Um Amor Definitivamente Inumano escrita por Carol Potter Greymark


Capítulo 14
Sangue e Medo


Notas iniciais do capítulo

Hey! Aquele outro capitulo deve ter acabado com vocês, hum? Mas esse, apesar do titulo, é um pouco mais tranquilizador. Espero que gostem! Beijinhos



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/560293/chapter/14

O anjo sorri maliciosamente e eu engulo em seco. Não que eu duvide da força de Scott, mas tenho que admitir que um anjo caído equivale a pelo menos três nephils. Eu permaneço atrás de Scott, minha mãos envolvendo sua cintura com firmeza, meus olhos fixos na arma na mão do anjo. Ele não poderia me matar, tampouco. Não com uma ordinária arma humana. Mas algo em seu rosto, nessa expressão de jubilo, me diz que nada comum emana dele.

–Aquele outro... – ele cospe na grama rasteira. – O anjo... Tentou me impedir... – ele dá uma risada sem humor e prossegue com seu discurso.

Patch... Eu tenho vontade de gritar... Mas permaneço silenciosa, minhas mãos tremendo, apesar de não soltá-las do aperto em Scott.

–A nephil... – ele cospe no chão, com nojo. – Ela tentou arrancar meus olhos quando nocauteei seu anjo... Vadia... – ele dá um sorriso cínico. – Mas ela pagou.

Então é por isso que há marcas de sangue em seu rosto. Nora... Patch... Eles tentaram me proteger... E agora... O que ele quis dizer com ‘ela pagou’ e ‘nocauteei o anjo’? Eles não podem estar feridos, não gravemente... Não...

Lagrimas começam a escorrer pelo meu rosto. Não...

–Oh... – o anjo, que possui os mesmos olhos de Scott, me lança um olhar quase de pena. Mas seu sorriso é o de uma cobra... – Não se preocupe, Harrolds. Quando estiver morta não irá sentir mas saudade dos seus...

–Engraçado... – Scott o interrompe, e o anjo muda o foco do seu olhar para ele. – Você, que sempre julgou quem traia sua espécie da pior forma, agrediu Patch, um anjo caído, como você... Parece que seus princípios foram esquecidos, não é mesmo, pai?

Por um breve momento, algo como surpresa preenche os olhos castanhos do anjo, mas logo eles voltam a expressão pétrea de antes. Mas é o suficiente para Scott me dizer mentalmente:

Quando eu for para frente, você corre. Minhas chaves estão em seu bolso traseiro. Chame o detetive Basso e depois vá para o apartamento do Patch. Não procure ele nem Nora até eu te encontrar.

Mas... , eu começo a protestar.

É nossa única chance, Sky...

E com isso, ele se lança para cima de seu pai. Eu corro o mais rápido que consigo, tentando ao máximo ignorar os sons de disparo que se lançam pelo ar. Começo a descer os degraus velozmente, mais cinco e estou na rua. Então um grito de dor me faz congelar. Não sei dizer se é de Scott, ou do anjo, mas mesmo assim meu coração perde uma batida. Enxugando as lágrimas que correm desenfreadas, eu prossigo meu caminho.

Dirijo o Mustang a 115 Km/h na Av. Orchard, os motoristas me lançando olhares repreensivos, palavras xulas e ocasionalmente dedos obscenos. Eu igonoro todos eles, e só desacelero quando chego a porta da delegacia. Basso está descendo os pequenos degraus, com uma expressão de censura no rosto, um bloco de multas na mão...

–Sky, o que...

Eu calo a boca dele com minha palavras engasgadas. Ele ergue a sobrancelha quando menciono Patch, mas não diz nada. Quando termino ele abre a viatura e entra nela apressado.

–Não faça nada imprudente até entrarmos em contato.

Então ele acelera em direção ao norte da cidade. Por um momento eu fico encarando a estrada, sem reação. Então num ímpeto entro no Mustang novamente e começo a dirigir resignada para a costa oeste de Coldwater, ciente de que o apartamento de Patch fica do outro lado da cidade. Mas eu não posso simplesmente ficar parada enquanto sei que minha melhor amiga e seu namorado estão quase mortos. Talvez tenha sido impressão da luz, mas tenho certeza de que vi um lampejo azulado na arma que o homem segurava. Eu estava muito nervosa para concluir qualquer coisa naquele momento, mas armas comuns não apresentam aquela aura de poder. Apenas objetos inseridos de magia negra, ou forças das trevas, como Basso gostaria de dizer. Para mim, isto havia acabado quando Hank Millar foi interrado. Mas o

inferno é eterno... Se uma vez alguém conseguiu contatá-lo, o que impede de isso ser feito novamente? E se eu estiver certa, nesse momento Patch e Nora, até mesmo Scott podem estar...

Eu freio quando uma figura cambaleante aparece na frente do carro, os pneus cantando na estrada cinzenta. Desço do carro e deparo com Nora, os cabelos emaranhados, as roupas rasgadas, os braços manchados de sangue. Ela cai em meus braços, suas pernas sem força suficiente para suportar seu peso. Eu a carrego para o banco de passageiro.

–Nora, como você está? O que ele fez? Onde...

–Patch... Ele... – ela me interrompe, sua voz muito rouca. Então aponta um dedo tremulo para a floresta do outro lado da estrada. – O anjo... Devilcraft...

Ela não diz mais nada, pois nesse momento meu celular começa a tocar.

–Alô? – eu atendo, aliviada quando a voz de Basso me responde.

–Vee? Onde você está? O anjo fugiu... Vá para o apartamento de Patch. Agora.

–Eu... – Mas ele já desligou.

Eu desço do carro.

–Fique aí. – digo a Nora. Ela apenas concorda com a cabeça.

Eu atravesso a estrada e chego a borda fresca da floresta. Sigo na direção onde Nora apontou, tropeçando em alguns galhos e me assustando a cada folha seca que estala sob os meus sapatos. Ando por uns bons dez minutos, nenhuma alma viva além das aves me acompanham. Então um corpo esguio, todo vestido de negro, me chama a atenção. Eu me aproximo de um Patch inconsciente e levemente azulado. Há um furo em sua camiseta negra, na altura das costelas, e sangue se espalha por toda a área próxima.

–Nora... – ele sussurra fracamente, sua voz não muito melhor que a de Nora.

–Não, Patch. Sou eu, Vee...

–Nora... Onde...

–Ela está bem... – sua expressão de dor se suaviza um pouco. – Venha.

Eu o apoio em meus ombros e o ergo do chão. Mas logo minhas costas reclamam. Ele é pesado demais para que eu o carregue.

–Você consegue andar? – eu pergunto, tentando soar delicada.

Como resposta ele começa a mancar e assim nós chegamos a estrada, ocasionalmente prendendo os pés em raízes soltas. Nora abre a porta traseira do Mustang e juntas deitamos Patch lá. Eu dirijo até o apartamento de Patch e me alivio ao ver a viatura do lado de fora do condomínio. Nora e eu carregamos Patch até o ultimo andar e Basso abre a porta. Eu solto Patch e começo a olhar em volta, ansiosa.

–Onde está Scott? – pergunto.

–No quarto a esquerda, mas...

Eu ignoro e vou até o local indicado. Minha boca se abre em uma expressão de horror antes que eu me impeça. Deitado sobre os lençóis ensanguentados está um homem irreconhecível. Seu nariz está desfigurado e há manchas roxas sobre seu olho esquerdo. O braço direito descansa em uma posição anormal sobre o abdômen nu, onde uma atadura enorme cobre o que sei que é um tiro.

Eu me aproximo dele, cautelosa. Me sento na beirada da cama e ele abre o olho bom, aquele mesmo sorriso torto que amo diminuindo o impacto que é seu rosto. Eu não consigo me controlar e o abraço.

–Scott eu achei que... Se eu tivesse te perdido eu acho que...

Ele me empurra com seu braço esquerdo e seca minhas lágrimas com um dedo.

–Eu te amo, Scott. Eu te amo, te amo, te amo...

Ele desce o dedo para os meus lábios, como um pedido. Eu o beijo fervorosamente, ignorando o gosto de sangue que minha língua capta. Então no separamos e ele diz:

–Eu achei que aquela seria a última vez que te veria. Eu achei que nunca mais sentiria seu cheiro, beijaria seus lábios e que nunca teria a chance de te pedir em casamento. Eu achei que minha vida tinha acabado, Sky... Então eu lutei. Lutei até levar um tiro. E naquela hora Basso chegou... Ele tirou a arma da mão do meu pai, e ele fugiu. Eu pedi para que ele te ligasse imediatamente, queria ter certeza de que você não corria perigo. E quando nós chegamos aqui e você não estava, eu juro. Pensei em me matar.

–Mas eu estou aqui agora... – eu sussurro. – E nada vai me tirar de você...

Eu deslizo meus dedos pelos seus cabelos curtos e começo a cantar. Ele fecha os olhos ao som da minha voz.

O toque macio das penas de anjo

Seu aperto em meu braço suaviza.

A brisa suave do vento, fugaz

Então chego a conclusão de que nada, nem mesmo a morte, vai superar o meu amor por Scott...

Descansa meu filho, o sol já se pôs

No céu a lua jaz...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Temo avisar-vos que estamos próximos do fim... (Aaaaaah). Mas não se preocupem, prometo vos dar capítulos bônus! (EEEEEEHHHH). Só que não abandonem a fic... Algumas das minhas antigas leitoras não comentam mais. (ignorem isso, Anjo e Ester)
E às novas: Não sejam tímidas! Tia Carolzinha precisa de vocês!