Doce chuva escrita por Miuphia Sun


Capítulo 2
Capítulo 2




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Segunda-feira. Um dia em que a maioria da humanidade acorda de cara emburrada. Estressando-se com a primeira coisa que lhe aparece na frente. Contudo, Ame pensa de forma diferente. Não está feliz, mas também não se sente zangada, apenas sente um enorme alívio. Os dias vão se passando e conforme passa, se sente mais próxima da suas mais esperadas férias. Estaria longe do pai, longe do movimento barulhento da cidade, longe das pessoas que a finge não notar — ou simplesmente não à notam.

Levantou-se da cama preguiçosamente. Colocou os pés dentro do par de pantufa e dirigiu-se ao banheiro. Lavou o rosto e foi para a cozinha. Não estava nem um pouco afim de tomar um bom café da manhã, pois a preguiça ainda está completamente desperta em seu corpo. Ainda relutante em continuar, fez um chocolate quente e comeu algumas uvas, apenas para disfarçar a fome.

Já na escola, Ame subiu lentamente as escadas. Distraída e cansada, mal percebe o que vinha à sua frente.

— Cuidado!

Gritam, mas ela só tivera tempo de olhar para cima e perceber que algo vinha em sua direção.

Caída e ainda processando o que acabara de acontecer, percebe que não era folhas sem estarem grampeadas ou alguma garrafinha destampada — até porquê, estaria em pé molhada. Ergueu um pouco a cabeça e notou um grande volume de cabelos louros.

Sem reação, a garota joga a cabeça para trás, sem demorar muito voltara a dormir... quando a pessoa que estava em cima dela percebera, pensou tê-la matado, mas se sentiu aliviado ao vê-la respirando.

Ame deitada na cama da enfermaria, acordou ao notar que barulhos estranhos estavam a sua volta. Levantou em um sobressalto, assustada, pois imaginou-se sendo sequestrada.

Ao olhar para o lado, deparou-se com a enfermeira arrumando os remédios na prateleira. Por um breve momento, perguntou-se a si mesma o que estava fazendo ali, até então, lembrara que alguém havia caído em cima dela.

— Ora, vejo que acordou… tentei falar com o seu pai, mas parece que ele está ocupado. Consegue ir para casa sozinha ou pretende continuar na escola?

A enfermeira falou rapidamente, deixando Ame um pouco zonza.

— Eu acho que… irei voltar para casa.

Disse, levantando-se.

— Você não tem ninguém que pode vir busca-la?

— Estou bem, posso ir sozinha.

Relutante, a enfermeira lhe deu a autorização para poder ir para casa.


Enquanto voltava para casa, Ame sentia sua cabeça girar. Talvez ter corrido na chuva no dia anterior não tivesse sido uma boa ideia — É claro que não seria uma boa ideia! — Pensou um pouco irritada.

— Ame?

A garota virou-se para trás para ver quem a chamava.

— Nossa, está pálida! O que houve? — Perguntou a pessoa aflita — Vamos, entre no carro, irei te levar para casa.


— Você é um idiota, irmão! Sua filha é menos importante que seu trabalho?? Está pondo a morte da sua ex-esposa como se Ame a tivesse matado? Me faça o favor e desapareça! Você é o pior ser humano existente nesta terra.

E se pode ouvir uma forte batida no telefone.

A mulher se assustou ao ver Ame em pé na porta da cozinha.

— Desculpe… mas seu pai é um canalha.

Ame ficou quieta. Concordava sobre seu pai, mas não gostava de dizer aquilo em voz alta.

— Volte para cama, irei levar uma sopa para você, ok?

E assim ela fez.
Não demorou muito para sua tia aparecer novamente.

— Aqui, coma isso e irá se sentir melhor amanhã.

— Tia Yukino, por quê está aqui?

— Ora, não posso vir visitar minha favorita e única sobrinha?

— Sim, mas…

— Apenas tome a sopa, está bem?

E Yukino saiu do quarto rapidamente.


Dois dias depois, Ame já estava melhor. Sua tia havia dito que ficaria com ela, pois seu pai ficaria fora por um tempo.
Na tarde de quinta-feira, Ame e Yukino foram jantar em um restaurante e como sempre, ambas eram o centro das atenções.

— Ame, posso lhe fazer uma pergunta?

— Já está fazendo uma...

Diz ela, tomando mais um gole do seu suco.

— Na época em que se tornou um modelo infantil, por quê continuou? Você fez o maior escandalo e correu até a minha casa por causa disso.

— Bom, porque meu pai disse que eu tinha que parar de ser uma menina estúpida, então me colocou pra interagir com as outras crianças, já que ele tinha vergonha de me mostrar pros outros pais… e isso ainda permanece. No começo eu era contra a ideia, mas até um certo ponto eu comecei a gostar… porém tudo foi muito rápido e passei a não gostar mais da ideia de ser modelo.

— Entendo…

E as duas continuaram em silêncio até o garçom trazer os pedidos.

— Ainda vai para a biblioteca em dias de chuva?

— Sim… mas a última vez não foi tão…

E Ame parou de dizer, ao lembrar dos dois rapazes.

— Foi tão… ?

— Nada, mas só acho que devo dar um tempo a leitura, acho que vou começar ajudar a Levy. Ela me pediu um favor, apesar de que terei de falar com as pessoas.

— E o que você pensa sobre isso?

— Eu só acho que devo parar de ser tão quieta, pessoas assim não duram muito. — Diz timidamente — Quero ser visível, é duro ouvir dos outros que sou tão… invisível.

Yukino não fez menção, apenas continuou a ouvir a sobrinha.


Já é sexta-feira. Ame acordou disposta à fazer qualquer coisa.

— Muito bem! Começando hoje! Irei falar com a enfermeira e perguntarei sobre a pessoa que me levou até ela, em seguida, vou a biblioteca e dizer a Levy que aceito ajuda-la… eu consigo… — Entretanto, a garota já estava se sentindo incapaz de fazer — Eu consigo…. nãooo, eu não consigo! As pessoas iriam me achar estranha, eu nunca falo nada!! Céus!

A porta do quarto abriu em um ato estrondoso, causado pela tia.

— O que foi Ame?

Perguntou aflita.

— Tia… eu retiro tudo o que disse ontem à noite!!


Após explicar o que pensava, Yukino ficou um pouco irritada. Gostava de vê-la determinada, mas voltar na palavra era o que mais odiava.

— Pelo amor de Deus, Ame! Você já não é mais criança. Tente fazer algo para si que a deixe feliz, que se dane os outros. — Ao ver a expressão de choro que a sobrinha começara a fazer, sentiu um remorso e pensou que foi dura demais com ela. Ajoelhou-se na frente de Ame e disse: — Escute Ame, tudo bem se não der certo na primeira vez, errar é humano e você está apenas começando… qualquer coisa, ligue para mim, irei correndo te ajudar, ok?

Então, Ame correu para se arrumar. Sua determinação havia voltado.

É agora ou nunca! — Exclamou para si.


Sua tia lhe dera carona até a escola. Respirou fundo e passou pelo portão, estava confiante, determinada. As pessoas a olhavam pela primeira vez como se ela fosse alguém importante.

Ame foi direto para a enfermaria, abriu a porta em um estrondo e olhou para a enfermeira, que se assustou ao ver a menina tão séria.

— Hum… é… v-você… — Porém, ela já estava começando a suar pelas mãos, suas orelhas ficaram vermelhas e começara a gaguejar.

— Você… precisa de algo?

Perguntou a mulher, com medo de que ela estivesse passando mal novamente. Ame respirou fundo e perguntou:

— Quem me trouxe até aqui?

— Hum… desculpe, eu não lembro o nome do garoto, já faz um tempo… mas sei que ele tem cabelos louros e se não me engano, ele disse que era da sua turma.

Responde a mulher de maneira pensativa.

— Muito obrigada.

Ame curvou-se e foi para sua turma. Está cheia de esperanças, ela deve agradece-lo ou nunca irá se sentir tão bem novamente.

Enquanto subia as escadas, se deparou com um garoto parado a sua frente.

Ele é loiro… — pensou analisando-o. Ele é familiar, porém não lembra o nome ou aonde pensou em tê-lo visto.

— Hey, já está melhor? — Perguntou o garoto com uma expressão de arrogância. — E não fique quieta e nem pense em sair correndo como da última vez.

— Ah!! — Ame ficou surpresa, olhou para os lados para ver se não vinha ninguém e o puxou escadaria abaixo.

— Ei! O que pensa que está fazendo?!! — Berrou ele.

Então pararam na parte de trás da escola. Onde ela sentia-se mais segura para falar.

— Desculpe por fazer isso… eu só, queria agradecer pelo outro dia.

— Então você também pode falar de maneira audível.

Ela enrubesceu e tornou a olhar para baixo.

— Me faça um favor, continue o que estava dizendo. — Resmungou o loiro.

— M-Me desculpe por isso e me desculpe por sair correndo aquele dia, eu só…

Mas ela não continuou.

— Entendi, bom… estaria tudo bem, mas falta você me dar o livro, eu preciso entregar para um amigo, já que o livro é de extrema importância.

— Sinto muito, irei devolve-lo assim que terminar, está bem?

— Olha, lhe dou mais dois dias, o livro nem é tão grande assim.

— Obrigada. — Ela sorri. — Hum… a propósito, qual é o seu nome?

— O QUE?! Estudamos na mesma sala! Como não sabe o meu nome? Eu sou o garoto mais desejado de toda a escola!!

— Desculpe, mas eu ignoro tudo que está a minha volta… eu sou… invisível, como você disse. — Respondeu ela um pouco irritada pela maneira escandalosa do garoto.

O mesmo sentiu remorso, virou o rosto e resmungou o nome:

— Sting, Sting Eucliffe.

— Bom… Sting Eucliffe, obrigada e me desculpe novamente. Irei devolver o livro assim que termina-lo.

E Ame voltou para sua turma contente, enfim, fez algo que lhe deixasse mais segura de si.


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