Um Amor Definitivamente Inumano escrita por Carol Potter Greymark


Capítulo 4
Mentiras e Lasanha


Notas iniciais do capítulo

Hey! Tenho uma unica leitora fiel, e com isso quero dizer que ela é a unica que sempre comenta. Obrigada, Hardie. Que os anjos te protejam. *-*



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Eu encaro meus tacos, que de repente já não me parecem tão apetitosos. Excelente. Eu não gosto de usar meus dons sobrenaturais , muito menos para adentrar uma mente tão podre como a do Amowitz, mas entre humilhação total e invasão de privacidade eu fico com a segunda opção. Eu respiro fundo e massageio minhas têmporas com os dedos. Scott me lança um olhar ligeiramente preocupado. Aparentemente eu devo estar parecendo prestes a vomitar...

–Hey, Marcie! – Scott lhe lança um olhar animado e a abraça. Anthony sorri para mim e dá uma piscadinha. Eu reviro os olhos. –Bem... O carro da Vee quebrou, então eu resolvi lhe dar uma carona...

–Bem... – Marcie começa, me lançando um olhar de nojo. – Suponho que você conheça esse meu... amigo. Anthony Amowitz.

É a minha hora de agir. Eu invado a mente de Anthony mais facilmente do que eu imaginava. Como os humanos são frágeis... Infelizmente a primeira imagem que me vem a cabeça é uma cena nojenta que aconteceu há alguns minutos, bem no banco de trás da Mercedes dele... Eu caminho para longe dessa cena, mas infelizmente o áudio (que inclui muitos gemidos da Marcie) me persegue pelos corredores de sua memória. Eu tenho certeza que terei pesadelos com isso mais tarde...

‘Você e a Vee estão saindo’ – eu sussurro, completando com imagens de nós dois de mãos dadas e abraçados, criadas por minha própria mente. Afinal tem que parecer real... ‘Hoje vocês tinham combinado de ir no Delphic, e você a traiu. Sinta-se culpado.’ Essa última parte não era exatamente necessária, mas eu adoraria ver o Anthony se remoendo de culpa.

Quando saio da mente de Anthony, eu encaro seus olhos, e por um segundo eles parecem ligeiramente confusos. Então ele me encara e um leve rubor toma suas bochechas. Eu faço força para não sorrir.

–Como vai? – cumprimenta Scott, de má vontade.

–Muito bem. – ele sorri e os dois trocam um aperto de mão. – Hum, oi... Vee...

Ele se aproxima de mim e me dá um abraço, que eu retribuo forçadamente. Ele se senta ao meu lado na mesa, e recebemos ao mesmo tempo um muxoxo de Scott e um olhar incrédulo da Marcie.

–Tem alguma coisa que eu preciso saber? – ela pergunta, as sobrancelhas erguidas.

Eu a encaro e finjo não entender o sentido da pergunta.

–Do que você está falando ,Marcie? – eu sorrio com falsa cortesia. – Ora,ora. Você e o Anthony são tão... íntimos. Achei que já sabia que estamos saindo.

–O que? – ela coloca as mãos no rosto e encara Anthony. – Você devia ter me dito isto antes de...

Eu me faço de ofendida. No fundo estou adorando brincar de atuar. Me levanto dramaticamente.

–Antes do que? – eu coloco as mãos nos quadris e encaro ele malignamente. Scott nem disfarça sua satisfação.

–Er... – Anthony não consegue nos olhar nos olhos.

–Vamos embora daqui Scott! –eu agarro minha bolsa. – Não quero ficar nem mais um minuto no mesmo ambiente que estes hereges.

–Mas e nossos pratos? – ele finge estar chocado, mas o seu sorriso, que poderia ser tanto pelo ‘hereges’ quanto pela cena inegavelmente catastrófica, é muito mal camuflado.

–Não se preocupe. – minhas palavras saem com uma dose extra de veneno. – Sexo, principalmente quando feito no banco de trás, é algo bem cansativo. Tenho certeza de que eles vão precisar repor a energia...

O gran finale se dá quando eu ‘acidentalmente’ derrubo a Piña Colada intocada de Scott nas calças brancas de Anthony. Eu me viro de costas e rumo em direção a porta, os músculos do meu rosto doendo , tamanha a força que faço para não rir.

***

Eu fico calada durante todo o percurso de volta a casa de fazenda, fingindo estar chateada. Scott estaciona o Mustang na porta e eu pego minha bolsa, prestes a me despedir. Mas ele é mais rápido e quando percebo já está abrindo a porta para mim.

–Obrigada. – eu forço um sorriso. - E desculpe pela cena...

Ele me encara, mas não diz nada. Eu sigo para a porta e ele vem atrás.

–Hm... – eu não sei o que mais posso dizer.

–Você não vai me convidar para entrar? – ele ergue uma sobrancelha, e apesar de seu tom ser sarcástico, seus olhos estão sérios. Eu suspiro e encaro o chão.

–Olha, Scott... Não sei se é uma boa ideia. Quer dizer... A casa não é minha e eu estou sozinha aqui. O que a Nora vai pensar? Além do mais... Acabei de brigar com o Anthony e...

Ele me encara, como se não acreditasse na possibilidade de eu ter ficado magoada.

–Hm... Está bem. – ele sorri. – Espero que fique bem sozinha, então...

Como resposta meu estomago ronca. Que porcaria. Esqueci desse pequeno detalhe... Eu destranco a porta e entro.

Observo o movimento dos músculos de suas costas enquanto ele volta para o carro. Mas antes de ele abrir a porta do motorista eu o interrompo.

–Scott...- eu me odeio neste momento, mas que escolha tenho? Deus sabe que queimo até água...

–Sim? – ele para e me observa. Devo estar patética.

–Você sabe cozinhar?

.......................................................................................................

O cheiro que vem da cozinha desperta uma nova onda de fome em mim. Eu deixei Scott entrar, com a condição de que ele simplesmente cozinharia, almoçaria e iria embora. Ele disse para mim trocar de roupa enquanto ele cuidava da comida. E aqui estou eu, sentada sobre a cama de Nora, com chinelos e uma camiseta larga dos Red Sox, tentando inutilmente desembaraçar meus cabelos. Eu finalmente desisto e desço as escadas.

–Nossa! – eu não consigo evitar a surpresa. Scott sorri.

Ele arrumou a mesa da cozinha com dois lugares, fez uma jarra de limonada e assou uma lasanha vegetariana, tudo em cerca de meia hora.

–Espero que o gosto esteja tão bom quanto a aparência... – murmuro.

–Aprendi com a minha mãe. – ele sorri novamente, de um jeito modesto. Eu me sento e me sirvo de um grande pedaço de lasanha.

Depois de comer o segundo prato, me dou por satisfeita. Eu observo Scott acabar de comer. Ele segura o garfo com a mão esquerda, e quando leva a boca nossos olhos se encontram e eu enrubesço. Desvio o olhar para o meu copo.

Quando ele termina, nós decidimos lavar a louça. Apesar do meu jeito desastrado, tudo ocorre bem, até que quando estou ensaboando o último prato , derrubo detergente no chão e escorrego. Scott me pega pela cintura antes que eu chegue ao chão. E por um minuto ficamos lá, presos um nos olhos do outro, uma sensação estranha e boa na boca do meu estômago... Até que um pigarreio corta o clima.

–Vee? Scott? – Patch aparece na porta da cozinha. – Desculpe. Nora e eu não sabíamos que...

Scott me solta imediatamente, e se eu não apoiasse na pia tenho certeza que iria cair de vez.

–Ah... – ele sorri, sem graça. – Eu já estava de saída.

–Hm... – Patch sorri maliciosamente e eu sinto vontade de matá-lo. Droga de vida eterna...

–Vee e Scott? Patch do que você esta falan... – Nora aparece na porta da cozinha e nos encara sem acreditar. – Oh...

–Bem... – Scott segue em direção a porta da sala. – Creio que nos vemos por aí, certo?

Eu concordo com a cabeça e nós três observamos enquanto o Mustang parte estrada afora, o sorriso pervertido no rosto de Patch permanece por longos segundos.

–Mas o que está acontecendo entre vocês dois, afinal? – Nora me encara, erguendo as sobrancelhas. Eu enrubesço.

–Nada. Meu carro simplesmente quebrou e Scott me deu uma carona até o Borderline. Então acabamos encontrando a Marcie e eu pedi para voltarmos...

–Como assim ‘quebrou’? – Patch pergunta, já indo em direção ao Neon.

–Não sei. Eu tentei dar partida só que ele não ligou. Então Scott apareceu e deu uma olhada para mim, alegando que eu precisava de um mecânico...

Patch não espera eu terminar antes de abrir o pára-choques. Ele remexe nos fios , ao que eu e Nora nos entreolhamos sem entender, e cerca de cinco minutos mais tarde já tem o veredicto.

–Não tem nada de errado com seu carro. – ele ergue uma sobrancelha.

–Mas...

Para comprovar ele entra no carro e liga o motor, que fora os resmungos costumeiros, funciona perfeitamente. Eu encaro Nora e sei que estamos pensando a mesma coisa. Scott mentiu, isso é fato. Mas a pergunta é porque...


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Preciso de criticas! Beijinhos da Tia Carolzinha