Um Amor Definitivamente Inumano escrita por Carol Potter Greymark


Capítulo 5
Sonhos


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus anjos. Gostaria de agradecer a Anjo do Patch e a Ester pelos comentários. Este é um capitulo absolutamente revelador, pois é agora que irá começar toda a história. Muitos emoções estao por vir. Aproveitem.



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Depois que o Scott foi embora, Patch não tardou em fazer o mesmo. Ele pega as chaves de sua Harley Davidson, dá um carinhoso tapinha na minha bunda, ao que Nora revira os olhos, e depois agarra minha amiga em um beijo voraz, só interrompido na quinta vez em que eu pigarreio. Ele dá uma piscadinha cafajeste e nós o observamos andar até sua moto. Eu tento não olhar para a bunda dele enqaunto ele faz isso, mas cara... Ele é um puta de um gost...

–Vee? – Nora interrompe meus libidinosos pensamentos e eu luto para por a expressão mais inocente possível no rosto.

–Fala? – me jogo no sofá acabado, e ele range sob os meus 70 quilos. E acrescenta quinhentas gramas dos meus saltos. Posso parecer pesada, mas em compensação tenho 1,83m de altura. É nessas horas que agradeço por ser nephilim...

–O que vamos fazer agora? – ela se joga ao meu lado, e eu tenho certeza de que o sofá empenou de vez. Eu o chamo de Rony, apelido carinhoso para Ronald. (Eu gosto de dar nomes as coisas inanimadas e isso é um problema exclusivamente meu!) O velho Ronald é uma verdadeira relíquia de guerra. Quando éramos crianças ele sofria todo tipo de molestação. Me lembro de uma vez em que eu e Nora cortamos o tecido verde-musgo que outrora o cobria, e enfiamos barras e mais barras de chocolate, sacos de salgadinho e latas de sopa de feijão dentro. Naquela época (admito que o período mais vergonhoso da minha vida) , eu acreditava que a Terra estava prestes a ser invadida por extra-terrestres e nós precisávamos juntar suprimentos para os tempos de crise. Então (como sempre tive um espírito obeso) eu roubei um pouco de chocolate e esqueci a embalagem aberta. Dois meses depois, em meio a um episódio de ANTM (America’s Next Top Model) , a Sra.Grey sentiu alguma coisa beliscar a sua bunda. Ela foi verificar o que era e se surpreendeu ao encontrar um enorme furo (que nós tínhamos tampado com fita adesiva) e o pior, uma colônia de baratas dentro. Me lembro exatamente de como ela gritou, dizendo que ligaria para a minha mãe, que eu era a delinqüente mais jovem da América, e outras coisas que assustariam pra valer qualquer criança de oito anos de idade. Naquele momento eu cheguei a conclusão de que nada, nem uma invasão alién, era pior do que uma Blythe irritada.

–Sei lá. – eu suspiro, encarando o teto pálido. – Qualquer coisa que não exija muito esforço físico...

–Que tal um filme? – ela ergue uma sobrancelha, já se levantando e indo em direção ao porta-dvds.

–Pode ser...

Cerca de uma hora depois eu solto uma risadinha. Jason, o assassino da máscara de eski do filme Sexta-Feira 13 , acabara de enfiar uma espada samurai na cabeça da putinha loira de topless. (Que me lembra muito a Marcie, exceto, talvez, pelos peitos, que são de silicone e bem maiores.)

Ao meu lado, de repente, escuto um ronco familiar. Eu cutuco Nora com o controle remoto da televisão e ela acorda suada e sobressaltada. Ainda não decidi se o pior é o seu cabelo, que está parecendo um arbusto do deserto, ou a expressão de assombro em seu rosto. Não consigo conter uma risada.

–Que pena que você dormiu... Perdeu a cena mais interessante do filme... – sorrio ironicamente, me referindo a morte da Marcie siliconada.

Ela prende os cabelos em um coque mal-feito na nuca. Então se levanta e começa a andar de um lado para o outro, ainda sem dizer nada. Ela está um pouco estranha.

–O que foi? Você teve um pesadelo? – eu desligo a televisão e me levanto, ficando ao seu lado. –Acho que já tivemos uma boa dose de terror por hoje.

–Na verdade... – ela me encara com preocupação. – Eu sonhei com você...

–O que? Como assim? – Ora, se ela sonhou comigo então deveria ter sido um sonho incrivelmente maravilhoso.

–Hm... – ela encara o assoalho brilhante, aparentemente recém escovado por Dorothea, a governanta idosa e fiel que insiste em dizer que eu sou uma má influencia para a Nora... Ela realmente está começando a caducar... – Acho melhor eu mostrar a você. Sente-se.

E pela segunda vez, nos jogamos no Rony. Eu fecho meus olhos e agarro as mãos dela, que estão frias. No início sinto aquele típico desconforto, a vontade de lutar contra o invasor de sua mente, mas então eu relaxo e de repente meus pensamentos não são exatamente meus. Já não estou mas na sala da casa de fazenda.

Há uma chuva torrencial caindo sobre as ruas. Do outro lado da calçada está o restaurante Mack’s, que eu só reconheço devido ao letreiro vermelho. Luzes amarelas e brilhantes piscam através da densa cortina de chuva. Estou no centro de Coldwater então, porém claramente não no mesmo ano. Atualmente existe uma loja da Victoria’s Secret no lugar da Mack’s, que deixou de existir há uns onze anos. Me lembro que minha mãe e eu costumávamos almoçar aqui quando eu era pequena. Um carro passa, espirrando a água preta e branca e retornando meus pensamentos ao sonho. Eu xingo o motorista, mesmo sabendo que ele não teve culpa, visto que nem ele, nem mais ninguém consegue me ver. Eu suspiro e olho para os dois lados, procurando. Onde eu estou, afinal? Começo a tentar quebrar a ligação mental. Talvez Nora tenha me mandado para o sonho errado. Então uma risada familiar me faz parar. Uma mulher, loira , alta e bonita, sai do restaurante aos risos. Um homem alto e forte, também muito bonito, está com ela. Ele arranca o casaco e coloca por cima dos dois, apertando a moça em um abraço protetor. Eles saem correndo pela chuva, a água ricocheteando a seus pés, e eu vou atrás, completando o serviço mal-feito do motorista. Quando chego mais perto tenho a confirmação que temia. A mulher é minha mãe, mais jovem, entretanto. Eu travo quando os dois param e se encostam sob um enorme carvalho, os galhos frondosos os abrigando das gotas violentas. Eu por outro lado, estou encharcada até os ossos. Ainda não acredito em meus olhos. Minha mãe está quase irreconhecível, tanto pelo sorriso quanto pela idade, que beira os vinte anos. Eu prendo a respiração quando ela fala, ainda entre risadas.

–Você é louco!

–Sim, eu sou. Louco por você. – a voz do homem faz os pelos do meu braço arrepiarem. Tenho um lampejo de lembrança, uma canção, há muito esquecida. Essa voz... Suave e forte ao mesmo tempo. Lembro-me de tê-la ouvido uma vez, quando eu era um mero bebe. Então, tão rapidamente quanto veio, a lembrança se desfaz. Quando os lábios deles se tocam eu viro para o outro lado, ainda confusa com meu flashback, mas suficientemente bem para querer dar privacidade. Porém minha atitude não fora necessária. Fui transportada para outro local, aparentemente uma sala de estar, devido aos móveis e ao calor que verifico vir de uma lareira no canto. Além do corredor ouço um barulho abafado, como o de alguém que engasga, mas nada muito conciso. Eu me esgueiro pelo corredor ( antes parando uns bons dez minutos em frente a lareira para me secar ) e o som se torna mais coerente. Claramente é um choro de bebê. Uma porta do final do corredor está entreaberta, deixando com que uma fina faixa de luz ilumine a escuridão. Eu caminho até ela, cada passo que dou fazendo com que a sensação de familiaridade aumente. O bebê , de repente, cessou o choro. Eu espio por entre a fresta. Minha mãe está sentada com a criança no colo, aparentando ter cerca de um ano, com um ralo cabelo loiro e imensos olhos verdes que fixam o mesmo homem da cena passada. Mas não é o fato de o bebê ser claramente eu mesma dezesseis anos atrás que mais me assusta, e sim o fato de eu reconhecer a letra da canção que o homem está cantando tão bem quanto minhas próprias mãos.

O toque macio das penas de anjo

A brisa suave do vento, fugaz

Descansa pequena, o sol já se pôs

No céu a lua jaz

Entre vales e campos

Oceanos sem fim

Quando a solidão

Parecer te abraçar

Escute minha voz

Um pedaço de mim

E lembre-se que

Sempre vou te amar

Eu acompanho a letra com a minha voz desafinada devido as lágrimas que escorrem pelo meu rosto, indiferente a tudo, agarrada apenas a lembrança do homem e de como sua voz me acalmava. E de repente percebo que estou cantando sozinha. Fui transportada para outro local. Estou nas escadarias da C.H.S. , o carro da minha mãe está estacionado na calçada, mas não há ninguém a vista. O céu indica que agora é o fim da tarde. Subo as escadas de pedra antiga em silêncio. Quando chego as portas de ferro elas estão entreabertas, o que é muito incomum essa hora da tarde, na qual todos os alunos já deveriam estar em casa. A atmosfera de suspense só aumenta quando o silêncio se perpetua pelos corredores cinzentos. Eu caminho para a parte norte do prédio, pois minha intuição me diz que há alguém nas quadras. A medida que me aproximo do meu destino porém, não apenas meu sexto sentido capta algo mais forte. Eu escuto um choro abafado. Abro as portas e congelo. Minha mãe está ajoelhada no chão, bem debaixo da tabela de basquete, lagrimas escorrendo pelo seu rosto e uma pena longa presa entre seus dedos finos, tão parecidos com os meus próprios. Eu reconheceria aquela pena entre milhares, porque não pertence a nenhuma ave. Basta ver os contornos rentes e curvilíneos para constatar que é uma pena de anjo. Anjo caído.

–Por que? – minha mãe murmura entre um soluço e outro.

De repente ela solta um grito e eu não entendo o motivo até meus olhos se fixarem em sua mão. Solto o ar dos meus pulmões que ate agora eu não percebi estar prendendo. A pena, que outrora ela segurava tão apertada contra o próprio peito, como se fosse uma parte de seu próprio corpo, está ardendo em chamas.


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Notas finais do capítulo

Sinto muito ficar tanto tempo sem postar. Estava em semana de provas finais por isso vou tentar postar mais dois capitulos hoje. Por favor preciso de comentarios. Nao vou desistir da fic se ninguem comentar, mas ficarei relamente grata se obtiver criticas, e possivelmente novos leitores. Beijos e ate o proximo!