Saio de lá e vejo minha mãe me esperando.Vou até lá e entro no carro.

Ef:oi meu amor!como foi?foi fantástico?-diz e olho pra ela com uma cara de "Sério?"-é mãe,foi fantático!-diz fazendo uma imitação horrível da minha voz.

E essa era minha vida.Reality shows,consultas médias,8 remédios diferentes 3 vezes ao dia,mas o pior,pior de tudo,grupo de apoio...

Estou aqui tentando obrigar meus pais a não me levarem nesse grupo de apoio.

Cf:Vocês não podem me obrigar!

Bl:claro que podemos,somos seus pais!

Ef:amor,já falamos sobre isso,tem que fazer amizades,agir como adolescente

Cf:mãe...se quer que eu aja como adolescente não me manda pra um grupo de apoio,vc tem que tipo...me arrumar uma identidade falsa,pra eu ir pra balada,beber e tomar baseado!

Bl:ninguém toma maconha

Cf:se eu tivesse uma identidade falsa eu ia saber disso!

Ef:vai logo pro carro!

Então eu fui...não pq eu queria ou pq iria me ajudar,mas pelo mesmo motivo que eu faço tudo ultimamente,Pra agradar meus pais.

Cf:eu não entendo pq eu não posso dirigir.vc não vai fazer nada,vai ficar aqui me esperando...

Ef:eu não vou esperar,tenho várias coisas pra fazer

Cf:sei...

Ef:te amo filha!

Cf:também te amo

Ef:divirta-se

Pior do que bater as botas por causa do câncer,é ver um filho bater as botas por causa de câncer.

Não quis usar o elevador porque isso é tipo de coisa que vc faz nos seus "Últimos dias no grupo de apoio",então fui de escada.Quando entrei um garoto começou a olhar fixamente pra mim.

Nunca vi aquele cara na minha vida,pelo menos eu acho.Alto,magro mas musculoso,ele fazia a cadeira onde estava parecer minúscula.Cabelo com topete liso,talvez um pouco mais velho que eu,estava sentado com uma péssima postura.

Desviei o olhar,repentinamente consciente da quantidade infinita de coisas erradas em mim.Eu era uam pessoa de proporções normais com um balão no lugar da cabeça.isso sem falar do inchaço nos tornozelos.Mesmo assim,dei uma espiadinha rápida e os olhos dele ainda estavam grudados em mim.

Entendio que as pessoas querem dizer com contato visual.

Me sentei e ele ainda me observava.

Na boa,vou logo dizendo:ele era um gato.Se um cara que não é gato encara você sem parar,isso é,na melhor das hipóteses,esquisito e na pior,algum tipo de assédio.Mas se é um cara gato...na boa...

Depois de todos terem chegado,Jeremy começou o grupo de apoio com uma oração

Jg:Senhor,dê-me serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar,coragem para modificar as que posso,e sabedoria para reconhecer a diferença entre elas.

O garoto ainda me observava e senti meu rosto ficar vermelho.

Resolvi então,também ficar olhando fixamente pra ele.Os garotos não detêm o monopólio da atividade encaradora.Estava vidrada nele enquanto Jeremy explicava pela milhonésima vez sua ausência de bolas etc;aquilo virou um jogo sério.Depois de um tempo o garoto sorriu e,até que enfim,desviou ops olhos verdes de mim.Quando me olhou de novo,arqueei as sobrancelhas como se estivesse dizendo:GANHEI.Ele deu de ombos.