Doce chuva escrita por Miuphia Sun


Capítulo 1
Capítulo 1




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Chuva... em japonês é ame. Daí o meu nome. Sou filha única, minha mãe faleceu quando era pequena e meu pai... bom, ele me dá as coisas quando lhe convém. Apesar de vivermos muito bem, ainda prefiro me manter neutra. Não por não gostar das pessoas, mas por ter medo delas. A única pessoa que me faz me sentir confortável, é a bibliotecária. Com ela, posso conversar sem tem problemas, mas é claro, meus segredos, são meus segredos.

Meu pai me vê como uma completa estúpida, me forçou a me tronar modelo, no começo não quis, não mesmo. Não conseguia me encaixar e por isso, fiquei com muito mais medo. Contudo, eu ainda era criança e... eu até que fiz amizade com algumas crianças e aquilo me fez pensar que poderia mostrar o meu melhor, pelo menos, para elas. Fui ingênua demais. Acreditei que eram meus amigos, acreditei que enfim, tinha um lugar em que me dava bem, acreditei em várias coisas...

Agora, sou apenas uma estudante com seus dezessete anos. Com o sonho de sair de casa e ter as próprias coisas que irá conquistar na vida, ter uma família... ter uma vida feliz.

— Boa-tarde Ame, no lugar de sempre?

— Boa-tarde Sra. Redfox, sim... estarei lá.

Até posso dizer que, Levy Redfox é uma amiga. Mas não quero criar expectativas. Ela sempre conversa comigo, conta sobre sua vida e eu mal consigo acreditar que ela já tem quase trinta e três anos — Levy sempre me trás doces e chás quando estou no meu cantinho de sempre da biblioteca, o que acho muito legal por parte dela. Nem sempre utilizo essa palavra 'gentileza' para definir uma pessoa, mas ela sempre fora muito especial pra mim.

Sento em uma das poltronas, pego o livro que carregava na bolsa e... fico totalmente submersa. A cada página, a cada palavra, eu podia sentir os sentimentos que a autora transmitia. O tempo passara tão rápido, que eu nem vira Levy trazer o chá e um pequeno pratinho cheio de doces, só para dar uma enganada na fome.

Pego meu celular. Vejo as horas e...

— Meu Deus! Já é tão tarde!?

Acabo berrando. Tampo minha boca rapidamente, pois as pessoas a minha volta já estavam me dando sermões. Então, eu pensei comigo: Meu pai está viajando, irá voltar apenas amanhã cedo... irei ficar aqui e desfrutar desse chá com aroma delicioso!! — Tudo estava indo muito bem, enquanto via a chuva cair, ficava imaginando momentos perfeitos com a minha família perfeita que um dia existirá. No entanto, sou tirada de meus devaneios, por alguns murmúrios irritantes.

Céus, só me falta ser essas pessoas que apenas vem para a biblioteca para se abrigar da chuva. E aí, ficam perambulando e brincando com os livros, tirando sarro. — Os murmúrios foram deixados, agora é um dialogo normal entre dois homens. Nunca pensei que teriam pessoas para invadir meu precioso aconchego.

Então, eu vejo os dois rapazes. Algumas estantes longe da minha. Um deles é loiro e outro de cabelos negros, o rapaz loiro se divertia, empurrando o amigo e fazendo piadas bobas sobre os títulos dos livros de medicina, o outro fingia não ouvir, mas por outro lado, podia-se notar que aquilo é divertido também para ele. Ambos são dois idiotas.

Olho para o outro lado, continuando a observar a chuva. Continuar a ler o livro parece estar fora de cogitação. Queria voltar mais tarde para casa, mas parece que sou impedida.
Estava preste a levantar, quando aqueles dois começaram a se aproximar de mim.

— Nossa! Eu tenho a leve impressão de que já vi você em algum lugar...

Balbuciou o homem loiro, aproximando-se do meu rosto. Recuei imediatamente.

— Sting, não incomode-a, vamos procurar o livro.

— Ah, não é todo dia que se encontrar jovens lindas como ela...

O rapaz que parece ter o nome de Sting, saiu de cara emburrada, resmungando que seu amigo deveria aproveitar assim como ele, curtir a vida sem preocupações.

Sem delongas, pego minhas coisas, levo a caneca de chá e o pratinho — ambos vazios — para Levy.

— E então, terminou o livro?

— Infelizmente não, houve um contra-tempo.

— Ame, aqui... sei que você não gosta muito de socializar, mas por favor, poderia vir me ajudar de vez em quando?

Levy parecia implorar para à garota.

— Ér, com licença... mas sabem onde poderia estar o livro, "A Guerreira Scarlet"? — Os dois aparecem novamente. Ame se assusta um pouco, aperta a sua mochila contra si e olha de soslaio para Levy — Ah, a garota de hoje mais cedo!

— Você os conhece Ame?

A garota de cabelos negros, balança a cabeça negativamente. Um deles tornou a fazer a pergunta.

— D-Desculpe, mas... eu já aluguei este livro.

O tom de voz da garota diminuíra a cada palavra, fazendo com que Levy repetisse.

— Ah, entendo.

O rapaz de cabelos negros ficou chateado, mas compreendia que o livro também é importante para ela.

— AH! — Berrou o outro — Lembrei quem você é! Você é Ame Umeko, você é da minha sala! — Levy o repreende por falar tão alto, então ele continua, porém, em um tom mais baixo — Puxa, quase não a reconheci, você é tão... invisível, sem querer ofender, que eu já quase nem lembrava de seu nome.

Aquelas palavras pareciam flechas.

Por isso, eu me mantenho neutra, por isso eu fico distante!! — Gritava para si mesma. Sentiu um nó na garganta. Imediatamente, curvou-se para Levy em despedida e saiu apressadamente da biblioteca.

— Sting, você é um panaca.

— O que?! Rogue, você concorda comigo, é o professor da nossa turma.

— Você deve tomar cuidado com suas palavras, nunca se sabe o que uma pessoa está passando. — Rogue virou-se para Levy — Sabe-me dizer quando ela irá devolver o livro?

— Desculpe, mas ela aparece aqui apenas em dias chuvosos.

Não sei se irá chover amanhã, quem sabe...

— Obrigado.

— Que saco, me tirou de casa pra nada. — Resmunga Sting, pondo as mãos na nuca.

— Pare com isso, você que fora mal-educado com ela.

— Ela é uma esquisita, isso sim.

Mas o que eles não sabiam, é que Ame Umeko, apenas não leva jeito com as palavras, muito menos com as pessoas.


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