Beyond two Souls escrita por Arizona


Capítulo 7
Um novo amigo?


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Esse é o nosso sétimo capítulo, e se você tiver gostando de Beyonde, deixa teu comentário com a tua pergunta, ou opinião, favorita e recomenda. Até a próxima.
Beijos!



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"Está tão escuro, eu não conseguiria ver para onde estou indo se não fosse pela luz fraca que clareia o caminho. As paredes ásperas do corredor são como pedras, como os tuneis das minas de carvão no 12. Uma corrente de ar frio passa por mim, fazendo os pelos da minha nuca se arrepiarem, um sensação bem desagradável. Levanto os olhos e vejo um homem no final do túnel, as suas roupas estão surradas, sujas. Seu olhar é tão familiar...

– Katniss! – ele me chama sorrindo.

– Pai?

Sim, é o meu pai.

Ele está de braços abertos esperando por mim. Eu começo a corre em sua direção, chamando-o, ele sorri e posso ver lágrimas em seus olhos. De repente, sinto um tremor de baixo dos meus pés, logo seguido de um estrondo que vem nos fundos de onde estamos. Meu pai para de sorri, virando o rosto para trás.

Há uma massa de poeira crescer atrás dele.

– Pai, pai corre! – grito desesperada – Está explodindo, saia daí!

(Katniss?)

Tento alcança-lo, mas parece que quanto mais corro, menos me aproximo (Katniss acorde!), meu pai olha novamente para mim, me dar um último sorriso e é engolido pela poeira que agora vem me devorar também."

Acordo ainda gritando, chamando meu pai. Meus olhos procuram ver o lugar onde estou, tentando vencer além da escuridão nos meus olhos. Estou ofegante, meu peito dói e meus soluços são tão descontrolados quando as minhas lágrimas. Apesar de tudo, ainda posso sentir alguém me abraçar.

– Está tubo bem Katniss, já passou. – ele diz docemente.

–Era meu pai Peeta, eu o vi. – digo sussurrando em meio ao choro – Ele... ele explodiu naquele lugar.

– Não. Está tudo bem agora, ele está seguro. O seu pai está em um lugar bem melhor, o melhor que poderia existir.

– Como você sabe? - questiono perdida nas minhas emoções.

– Porque ele merecia, ele era um homem bom.

Eu não consigo me mover, meus músculos parecem congelados, nunca havia tido pesadelos com meu pai antes. Foi tudo tão real, ele estava ali, parado na minha frente, chamando meu nome, me esperando para um abraço e logo depois, se despedaça.

Não posso evitar meu choro, todas essas lembranças; do pai, da minha casa, da minha família, só faz tudo doer por dentro, e a saudade que eu tentava ignorar, vem com toda a força está noite.

Me encolho mais e mais contra o peito de Peeta que não reclama, apenas me abraça em silencio, me reconforta em seus braços. Suas mãos quentes acariciam meu rosto, limpando os rastros das lágrimas que estão ali. Mãos firmes, gentis, como seus olhos.

Parasse que só assim posso vê-lo verdadeiramente, sem suas máscaras e desprezo.

– Está mais calma? – Peeta pergunta e eu assinto – Você deveria voltar a dormir, amanhã será um dia cheio.

– Não, eu não quero. – choramingo agarrando com mais força sua camisa.

– Quer que eu fique com você? Até você dormir?

– Vo... você ficaria? – dessa vez pergunto olhando bem o seu rosto.

– Eu sempre ficarei, Katniss. Sempre.

Não é preciso dizer mais nada, Peeta se ajeita na minha cama deitando ao meu lado. Passa um dos braços ao redor do meu corpo, e com o outro continua a acariciar meus cabelos. Repousou minha cabeça sobre seu peito, ouvindo seu coração batendo calmamente.

Não quero dormir, não quero voltar para aquele mundo terrível dos meus pesadelos, por isso fico enrolando o dedo na barra da sua camisa deixando ela amarrotada.

Peeta encosta os lábios na minha testa, e posso sentir o calor que eles transmitem fluindo na minha pele. Ao perceber que não estou nem um pouco disposta a me entregar ao sono, ele começa a cantarolar baixinho um melodia tão doce, uma que eu nunca tinha ouvido antes apesar de conhecer a maioria das canções do nosso Distrito.

Mas ele sabe o que faz.

Com o carinho de suas mãos nos meus cabelos, a melodia em meus ouvidos, e o perfume que exala dos seus poros, meus olhos se fecham aos poucos, me carregando junto para a inconveniência.


***

Acordo novamente já com a claridade no meu rosto. Olho ao redor e Peeta não está ao meu lado, só agora percebo o que aconteceu, e meu Deus! EU DORMI COM UM HOMEM!

Eu dormi com um homem!

E nem sei porque deixei Peeta ficar aqui, porque não o mandei ir embora. Como vou olhar na cara dele agora? Ele é praticamente um estranho. Nunca tive um contado tão grande assim com nem um rapaz, nunca nem cheguei a beijar alguém, isso é estranho. Mas ele estava tão diferente dos outros dias, me ajudou num momento difícil que não tiver a mínima vergonha de tê-lo aqui comigo.

Pela segunda vez em nossas vidas, Peeta me ofereceu ajuda e eu aceitei de bom grado.

Me arrumo para o café da manhã, pois já devo está atrasada. Quando chego a mesa todos já estão lá se servindo. Sento ao lado de Gale, Peeta está na minha frente com seus cabelos penteados para trás. Ele lança um sorriso carismático ao me ver, e isso é tudo.Nada mais que um singelo sorriso.

Haymitch nos passa uma lista dizendo que essa é a nossa "nova dieta", composta por carnes brancas, gordura animal, sereias, massas, frutas e água, muita água.

Peeta faz nossos pratos de entrada, e nos ajuda a montar o resto da refeição, mostrando os alimentos corretos que podemos comer. Ele também faz uma pequena lista com os exercícios que devemos fazer no Centro de Treinamento - a coisa vai ser feia hoje -, além de a noite termos o treino especial com nossos mentores.

– Certo, esse aqui é a saideira de vocês. – Peeta nos entrega dois copos cheios de um líquido cor de mostarda com um cheiro nada agradável.

– O que é isso? – pergunto analisando a bebia.

– Isso coração em cada copo que vocês seguram, são duas albumens carinhosamente mexidas por mim. Em outras palavras, isso é suco de ovo.

– Aaargh! Eu não vou tomar isso. – Gale diz colocando a língua pra fora.

– Vai sim. Se você não tomar, eu te enfio goela a baixo.

– Então vem tentar. Ninguém me faz tomar isso – reclama Gale mais uma vez virando a cara.

– Não paga pra ver que eu faço. – Haymitch fala de uma jeito que chega a dar medo.

Gale e eu nos entreolhamos, e olhamos de volta para os nossos copos, isso não é nem um pouco agradável.

– Sugiro que tome de uma única vez. – Peeta recomenda fazendo pouco.

Então faço a mesma coisa que fazia quando era criança e estava doente. Minha mãe preparava os coquetéis para que eu melhorasse, e eles eram quase sempre viscosos e azedos, então tinha que arrumar uma maneira que me permitisse tomar.

Ponho a mão no nariz apertando e fecho os olhos o mais forte possível. Bebo o suco de uma vez sem permitir que minha língua sinta o gosto, mas é inevitável. Argh, isso é nojento! Olho para o lado procurando Gale que está fazendo careta, eu devo estar do mesmo jeito.

– Por que me fez tomar isso, Peeta? – ainda estou tossindo esfregando o guardanapo na língua.

– O que? Isso foi ideia do Haymitch, ele me fazia beber a mesma coisa na época dos meus Jogos.

Depois dessa tortura de Haymitch Abernathy, pegamos o elevador para o subsolo. Ao chegar no C.T, a maioria dos Tributos já está lá, inclusive o bando de carreiristas, que consiste nos casais do 1 e do 2, e na garota do 4. Mesmo sendo considerando um carreirista, o menino do 4 parece ser ignorado pelos outros.

Ele é pequeno e seus olhos demonstram medo. Pode ser até uma certa arrogância da minha parte, mas já vi o mesmo olhar que ele tem antes, o olhar de bichos que eu caço. Acuado, temente. Acho que erraram ao escolhe-lo, ou apenas foi estratégia dos mentores para não terem que escolher um dos Tributos no final, mandam um forte e outro mais fraco.

Minha primeira sessão são as barras. Um corredor feito por elas na verdade. Peeta disse para tentar subir até o peito em cada uma. Repeti esse exercício até conseguir fazer pelo menos cinco. Em seguida fui para a subida com cordas, é um exercício bom, trabalha todas as partes do corpo, os músculos da costas, abdômen, pernas e braços, mas bem cansativo, principalmente para quem faz pela primeira vez.

Já no meio da manhã, eu estava exausta, minhas penas e meus braços doíam, eu não aguentava mais ficar de pé. Decido relaxa um pouco e vou para a sessão de auto sobrevivência, para aprender um pouco mais sobre as plantas. Acho que isso também poderia ajudar a minha mãe caso eu volte para casa.

No almoço eu sento com Gale, ele está serio desde do café da manhã, está meio distante,mau falou comigo. Acho ele ainda esteja chateado pela briga que teve ontem.

– Seus cortes parecem quase cicatrizados. – tento puxa assunto.

– Ah, foram os remédios que a Effie me deu. - ele passa a mão levemente no rosto - Fecharam os ferimentos em algumas horas.

– Nossa!

É tudo o que dizemos, depois disso um silêncio constrangedor domina entre nós. Gale é meu amigo desde que éramos crianças, eu sei quando ele estar incomodado com alguma coisa. Ele sempre dividiu seus pensamentos comigo, tudo, até mesmo sua revolta contra a Capital. Fico chateada por ele não confiar em mim agora.

– Gale. – chamo sua atenção mais uma vez – Tá tudo bem? Você sabe que pode contar comigo, né? Olha sei que você deve...

– Tá tudo bem Katniss – diz com certa grosseria não me olhando – Tá tudo ótimo.

– É? Não parece estar. - falo um pouco mais rude que ele - O que houve Gale? Eu te fiz algo pra você me tratar assim?

– Não Katniss você... – ele percebe que estava aumentando o tom de voz e então se retrai – O que o Peeta estava fazendo no seu quarto hoje de manhã?

Engulo em seco, não esperava por essa pergunta. não sei o que dizer. De todas as pessoas naquele apartamento, a ultima que eu esperava ter notado algo era ele. Hesito um pouco antes de responder tentando encontrar algo plausível para isso, mas acabo gaguejando.

– Ahh...Do...do que você tá falando, Gale?

– Não se faz de desentendida. – ele esbraveja trincando os dentes – Eu vi ele saindo de lá, e quando eu perguntei o porquê, aquele canalha simplesmente me mostrou o dedo do meio.

– Gale, não é o que você está pensando.

– O que é então? Quando foi que vocês ficaram tão íntimos em?

A maneira como ele está falando, me acusando sem nem me ouvir me deixa furiosa. Gale não é o dona da razão, ele não tem o direito de me julgar sem mais nem menos. Estou muito irritada agora, não vou admitir seus desaforos.

Me levando de uma vez da mesa sem nem termina meu almoço, mas antes de sair me viro para ele e enfio o dedo na sua cara.

– Olha aqui, ao contrário do que você está pensando, Peeta me ajudou hoje mais cedo. Antes que você ponha merda na cabeça, deveria procurar saber o que houve. E se eu e o Peeta quisermos algo mais íntimo, nada nos impede. Eu não tenho a garantia de uma vida inteira mesmo. E Gale, vai se foder!

Digo essa última parte dando de ombros, vendo Gale bufar com as minhas palavras.

O resto do dia foi de pegar peso e mais peso, de descontar minha raiva nos bonecos de borracha que eu batia. No fim do dia, subo para a cobertura, estava morta de tanto cansaço, e pensar que vou ter mais três horas de treino agora a noite.

Tomo um banho morno, depois vou para a sala esperar o jantar. Effie está lá, reclamando do maldito cheiro de álcool que Haymitch deixava ao passar, e nisso eu concordo com ela. Eu não o vi ainda, então ele deve estar caindo em algum lugar por aí, a sua abstinência não seria por muito tempo.

No jantar sigo minha dieta gradativamente. Gale ainda estar de cara fechada para meu lado, mas não tô nem ai para ele. Que ele se exploda com seu orgulho idiota.

As sete e meia, Peeta nos leva até um dos quartos que foi adaptado para nosso treinamento. Há uma porção de coisas que faz o quarto encolher no tamanho. Peeta conseguiu até miras e um conjunto de arco e flecha, já que foi recomendado para não demonstramos essa habilidade no Centro de Treinamento, podemos faze-la aqui, e que bom, eu já estava temendo perde a pratica.

Haymitch aparece com sua fiel garrafa de whisky de bolso, praguejando que Effie não o deixa beber em paz, e que o perfume dela é muito forte para ele, mais até que as bebidas dele.

Peeta nos ensina golpes de autodefesa diferentes dos que aprendemos dos instrutores. Ele mostra como usar o cotovelo e um luta corpo a corto, e dependendo da forma que batemos, o corte no adversário é maior. demonstra como imobilizar, e a sair de uma imobilização, como utilizar as pernas num combate, usar o peso do corpo em certos golpes, a flexão que se deve fazer nos joelhos ao levantar alguém do chão, e a posição correta dos pés diante de uma luta.

Ao termino de tudo isso meus olhos já estão ficando vesgos de tanto cansaço. Peeta nos libera, mas eu permaneço para treinar arco e flecha. Eu ainda não tinha pego nos arcos daqui, eles são bem diferentes dos que eu tenho lá em casa. A corda é mais tensa, um pouco difícil de ser puxada, mas logo me acosto.

– Você deveria ir dormir.

– Ah, eu só estava com saudades. – digo rindo ao mostrar o arco e ele me acompanha – Peeta, eu nem te agradeci por ter me ajudado, eu provavelmente teria ficado mais apavorada se você não estivesse lá. Então obrigada.

– Não precisa agradecer, eu sei como se sente, também tenho pesadelos. - ele abaixa a cabeça refletindo por um segundo - Eu queria que tivesse alguém ao meu lado quando isso acontecesse, por isso não te deixaria só.

Ele está sendo sincero nas suas palavras, posso ver em seus olhos o quanto ele é verdadeiro. Agora Peeta é tão parecido com o menino do pão. Tenho quase a sensação de voltar no tempo, naquela tarde fria, e ver seus olhos incomensuravelmente azuis me espiarem, me ajudando a sobreviver.

– Posso te dar um abraço? – pergunto e ele sorri como forma de permissão.

Mas uma vez me surpreendo com o contado que me permito ter com ele. Não sei o que é direito, mas Peeta me passa uma segurança que numa senti antes, a segurança de que nada pode me atingir em quanto ele estiver por perto. Sentir seu cheiro, seus braços em volta do meu corpo, me prendem em uma realidade paralela. Quando seus lábios tocam minha testa, eu me lembro da melodia que ele cantarolou para me fazer dormi.

– Ei? Qual era a canção que você usou para que eu dormisse? – ele rir.

– Ah, não senhorita Everdeen. Quem sabe uma dia eu te conte, mas hoje você vai fica na curiosidade.

– Isso não é justo. Eu não tenho tanto tempo assim Peeta, você sabe disso.

– Hum... vou pensar. – ele faz uma carinha e depois sorrir pelo canto.

Acho que nunca vou saber quando esse sorriso é cínico ou brincalhão, ele tem essas facetas. Agora vejo que Peeta e eu podíamos ter nos tornado amigos se eu tivesse agradecido pelos pães, nos conheceríamos e poderíamos ter construído uma amizade.

Hoje pelas circunstâncias do destino, não seriamos assim tão estranhos um para o outro. Sei que não posso voltar no tempo, mas posso corre atrás dele, por menor que ele seja, eu posso resgata-lo.


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Notas finais do capítulo

Nos próximos capítulos em diante, o romance vai fica cada faz mais evidente, e a aproximação de Katniss e Peeta. O Peeta também vai ficar mais envolvido com ela, e tem muita coisa boa vindo por ai.