Eu queria dizer que tudo estava sobre controle,

E que as coisas ficariam bem.

Porém, cá entre nós, nunca soube mentir.

Muito menos fingir.

E meu sorriso já havia se escondido debaixo do tapete,

Juntando-se a pó e a lembranças baratas.

Desbotou-se como uma pintura velha.

Mas, afinal, quem se importava?

Nem minha alma me fazia companhia,

E a cada instante desejava fugir,

Fugir de mim como fugiu da realidade.

Fugir de mim como eu fugi de todos.

Nem os remédios mais fortes tiraram essa dor causada pelo vazio,

Pelo vazio de uma vida inteira.

E chorei em silêncio,

Derrubando lágrimas invisíveis,

Fingindo ser forte e resistente como o tempo.

Chamaram-me de louca.

Como negar?

Não existia adjetivo mais carinhoso para mim.

Mas, afinal, quem se importava?

Até mesmo as estrelas se apagaram,

Uma por uma.

Temiam a minha presença.

Temiam que a minha escuridão dominasse o mundo ao redor.

Temiam os meus pensamentos.

E, então, a Lua sussurrou em meu ouvido:

Desapareça.

Um pedido suplicante,

Que talvez tenha se passado na mente de tantas outras pessoas.

Entretanto, diferente de muitos, não pude negar tal desejo,

E aqui estou,

Diante de um belo abismo.

O vento beijando violentamente a minha pele.

O coração disparado e assustado.

E com a mente já ajeitada,

Jogando-me a escuridão .

Afinal,

Quem se importava?