Um Amor Definitivamente Inumano escrita por Carol Potter Greymark


Capítulo 11
Labirinto de emoções


Notas iniciais do capítulo

Hey, anjinhas! Duas noticias ; uma boa e uma ruim.
A boa é que fiz uma capa para a fic (eh!), mas como é a primeira vez que faço uma capa, suponho que não esteja muito boa.
A ruim é que vou viajar neste sábado (13) e só voltarei no outro (21), portanto vocês ficarão uma semana sem novos capítulos... );
Mas juro que vou tentar escrever pelo menos mais um até amanha, e se tiver internet aonde vou postarei mais outros.
Aproveitem essa semana livre para relaxarem.
Beijinhos *-*



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Eu guio Scott até minha casa, uma construção antiga de cor esverdeada, não muito distante do centro de Coldwater. O Focus Hatch prateado da minha mãe, brilhante de tão novo, está estacionado em frente ao nosso portão branco bem pintado.

Eu desço do carro e Scott me acompanha, mas seus olhos estão mais frios desde que deixamos a casa de Nora. Eu toco a campainha, e ouço um abafado ‘Já Vou!’ vindo aparentemente da cozinha. Eu encaro Scott, receosa de que atitude tomar. Ele apenas beija minha testa levemente antes de voltar para o seu carro.

–Nos vemos por aí? – eu pergunto, mordendo os lábios e agarrando minha bolsa com força.

Ele sorri.

–Olhe sua bolsa mais tarde. Você saberá.

Então o Mustang desaparece pela rua Orchard bem no momento em que minha mãe abre a porta. Eu respiro fundo.

–Vee, meu bem. – ela me abraça. – O velório ocorreu mais cedo do que previsto e cheguei as quatro. Eu liguei para a casa de Nora e para seu celular mas ninguém atendia...

–Minha bateria acabou. – eu digo, meus pés descalços em contato com o chão gelado delicioso. Meu saltos evaporaram juntamente com Rony. – E quanto a ninguém atender na casa da Nora... É uma longa história...

–Ah, meu amor. Eu fiquei preocupada. – ela vai em direção a cozinha, seus cabelos loiros idênticos aos meus balançando em suas costas. – Mas isso não importa. Você deve estar faminta...

–Mãe... – ela para e vira seu corpo magro em minha direção. Uma sobrancelha erguida e um sorriso nos lábios.

–Sim? – ela pergunta.

–Precisamos conversar... – eu fecho os olhos e massageio as têmporas. Ouço seus saltos batendo no assoalho e sei que ela está vindo até mim.

–Filha? – eu abro os olhos. Seu sorriso se foi, e agora uma expressão de preocupação toma seu rosto. Eu me contenho para não me descontrolar.

–Como você pode mentir para mim? – eu a encaro, surpresa pelo fato de os meus olhos estarem secos e minha voz estar firme.

Para minha surpresa, minha mãe apenas suspira. Ela se senta no sofá e dá um tapinha na almofada ao seu lado, onde eu me sento automaticamente.

–Eu não menti para você, Vee. – é a vez dela de massagear suas têmporas. – Eu apenas não lhe contei sua origem, porque sabia que você iria descobrir sozinha. Era uma questão de tempo.

Eu abro a boca para protestar, mas nenhuma palavra sai. Minha mãe prossegue.

–Se lembra de quando conheceu a Nora? – Eu me lembrava perfeitamente daquele dia. Tínhamos cinco anos de idade. Marcie Millar tinha roubada a boneca barbie de Nora e se escondeu dentro da casinha de brinquedos. Eu não entendia muito bem o que estava acontecendo, mas não tolerei aquela injustiça. Eu aproveitei a distração de Marcie e roubei a boneca dela também, e como vingaça arranquei a cabeça dela e colequei na panelinha de plástico. Uma menininha com cachinhos escuros estava espreitando pela porta e perguntou se podia brincar comigo, porque não estava achando sua boneca. Eu sorri e lhe contei o que tinha feito. Nos tornamos melhores amigas naquele momento, e indiretamente o eterno alvo de Marcie Millar. Eu sorrio com a lembrança e aceno positivamente com a cabeça. – Pois bem. Eu sabia que Blight tinha se envolvido com Hank Millar, e que ele não era humano , tão pouco. Seu pai havia me explicado sobre o mundo sobrenatural , que não passa das fronteiras além do que os humanos querem enxergar. E eu me apaixonei por ele... – lagrimas enchem os seus olhos.

‘Eu tinha dezenove anos quando o conheci. Eu estava saindo da faculdade tarde da noite, eu era uma caloura e não entendia muito do campus, somente que havia uns veteranos que gostavam de garotas novas e infelizmente eu era o brinquedinho novo. Eles eram altos e mais fortes que eu, e eu tinha medo que eles tentassem alguma coisa. Por isso eu sempre saía uma hora depois que as aulas tinham acabado. Eu ficava sentada na biblioteca esperando eles irem embora, para que eu saísse em segurança. ‘ – ela para ao ver minha expressão chocada.

–Querida, isso é sério.– ela me lança um olhar de lado. – Naquela época não existia a delegacia da mulher e ninguém ligava muito para os casos de abuso sexual.

‘ Então uma noite, eles me surpreenderam. Deviam ter sacado o meu esquema, porque quando contornei o estacionamento em busca do meu carro eles estavam lá. Bryan, Colin e Davie, os três atacantes do time de rúgbi da faculdade. ’ – ela interrompe a memoria, claramente abalada. Engole em seco, então continua.

–Eu tentei gritar, mas um deles tapou minha boca e outro segurou meus braços para trás. Lembro do olhar doentio nos olhos de Bryan. Olhos tão bonitos...

‘Ele tentou tirar minhas calças, mas eu o chutei. Então ele ficou com raiva e deu um soco no meu estômago. Eu perdi todo o ar dos meus pulmões, e achei que fosse morrer naquele momento. E então...’ – ela faz uma pequena pausa. ‘ Ela estava lá. Eu nunca o tinha vista, mas não importava. Ele afastou os agressores de mim. Eu estava meio inconsciente de dor, pois além do soco, Bryan tinha me dado um chute nas costelas. Então apenas deixei que o homem desconhecido me carregasse para longe dali. Eu acordei no meu quarto. E ele estava lá, me protegendo. Eu perguntei : Quem é você? De onde você veio?, mas ele apenas sorriu e acariciou meus cabelos. Então eu voltei a dormir, e quando acordei ele não estava mais lá. Sua avó Ada me perguntou porque eu não voltei com o meu carro e eu inventei uma desculpa qualquer, não me importando se era coerente. A única coisa que eu queria naquele momento era reencontra-lo. Rever o homem misterioso que salvara minha vida.’

–E ele veio até mim. Durante um mês, todas as noites, ele ficava comigo. Não dizia nada, e eu não ousava perguntar. Não queria que ele fosse embora novamente.

‘Ele se sentava na beirada da minha cama e acariciava meus cabelos até que eu dormisse. Então um dia eu não suportei mas e reuni toda minha coragem para perguntar-lhe novamente quem ele era. Ele disse que costumava ser um serafin, um anjo do mais alto escalão celestial, até que ele se viu tentado pelos prazeres humanos e resolveu descer.Ele não estava aqui há muito tempo, afinal dez anos é um piscar de olhos quando se é imortal. Ele estava por perto quando eu estava correndo perigo, e resolveu intervir. Então, de acordo com as leis de seu mundo, ele era, a partir de agora um anjo da guarda. O meu anjo da guarda.’

Um serafin. Isso explica como ele conseguiu possuir outro anjo caído... Não que isso seja um poder do qual se deve orgulhar, tampouco.

–Nós acabamos nos envolvendo. – ela suspira. – Então resolveram cortar as asas dele, e ele voltou a ser um caído. Mas ele não se importava. – ela sorri, lágrimas escorrendo silenciosamente pelo seu rosto. – Ele me disse que já tinha cometido muitos erros, inclusive tinha gerado um filho em uma mulher humana por intermédio de outro anjo caído, mas que se arrependera de tudo. E que estava disposto a começar uma nova vida comigo.

‘Ele passou a frequentar a mesma faculdade que eu. Os veteranos nunca mais ousaram chegar perto de mim. Com Adam, sim, Adam era o nome que eu tinha escolhido para ele; eu me sentia segura.’

‘Então, você nasceu, um ano depois. Ele costumava cantar uma canção de ninar para você, uma que ele mesmo compôs. Ele disse que um dos muitos dons dos serafins era o de criar melodias. Você não deve se lembrar, mas eu me lembro muito bem. ’ Então ela começa a cantar, e eu a acompanho. No inicio ela parece surpresa que eu saiba cantá-la de cor, mas não interrompe a canção em nenhum momento.

O toque macio das penas de anjo

A brisa suave do vento, fugaz

Descansa pequena, o sol já se pôs

No céu a lua jaz

Entre vales e campos

Oceanos sem fim

Quando a solidão

Parecer te abraçar

Escute minha voz

Um pedaço de mim

E lembre-se que

Sempre vou te amar

Nós finalizamos a canção, e os olhos dela, para minha surpresa ,estão secos. Eu sinto um calafrio quando percebo que está chegando a pior parte da historia...

–Mas um dia... – ela disse, ódio tomando o lugar das lágrimas inexistentes em seus olhos. – O anjo que ele tinha possuído, um homem chamado Matthew Armstrong, reuniu um grupo de provas que o incriminavam, incluindo um assassinato que não ocorreu e o entregou aos arcanjos que estavam por aqui por algum motivo de patrulhamento.

‘Ele não teve chances, é claro. Os habitantes celestiais guardavam por ele um rancor maior se comparado aos outros anjos caídos, porque outrora ele fora um membro do alto escalão. Eu não tive tempo de me despedir. A ultima coisa que ele me disse foi para encontrá-lo na quadra da CHS, onde costumávamos invadir e fazer piqueniques . Mas quando cheguei lá só havia uma única pena acastanhada... E eu sabia que não havia mais volta. ’

Ela finaliza a história e eu sinto uma pontada dolorida no peito. Era por isso que ela não quis me contar. A verdade é muito dolorosa. Eu me sinto culpada por ter julgado o meu pai, pensado que ele um traidor de seu próprio sangue.

Mas quando estou com Scott minhas próprias noções da realidade parecem perdidas. Não tenho culpa de a minha temperatura subir ou da energia potencial que seu toque me transmite.

A historia de minha mãe, que tinha como objetivo tornar as coisas mais claras, só me deixou mais confusa. Não sei se devo confiar em Scott... Talvez ele não seja o certo... Mas o que adianta se quando seus lábios estão colados aos meus eu perco a noção do certo e do errado?


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Ester, apareça nos reviews! Amo todas vocês!