Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 168
Capítulo 168




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Por Herval:

 

— Como é que é? – Eu sabia que havia um risco grande, mas eu não fazia ideia de que era tão grave...

Todo o meu corpo enfraqueceu de repente. Eu senti como se o chão tivesse sumido de baixo dos meus pés e como se o ar estivesse poluído com fentanil, um gás capaz de provocar parada cardíaca e respiratória dentro de dois minutos. Subitamente começou a chover. Devia ser umas 16h e o céu sequer anunciara aquela chuva! Ela veio mesmo de repente, assim como aquela notícia que simplesmente estraçalhou meu coração. Eu fiquei ensopado em segundos e a Kate correu para a entrada da cara para se proteger da chuva.

— Por favor, não me faz repetir, eu nem deveria ter lhe contado... – Me aproximei dela revoltado e aumentei o tom da voz:

— E por que não? Você disse que me manteria informado sobre tudo que estivesse acontecendo com ela! Você mentiu pra mim! A mulher que eu amo está correndo risco de vida e eu sou o último a saber?!

— Eu o mantive informado! Mas a minha patroa é a Pamela e ela me pediu segredo quanto a isso. Não pense que eu não incentivei-a todos esses dias a desistir dessa loucura de te afastar, eu acredito em vocês! Mas ela simplesmente está irredutível.

— E por que? Por que exatamente ela não quer me ver? Eu não fiz nada de errado! – Segurei-a pelos braços e meu cabelo já caía molhado pelo meu rosto.

— Não é óbvio? Ela está apavorada, Herval... está com medo de morrer e não quer que você passe por isso. Ela quer evitar o seu sofrimento!

— Isso é ridículo! – Larguei-a lhe dando as costas para que não me visse chorar. – Fui eu que estive com ela em todos os piores momentos da vida dela! Fui eu que segurei a barra por ela! Para ela! Fui eu que me dediquei à Pamela para que ela fosse feliz mesmo depois de tanto trauma. Eu merecia saber... a verdade... eu merecia poder cuidar dela mais uma vez... – Virei para ela novamente depois de enxugar os olhos e tirar o cabelo molhado do rosto.

— É justamente por isso que ela escondeu! Ela acha que você já fez de mais, que já sofreu demais por ela! A Pamela não quer ser a culpa de te fazer sofrer mais... please, go home... antes que alguém mais perceba que você tá aqui e a coisa piore...

— Não! Eu não vou a lugar nenhum sem falar com a Pamela! – Deixei-a falando sozinha e corri para dentro da mansão. Comecei a chamar pela Pam, enquanto Kate insistia para que eu saísse. – PAMELA! PAMELA!

— Que gritaria é essa aqui? – Dorothy surgiu e ao me ver transtornado, já tentou me botar para fora.

— Herval, vá embora daqui, você sabe que a Pam deu ordens expressas pra que você não entrasse nessa casa...

— PAMELA! NÃO SE ESCONDE DE MIM! PAMELA! – Insisti, sem lhe dar ouvidos.

— Herval... não se machuque mais com essa história... – Dorothy insistiu.

— Dorothy! Dorothy! Você conhece a nossa história melhor do que ninguém. Você sabe o quanto eu amo essa mulher! E você sabe que eu tenho que ficar ao lado dela nesse momento. Por favor, me ajuda! Me deixa falar com ela!

— Eu estou tentando te ajudar, Herval. Tenha certeza de que é melhor você ir embora agora. – Ela me puxava pelo braço para que eu saísse, mas eu não tirei o pé daquela sala. Gritei ainda mais alto na esperança de que Pamela viesse me atender.

— PAMELA! SE VOCÊ NÃO VIER AQUI, EU VOU ATÉ VOCÊ!

— Herval, get out, ou eu vou ter que chamar os seguranças!

— Não será preciso, madrinha. – Ela apareceu finalmente.

Tinha o cabelo desalinhado, mas igualmente lindo. Ela parecia abatida, pálida, seus lábios tinham perdido a cor avermelhada de outrora. Ela vestia uma camisola verde, longa, tinha as mãos pousadas sobre a barriga, que por sinal estava enorme, coisa que eu não entendi, já que ela deva estar com uns... cinco meses, e estava com os olhos vermelhos. Mais uma vez estava chorando, mas não mais que a minha alma.

— Pamela, volta já pro quarto! Você sabe que não pode... eu cuido disso.

— Não, eu cuido disso. – Disse firme. – Não há mais como adiar isso, Dorothy...

Ela me olhou sem expressão. Respirou fundo e eu me aproximei dela. Olhei profundamente em seus olhos e me senti ainda mais fraco que antes. Eu queria poder abraça-la e dizer que tudo ia ficar bem, mas eu estava apavorado. Na verdade, apavorado é muito pouco para definir o meu estado. Nós sustentamos esse olhar por uns dez longos segundos. Foi quando eu não aguentei e caí de joelhos aos seus pés. Abracei-me a ela e apenas chorei.

Parecia haver um buraco dentro do meu peito. Eu me senti a pessoa mais infeliz do mundo! Então suas mãos tocaram meus cabelos e ela chorou junto. Ela parecia tão machucada quanto eu, mas tentava, eu senti, ela tentava ser forte e não ceder. Não sei a quê, mas ela parecia sangrar por dentro...

— Por que você não me falou...? – Ainda ajoelhado, olhei para ela, que tentava se afastar e me fazer levantar. – Por que você não disse que pode morrer? – Fiquei de pé finalmente. Ela virou a cara por um instante, mordendo o lábio inferior, e depois de respirar fundo, olhou nos meus olhos e respondeu:

— Todos nós vamos morrer um dia, Herval... – Dessa vez eu que virei a cara e mordi o punho para não gritar.

— Não me subestima, Pamela... eu sei de tudo! A Kate me contou que você tá correndo risco de vida por causa dessa gravidez. – E no mesmo instante em que eu falei Pamela lançou um olhar mortífero sobre a Kate e depois me respondeu friamente:

— E se estiver? Você não tem nada a ver com isso, pra quê se envolver...? – Nesse momento eu segurei seus braços e estava decidido a falar as palavras mais duras que me viessem à mente, porque ela não podia ser tão fria assim...! Mas no instante em que vi seus olhos de perto refletirem toda aquela dor, eu não consegui dizer uma só palavra. Só segurei seu rosto inesperadamente e lhe beijei desesperadamente. Ela não esperou um só segundo. Me empurrou na hora e meteu a mão na minha cara. – Saia da minha casa... – Sussurrou sem força e enxugando os olhos. – Sai da minha vida, esquece que eu existo, VAI EMBORA! – Eu simplesmente ignorei o tapa e ignorei todas as palavras que me forçavam a sair da sua vida. Apenas continuei:

— Por que você fez isso? Eu poderia ficar todo esse tempo do seu lado! Eu poderia ter cuidado de você, Pamela...!

— Herval, please...

— Você não precisa me chutar pra fora da sua vida só porque não quer me fazer sofrer... Pamela, se eu não estiver com você é que eu sofro! – Minha voz passava a ficar embargada pelo choro que insistia. – Não é a possibilidade de te perder que me apavora. É a possibilidade de te perder sem nunca mais ouvir da sua boca um “eu te amo”. E é por isso que n-não vai acontecer nada com você! Não vai porque eu não vou deixar!

— Você não tem esse poder... – Ela rebatia com a voz tremula e passava sempre as mãos nos olhos para controlar as suas lágrimas. – Por que você sempre tem que fazer o oposto do que eu peço? What’s wrong with you?! Você gosta de sofrer, é isso? GET OUT! Eu não te quero aqui! Eu não te quero mais na minha vida! Será que é tão difícil entender isso?!

— Não é difícil não. – Enxuguei minhas lágrimas. – Eu que não quero entender, sabe por quê? Porque você é uma MENTIROSA! – Ela fechou os olhos deixando as lágrimas caírem. – Você me ama, e sabe disso! Você sabe que eu sou o homem da sua vida e você sabe que eu nunca vou te deixar em paz porque você é a minha vida! — Dorothy tentou mais uma vez me puxar, mas foi inútil. – Você não pode me mandar embora assim...! Você não pode me impedir de te amar! – Ela não abria os olhos. Só chorava sem parar. – Me deixa ficar com você... – Segurei firme suas mãos. – Me deixa ficar do teu lado na sala de parto, repetindo pra você que vai ficar tudo bem até que tudo esteja realmente bem... – Ela puxava as mãos, mas eu insistia em mantê-las sob meu domínio. – Me deixa ser o seu amor e te fazer esquecer o medo da morte... – Pamela então tombou para o lado.

— Pamela? Você tá bem? – Dorothy chegou perto. Pamela me olhou com uma expressão inexplicável de tão perturbadora e no instante seguinte, olhou para baixo e todos acompanhamos sua visão.

— O que tá acontecendo? O-o-o-o que é isso?– Se era possível eu ficar mais desesperado, eu fiquei.

— A bolsa dela estourou! – Dorothy anunciou, tendo a mão esmagada pela Pam, que agora começava a gritar de dor. – Kate! Pega a chave do carro, a gente precisa ir agora pro hospital! – A americana correu para obedecer.

— Como assim a bolsa estourou?! São só cinco meses! Não pode! O bebê não tá formado!

— Sete meses, Herval, sete!— E Pamela gritava mais alto. Dorothy tentava fazer ela caminhar, para sair de casa, mas ela mal saía do canto.

Sete?!— Fiquei descrente e percebendo a ficha cair em um segundo, peguei Pamela nos braços, correndo para fora de casa. Ela confirmou com a cabeça, enterrando o rosto no meu pescoço.

— Sete meses... este é seu filho, Herval... – Pamela admitiu, cravando as unhas na minha pele e gritando, contraindo os músculos sem parar de tanta dor. Eu não raciocinei mais. O pânico tomou conta de mim. Agora eu não corria o risco de perder só a Pamela, era ela e o meu filho!


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Notas finais do capítulo

Desculpem por tanto sofrimento xox



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