-Não, não e não!! Tem de estar tudo perfeito!

-M- Mas senhorita White, isso fica fora do nosso orçamen…

-Eu arranjo dinheiro suficiente. Agora, preciso do casamento perfeito!!

Lá estava eu: Com um cabo de cavalo, e com papéis e cadernos na mão, organizando tudo para o dia mais feliz de toda a minha vida! O meu casamento.

-Hehe… Não acha que a White se esforça demais Cheren? -Perguntou Bianca, sentada numa das mesas com o seu marido, enquanto ambos faziam uma pausa, já que trabalhavam bastante desde manhã, totalmente animada.

-Até acho que ela está mais animada que ele… -Já Cheren, o marido de Bianca, casados à mais ou menos dois meses, achava que eu não devia ficar com o N, por ser bem diferente de mim, embora ele respeita- se perfeitamente e me apoiasse a 100%.

-Senhorita White… -Enquanto eu apontava as coisas todas num caderninho, o homem que tratava do meu vestido, o senhor Jason veio até mim.- O seu vestido estará pronto amanhã de manhã… Porque não vai para casa descansar? Você é tão aplicada em tudo o que faz e está aqui desde manhã… Já são seis da tarde, melhor você ir descansar, pois em dois dias será o grande dia!

-Talvez tenha razão senhor Jason… -Suspirei sorrindo, colocando o caderno e a caneta em cima de uma mesinha do local ainda por decorar.- Amanhã volto para esperimentar o vestido e acabar os preparativos!

-Pode relaxar White, eu e a Bianca ajudamos no resto até às sete horas. Pode ir tranquila e lá namorar com o senhor Natural. -Cheren riu um pouco, enquanto Bianca abraçou com força o braço dele.

-Exatamente! Aproveite a tarde e a noite para namorarem e descansarem! Eu quero a minha amiga perfeita e relaxada no casamento! -Ela sorriu docemente, dando- me um abraço apertado.- Agora vá para o seu carro, vá até casa, não pense em preocupações! Já deve fazer umas semanas que não namoram direito não é?

-Exato! -Eu sorri de volta, separando- me e pegando nas chaves do meu carro. Despedi- me de todos, e saí do local onde se iria realizar o casamento.

Mesmo antes de entrar no carro, olhei uma última vez para o edifício. Já conseguia imaginar- me a entrar na igreja, com aquele vestido lindo e com o meu lindo N esperando no altar… Não consigo parar de imaginar tanta perfeição!

Entrei no carro, e coloquei a chave, começando a dirigir, embora sempre com um sorriso bobo e pensamentos distantes. Foi tudo tão rápido que só uns cinco minutos depois do carro parado já à porta de casa é que entendi que havia chegado à nossa casa. Exatamente, eu e N vivemos juntos à umas duas semanas, para arranjar tudo para o futuro.

Fechei o carro, e peguei nas chaves de casa. Abri a porta, e suspirei ao fechá- la, já cansada. É normal, quer dizer… Uma mulher de 23 anos, que trabalha e que tem de arranjar tudo sozinha é difícil.

Abri os olhos, com as costas contra a porta, até me dar conta de uma coisa: Onde está o N?

Examinei a sala de estar, e nada. Continuei andando, e procurei pela cozinha: Nada.

Mas, à medida que ia andando pelo corredor ouvia… Gemidos? Ou um barulho baixo e estranho. E quanto mais me aproximava do quarto, o barulho aumentava.

Paralisei ficando à porta do quarto, colocando a mão na fechadura. Será que… Não. Ele não faria isso. Pelo menso dois dias antes do casamento não é?

Ah White, não duvide do homem da sua vida. Você pode girar a fechadura normalmente, que aposto que deve ser a Tv ou algo assim.

Mas eu senti um peso no estômago. Fechei os olhos, e abri a porta rapidamente, para tirar as minhas dúvidas e para saber se realmente era… ‘aquilo’.

….Infelizmente, era aquilo mesmo.

-W- White!! -Berrou N, enrolado nos lençóis, em cima de uma mulher qualquer que nem reconhecia, mas vi o seu rosto por uns três segundos. Só de ver o rosto dela, uma facada foi como se rasga- se o coração em pedaços. Já N estava paralisado, enquanto a mulher, com voz impaciente perguntou em voz alta:

-Quem é ela?

Simplesmente fechei a porta com força, e corri dali para fora. Conseguia ouvir N berrar o meu nome enquanto se vestia rapidamente no quarto, mas eu não liguei. Corri até ao carro, e saí do local na maior velocidade que consegui, sem olhar para trás e vê- lo correr desesperadamente atrás do carro.

Sinceramente… Sentia um vazio dentro de mim. Não era bem tristeza era… Desilusão.

Olhei para o relógio que dava quase oito horas da noite. Decidi ir para casa da Bianca e de Cheren, embora fosse estranho aparecer lá sem avisar, mas nem pensei nisso, simplesmente fui a toda a velocidade para lá.

Meus pensamentos, o meu coração e tudo dentro de mim estava... vazio. Vazio e afogado em lágrimas.

[...]

Bati à porta da casa deles tentando esconder as lágrimas. Eram exatamente 8:07h da noite, e Cheren abriu a porta.

-W- White…? -Ele ficou me olhando, pois obviamente, mesmo tentando esconder, estava toda vermelha e cheia de lágrimas.

-Oh é a White?! -A voz da Bianca surgiu da cozinha, com a voz dela animada. Ela espreitou por de trás de Cheren até ver o meu rosto.- O que aconteceu White?!

-O… O N… -Tentei forçar a voz entre soluços, mas nem consegui terminar. Bianca apenas me abraçou com força, e me levou até à sala de estar deles.

Sentei- me no sofá, e bebi um pouco de água para tentar me acalmar. Uns minutos depois, ambos no sofá à frente de mim, tentaram falar calmamente para eu não me stressar mais.

-Okay White….Me conte o que aconteceu… -Cheren, totalmente preocupado, tentou falar calmamente.- Você e o N discutiram?

-Quem me dera que fosse isso… -Desabafei, já deixando as lágrimas caírem.

-O que foi White- Chan…? -Bianca olhou- me totalmente preocupada, e eu simplesmente desabafei num choro.

-O N… Estava na cama com outra… Q- Quando cheguei a casa… -Depois desta frase, libertei todas as lágrimas e soluços, deixando o casal totalmente paralisado na minha frente.

-Dois dias antes do casamento!? -Berrou Bianca, até receber um olhar reprovador de Cheren para calar a boca.

-White eu… Lamento tanto… Se quiser cá passar a noite, eu entendo perfeitamente. Nós temos um quarto a mais, e se quiser partilhar o quarto com a Bianca tudo bem.

Uma das coisas que admiro muito em Cheren é por sempre colocar os amigos e a Bianca na frente de tudo. Mas eu neste momento não estava nem aí.

Comecei a chorar, a gritar e a desabafar tudo dentro de mim. Os meus amigos de infância, até hoje sempre me apoiaram...

E eu agora preciso mais deles do que nunca... Minha vida acabou de se auto- destruir num espaço de 5 minutos.

Cinco malditos minutos...