Já de banho tomado, liguei para minha mãe.

–Lembrou que tem casa, garota? – A voz furiosa de Atena diz

– Mãe, você poderia vir me buscar?

– Não, fica aí com teus amiguinhos.

– Mãe...

– Chego aí em quinze minutos.

Ela finaliza a ligação. Como terei que esperar me sento na cadeira de plástico ao lado da piscina, que está lotada com todos os presentes (exceto Poseidon, que come uma torta azul). Os adolescentes resolvem dar um pulo “comunitário”, ou seja, todos de uma vez. Sendo assim, saio de perto, não é preciso ser um gênio para perceber que ia dar errado.

Sem ter para onde ir, me sento-me à mesa, junto de Poseidon.

– Lindo dia, não? – Ele pergunta, puxando conversa.

– Sim, ensolarado como nunca.

– Como anda sua mãe?

– Bem, eu acho.

– Ainda implica com o volume da conversa?

– Sim, mas isso é coisa de toda mãe.

–É. – Ele fala, olhando para o céu

O assunto morre ali, depois de uma eternidade escuto a familiar buzina.

– É ela – falo

Já na entrada da mansão, uma Atena furiosa buzina freneticamente.

– Calma, a garota não é surda. – Diz Poseidon , que está abrindo a porta de entrada.

“ Lá vem treta” Penso

– Da minha filha cuido eu, Jackson. – Minha mãe grita

– Cuida tão bem que quase se afogou na piscina. – Ele murmura

– O que você disse? – Ela indaga

– Nada – Intervenho

Coloco a bolsa no ombro e entro no carro, agradecendo a Poseidon a tarde que se passou.

– Annabeth, temos assuntos a falar. - Minha mãe diz enquanto coloco o cinto de segurança.

– Pegue leve com a garota, já teve a idade dela e fez o dobro de besteiras.

– Cuida da sua vida. – A mulher berra, arrancando o carro a toda velocidade.

– Boa tarde para você também – Falo

– Que roupas são essas? – Ela indaga – Não parecem suas.

Olho para o vestido branco, realmente não é algo que eu use.

– Tem razão, ele é da Piper, mas ela nem usa.

– Por que está usando a roupa dela?

– Porque eu caí na piscina.

– Você nunca cai.

– Me empurraram.

– Foi a praga do Jackson?

– Não. – Minto

– Eu avisei que não queria ver você nessa casa.

– Na verdade, não avisou não.

– Pare de rebater comigo.

Bufo e o caminho a seguir se passa em silêncio absoluto. Chegando em casa, corro para meu quarto e tranco a porta, pegando um livro qualquer da estante e abrindo em uma página aleatória.

Horas depois, ainda no mesmo local quando escuto o som de notificação de meu celular.

Desbloqueio a tela e vejo a mensagem de Percy.

“ Hey, Annie, tudo bem?

Poderia vir até aqui na casa do meu pai , tipo agora? Preciso muito te ver, situação de vida ou morte.

P.S: Entre pela porta dos fundos.

Te aguardo aqui, Beijos.”

Ok, isso foi sério? Resolvo responder-lhe.

“ Para que? Minha mãe não deixaria eu ir até aí no meio da noite, tipo , já são onze horas. Pode ser amanhã?

Mal envio e já recebo a resposta.

“ Não, tem que ser hoje.”

Bufo

“Chego aí em meia hora”

Rapidamente, troco de roupa e prendo os cabelos. Abro a porta do quarto de forma silenciosa, passando pela sala na ponta dos pés. Minha mãe dorme com a TV ligada, então quando abro a porta de entrada tomo muito cuidado.

Ando até a estação do metro, com sorte pegando um que para perto da casa de Poseidon.

Cerca de vinte minutos depois, estou nos fundos da mansão. A porta está aberta, e entro sem hesitar.

– Percy? – Sussurro – Onde está?

Em resposta, uma mão agarra meus ombros e tapa minha boca.

– Sou eu, não grite.

Ele tira a mão de meus lábios e me solta, indicando o caminho até dentro da casa. Sobe as escadas nas pontas dos pés, imito seu gesto.

Por fim, entra em seu quarto e fecha a porta.

– O que houve? - Indago

– Nada, só precisava te ver.

– A mensagem dizia “Situação de vida ou morte”, se não me falha a memória. Isso não parece caso de vida ou morte.

– Para mim, é sim. Eu preciso de você, preciso de você para mim.

Antes que eu pudesse processar o que estava ocorrendo, o garoto me puxa para perto de si e me beija, começando com leveza e aumentando a intensidade conforme o tempo.

Então, eu acordo com a cara enfiada no livro. Esfrego os olhos, afastando a sonolência. Confiro o relógio do celular , que marca 01:00 da manhã, e olho também as mensagens recebidas, nenhuma delas é de Percy. Saio do quarto em direção à cozinha, mas minha Mãe não está dormindo no sofá. Pego um copo de leite e o tomo enquanto relembro o sonho maluco.

Assim que termino, escovo os dentes e volto para o quarto. Arrumo a cama e me deito nela, adormecendo novamente. Porém, antes de ficar completamente adormecida, me lembro do sonho mais uma vez: A sensação do beijo, as batidas de meu coração e o quanto eu parecia precisar daquilo. “Bobeira”Penso “Percy é meu amigo”