Beyond two Souls escrita por Arizona


Capítulo 16
Convença-os.


Notas iniciais do capítulo

I'm back cambada!
Brincadeira, amo vocês, tá aí o primeiro dos quatro cap. de hoje, já, já vem os outros. Aproveitem, matem as saudades, e não me julguem.
Beijos!



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Termino de dar o último ponto no ferimento de Gale, ele está desacordado a alguns minutos, certamente a dor o fez desmaiar. Corto o fio e ponho uma gaze em cima dos pontos, prendendo com fita adesiva, fazendo assim um curativo. Como ele desmaiou, acabou ficando numa posição esquisita que seria até engraçado se eu não estivesse tão preocupada com seu estado nesse momento.

Me esforço para puxa-lo, tirando suas costas da pedra, deito-o o mais confortável possível. Junto suas pernas alinhado seu corpo, tiro minha jaqueta e a ponho embaixo da sua cabeça, não vou precisar dela agora. Apesar do frio, se eu ficar perto do fogo posso me aquecer sem problemas.

Observo as feições do meu amigo em quanto ele dorme. Mesmo com a delicadeza que o sono provoca, seu rosto ainda é sério, mas sem deixar de ser um garoto de 18 anos. Vejo o quanto Gale e eu mudamos. A algum tempo atrás eu não passava de um magrela de olhos esbugalhados, e Gale era alto demais para sua idade. Dois desajustados, órfãos de pai, quase de mãe, tendo que lutar para manter a família de pé. Ainda somos, no entanto sem tanta magreza assim.

Olhar um Gale ferido, quebrantável, me faz pensar o quanto ele detesta ser visto assim, como um elo frágil da corrente, prestes a se partir a qualquer momento. Foi exatamente como eu me senti quando ele inventou essa história de que estar apaixonado por mim. Fracassada, diminuída. Eu não precisava de ninguém me protegendo, sei fazer isso sozinha.

Todo um teatro para agradar a Capital, as mentiras que temos que inventar para sobreviver, toda falsa ideia de virtude e beleza por trás dos Jogos. Não imagino o monte de sujeira que deve haver nesse lugar, e tudo que nós sujeitam.

Lembro da minha primeira aparição na Capital, numa carruagem com uma roupa espetacular. As chamas dançando sobre meus ombros, o quando as pessoas me ovacionavam por isso. Cinna fez um milagre em mim naquele dia. Ele fez dois garotos da Costura serem louvados. Mostrou que apesar da pobreza do meu Distrito, existem maravilhas debaixo das cinzas de carvão. 

Todos nós precisamos de algo em que acreditar.

Foi assim quando as pessoas me viram, elas me amaram por tudo o que eu podia oferecer a elas. Essa é a verdadeira motivação do Jogos. Eles precisavam de algo novo, constante, que lhes traga razão para assistir todos os anos além dos massacres.

É por isso que Haymitch me avisando nas entrelinhas para investir na história dos Amantes Desafortunados, é isso o que nós vai dar a vantagem necessária no jogo, essa é a chave para nosso sobrevivência no momento.

Então este é o verdadeiro jogo?

Eu vou jogar.

 

***

 

Já estar anoitecendo quando eu volto para caverna com um coelho bem gordinho. Não foi fácil consegui-lo já que ele estava na sua toca. Precisei ir caçar já que não tínhamos nada em estoque. Gale vai precisar se alimentar bem quando acordar. Fiquei receosa de deixá-lo desmaiado sozinho, mas a caverna é suficientemente segura. Além do mais, a chuva não seu trégua, duvido muito que tentariam saído de seus abrigos nessa temporal.

Quando passo pela entrada da caverna, vejo Gale acordado sentado com as costas apoiadas na parede da rocha. Ele parece assustar-se ao me ver, relaxando em seguida.

— Onde você estava?! – ele pergunta quase gritando – Eu estou louco aqui. Por que você saiu sem me avisar?

— Ei, calma! – eu ignoro sua preocupação exacerbada – Eu fui buscar nosso jantar. Não tinha como te avisar, você apagou.

— Não devia ter feito isso! – continua em tom de desespero – Meu Deus, Katniss! Já imaginou se algo te acontece? Eu não quero que você faça mais isso, nunca mais.

Eu estou pronta com gritar com ele, me dou conta de que essa pode ser uma boa oportunidade para nossa encenação. Respiro fundo para manter minha calma, tenho que fazer isso da forma mais paciente possível, tenho que analisar todos os pontos quero fazer direito. Não pode haver falhas, isso precisa ser perfeito para dar certo.

— Gale, olha. – suspiro aproximando-me dele – Nós precisamos comer. Você ainda está muito fraco, precisa de cuidados. E se é necessário que eu arrisque minha vida numa caçada, ou em qualquer outra coisa eu farei, não importa o que você diz.

Gale ainda me olha preocupado, ele bufa uma, duas vezes, e parece refletir minhas palavras. Por fim, seus olhos alcançam os meus, ele estende sua mão até mim e eu a seguro confiante do que tenho que fazer.

— Eu sei, eu faria o mesmo por você. – sorrir torto – Eu só fiquei com medo de você lá fora, sozinha, com aqueles Carreiristas por aí.

— Tudo bem.

Vamos lá Katniss, faça mais alguma coisa, isso precisa ser perfeito para dar certo. Faça-os ver que você se importa com ele também. – grita minha consciência.

Devagar, inclino-me sobre seu rosto e beijo sua bochecha, dando o primeiro passo. Repito o mesmo gesto de mais cedo, demorando alguns segundos no beijo antes de separar-nos. Ao afastar nossos rostos vejo um sorriso ameninado nos lábios de Gele, e ao mesmo tempo vermelho pele vergonha. Eu não estou diferente.

— Eu vou prepara nosso jantar coelho.

— Vamos ter um belo jantar hoje. – ele sorri com seu próprio comentário.

Apanho a minha jaqueta que havia deixado com Gale, sentindo-me protegida ao vesti-la novamente. Minhas roupas estão encharcadas por ter levado chuva, e como não vou tira-la – por motivos óbvios –, só posso torcer para não pegar um resfriado.

Limpo a terra das raízes que colhi quando estava voltando para cá, as pondo na vasilha para coze-las. Esfolo o coelho e o ponho para assar sobre o fogo. Logo a gordura da pelo do coelho começa a pingar, enchendo meus olhos com a carne vermelha brilhando ao crepitar na fogueira.

 Enquanto espero tudo ficar pronto, sento-me abraçando os meus joelhos para espantar o frio. Não há mais nada o que fazer se não esperar para ver se esse plano de amantes dar certo. Quero voltar para casa, abraçar minha irmã, ver seu sorriso outra vez.

Oh, Deus!

O quanto estamos jogando sujo?!

Não quero usar meu amigo, muito menos ser usada. Toda via, certamente não a plano melhor que comova aquelas pessoas como um romance impossível.

Agora é torcer pelos patrocínios. Gale está momentaneamente bem, mas ele pode piorar, o ferimento foi limpo, mas ainda estar inflamado, e ele precisa de remédios para ficar bom por completo.

A pressão em meus dedos me trazem de volta a realidade. Quando abaixo os olhos, vejo o que estou apertando. Uma onda de choque atravessa meu corpo por inteiro, o que agora já não mais tão incomum. Vez ou outra, me pego com a pérola de Peeta nas mãos.

Um presente. Uma despedida do meu garoto com o pão.

Passo a pérola nos meus lábios, sentindo o seu calor em contato com a pele úmida da minha boca. Fico imaginado como ele a conseguiu. Me disse que foi seu amigo quem o deu. Tenho certeza de que essa pérola é uma parte da vida de Peeta muito importante. Sinto-me maravilhada por confia-la à mim.

Às vezes acho que o precipício que nos separa não existe, tenho a sensação de estar tão próxima dele, é como se ele estivesse comigo em todo tempo. E ele está. Toda vez que meus pensamentos se dispersam, é para ele que vão. É para o arder do seu beijo, e o perde-se no azul dos seus olhos.

Azuis, como nunca vi igual.

Catnip?— sobressalto com Gale me dando um cutucão, eu devo ter ficado muito tempo distraída.

— Sim. – tento disfarçar e ele dar uma risadinha.

— Você estar tremendo. Vem, encosta aqui. – ele estica seu braço para mim.

Tudo precisa ser perfeito, Katniss.

Olho para a mão estendida me chamando, em seguida para o rosto a minha frente. O momento que eu mais temia acaba de começar. Essa é a hora de desenrolar nosso romance para todos verem. Meu cérebro leva um segundo para responder antes de eu juntar meu corpo ao de Gale.

— Assim podemos manter a nós dois aquecidos. – Gale sorri e eu abaixo a cabeça envergonhada.

É mesmo Gale. São os mesmos olhos. As mesmas mãos tão ágeis em fazer laços, mas não é quem eu espero. Deixo um suspiro me escapar quando ele me aperta um pouco mais em seu braço, esfregando meus ombros como se estivesse querendo aquecer-me.

Ficamos assim por um tempo, até nossa comida ficar pronta. Separo a carne em porções para que tenhamos providencia de comida por pelo menos dois dias. Um trovam estala no céu, fazendo a tempestade desabar ainda mais forte. Se estava frio, agora está congelando.

Quando terminamos de comer, Gale novamente me chama para perto, e eu vou. Nós ficamos deitado um ao lado do outro, olhando para o escuro teto da caverna sem dizermos absolutamente nada. Ajeito melhor minha posição, sentindo o calor emanar do corpo dele. Olho para o seu rosto pálido, gotejando pela testa. Olho mais atentamente percebendo que ele está tremendo. Então lembro-me da febre.

— O que foi Gale? Estar com frio?

— Estou um pouco, não se preocupe.

— Acho melhor dar uma olhada no seu machucado antes de dormimos. – digo e ele assente levantado a camisa.

Pela careta que Gale faz quando toco ao redor, provavelmente doe muito, mas ele se mantém calado em relação a isso. Levo a mão até sua testa, verificando sua temperatura e vejo o quanto está queimando em febre.

— Você tá com muita febre. – digo preocupada – Precisa de remédios, o que temos aqui não vai ajudar.

— Oh, Katniss! – contrai o rosto em angústia – O que vamos fazer então? Não adianta nada se não recebemos paraquedas.

— Gale...olha vai dar tudo certo. – tento convence-lo do que digo – Você vai ficar bem. Nós vamos ficar bem.

— Talvez você Katniss, mas não eu. Nós dois sabemos disso, eu não tenho muito tempo sem os remédios.

— Gale não...

— Katniss, você sabe. É você desde o início. – ele suspira tristemente – Foi a você quem eles escolheram para ganhar. Eu sou perda de tempo. Comigo você só vai se retardar. Precisa seguir adiante e me deixar aqui.

É duro saber a verdade.

Eu imaginava que Haymitch e Peeta apostariam mais em mim do que em Gale desde o início, mas quero ouvir essas palavras. Saber o que elas realmente significam, me corta o coração.

Eles tornaram tudo ao meu favor. Fizeram de mim a joia preciosa do Distrito 12. Me colocando em roupas magnificas e me fazendo ser cativante aos olhos do público.  Depositaram sobre mim essa responsabilidade deixaram meu amigo de lado.

E eu também terei que deixa-lo quando a hora chegar. Porém, ele ainda está vivo. Mesmo ferido e até de certa forma inútil, eu não vou deixar quem esteve comigo durante anos.

— Eu ainda estou aqui. - busco sua mão para enlaçar a minha – Ainda temos um ao outro, ainda podemos vencer isso juntos.

— Katniss, por que ainda estar fazendo isso?

O jogo, Katniss. Faça o jogo.

Sento-me sobre os joelhos, seguro delicadamente seu rosto, dando um suave beijo em seus lábios. Um simples beijo cálido. Gale está paralisado, não reage, mas logo em seguida sinto uma de suas mãos na minha nuca. Ele não me puxa mais para se, apenas me segura, mantendo o contato das nossas bocas. Nós afastamos olhado um para o outro, é um tanto quanto constrangedor esse olhar, mas não posso fugir, há algo que me prende deles.

Gale passa o polegar em meus lábios, contornando-os com delicadeza. Paro de respirar por um instante, entanto, tratei de voltar. Gale me abraça me fazendo deitar ao seu lado novamente. Ele não diz nada, apenas segura minha mão com carinho, nos mantendo unidos.

Eu joguei pela sorte.

Só me resta esperar que a ganhe.


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Notas finais do capítulo

SE VOCÊ CURTE BEYOND TWO SOULS, COMENTE, RECOMENDE, E FAVORITE A HISTÓRIA, É MUITO IMPORTANTE PARA MIM COMO AUTORA, SABER O QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO, E GOSTARIA DA SUA OPINIÃO, ENTÃO NO FINAL DO CAPÍTULO, VAI LÁ EMBAIXO E ME DAR UM OI



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