Entre Perdas e Conquistas escrita por Amanda R


Capítulo 45
Capítulo 45




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— Pode falar – digo assim que o Edward sai em direção ao seu carro.

— Não podemos ir para um lugar melhor para ter essa conversa?- ele pergunta olhando para a movimentação na calçada que a gente estava.

Concordo, mas esclareço as minhas intenções antes de ir.

— Quero deixar bem claro que só estou indo pela consideração que tenho pelo passado, se é que vale algo – Ele assente sem questionar, então o sigo. Não andamos muito e vejo que ele me leva para um parque tinha um lago que ficava ali perto. Caminhamos um pouco em silêncio com o clima entre a gente mais pesado possível.

Olho seu perfil e sinto que não conhecia esse homem, na verdade, nunca conheci. Me sinto muito mal ao constatar isso, meu estômago estava embrulhado e uma násea começou a me envolver.

— Não posso dizer em palavras como estou envergonhado por ter mentido para você – disse Jacob quando chegamos perto do lago. Ele se vira para me olhar, mas mantenho meu olhar distante dele - Mas não me arrependo de ter estado lá quando você precisava.

— Isso não explicar o que você fez – mantenho a voz neutra – Tem noção que mentiu sobre tudo? Que aquela não era sua vida? Como conseguiu manter essa atuação por tanto tempo? – pergunto tudo de uma vez só e olho para ele esperando uma resposta, mas sabia que não existia uma explicação descente para aquilo.

— Não foi atuação- ele diz ofendido .

— Não? Olha para você, Jacob – aponto para ele mesmo – Esse homem na minha frente não tem nada haver com o Jacob que conheci.

Ele nega com a cabeça repetida vezes.

— São só roupas.

— Pra mim elas falavam quem você era – ele sempre parecia com roupas leves, menos extravagantes, nada perto daquilo que estava usando. Mas fazia sentido, aquilo tudo era um disfarce, que a idiota aqui acreditou. - Você provavelmente tem um emprego bom, uma família, uma casa, como pode largar tudo isso? Por dinheiro? – porque minha mãe deve ter pagado a ele rios de dinheiro. Jacob largou sua vida para viver outra e isso não era barato.

Ele me olha surpreso.

— Nada foi sobre dinheiro, você não sabe o que está falando – Seu tom é acusatório e isso faz com uma risada triste saia da minha boca.

— Então o que quer que eu pense? Porque estou completamente perdida.

Ele passa as mãos no rosto parecendo casando.

— No começo era apenas um trabalho. Comecei a te observar de longe, passava todas informações possíveis e as fotos que conseguia, mas em um momento isso não era o suficiente e meu chefe me pediu mais e mais informações, que era impossível de conseguir estando tão longe. Ele me instruiu a ficar mais perto possível de você, o artifício mais óbvio naquele momento era morar perto. Quando me vi estava alugando um apartamento no mesmo prédio – ouvir tudo aquilo e a cada informação meu estomago se embrulhava mais ainda.

— E ai decidiu entrar na minha vida e me fazer de idiota acreditando que tinha um amigo ao meu lado – concluir a história.

— Não, não, não... Bella. Acredite, me apaixonei por você, esse sentimento foi a coisa mais importante que aconteceu na minha vida e conseguir ficar lá por causa disso – disse quase desesperado para que eu acreditasse em suas palavras.

E sim, eu acreditava que ele era apaixonado por mim. Impossível ele fingir aquele sentimento tão bem. Quando se declarou pela primeira vez eu quase tive um ataque, por mais que gostasse dele, não o via com os mesmos olhos que ele me via. O Jacob era apenas um amigo, um amigo querido, que agora não sei bem se é mais.

— Não pensou a nenhum momento me contar?

— Eu tinha um contrato a cumprir e ele estava prestes a terminar. A hora de te contar estava ficando cada vez mais perto, mas não sabia nem como começar.

— E como me encontrou?

— Eu sou um investigador, então foi fácil te encontrar. Quem te achou para a sua mãe te ligar foi eu, não conseguir vim antes, porque minha avó estava bem mal, não queria deixar ela sozinha – pelo ele não mentiu algo tão serio - E por falar na sua mãe, sinto muito pelo que aconteceu.

Apenas assinto.

— Você tem algum contato com o meu pai? – pergunto em uma esperança tola de ver se Charlie se importo um pouco comigo.

— Não, era apenas sua mãe.

Claro que não.

Fecho os olhos e respiro fundo antes de falar.

— Tenho raiva pelo que você fez – sou sincera.

— Eu sei – e fez uma expressão de dor como se aquilo doesse nele o tanto que me doía – Mas por favor, me deixa pedir perdão. Sei que vai precisar de um tempo, mas desejo que possa superar essa raiva e que um dia pudessimos seguir em frente com o que tínhamos - as suas últimas palavras me incomodam.

— Eramos amigos, Jacob , nunca passou disso – deixei claro.

— Porque não me deu oportunidade, não se deixou permitir o sentimento que sei que tem por mim – aquela alto certeza me incomodou mais ainda, mas nada estava perto pelo que ele disse a seguir – Eu tenho a Mel como uma filha e você não pode tirar esse sentimento de mim.

Se ele me dissesse isso antes de eu descobrir tudo, ia entender sua fala, mas agora não conseguia ter empatia.

— Eu entendo que você gosta dela, mas a Mel tem um pai, Jacob.

Ele dar um sorriso irônico.

— Aquele homem que estava com você é o pai dela?

— Sim.

— Você o perdoou? – Ele quis saber.

Eu sabia onde ele que ia chegar e Jacob não ia fazer aquilo comigo.

— São histórias completamente diferentes, só quem sabe o que vivi foi eu. Eu perdoei Edward e a minha mãe, mas em nenhum momento eles foram alguém que diziam ser. Você me contou historias, olhou nos meus olhos me passando confiança e aliviando os momentos mais tensos, mas não tenho como saber o que era verdade e o que era calculado por você para chegar até a mim.

Ele me olhou em silêncio por um minuto sem saber o que falar

— A partir do momento que você me notou tudo e todas as coisas que aconteceram entre a gente foi natural. Você tem que acreditar em ....

— É difícil – o corto com a voz totalmente segura.

Jacob me olha um pouco surpreso.

— Você não parece a mesma, Bella.

—E eu não sou – respondo orgulhosa. Sim, me orgulho por ter finamente conseguido resgatar essa confiança que estava guardada dentro de mim.

— Então você escolhe ele – se refere ao Edward.

— Eu o amo, tudo que a gente passou e tudo que ele me fez foi pensado e repensado milhões de vezes na minha mente, mas ele me reconquistou. Me mostrou o homem que sempre amei. E não me peça pra escolher um dos dois.

— Esse homem não te merece - disse ele entre os dentes.

—E quem me merece?

Ele dá de ombro.

—Não sou perfeito, mas ele é um...

— Não fale o que não sabe – o corto - Você não sabe o que aconteceu comigo nesses últimos meses, não sabe o que passamos para chegar até aqui.

Jacob suspira.

— Tudo bem. Sei que não vou mudar sua mente. Só me deixe entrar na sua vida e deixar tudo como antes... A nossa amizade.

— Impossível. Eu não sou a mesma, como você disse, e nem quero ser. Sei que com o tempo vou entender o que você fez, suas boas intenções, e que em saber podemos virar amigos novamente , mas por favor esqueça qualquer coisa além disso.

Seu olhar me passa uma tristeza profunda.

— Pelo menos posso ver a Mel?

— Não agora, mas sei que ela ficaria feliz em te ver.

Jacob dar um sorriso pequeno.

— Pode me passar seu número? – Ele me pergunta quase como tivesse certeza que ia ouvir um não.

Mas assinto, porque não conseguia deixar ele mais magoado do que estava. Sempre soube dos seus sentimentos por mim, e sei quanto é duro ter a indiferença de uma pessoa que você ama.

Estendo a mão e ele me entrega o seu celular. Digito o número e lhe devolvo.

— Agora preciso ir

Ele concorda sem falar mais nada.

Era nítido seu desânimo e decepção comigo, mas por agora não podia fazer mais nada.

Digo adeus e saio de perto dele. Precisava ficar longe para poder respirar. E sem falar que a agonia no meu estômago estava cada vez mais forte.

A maneira que andava pela calçada, de volta a cafeteira, ficou quase insuportável de segurar.

Alguns quarteirões a frente me encosto na parede de um dos edifícios. Puxo uma respiração profunda e oro para aquilo passar, mas não deu e quando vi estava inclinada ao chão vomitando todo café que comi com Edward a um tempo atrás.

— Senhorita Swan – ouço gritos de Tyler de longe, mas não me concentro nisso, porque mais ânsia se passa no meu estômago.

— O que aconteceu? - sinto os braços de Tyler me amparar para que eu não caísse no chão. Não tinha força.

Não conseguir responder, porque vomitei novamente.

— Deus, o Senhor Cullen vai ficar louco – disse Tyler tentando segurar meu corpo e meu cabelo ao mesmo tempo.

— Eu estou bem – digo depois de ter certeza de que nada mais ia sair de dentro de mim.

— Precisa ir para um hospital, pode ser uma doença grave- olho para Tyler que estava desesperado sem saber o que fazia comigo e isso faz com que uma onda de risos caia sobre mim. O Taylor me olhar como se eu fosse louca – Edward vai enlouquecer, quero ver rir quando ele querer que a senhorita faça todo tipo de exame pra descobrir o que tem.

— Desculpa, Tyler – digo controlando o meu ataque repentino – Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas tenho certeza que não é nada grave, juro. Só preciso ir pra casa.

Ele assente desconfiado, mas me ajuda a me levar para o seu carro.

— Foi o Edward que te mandou? – Pergunto quando entramos no carro.

— Quando ele me ligou já estava no caminho, você não atendia o celular. Saiu antes que eu chegasse da escola da Mel.

Estranho por ele está falando tão livremente e principalmente por ter se referindo a mim como “Você”, mas não digo nada.

Acho que finalmente ele superou o que tinha acontecido lá atrás.

..................

Quando chego em na mansão vou direto para o quarto mais perto e me deito.

Só dá um tempo ate que Tyler conte tudo o que houve a Amalie e ela vem rapidamente até a mim, perguntando se estava realmente bem.

Garanto A ela que apenas precisava deitar e descansar. Ela me deixa, mas antes me dar um copo com água açucarada e aquilo me deixa um pouco melhor.

Acho que cochilo um pouco e acordo sentindo uma mão fazendo carinho na minha cabeça.

Conhecia aquele toque e o cheiro inconfundível.

— Fiquei tão preocupado – Edward fala.

Abro os olhos e fito seus olhos verdes preocupados.

— Eu estou bem – falo sonolenta.

Ele beija meu rosto e me envolve em seus braços. Afundo meu rosto no seu peito e fico ali quietinha ouvindo as batidas do seu coração.

— Um médico precisa te ver, não é normal o que aconteceu – Ele insiste.

— Acho que fiquei muito mal pela conversa com Jacob e isso acabou mexendo comigo – admito.

Sinto seu corpo ficar tenso com a minha admissão.

— Não deveria ter te deixando sozinha com ele – Ele me abraça mais apertado.

— Não tinha nada o que você pudesse fazer. E pelo menos conversamos e Jacob me contou tudo. Não resta nenhuma dúvida – faço carinho no seu peito que estava coberto por sua camisa social de mais cedo, olho para o resto do seu corpo e ele também estava de calça social. Confiro na janela o sol ainda presente – Saiu do trabalho novamente. Vou acabar sendo processada por manter você longe da empresa – brinco e o faço ri um pouco.

— Cancelei tudo por hoje. Não tenho mais cabeça, talvez a noite faça algo, mas agora quero ficar aqui, mimando você – uma mão sobe e desce na minha coluna e a outra na minha perna- Agora me diz, ainda vai ver esse homem?

Levanto o rosto e vejo suas feições totalmente tensas.

— Ele foi meu amigo, mas não sei, parece estranho. Sinto que é alguém esquisito para mim, não é o Jacob que conheci, mas ao mesmo tempo ele estar lá – sou sincera, mesmo assim Edward não relaxa.

— Ele lhe quer – Edward desvia seu olhar do meu.

Levanto minha mão e toco seu rosto fazendo com ele voltasse a me olhar.

— Mas eu não quero, nunca quis – tento transmitir toda sinceridade para Edward.

Ele me olhar em silêncio por alguns segundos. Quase consigo ouvir as engrenagens trabalhando e pensando o pior cenário que poderia acontecer.

— Já se beijaram? – quase reviro os olhos para essa pergunta, mas me mantenho neutra, ele não ia me irritar com essas perguntas tolas.

— Ele tentou, mas não rolou.

Ele assente, mas as perguntas não acabam aí.

— Ele conhece a Mel, não é? -

— Sim, e pediu para ver ela – ele arregala um pouco os olhos.

— O que você disse?

— Pra me dar um tempo e que ia pensar – digo dando de ombro.

Ele assente mais uma vez sem questionar a minha decisão, mas sinto que ele não está bem. Algo a mais incomoda ele.

— Ei – me sento e beijo seu rosto – Me diz o que está te incomodando.

Seu olhar desvia do meu como se tivesse realmente constrangido em admitir o quer que seja. Mas respiro aliviada quando ele fala.

— Morri de medo dele te convencesse de que eu não presto – Ele admite.

— Ele disse, mas tenho minha própria verdade. Sei no que acredito e sei pelo que passamos para chegarmos até aqui. Não vou deixar nada abalar a confiança que você a cada dia está construindo pra gente, só uma pessoa pode fazer isso, e é você.

Ele ouve o que falei calado, mas sua expressão relaxando aos poucos e vejo nos seus olhos admiração.

— Nunca vou fazer algo para que essa pequena confiança que estou construindo para você seja abalada. Eu te amo tanto. A cada dia que se passa você me surpreenda mais – ele me beija lentamente e eu posso dizer que ele estava completamente relaxado agora - Amo ouvir sua boca inteligente, sabe?

Sorri.

— E é? – brinco.

— Sim, mas não mais quando ela estar em mim – Ele volta a me beijar. Puxa meu corpo completamente para ele fazendo com que me sentasse em seu colo. E quando do vejo, já estou completamente entregue.

Passo minhas mãos pelo botão da sua camisa tentando tirá-la fora do seu corpo. Precisava sentir sua pele sobre minhas mãos.

Suas mãos também trabalhavam em me deixar sem roupa.

— Droga – Ele xinga de repente enquanto puxava o fecho do sutiã e os meus seios ficam livres.

— O que foi? – pergunto me separando um pouco dele.

— A gente não pode fazer isso agora, o seu médico vai chegar a qualquer momento.

— Edward, não – gemo o abraçado sem querer sair dali – Eu estou maravilhosa agora. Não preciso de médico. Pode cancelar – concluo e beijo seu pescoço e comemoro vitória quando ele geme e me abraça mais apertado.

— Não – Ele diz a palavra com certa dificuldade.

Tento de algumas forma prendê-lo ali, mas Edward é bem mais forte e quando vejo ele já estava em pé ao lado na cama.

— Você vai ser atendida – Ele diz ainda me fitando com desejo mesmo querendo ser responsável – Não se brinca com saúde, então se vista algo, pro amor de Deus – ele joga o lençol em cima de mim.

Sinceramente não sei o que me dar. Puxo o lençol para bem longe e passo a mão pelo meu corpo até chegar aos meus seios.

Edward me olha sem acreditar no que estava vendo.

Fecho os olhos e me deixo ser devorada pelo desejo absurdo que toma conta do meu corpo.

Amasso os seios em minhas mãos e gemo quando belisco os mamilos sentindo uma pontada descendo pela minha barriga.

— Você vai me matar – ouço ele dizer e tenho vontade de ri, mas me concentro em me tocar – Bella, não faz isso.

— Não consigo, preciso de você Edward, por favor – abro os olhos e quando vejo a chama de desejo incontrolável em seu rosto e eu sei que venci a batalha.

..............................................

A tarde se vai e o Edward vai buscar a Mel na escola.

Depois do nosso momento, o médico chegou logo depois, e como disse, não era nada demais. Mesmo assim, colheu meu sangue para fazer alguns exames mais detalhados.

Aproveito que estava sozinha e começo a ligar pra universidade, perguntando se podia continuar meus estudos. Porque já faziam duas semanas que o feriado do ano novo tinha acabado, assim como a Mel todos estudantes já estavam com seu horário normal de aula. Eles me passaram algumas informações, mas pediram para ir até o campus para me passar tudo corretamente. Marquei um horário para 10 horas da manhã.

Desligo a ligação muito ansiosa para que o tempo passasse rápido.

Uma hora depois a Mel chega toda alegre como de costume. Ficamos brincado no quarto enquanto Edward foi fazer algum trabalho no seu escritório. Desço para cozinha depois de ter dado um banho na Mel e vestido seu pijama de ursinho. A Amalie já tinha ido embora.

— O que quer comer ? – pergunto pra ela. A Mel me olha surpresa, porque raramente lhe perguntava isso, sabia a filha que tinha e que ela ia escolher besteira.

Mas como hoje a manhã foi de comemoração junto com tensão, eu queria mesmo era relaxar.

— Pizza – ela grita.

— De frango com queijo?

— Sim e a de chocolate com morango – ela junta as suas mãozinhas na frente – Por favor – Ela tenta me convencer.

Estreito meus olhos para ela, mas cedo.

— Certo, mas enquanto a pizza não chega vamos fazer sua tarefa de casa – aponto para a sua bolsa que tinha trago quando descemos.

Ela assente sem questionar, porque amava isso.

Pego o telefone que ficava na cozinha e ligo para o escritório do Edward.

— Quer pizza pro jantar ? – pergunto assim que ele atende.

— Nossa que bom – uma das comidas preferida dele era essa.

— Sabor queijo?

— Sim, e desço já com um vinho para gente.

Desligo o telefone e ligo para uma pizzaria que tinha na agenda.

Pizza encomendada, fico orientando a Mel na sua tarefa até que o telefone da cozinha toca.

Espero um pouco para ver se o Edward atende lá no seu escritório, porque quem normalmente ligava para ele era a seus pais, mas me levanto para atender, porque ele continua insistindo em tocar.

— Boa noite. Queria falar com a Isabella Swan – A voz do Charlie na linha me faz congelar.

Desde que voltamos de Londres não soube mais nada dele.

— Oi, sou eu – digo assim que me restabeleço.

Ouço sua respiração abafada.

— Oi, acabei de chegar de Londres. Quero muito falar com você - Ele foi direto.

— Claro, pode falar - digo estranhando aquilo.

— Pode ser pessoalmente? Não é um assunto que deve ser tratado por telefone.

— Você estar bem? - Pergunto preocupada.

Ele não responde de imediato.

— Estou, não é nada sobre mim.

— Ok, podemos marcar, pode ser amanhã?

— Não tem como ser hoje? – Ele responde com outra pergunta.

Olho pra Mel que ainda estava concentrada no seu dever de casa.

— Não, estou cuidando da Mel, não posso sair – por mais que a curiosidade de saber o que ele tinha para falar, eu não queria sair.

— O Edward?

— Ele está trabalhando, então só amanhã.

Ouço ele respirar fundo pela linha.

— Certo, de nove horas estar bom para você?

— Pode ser de 8 horas? Tenho um compromisso as dez e não posso correr o risco de me atrasar – explico.

— Tudo bem, então as oito hora – Ele concorda.

— Você está na casa principal? – pergunto e sinto minha voz sair meio estranha a se referir a casa que nasci e cresci.

— Sim- ele responde e se despede sem falar mais nada.

Desligo o telefone e não fico ressentida por Charlie falar só o necessário, já me acostumei.

.........................

— Vai sair tão cedo? – Edward me pergunta quando entra no quarto e me ver arrumada.

Ele também já estava de terno pronto para ir ao trabalho.

— Acabei esquecendo de te dizer que ontem meu pai ligou e quer falar comigo hoje – disse enquanto ajeitava meu cabelo e olhava para ele sobe o reflexo no espelho.

— O que ele quer ? – Edward estranha como eu fiz.

Dou de ombro.

— Não sei, talvez seja algo sobre a Renée, é o único assunto que temos em comum.

Ele ligeiramente franze o cenho, mas não diz nada.

— Eu posso te levar.

— É totalmente oposto da sua empresa. Ele marcou comigo na casa onde.... eu morava – Ele assente entendendo e vem para mais perto de mim e envolve minha cintura colando seu corpo ao meu.

— Você está bem? – pergunto, porque percebeu a minha hesitação quando falei da casa.

— Estou, não se preocupe – me viro e lhe dou um beijo rápido.

................

Assim que toco a campainha da casa o Charlie abre a porta.

Me assusto com o que vejo.

Ele parecia muito cansado, as bolsas roxas em baixo dos olhos denunciava isso. Mas o que me fez querer perguntar se ele estava bem foi seus olhos triste, não via mais aquela indiferença de antes. Na minha frente havia apenas um homem triste.

Não posso dizer em palavras o quanto aquilo me abala.

Ele estava sozinho depois que a minha mãe se foi, então não havia ninguém para lhe dar apoio. Já foi tão horrível para mim mesmo tendo apoio do Edward e a Mel, imagina para Charlie.

Sem poder segurar me sinto de certa forma culpada.

Será que deveria ter tentado mais? Ter insistido em ter alguma relação com ele?

Mas logo me lembro da sua indiferença fria em minha direção naquele tempo e tenho minha resposta.

Não, ele de qualquer maneira não ia me deixar de forma alguma entrar em sua vida.

— Bom dia – digo sendo a primeira a falar.

— Bom dia – Ele acena com a cabeça- Pode entrar.

Entro na casa e é como se um vento frio passasse por mim, porque todo meu corpo se arrepia.

Fecho os olhos segurando as emoções dentro de mim.

— Podemos ir ao escritório, lá será melhor para conversamos – Ele diz e segue. Vou atrás dele olhando todos os detalhe da casa.

Por incrível que pareça estava exatamente da mesma maneira de como me lembrava.

— Aqui- ele abre a porta do escritório e me dar espaço para entrar.

Entro no local e também estava do mesmo jeito. Sigo meu olhar pelas prateleiras cheias de livros, eles estavam intocáveis.

Corro meus olhos para a parte que ficava especificamente a minha parte e todos eles estavam lá.

Meus olhos se enchem de lágrimas.

Eu amava tanto esse lugar, era meu espaço preferido da casa depois do meu quarto.

Ouço o Charlie tossi e isso me tira das minhas lembranças.

Levo a mão rapidamente ao rosto e limpo qualquer vestígio de lágrimas que haviam ali.

— Podemos começar? – pergunto tentando disfarçar.

Ele acena e se senta na cadeira atrás da grande mesa de madeira que ficava na principal parede.

— Não sei como começar isso – disse Charlie depois que me sentei em uma das cadeiras em frente à mesa - Nem sei mesmo se faz sentido depois de tudo.

Franzo o cenho ainda mais curiosa pelo que ele tinha a dizer.

Observo o Charlie abrir uma gaveta da mesa e pegar uma pasta preta de lá.

— Sua mãe me fez jurar que ia te entregar essa pasta assim que ela se fosse, mesmo se você não tivesse ido ate Londres – disse enquanto me estendia a pasta.

Pego ela com as mãos meio trêmulas por saber que tinha sido enviada pela minha mãe.

Abro a pasta mais rápido que posso.

Logo em cima tem uma carta junto com vários papéis.

Antes mesmo de abrir a carta sinto meus olhos lacrimejarem.

“ Oi, Bella.

Se você está lendo essa carta é porque o Charlie fez o que prometeu.

Não sei como te dizer isso sem parecer estranho, mas quero que saiba que meus olhos te seguiram por todos esses anos.

Estranho começar uma carta assim, mas é verdade. Te amo tanto, meu bem. Cada pedaço da minha alma morre a cada dia que passo longe de você. Possivelmente sei que você pode me odiar por ter te deixado ir, mas quero que saiba que me arrependo. Palavras não pode transmitir o significado do meu arrependimento.

E por que não te procurei? Você deve estar se perguntando.

É tão difícil, mas tenho que ser honesta, tenho tanto medo de olhar nos seus olhos e ver algo além da doce menina que eu tanto cuidei, e principalmente não quero que você me veja como estou agora. O Charlie deve ter te falado meu estado de saúde. Mas não quero falar disso aqui nessa carta. Meu objetivo é fazer você aceitar tudo que tem direto.

Esses anos que se passaram te ajudei mesmo sendo por outra pessoa, mas agora quero que saiba que nunca te esqueci, não pode fazer sentido, eu sei, e realmente não faz. Te neguei uma vida completamente diferente daqui você vive e agora quero te devolver ela.

E sei que a única coisa que posso fazer por você é o financeiro, para a minha tranquilidade, sei que é feliz. Como não ser tendo uma filha tão linda quanto a sua. Sou apaixonada pelo nome que você deu a ela, Melanie.

Ela também merece um futuro melhor. Então se não for por você própria, aceite por ela tudo que tem nesses papéis.

Tanto tempo longe, mas sei exatamente o que você estar pensando: Está negando tudo enquanto ler essa carta. E não posso te julgar.

Pensando nisso, a herança não estar em seu nome e sim no da Melanie. Penso que para ela você não pode contestar meu ultimo desejo.

Por favor, não negue, estou apostando todas as minhas fichas nessa carta, mas o maior mesmo é que você é mãe e entende que a Melanie precisa de um futuro seguro como eu quero que o seu seja”.

Olho para a data que a carta foi escrita e é impossível segurar a emoção.

Foi no começo do ano passado que a Renée escreveu essa carta. Eu mesma nesse tempo nem sonhava com tudo que ia acontecer na minha vida, enquanto ela, estava pensando no meu futuro e no da Mel.

E sim, ela estava certa. Não passava pela minha cabeça que ia receber algum tipo de herança vindo dela. E Renée adivinhou meu pensamento, se fosse para mim, não ia aceitar de forma alguma nada daquilo automaticamente, e mesmo assim, ainda não sabia o que pensar.

Pego os papéis. Eram tantos, que os devolvo a pasta sem ler nada.

Levanto meu rosto e encaro o Charlie.

— Acho que não preciso falar mais nada – disse ele colocando um ponto final da conversa que nem começou.


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Notas finais do capítulo

Bella rica?