Petúnia Evans estava insuportável neste verão. De todas as suas piadinhas e brincadeiras de mal gosto, esta fora a pior:

— Você está se sentindo bem? — disse em deboche. — Ah, me lembrei que não. Você está solitária, sem amigos, sem aquele... Esquisito.

Foi como se uma faca atravessasse o meu peito. Meu coração ficara aos pedaços.

Desde que a minha amizade com Severo foi por água abaixo, sinceramente não vejo mais a felicidade por onde passo. Ela me abandonou, exatamente como ele, que eu julgava ser meu amigo. Não posso dizer que não tenho culpa porque fora eu quem terminara tudo, porém foi ele quem me ofendeu e passou para o lado das trevas.

Mas voltando ao presente, não tenho muito o que fazer em casa. Mamãe e papai estão levando a rotineira vida de trouxas comuns: trabalho, trabalho e trabalho. Bem, na verdade, é só papai quem trabalha fora, gerente de um banco; mamãe é uma tradicional dona de casa. Petúnia não faz nada da vida, a não ser anunciar à todos o seu namoro com o Dursley. Agora, eu... Bem, ainda estudo em Hogwarts, estou no sexto ano.

Por falar em Hogwarts, amanhã é primeiro de setembro!

Ainda bem que já comprei todo o meu material e deixei tudo organizado dentro do malão.

O relógio na escrivaninha do meu quarto marcava treze horas. Com um suspiro, me levantei da cama. As cortinas, que geralmente ficam abertas, estavam fechadas, a claridade no quarto havia me irritado muito neste verão.

Quando estava prestes a sair, um barulhinho na janela chamou a minha atenção, mas simplesmente ignorei, deveria ser coisa da minha imaginação.

Desci as escadas e fui em direção à cozinha.

Como previsto, papai estava lendo o jornal; mamãe estava lavando a louça. Petúnia não estava em casa, desde que começou a namorar, passa horas e horas fora.

— Eu gostaria que a greve terminasse logo, Violeta! — papai exclamou. — Olá, Lily. — disse quando notou a minha presença.

— Quer algo para comer? — mamãe perguntou. — Você comeu tão pouco no almoço...

— Não, não quero nada — interrompi. — Só vim lembrá-los que amanhã é primeiro de setembro.

— Oh, é mesmo!

— Me esqueci completamente!

— O tempo passa rápido, ela já está no sexto ano!

— Ano que vem ela já se forma!

— Precisamos comemorar!

— Mas ela nem se formou ainda...

— Meu bebezinho, já tem dezesseis anos...

— Temos uma bruxa na família!

É sempre assim, eu devia ter os melhores pais do mundo. Sorri com este pensamento.

— Ah, Lily, o correio chegou agora há pouco, tem uma carta para você.

Estranho, não pode ser a carta de Hogwarts porque ela já chegou há meses. Será uma carta de Dumbledore? Estamos passando por tempos difíceis no mundo bruxo.

Mamãe me entregou a carta, não havia nada escrito no envelope.

Mais uma vez, aquilo era estranho.

— Hã... Vou para o meu quarto — disse e subi as escadas.

Acho que eles desconfiam de algo. É claro que eu não contei nada sobre o fim da minha amizade com Severo ou sobre a origem das mortes e desaparecimentos dos trouxas, mas meus pais não são burros.

— Não está sendo fácil — disse para mim mesma e suspirei.

Abri o envelope e dentro dele havia uma carta.

O barulhinho na janela, uma coruja... Já era de se esperar!

Olá ruivinha, como tem passado as férias?

Bem, eu pensei o tempo todo em você! Não vejo a hora de chegar amanhã. Mal posso esperar para ver seus olhos novamente. Há tanto que quero lhe perguntar.

As coisas não estão fáceis no mundo bruxo, e como você é, bem... nascida trouxa... Fiquei preocupado.

Eu morreria se algo ruim acontecesse à você...

Nos vemos na estação, não se esqueça! Mas é claro que você não irá se esquecer de ir para Hogwarts!

James Potter.

Merlim!

Era só o que me faltava!

Mais um ano em Hogwarts, mais um ano fugindo do Potter!