceu com problema para respirar e precisou...

— Como é que é?! E você diz que deu tudo certo?! – Me levemente o braço. – O que vai acontecer? Eu quero vê-la!

— Bom, eu vou precisar mesmo que você fique de olho nela para eu poder voltar para a sala da Pam. E-eu sinto que ela tá precisando de mim... – Falei levando-a até onde estava a criança. – Ela só vai precisar ficar ligada num aparelho até conseguir respirar sozinha... a enfermeira pareceu ter certeza do que falava... ela vai ficar bem...

Deixei-a lá com a pequena que ainda nem tinha nome, e ao voltar para o caminho da sala onde estava a Pamela, vinha passando umas pessoas carregando um aparato de desfibrilador, levando-o em direção à sala que Pamela estava.

— O que é que está acontecendo? – Segui-os me desesperando, mas ao chegar na porta, me barraram. – Me deixa entrar! É minha mulher que está aí dentro! – Os que ficaram do lado de fora me seguraram e me arrastaram para a sala de espera.

— Sua mulher teve uma parada cardíaca, eles estão tentando reanima-la e o senhor não pode entrar lá. – Disse um dos que ficou todo o tempo lá dentro e só saíra agora.

— C-c-c-como?! Como isso foi acontecer?!

— Sua mulher teve uma hemorragia, Sr. Domingues. A primeiro momento não pudemos perceber! O sangramento pós-parto é normal! E é proveniente dos vasos sanguíneos abertos no local onde a placenta estava presa à parede uterina. Depois que a placenta é retirada, o útero se contrai para fechar esses vasos. Só que isso não aconteceu com a Pamela. O útero dela não se contraiu como deveria e o sangramento foi muito mais intenso. Essa perda excessiva de sangue configura a chamada hemorragia pós-parto.

— E o quê que isso tem a ver com parada cardíaca?

— Ela perdeu muito sangue, o coração precisa de sangue para bombear. Por falta disso, ele parou. – Caí sentado numa cadeira. – Eu sinto muito. Eles estão fazendo o possível...

(...)

Dorothy voltou para sala de espera com a desculpa de que as enfermeiras iriam fazer mais alguns checapes da criança e que pediram para ela sair e eu tive que contar a verdade a ela. Não resisti e quase me joguei no chão como uma criança que levou uma surra. Mas com a ajuda de um calmante, eu chorei em silêncio...

Eu penei durante uma hora. Sim, tive que ficar rodando na sala de espera durante uma hora! Uma hora de lágrimas, de martírio, de raiva! Uma hora de desespero, de agonia, eu não podia imaginar como falaria pro Quim ou para Megan que a Pam...

 Não! Aquilo não podia estar acontecendo... se ela morresse, eu morreria junto! Deus não ia me tirar a Pamela... ele não podia fazer aquilo. Não podia tirar de mim a coisa mais linda que aconteceu em todos os anos da minha vida. Ele não podia levar um pedaço de mim, não podia deixar três filhos órfãos de mãe, não podia causar tanta dor em pessoas as quais o único pecado fora amar demais.

Foi então que eu vi o médico da Pam aparecer. Ele enxugava o suor da testa e vinha em minha direção. Antes que ele chegasse até mim, eu fui até ele e segurando-o pelo jaleco, o que o assustou, questionei-o:

— Cadê a Pamela? Você conseguiu salvar a vida dela, não conseguiu? Pelo amor de Deus, me fala! Fala! Eu não vou sair daqui sem a minha mulher viva!


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Notas finais do capítulo



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