O Ministério escrita por Vendetta23


Capítulo 3
As Masmorras




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Após a Batalha de Sombras, os humanos que conseguiram sobreviver após se lançarem na floresta construíram cidades muradas e se isolaram dos Seya, a reconstrução de sua cultura, religião, arquitetura, mitos, que se deu depois do estabelecimento dessas cidades, girou entorno do medo dos Seyas e do mundo fora das muralhas. Para isso o Ministério foi criado, submetido ao poder real, com vários órgãos espalhados pelas várias cidades, uma delas Ali, cujas ruas neste exato momento eram cortadas por Adam, que, apressado, se dirigia ao Ministério para prestar seus serviços.

Na sala de sir Thomas, ele encostou sua mala ao lado da porta de acordo com as ordens do ministro e foi direcionado para uma sala de reuniões dentro do gabinete que tinha uma grande mesa escura com diversas cadeiras adornadas por detalhes muito bem trabalhados. Ao sentar em uma delas e perceber que estava em uma sala sem janelas, o sentimento de sufocamento que Adam sentia se intensificou, mas ele esperou pacientemente pela chegada de sir Thomas e Melmond, brincando com os dedos entrelaçados.

“Bom dia, Adam” cumprimentou Melmond assim que passou pela porta, o rapaz respondeu com um aceno de cabeça “Vamos passar os detalhes da sua tarefa agora, e responder todas as suas dúvidas que julgarmos cabíveis”.

“Kark é o nome da Seya que capturamos, você vai levá-la para a Capital por este caminho” sir Thomas esticou um mapa demarcado na mesa, Adam conhecia o caminho para capital de missões menores que realizou para a academia, e esse diferia do usado por todos, um caminho sinuoso que passava em vários pontos pela floresta e pelas Planícies da Morte “Você deve ter percebido a estranheza desse caminho, mas asseguro que é a melhor forma de passar desapercebido até lá” ele olhou para Melmond “Queremos reduzir ao máximo o risco dessa operação, por isso precisamos que você a leve rapidamente e sem causar tumultos, há somente duas vilas no caminho até a Capital e devem ser cinco dias de viajem, por isso vamos carregá-lo com poucos suprimentos, temos homens esperando por vocês em tavernas nas quais vocês vão passar as noites nas vilas, as três outras noites vocês devem passar na floresta, não se preocupe, tudo o que você pode precisar estará em sua mochila”. Adam observava sir Thomas com atenção, balançando a cabeça afirmando que estava ouvindo, mas seus olhos exprimiam uma sensação de dúvida.

“Você deve estar se preocupando com a sua segurança no meio disso tudo” disse Melmond se debruçando sobre a mesa com um olhar acolhedor. Ele estava errado, essa preocupação nem tinha passado pela cabeça do garoto, que fora treinada para pensar que ele daria sem hesitação sua vida pela missão de proteger seu mundo, sua única preocupação se centrava na ideia de que ele sozinho não conseguiria completar essa missão, Adam engoliu em seco “Cuidamos de tudo, não se preocupe, ela está exausta devido à intensidade dos interrogatórios, e estará presa com correntes firmes que aguentarão sua força, tingidas de uma magia que enfraquece seus poderes”. Sir Thomas levantou-se da cadeira e deu a volta na mesa.

“Alguma dúvida, Adam?” ele perguntou, já projetando seu corpo para a porta, com visível impaciência. A garganta de Adam estava seca demais para falar alguma coisa, e a pergunta que permeava em sua cabeça, ‘por que eu?’ não saiu de sua boca. “Perfeito” o homem sorriu “Siga-me, por favor, eu vou te apresentar as armas que estarão em seu poder e a Seya, que está encolhida como um animal acuado em uma cela preparada especialmente para o seu tipo”. Adam rapidamente o seguiu e os dois se separaram de Melmond, que permaneceu na mesa organizando os papéis.

Os corredores frios do subsolo do prédio do Ministério levavam às masmorras e às salas de armas, uma porta pesada de ferro foi aberta por sir Thomas na frente de Adam, e a tocha que levavam colocada em um suporte dentro da sala, iluminando as paredes cobertas de armas. A sala era um pouco longa e outra tocha precisou ser acesa em seu lado oposto, as chamas reluziam nos metais forjados das espadas e armas e na madeira polida dos arcos lá dispostos. Em todo o seu treinamento na academia, Adam não havia pegado em nem um décimo da variedade de armas que agora via, seu rosto surpreso encarava as cujas funções ele desconhecia. Sua mente viajou por alguns segundos enquanto ele imaginava os homens e mulheres que haviam levado essas armas para o campo de batalha, retalhando as forças que queriam destruir tudo o que os humanos haviam erguido, envolvidos em uma aura de coragem e honra que fazia os olhos do garoto brilharem.

“As suas são essas” ele apontou para uma espada e uma pistola avermelhada separadas em uma mesa no canto, junto com uma espécie de bracelete que reluzia em uma luz azul “Essa espada serviu a muitos comandantes, tome cuidado com ela, ela é extremamente afiada. A pistola é especial, ela carrega as balas com um feitiço paralisante que derruba qualquer um, mesmo que ela tenha apenas arranhado sua pele” então ele ergueu o bracelete de metal escuro, olhando sua luz com certa fascinação “Esse bracelete é a principal fonte de enfraquecimento da Seya, um de nossos feitiços mais poderosas suga sua força vital para cá” ele ergueu-o em uma parte mais escura da sala, deixando mais fortes as ondas azuis que dançavam nas paredes devido ao seu brilho “É uma pena que algumas das coisas mais maravilhosas sejam também as mais mortais”, ele se virou para Adam e esticou o bracelete para ele “Isso vai ficar com você, você deve entregá-lo à Tamara, chefe da sede do Ministério, e em suas mãos somente” ele olhou Adam bem nos olhos, a seriedade exalando de suas pupilas. O garoto segurou o bracelete com suas duas mãos, como se ele fosse extremamente delicado e facilmente quebrável, encaixou-o no punho e seu braço pareceu ficar muito mais pesado do que antes.

Uma guarda que patrulhava os corredores acompanhou os dois até uma das celas, a sensação de claustrofobia de Adam só aumentava, e, a contragosto, seguiu-os cada vez mais fundo naquele labirinto de pedras. A guarda abriu uma porta semelhante à da sala de armas e deu um passo para trás, deixando o caminho livre para uma cela completamente imersa em escuridão. Sir Thomas foi à frente, levando a tocha que era a única fonte de calor naquele lugar gélido, o garoto o seguiu, receoso, e ambos pararam logo que atravessaram o arco da porta, dentro da cela pequena que os separava a uma curta distância da figura negra recolhida ao canto esquerdo.

Vestida somente com farrapos sujos que pouco cobriam seu corpo, a Seya levantou os olhos através dos cabeços negros embaraçados que caíam em sua face, olhos ferozes e de um azul profundo que emitiam quase o mesmo brilho do bracelete. Ela os observava como se sua consciência tivesse abandonado seu corpo, seu olhar morto e pesado pousava principalmente em Adam, que não teve coragem de olhá-la diretamente nos olhos por mais de um segundo, e analisava com curiosidade suas mãos e pés enegrecidos, como se ela fosse um objeto de estudos, o horror e o fascínio andavam de mãos dadas em sua mente, assim como a pena por aquela coisa renegada da humanidade, coberta por ferimentos ainda não cicatrizados.

Esse quadro de aparente esgotamento da Seya mudou no instante que ela pôs os olhos no bracelete, a luz reluzindo em sua retina, sua expressão mudou de apática para enraivecida, e como uma tempestade começa de uma hora para outra, ela se lançou à frente na direção dos dois, parando ao ser puxada para trás pela pesada corrente em seu pescoço. Adam, que não teve nem tempo de reagir, deu um passo para trás de encontro à parede, aterrorizado. Sir Thomas virou-se para o garoto, tirando a luz da tocha da figura que agora estava em pé na cela fazendo ruídos quase inumanos.

“Eu disse, temos ela completamente sobre controle” e se abaixou no ouvido do garoto “Mas visto esse recente comportamento, acho que seria uma boa ideia guardar o bracelete longe da visão dela”. O coração de Adam palpitava freneticamente dentro de seu peito, e a imagem do brilho azulado dos olhos da Seya na escuridão ficou impresso em sua mente, não deixando-o dormir naquela noite.


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