Parei no pé da escada e avistei-o. Que porcaria era aquela que estava vestindo? E, por que estava segurando uma calcinha fio-dental com a boca? Não estávamos no Halloween, então na havia motivos para se vestir de lobo e nem mesmo, para fazer graça com minha cara.

Fingi uma tosse seca e no mesmo instante, Jacob encarou-me. Sorriu  com aqueles malditos dentes brancos e veio para o meu lado com os braços abertos. Quantos anos não nos víamos? Talvez, uns cinco… Cinco dias. Era meu sócio há três anos e tínhamos um triângulo amoroso com a empresa. Apertou-me com aqueles braços musculosos e deu um tapa de leve no meu peito, sempre cumprimentava os mais chegados dessa forma.

Era irritante o jeito que todo mundo gostava dele, entretanto creio que seja por causa desse seu jeito amigável de bem com a vida e amável que nossa empresa conseguiu entrar no mercado.

— Odete continua adorável – disse tirando a calcinha da boca e passando as mãos no meu cabelo para ajeitá-lo. – Quero ter uma conversa com você.

Mirei seus olhos com um pouco de desprezo, pois, tínhamos combinado que por durante um mês, eu ficaria de férias... Em casa, feliz, jogando meu playstation 4 e comendo pipoca.

— Acho que não ouvi direito – falei e distanciei meu corpo de sua energia positiva. Observei, novamente, o seu traje de lobinho e suspirei. Era ridículo demais. – Que roupa estranha é essa?

Fez uma expressão confusa e olhou para si mesmo.

— Como assim que roupa estranha? – Pronunciou e fechou o maldito sorriso. 

— Esquece. Essa calcinha é sua? – Apontei para sua mão.

Qual era o problema de Jacob? Será que estava me fazendo de idiota?

Subitamente, passou a mão no corpo, de modo que procurasse algo, depois fechou os dedos… Fazia isso quando precisava se lembrar de algo. Era um tique intratável. Logo, após esse episódio enfadonho, coçou o rosto de forma brusca até ficar com a pele avermelhada. Como coçava com gosto, acho que nunca vi uma pessoa se coçar com tanta vontade. Parecia um cachorro. Fechei meus olhos para não ter que analisar essa cena horrenda. Quando voltei a abri-los pude ver a face do imbecil do Black contemplando os meus pés.

— Está tudo bem, Edward? – Falou, levantou o rosto e colocou a calcinha na boca.

Ignorei sua pergunta. Jake nunca fora muito inteligente.

— Certo. Vou fingir que não está com essa fantasia ridícula e que, também, não colocou essa porcaria de calcinha na boca – despenteei meus cabelos. - Só espero que esconda essa coisa quando a infeliz da Berrá chegar aqui em casa.

Falando no demônio, a campainha tocou. Empurrei Jacob para o sofá e corri até a porta. Estava com uma vontade imensa de ver como era a tal Isabella. Dessa forma, com a boca amarga de entusiasmo, abri a porta.

Bella não era tão feia. Tinha a pele clara, uma feição de sonsa e um cabelo meio marrom. Normal, bem a cara dos italianos que conheci na Itália. O.K., eu esperava mais. Talvez uma loiraça, alta, elegante e com curvas fosse melhor. O.K., não sou tão mau. A aparência da garota não era desencorajadora, mas faltava algo. Não, não mesmo. Na verdade, faltavam muitas coisas.

— Olá – disse sorrindo e adentrou. Falta de educação mandou um “oi”, pensei e segui a mola. – Nossa! Que cheiro delicioso! – Exclamou e foi rumo a escadas. – Isso parece… Jasmim?… Não… Eucalipto?... Não… Cara, que desinfetante usa no seu banheiro?

Bastante curioso, aproximei-me dela. Não estava sentindo cheiro algum; será que Bella tinha um super olfato?