— Não, você não entendeu minha pergunta. Quero saber o real motivo de ter entrado na minha casa… Por que estava perto da minha casa?

— Ora! Por que eu estava perto da sua casa? – Percebi o quanto que Isabella era rápida para responder. – Isso não interessa. Não basta ter pego minha calcinha?

Hesitei em dizer alguma coisa que a deixasse irritada, como: "dane-se a sua calcinha" ou "que um raio parta a sua calcinha e o que tem dentro dela". Entrementes, tinha uma parte de mim que queria deixá-la com a cabeça doendo de tanta ira. Antes de pronunciar as palavras que estavam em minha mente, perguntei-me de qual lugar Bella estaria falando. A chamada estava muito silenciosa e isso era suspeito. Por quê? Porque quando se mora quase dentro de uma mata, não há operada decente para tirar o chiado da ligação.

— Doçura, no dia que você veio em minha casa eu, Edward Cullen, não estava presente – ponderei as palavras, pois minha parte angelical imaginou os danos que a voz da garota podia causar ao meu tímpano. – Agora, por favor, explique-me: com posso ter pego sua calcinha?

No momento que terminei de falar, Odete apareceu na porta. Tinha nas mãos um copo de suco de laranja e um pãozinho com ervas-finas. Minha empregada, muito prestativa, sorriu e apontou para a comida como se quisesse agradar com aquele lanche. Acredito que, ela sempre pensava que minha fome era do mesmo tamanho que a sua, porque, de onde menos se imaginava, Odete sempre aparecia com alguma comida para me dar. Seja boa ou ruim. Não era a torta que pediria, mas contentei e sorri de volta.

— Sabe, acho que você deveria vir aqui procurar esse seu pertence – proferi e mordi um pedaço do pãozinho. – Talvez, devesse olhar pessoalmente o meu banheiro.

Bella ficou muda e sua respiração acalmou. Amansei a onça.

— Tudo bem – disse com serenidade. – Passo na sua casa em cinco minutos.

Cinco minutos? Onde que essa infeliz estava para poder chegar tão rápido em minha casa? Antes que eu pudesse gritar alguma coisa parecida, desligou o telefone. Já iria xingar e amaldiçoar quando, repentinamente, vi Odete olhando para mim com uma expressão assustada. Gostaria muito de ler a mente das pessoas, assim saberia tudo que minha fiel escudeira achava dos meus momentos de insanidade.

— Senhor – sussurrou e chegou um pouco para frente. – Aquele seu amigo, o tal do Jacob Black, está lá na sala. Disse que precisava falar com você urgentemente.

Urgente? Desde quando o animal do Jacob tinha alguma coisa urgente para tratar comigo? Mistérios do universo estavam sempre presentes no meu dia a dia. Alinhei meu pijama e assenti. Passei por Odete e fui direto para a escada que ligava o piso superior à sala de estar. Passei a mão no rosto para parecer um pouco mais acordado e coloquei um sorriso no rosto. Não seria nesse dia tão estranho que Jacob acabaria com o resto da minha auto-estima e imagem.

Parei no pé da escada e avistei a criatura sugadora de almas. Que porcaria era aquela que estava vestindo? E, por que estava segurando uma calcinha fio-dental com a boca? Não estávamos no Halloween, então não havia motivos para se vestir de lobo e nem mesmo, para fazer graça com minha cara.