Beyond two Souls escrita por Arizona


Capítulo 47
Real e Verdadeiro


Notas iniciais do capítulo

Último capitulo ;D



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As lágrimas são incontroláveis, assim como as batidas do meu coração ao segurar a pequena bebê em meus braços pela primeira vez. O amor que sinto por ela é contagiante, transborda pelos meus lábios como um sorriso.

Ivy é perfeita.

A forma mais pura, gentil e maravilhosa que já houve de mim. Minha filha. Filha do homem que eu amo. Nascida da minha carne e sofrimento, mas inabalável, cheia de vida. Ela é  barulhenta para anunciar sua chegada ao mundo.

Minha menina é colocado em meu colo ainda unida a mim pelo cordão umbilical. Agora com ela em meus braços, me arrependo amargamente dos pensamentos ruins que tive sobre a gravidez. Em quantas vezes tentei matar minha própria filha exagerando nos treinamentos enquanto me preparava para a Guerra. Amaldiçoava Peeta por tê-la colocado em mim. Como se não bastasse tudo, ainda teria mais um inocente dependendo dos meus cuidados.

Todo a ideia absurda que tinha sobre minha criaturinha se esmigalhou a medida em que ela crescia em meu ventre, e por fim, eu pude compreender o quanto eu a amava.

Tudo um dia tem o seu devido fim e recompensa. Eu por vez, agora tenho meu jovem marido ao meu lado, contemplando o esplendor da nossa existência, nossa Ivy.

Ivy Everdeen Mellark.

Pequenina, com suas mãozinhas roliças de bebê segurando fortemente meu dedo indicador. Cabelos ralos e escuros. Bochechas coradas e inegavelmente parecida comigo. Sorrio largamente ao constatar sua semelhança com a minha. Resta saber se a personalidade também é igual.

Após segurá-la por longos minutos, meu médico que até então apenas nos observava chama Peeta para que ele corte o cordão, e logo ele o faz, cisalhando o primeiro elo que nos unia. Porém, em nós existem ligações muito maiores agora.

Uma das enfermeira pega minha filha para que ela seja limpa, e eu também. Mesmo não querendo me separar da minha filha tão rápido, entendo que seja necessário limpá-la, afinal, ela ainda está suja com meu sangue e a placenta. 

Peeta beija suavemente minha boca assim que Ivy é elevada, afirmando que logo estaria de volta com ela assim que o doutor Ruffalo “terminar de cuidar de mim”. Sua presença foi a segunda melhor coisa que aconteceu hoje. Sinceramente, nem nos meus mais loucos delírios podia imaginar que ele estaria aqui no 12 bem na hora do parto da nossa bebê. Contudo, vou ter tempo o suficiente para perguntá-lo sobre isso.

Assim que ele sai, o doutor e sua outra assistente começam os cuidados comigo. O médico faz pequenos exames físicos, verifica a pressão, os sinais vitais, pergunta se estou com dor ou incômodo, tudo isso para um pós parto seguro ele afirma. Não preciso tomar pontos, o que vai facilitar minha recuperação ainda mais. A enfermeira que levou Ivy volta sem ela, afirmando que a deixou com o pai e o restante da família na sala.

É tão bom ouvir isso. Que minha filha tem um pai, tem uma família que a ama e fará de tudo para protegê-la. Seria da mesma forma se ainda tivéssemos os Jogos. Acho que eu seria capaz de fugir com ela mata a dentro só para não ver seu nome ser puxado do pote de sorteio.

Após ser ajudada a  trocar de roupa, Peeta entra novamente no quarto trazendo Ivy consigo enroladinha em uma aquecida manta amarela. Está na hora da primeira refeição dela, a primeira vez que a amamento. A enfermeira me instrui cautelosamente como devo fazer. Com cuidado, ponho Ivy junto ao meu seio que é imediatamente fisgado por ela. Minha bebê suga o leite com vigor, sua boquinha se mexe rapidamente bebendo o que é seu por direito.

Enquanto ela mama, sinto enfim o cansaço das horas de parto me alcançar. É quase impossível negar a sonolência, e quando Ivy termina de se alimentar, é quase impossível manter-me sentada dando atenção para meus sogros e cunhados.

Minha sorte é que tenho um marido atento e prestativo, pronto para cuidar de mim… Quero dizer, de nós duas, é claro.

— Você quer descansar, não é meu bem?. - ele diz com doçura olhando para mim.

Sem que eu precise responder, ele põe todos que abarrotavam o quarto para fora, com exceção do Dr. Ruffalo que dar suas últimas recomendações, e logo vai embora também. Peeta sutilmente pega Ivy já adormecida dos meus braços, deitando-a ao meu lado na cama, fazendo uma barreira de travesseiros em suas costas para protegê-la.

Chego um pouco mais perto da minha filha, ficando de lado para vê-la dormindo. Peeta está setando ao meu lado na cama, fazendo carinho nos meus cabelos. Sinto meus olhos pesarem ainda mais, mas antes de cair no sono, eu seguro sua mão levando-a para o meu rosto e o olho.

— Que bom que estar aqui. - digo sorrindo casto - Senti saudades, meu amor.

— Eu quase morri sem você.

Os olhos dele estão rasos d’água. Um choro que sei que é sincero, cheio de saudade e alegria de está novamente em casa comigo e nossa Ivy, pois meu coração está inundado de amor da mesma forma que o dele.

Diria que estou sonhando se o calor das suas mãos não fossem tão evidentes, me prendendo a realidade do presente momento. Como é bom tê-lo comigo, saber que eu não estarei mais sozinha. Ter o seu amor, o brilho infinito dos seus olhos que me cercam e me manterão segura de hoje em diante.

— Eu te amo, meu verdadeiro.

— Eu te amo ainda mais, minha verdadeiro.

 

***

 

Pela noite, Haymitch soube que Ivy havia nascido, então aparece - sóbrio - para visitar minha filha. Devo dizer que nunca vi meu ex-mentor com um sorriso tão genuíno no rosto. Esse é o poder dos recém-nascidos, transformam tudo ao seu redor com sua inocência.

Sei que o nascimento dela representa o recomeço das nossas vidas, muito mais que isso, representa a reconstrução de um país inteiro. Minha gravidez simbolizou uma pontinha a mais de esperança para todas as pessoas que acreditavam em mim, e no ideal de liberdade que eu carregava nas costas.

Perdi minha irmã e minha mãe de uma vez só, por mais que Páris Everdeen ainda esteja viva. Pedi Gale, meu melhor amigo, não restando nem as cinzas da nossa amizade. Cinna, Portia, Finnick… Meu querido pai que se foi tão cedo.Tantos outros que estiveram próximos a mim.

Porém, Ivy é mais que uma “pontinha de esperança”, ela é toda a minha força, toda a minha energia e vontade para seguir em frente.

A vida vai se ajeitando aos poucos. Com o passar dos dias, vou aprendendo a como cuidar de um bebê. Peeta me ajuda em praticamente tudo com Ivy. Ele troca fralda, dar banho, e até canta para nossa filha dormir. Toda vez que ele está com nossa filha nos braços, eu sorria boba apaixonada pelos dois

Quando minha pequena completa quinze dias de nascida, uma surpresa maravilhosa bate à nossa porta. Effie Trinket, não tão extravagante como antes, mas não menos colorida. Ela carrega duas caixas enorme em uma das mãos, e uma sacola na outra. Haymitch vem logo atrás dela com mais algumas caixas de tamanhos diferentes.

Peeta tem que ajudá-la com as caixas para que ela passe pela porta. Assim que as caixas estão com meu marido, Effie corre na minha direção vindo me abraçar. É um alívio tê-la aqui. Da equipe de preparação, ela foi a única poupada.

Ivy está em sua cadeirinha na sala, observando tudo ao seu redor. Uma das poucas coisa que já posso saber sobre a personalidade da minha filha é que ela é bem curiosa. Seus grandes olhos vasculham cada ambiente avidamente. Olhos que azuis que ela herdados do pai.

Effie se encanta de imediato por ela, a pegando no colo para ninar. Ivy é bem calma, não estranha quem a pega, pelo contrário, ela adora se aconchegar. A dúzia de caixas que Effie trouxe da Capital são presentes para Ivy e eu, sendo a maioria para a bebê. São roupinhas, sapatos, ursos de pelúcia, e até um conjunto de brincos e pulseira que ela ganha.

Ivy já havia ganho do próprio Governo um berço, fraldas e um pequeno e limitado enxoval antes do nascimento, enviados com as considerações de Paylor. Sasha tinha pintado o quarto em frente ao meu com cores em tons claros. Era tudo o que minha menina tinha até então.

Effie e Haymitch ficam  para o jantar, aproveitando a oportunidade para nos revelar que eles dois - finalmente - estavam juntos. Olho para eles com alegria, imaginando se meu relacionamento com Peeta era visto da mesma forma por quem está de fora.

Com o tempo, tudo começa a se encaixar sem ter pressa, voltando a rotina que um dia foi parecida com a de meses atrás. Enquanto o Distrito 12 é reconstruído, Peeta faz pão, eu caço, Haymitch cria seus gansos, e Effie tenta fazê-lo parar de beber, inclusive Buttercup encontrou o caminho de casa. Já a minha Ivy cresce gloriosa e amável. Correndo pela campina, perseguindo borboletas, apanhado as flores que nascem da terra e pondo-as na boca. Sua beleza única aquece nossos corações como uma manhã quente de verão.

Está com minha filha em meus braços, provar a mim mesma que tudo aquilo pelo qual lutei, tudo o que sofri e fiz sofrer, foram precisos para enfim tê-la aqui comigo.

 

***

 

O sol do fim de tarde reluz contra a aliança dourada em meu dedo, espalhando de laranja o céu de agosto. O vento toca suavemente na pele do meu rosto, querendo bagunçar os meus cabelos. Áster dorme serena enroladinha em mim. Sua boquinha faz um bico lindo do mesmo jeito que Peeta quando está dormindo.

Nossa terceira filha saiu um mistura maravilhosa de nós dois, mais parecida com o pai do que comigo eu confesso. Quando descobri que esperava ela foi um choque tanto para mim, quanto para o meu marido. Diferente da gravidez de Cielo, nosso segundo filho, Áster veio de surpresa. Peeta costuma brincar dizendo que ela foi nosso presente de aniversário de casamento, já que ela supostamente foi concebida na noite após o nosso jantar de Bodas de Zinco.

Ivy tem 12 anos agora, a idade em que as crianças do Distrito já  podiam participar dos Jogos, se ainda existissem Jogos. Minha menina, para o desespero e ciúmes de Peeta, fica ainda mais linda a cada ano que passa. Ela já entende o que foi os Jogos Vorazes, o que foi a Revolução, e a relevância que eu e o pai dela tivemos em Panem. Contudo, ela não nos questiona. Ivy parece saber que não somos assassinos nem heróis, somos apenas sobreviventes de um jogo injusto.

Ora para que os meus outros dois filhos compreendam da mesma forma que a irmã mais velha.

— Um beijo pelos seus pensamentos - meu marido pronúncia da porta do quarto.

Os anos fazem bem para ele. Peeta não mudou muito desde a adolescência, mas ganho um pouco mais de altura e músculos, deixando-o mais homem. Ultimamente ele começou a usar barba, o que dar a ele uma aparência mais séria e de pai de família, segundo o próprio.

Resumindo, meu Peeta é incrível. Em todos os sentidos.

— Só um? - pergunto sorrindo.

Ele se aproxima pegando Áster de mim para colocá-la em seu berço. Junto-me a ele, abraçando Peeta pelas costas. Ficamos olhando nossa filha dormir, ressonando baixinho. Independente da surpresa que foi ganhá-la, Áster completou aquilo que precisávamos.

Peeta se vira rapidamente agarrando minha cintura e me beijando. Seus lábios gostosos acariciam com gentileza os meus, demorados, inflamando minha pele aos poucos até terminar o beijo.

— As crianças estão com meu pai. Temos o resto da tarde só para nós.

— Hum… Da última vez que você disse isso eu engravidei. - afirmo abafando a gargalhada por causa de Áster.

—Não se preocupe, tenho certeza que você não vai engravidar. Não dessa vez.

Logo voltamos a nos beijar com Peeta me carregando para o nosso quarta, mas não antes de conferir se nossa caçula está bem agasalhada. Sou apaixonada por esse homem, e me apaixono cada vez mais todos os dias. Amo seus olhos, sua boca. Amo está em seus braços.

Eu bem sei que nada nem ninguém que perdemos pode ser trocado, ou substituído por outras coisas. Mas sei que haverá aqui amenizará a dor. Aquilo que consolará o vazio no coração. Aquilo que é capaz de te fazer reconstruir sobre cinzas o novo.

Meus filhos são tudo isso.

O amor de Peeta é tudo isso.

Minha realidade, e verdade para sempre, e sempre.

 

 

FIM?

Não. Apenas começamos!


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Notas finais do capítulo

Olá a todos.

Bom, quero me desculpar por todos os meus erro, todas as minhas falhas, e agradecer pela paciência de todos que leram. Eu não seria nada sem vcs. Agradeço muito pela compreenderão.

Espero que tenham gostado de ler.

Obrigada, beijos!



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