Fazia três dias que eu não ia à escola, o medico tinha me pedido que ficasse de repouso absoluto, Natsu estava do meu lado na hora, consequência, ele faltou às aulas pra cuidar de mim, ou seja, pra mim era nada de se levantar, nada de pegar coisas, nada de fazer esforço, nada de nada, ele praticamente me proibiu de sair da cama, vê se pode uma coisa dessas?! Mas, bem, eu até que entendo que ele esteja preocupado e tudo o mais, todavia, ele já estava exagerando, hoje eu ia falar que queria ir a escola, entretanto eu ainda estava um pouco confusa e desconfiada, não sabia bem o motivo, mas Natsu vem agindo bem estranho ultimamente, toda vez que eu se quer mencionava ir a aula, ele desviava o olhar e mudava de assunto, eu tenho deixado passar, mas acho que não posso mais fazer isso, quero ir a escola, mesmo que eu esteja doente agora.

Ah, ele entrou no quarto agora, vou tentar falar com ele, talvez eu consiga convencer ele agora.

— Natsu? — chamei-o, ele olhou de canto de olho pra mim enquanto que fechava a porta — Posso falar com você? — pedi e ele deu de ombros.

— Claro, sobre o que? — perguntou com aquele tom descontraído dele.

— Bem, é que eu quero voltar pra escola hoje — disse entrelaçando os meus dedos, ele deu um suspiro e se sentou na beira da minha cama.

— Tem certeza? Digo, se sente bem o suficiente pra poder ir? — ele me indagou com a preocupação que ultimamente ele tem tido comigo.

Eu me levantei e cheguei até ele, quando estava na sua frente, peguei suas mãos e o puxei, fazendo ele ficar de pé.

— Eu sei que ainda não estou totalmente recuperada, mas eu prefiro ir a escola, conhecer pessoas, andar por ai com você — ele sorriu e eu também, já que era mesmo a verdade — Serio, Natsu, só porque tenho uma doença, não quero que ela me restrinja às coisas, eu quero ser feliz por enquanto.

Quando eu terminei de falar, Natsu estava com um olhar distante, parecia perdido, mas logo tratou de voltar pra junto de mim.

— Se você quiser ir, por mim tudo bem, só...?!

— "Não se esforce" — repeti as mesma palavras que ele dizia nos últimos três dias, que por sinal ele diria agora e depois sorri — Não se preocupe, não vou e... hmm... — desviei o olhar e ele me olhou confuso.

— O que? O que foi? — perguntou curioso segurando os meus ombros e eu desviei o olhar pra ele.

— É que... bem... eu queria me trocar e.... — corei um pouco.

Natsu se tocou e largou rapidamente os meus ombros, deu um passo pra traz se afastando de mim um pouco, olhei o seu rosto e ele estava muito vermelho.

— A-ah, c-claro... já... já vou sair pra v-você se tr-trocar — se embolou nas suas palavras — Desculpaa! — pediu desesperado e saiu correndo do quarto.

Fiquei um tempinho apenas observando a porta e do nada, me deu um vontade louca de rir do Natsu e foi bem o que eu fiz, esse Natsu faz cada uma, realmente só ele pra me fazer rir numa hora dessas.

[...]

Respirei fundo sentindo o ar fresco entrar nas minhas narinas, ah, era tão bom estar mais uma vez na escola depois de tanto tempo, pode soar estranho, mas eu adoro ir à escola, acho que as pessoas não intendem esse meu deseje pelo fato de que geralmente não querem estar neste lugar, mas veja bem, eu não podia estar e comecei a querer, é estranho, porem tudo aquilo que lhe é proibido sempre é almejado.

Natsu estava do meu lado, estávamos na frente do colégio e como sempre estava mais perdido do que um novato, peguei a mão do Natsu e o puxei pra dentro, correndo, passamos por algumas pessoas, que como sempre, falaram com Natsu e algumas até que vieram falar comigo, o estranho foi os olhares que notei que estavam desviado pra mim, fazia algum tempo que não o via, mas mesmo assim consegui os reconhecer, se não me engano era algo como pena, compaixão.

Eu tenho certeza que ouvi alguém dizer "É ela, não é" e outra responder "É ela sim, pelo que sei", quando tentei olhar quem disse isso, os sussurros simplesmente pararam e os olhares examinadores sumiram.

Não entendi o por quê desses olhares, quando tentei olhar o rosto do Natsu, ele estava olhando pro lado, segui seu olhar e pude ver o Gray nos olhando, quando ele olhou pra mim, sorri pra ele, na hora ele sorriu de volta, mas não o mesmo sorriso de antes quando nos conhecemos, era mais abatido, serio, não estou entendendo nada, afinal, o que esta acontecendo aqui?!

Ele acenou pra gente e veio em nossa direção.

— Oi — cumprimentou a gente.

Eu não disse nada, não quis dizer nada, estava começando a me chatear com esse olhares direcionados a mim mais uma vez.

— Iae nudista — provocou o Natsu, Gray bufou e ele desviou o olhar pra mim.

— Tudo bem, Lucy? — perguntou pra mim e eu franzi o cenho, estava sem entender do que ele falava.

— Sim, mas... por que perguntou? — indaguei e ele me olhou um pouco surpreso.

— Bem é que eu...?!

— Gray?! — chamou Natsu, interrompendo o que ele iria dizer, Natsu deu um olhar meio que sugestivo pra ele, coisa que ele entendeu de primeira e eu não — Tem uma coisa que preciso falar com vocês, vai chamar os outros.

Gray assentiu e saiu as pressas indo chamar sei-la-quem, eu não fazia a minima ideia do que se tratava tudo aquilo, então resolvi perguntar pro Natsu.

— O que ta acontecendo?

Ele soutou minha mão e afagou os meus cabelos.

— Nada de muito importante... sabe, Luce, eu vou demorar um pouco, por que ja não vai pra sala — sugeriu, eu assenti um pouco desconfiada e saiu de perto dele.

Andei um pouco e olhei pra traz, ele estava estava caminhando na mesma direção que o Gray tinha tomado, mas foi parado no meio do caminho, Lisanna veio correndo e o parou pra falar algo, que estranho, pensando bem, eles parecem bem próximos, nunca tinha parado pra pensar eles pareciam bons...?!

— Amigos?! — completou alguém o meu pensamento, olhei pra traz de mim e vi a Levy, ela estava sorrindo pra mim — Oi.

— Oi — sorri de volta.

Ela ficou do meu lado e observou os dois junto comigo que agora começavam a andar enquanto conversavam, sem perceber, dei um suspiro meio desolado, Levy olhou pra mim e colocou a mão nas minhas costas.

— Fica assim não, Lu-chan, você consegue conquistar ele ele de volta — disse numa tentativa de me animas, o problema era, me animar para o que?!

Olhei meio perdida pra ela.

— Como?

Foi a vez dela me encarar confusa e num baque, ela se tocou de alguma coisa e tentou disfarçar.

— Ah, não, deixa, foi só uma impressão minha... um comentário desnecessário, esquece — riu nervosamente, foi nessa hora que o sinal de incio de aulas soou — Ah, Lu-chan, vem, vamos pra sala.

Ela me puxou bem apressada pelos corredores, enquanto corríamos continuei a olhar pro caminho que Natsu tinha pegado, um pouco incomodada.

[...]

Que estranho.

Nem Natsu, Lisanna, Gray e Gajeel entraram na sala, e pelo visto, outras pessoas também não estavam, eu fiquei curiosa em saber onde e o que eles estavam fazendo, mas o Natsu me pediu pra ficar na sala e eu não quero que ele grite comigo outra vez.

Dei um longo suspiro quando o sinal de termino de aulas tocou, fiquei por ultimo pra sair, Levy saiu rápido quando o sinal bateu, na verdade, todos saíram rápido, eu também queria sair logo e ir atras do Natsu, mas eu prefiro fazer as coisas com calma.

Quando eu ia levantar pra sair, alguém entrou na sala, levantei o olhar e vi a Lisanna, ela me olhou com um enorme sorriso e chegou perto de mim, pra conversar.

— Fazia um tempo que eu não te via — comentou comigo e eu desviei o olhar pra janela, não estava afim de falar o que tinha acontecido.

— É que eu tive alguns problemas — ri nervosamente tentado acho que enganar ela.

Lisanna não disse nada, ela pegou uma cadeira qualquer e se sentou na minha frente, quando mirei os olhos, me assustei, ela estava super-seria, semblante que nunca tinha visto nela antes.

— Lucy, posso conversar com você? — perguntou, não gostei muito do jeito que ela falava, mas concordei, mesmo porque era só a Lisanna — Nós somos amigas, não é? — peguntou temerosa.

— É claro que somos — sorri confiante pra ela.

— Que bom... então, tenho que te contar uma coisa — passou a mão no cabelo e olhou diretamente pra mim.

— O que foi? Você esta começando a me assustar — eu estava começando a me sentir acuada.

Lisanna deu uma longa inspirada.

— Eu não vou desistir do Natsu — disse seria e segura, engoli em seco.

— C-como? — perguntei com medo da resposta, eu nem sabia bem do que se tratava mas eu tinha uma certeza apenas, não era bom, o que estava por vir não seria nada bom.

— Eu gosto de você, você é uma boa amiga e eu não quero te perder — disse ela ressaltando o final da frase, aquilo estava indo de mau a pior.

— Eu também goste de você, serio, Lisanna, me explica direito o que ta acontecendo — pedi clamante e ela deu um longo suspiro.

— Eu te considero muito, Lucy, muito mesmo, por isso que vou falar francamente — olhou a paisagem da janela — Mesmo que depois você vier a me odiar, vou ser sincera com você, eu sei que isso vai te perturbar, mas preciso dizer pra você, eu amo o Natsu.

Um baque, foi bem o que eu senti naquele momento, de inicio eu não consegui processar toda a informação, Lisanna vendo que eu não responderia, se levantou e saiu pedindo desculpas baixinho pra mim, mas naquele momento eu pouco me importava com o que vinha depois, estava mais preocupada com a inquietação que estava se formando dentro de mim.

Com essa frase dela, eu fiquei tão atordoada que mal conseguia pensar, a unica coisa que vinha a minha cabeça era suas palavras "Eu sei que isso vai te perturbar, mas preciso dizer pra você, eu amo o Natsu".

Não consigo entender, porque ela me disse que aquilo ia me perturbar, não tem como ela saber disso, mesmo até porque eu realmente estou me sentindo estranha, não odeio a Lisanna por ela dizer que gosta dele, muito pelo contrario, eu aprecio os seus sentimentos por ele, mas não sei porque, tenho o desejo de que ela não seja correspondida, e isso esta me irritando, é maldade eu desejar isso, sei que é maldade, mas não consigo fazer esse sentimento parar.

É como se eu não quisesse dividir ele com ninguém, mas não intendo, ele não me pertence, ele não é meu, mas eu o quero, eu o desejo, esse sentimento de necessidade, de querer alguém, acho que já ouvi algo sobre ele.

Busquei no fundo da minha mente algo do tipo e me lembrei de uma frase que uma vez eu li em um livro "Eu te quero, porque te amo", instintivamente, dei um salto da cadeira, pensando melhor sobre esse sentimento estranho, eu finalmente tive a minha resposta.

— Ah, entendo... — sussurrei pra mim mesma, agora entedia do que Lisanna quis dizer com não querer me perde como amiga, levei a mão até o meu peito e pousei-a ali, onde deveria estar meu coração — Que mágico — tentei sentir as batidas, estavam rítmicas e constantes, um suspiro de alivio passou dentre meus lábios — Então era isso...

A porta da sala se abriu e Natsu passou por ela me chamando pra ir pra casa, ele estendeu a mão pra mim e sorriu, dei um sorriso de ternura e peguei sua mão, apreciando o seus calor enquanto eu podia.

Afinal, eu acebei de descobrir que estou apaixonada por ele.

Que estou amando-o.