A Maldição da Wicca escrita por FireboltVioleta


Capítulo 8
Conversations




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HERMIONE

O sangue rugia em meus ouvidos, enquanto eu e Rony discutíamos a maldição e a natureza da minha inesperada e assustadora defesa contra McLaggen com a diretora.

– Você simplesmente ergueu o braço? – a professora McGonagall parecia chocada.

– Eu só quis me defender – murmurei, arfando baixinho e abraçando meu corpo – e então, quando dei por mim, McLaggen estava pegando fogo.

Córmaco estava acocorado ao lado de Rony, parecendo aterrorizado. A diretora, infelizmente, concluiu que ele merecia saber o que estava acontecendo, dada minha revidada surpreendente ao seu ataque enquanto estava amaldiçoado. Ela havia explicado tudo a ele.

– Professora, eu juro... – ele nos encarou assustado – não faço idéia de quem me enfeitiçou... mas talvez... – a voz dele pareceu morrer aos poucos – essa pessoa esteja contra a Granger, não é? Com essa coisa toda de Wicca... queria que eu os tirasse do caminho, não sei...

Rony o encarou com raiva.

Engoli em seco. Isso já havia acontecido antes, e tudo havia levado à um desfecho quase trágico.

– Nós procuraremos descobrir quem enfeitiçou o senhor – a professora disse para McLaggen, tácita - e também saber se essa pessoa está relacionada à srta. Granger de alguma forma.

– Não está com medo de mim? – indaguei para ele, começando a sentir um pouco de pena do pobre coitado. McLaggen era uma peste, mas nunca iria ferir ninguém seriamente de propósito.

Eu já devia ter desconfiado quando ele havia me abordado no dia anterior. Ele estava fora de si. E agora, parecia tão confuso e arrependido que mesmo Rony parara de lhe lançar olhares furtivos e raivosos.

Córmaco piscou, baixando a cabeça.

– Você sempre deu medo em todo mundo – ele deu de ombros – só ficou um pouco mais assustadora.

Rony, para minha surpresa, riu.

– Com essa, McLaggen, nem eu posso discordar.

– Não vamos contar os ovos que a coruja ainda não botou, Granger – suspirou a professora – pode ter sido uma primeira manifestação Wicca, sim... – ela ergueu a mão em resposta ao meu arfar sobressaltado – mas, como eu disse, qualquer coisa relacionada a isso não acontecerá sem que apoiemos e auxiliemos a senhorita... foi um episódio isolado, provavelmente o primeiro, se não me engano.

– Sim – assenti – eu... nem me dei conta, professora... eu simplesmente...

– Reagiu por instinto – Rony completou, com o cenho franzido – os poderes são ligados à emoção, não é? Pelo jeito, não existem mais dúvidas de que você realmente vá se tornar a nova Wicca – ele se firou para McGonagall - por que Hermione não se invocou completamente, então?

– Ainda há muitas perguntas sem resposta, Sr. Weasley – ela nos olhou, compadecida – mas posso assegurar-lhe de que não ficarão sozinhos durante esse processo. Se a senhorita Granger realmente for quem esperamos, terá todo o apoio necessário para que não caia no mesmo destino sombrio de outros Wiccas.

Minhas mãos tremeram. Caramba... eu fizera aquilo. Apenas para me defender, quase incendiara um colega de escola. Céus, e se eu realmente me descontrolasse, ficando realmente furiosa? Se apenas uma tentativa de se defender fizera aquilo, minha raiva provavelmente destruiria tudo ao meu redor. Os demais elementos, embotra menos destrutíveis, poderiam fazer horrores que eu mal tinha coragem de imaginar.

Eu era uma bomba-relógio. E Rony ainda não se dera conta disso.

“Deus, por favor, impeça que eu faça qualquer desgraça”, gemi mentalmente.

Por que eu? Eu era tão insignificante e desequilibrada emocionalmente... não tinha a dignidade nem a responsabilidade necessárias para carregar a Maldição da Wicca. Aquilo era demais para mim.

Lembrei-me do que a diretora havia dito horas atrás. “Caberá a você escolher... entre a luz e as trevas”.

McGonagall tinha razão. Talvez a única que poderia evitar mais desgraças era eu mesma, começando a me disciplinar e me vigiar com o decorrer de tudo que acontecesse.

– Desculpe por isso, cara – ouvi Córmaco murmurar para Rony, indicando a atadura em seus cabelos ruivos com a cabeça.

– Não esquenta – Rony fez uma tentativa corajosa de dar um sorriso amigável, que felizmente enganou McLaggen.

– Bom... acho que já discutimos o suficiente por hoje – McGonagall sorriu levemente para nós – é melhor irem para a próxima aula de vocês... está dispensado, McLaggen... e lembre-se... sigilo absoluto do que o senhor ouviu aqui. Granger, Weasley, nos veremos durante a semana.

– Obrigado, professora – Córmaco acenou com a cabeça, parecendo estranhamente desanimado e tenso, antes de se retirar do escritório do diretor.

Rony piscou para mim.

– Nos vemos lá fora – ele se virou e saiu da sala também.

Virei-me para a diretora, segurando as mãos uma na outra.

– Professora...

McGonagall balançou a cabeça e gesticulou com a mão, como se me dispensasse.

– Não se aflija ainda, Granger. Se a senhorita ficar absorta ou apavorada com o que está acontecendo, tudo pode piorar de formas que nós nem podemos imaginar. Como o sr. Weasley citou, acredita-se que tudo que poderá ocorrer com você estará profundamente ligada à suas emoções e sentimentos mais profundos e íntimos... e o medo é um dos mais poderosos que existem – ela sorriu, segurando meu pulso – isso e outras coisas você vai aprender a controlar e disciplinar, se tudo tomar o rumo que esperamos.

Senti minha garganta se fechar de gratidão com a preocupação da professora.

– Obrigada, professora... eu... nem sei como agradecer.

– Eu sei – ela piscou, surpreendentemente brincalhona de repente – pode ir para sua próxima aula e me poupar de descontar dez pontos da Grifinória.

Eu ri, acenando com a cabeça.

– Sim, senhora. Já estou indo.

Acenei para McGonagall da porta, me sentindo mais aliviada e relaxada.

– Nos veremos em breve, senhorita Granger – ela sorriu antes de me retirar do recinto.

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– A nova Wicca! – Rony parecia finalmente satisfeito em demonstrar seu espanto – droga, Hermione... como se você já não fosse especial...

Senti minhas bochechas corarem com o elogio dele. Ah... quando queria, Rony era quase irresistível...

– Não vai ser nada de mais – e disse, mais para mim mesma do que para ele – vou aprender a controlar os elementos e não vou fazer estragos nem nada surpreendente. E vou continuar minha vidinha tranqüila, sem nervosismo. Fim de papo.

– Duvido muito – ele murmurou, encarando o teto – ei, e sobre aquela ladainha de você se inscrever no Torneio? McGonagall deixou?

– Sim... ela disse que nós podemos dar um jeito de manter essa droga toda escondida e presa durante o Torneio... não vou usar essa porcaria para vencer, disso você pode ter certeza... mesmo que eu me invoque até lá. Aliás, isso se você ou outro qualquer por aí não for o campeão de Hogwarts.

– Acredito em você... – Rony riu – e tenho certeza que você dará uma excelente nova Wicca. Espera – ele arregalou os olhos – como assim, “outro qualquer por aí?” Sou um qualquer agora?

– Sim – brinquei, beijando sua bochecha – um outro ruivo fofo, teimoso e namorado meu qualquer.

Rony parou, me encarando de um jeito estranho. Observei, fascinada, seus olhos se turvarem com algum sentimento desconhecido. Seu olhar estava me provocando reações indiscretas e profundas... todas abaixo de meu pescoço. Meu coração ribombou em resposta, parecendo tentar alcançar o motivo por trás da expressão de meu namorado.

Merda... ele estava com um olhar que eu só podia comparar com o que havia lançado em mim durante toda nossa noite em Alice Springs, antes dele apagar na cama.

Ah, não. Aquilo era o modo como um tronquilho faminto observava um bicho-de-conta indefeso.

– Rony? – minha voz saiu ridiculamente baixa e inocente – o que foi?

– Eu... não sei... – ele falou, também em tom muito baixo.

Quando dei por mim, Rony havia me prensado contra a parede do corredor. Nossa.

Enquanto um braço aprisionava minha cintura, o outro apoiava levemente minha perna contra a parede, enquanto seus lábios se moviam, quase tímidos, nos meus.

Senti, fascinada e alarmada, seus dedos em minha cintura subirem pelas minhas costas, enquanto a mão em minha perna acariciava suavemente minha pele.

Nossa... aquilo era um prelúdio para um amasso muito quente. Não que eu conhecesse muitos tipos de amassos – afinal, todos os meus haviam sido com o garoto que estava me beijando ali.

– Ei! – eu ri, surpresa, enquanto Rony descia a boca pelo meu pescoço – Rony... – fiquei constrangida com o gemido baixo que saiu pelos meus lábios – por mais que eu queira... – empurrei-o – ... ficar o dia todo com você me alisando aqui... acho que os alunos do primeiro ano não merecem ver isso.

Rony recuou, ainda me abraçando, com os olhos arregalados. Sua expressão de espanto se curvou num sorriso incrédulo e malicioso.

– Você gosta de ser "alisada"? - ele brincou, rindo.

Me contorci em seus braços, sorrindo. Ele riu de novo em resposta.

– Vou sentir falta disso - senti meus sorriso sumir - quando você finalmente fugir de mim...

Rony também ficou sério, com todas as linhas de humor desaparecendo abruptamente. Ele revirou os olhos, me olhando irritado.

– E por que diabos você acha que vou fugir de você? Por causa de toda essa nhaca de maldição? - Rony apertou o abraço em minha cintura; me olhava com tanta intensidade que eu me sentia radiografada pelas safiras de seus olhos - quando você vai entender? Não vou abandonar você... - ele engoliu em seco - ... nunca mais...

Sua expressão se contorceu de angústia, e a bile em meu estômago borbulhou. Não, não.... ele não precisava se lembrar daquilo... era passado.

– Rony... - segurei seu queixo - eu... tenho medo... não quero machucar ninguém ao meu redor...

– E não vai - ele bufou, exasperado - caramba, Hermione! Você vai provavelmente ser a bruxa mais poderosa desde Dumbledore! Você é inteligente, linda, corajosa... tem tudo para não só controlar os elementos, como também usa-los para o bem! Talvez até trazer paz mundial, garota...

– Falar é facil... - murmurei, chateada.

Ele me deu um beijo muito leve na testa, cheio de carinho, que me derreteu toda.

– Pare com isso... - ele finalmente me soltou; minhas costas estavam começando a ficar planas com a parede... ai - acha mesmo que eu vou deixar você tacar fogo em todo mundo? - Rony riu - você é que pensa...

Sorri, revirando os olhos. Rony, meu ex-amigo e novo namorado. Garoto frustrante até o último fio de cabelo ruivo.

Ele podia ter razão. Eu estava me estressando a toa, E se tudo corresse bem? De repente, minha transição de bruxa comum para Wicca não precisava ser o cão de três cabeças que eu estava criando em minha mente. Com Rony por perto, seria impossível eu me descontrolar com sentimentos negativos... não seria?

Era lógico que, mais uma vez, eu estava completamente errada.

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Enquanto eu e Rony andávamos pelo corredor, nos deparamos com uma cena no mínimo surpreendente.

Neville parecia debruçado em algo que estava sendo esmagado contra a parede, emitindo uns guinchinhos assustados.

Foi quando eu vi os cabelos louros sacudindo-se na sombra que me dei conta.

Tampei a boca, segurando o riso, enquanto arregalava os olhos para um Rony chocado e sorridente.

A coitada da Luna parecia não saber como reagir ao ataque de Neville. Dava uns saltinhos leves e engraçados com os sapatos, e não sabia se abria ou fechava os olhos, piscando atônita. Neville nem parecia reparar - estava ocupado demais sorvendo a boca da menina.

Luna finalmente nos focalizou e arregalou os olhos, avermelhando e dando um tapa tão repentino e barulhento em Neville que automaticamente demos risadinhas anasaladas, recuando surpresos.

Neville se virou para nós. Estava da cor de Luna.

– Ahn... oi - murmurei, mordendo o lábio.

Neville me lançou um olhar irritado. Luna olhava ao longo do corredor, parecendo procurar um buraco no chão para se enfiar nele e morrer.

– Caia fora - Neville disse. Me lembrou muito o fantasma de Amityville.

– Nossa... - sacudi o corpo, fingindo fazer um biquinho. Rony riu, puxando-me pela cintura e balançando a cabeça.

Continuamos andando, rindo, até que o casalzinho feliz ficou para trás.

– Pronto... a culpa é sua - brinquei.

– Culpa? Do quê?

– Você, com essa sua exposição desnecessária de assanhamento e testosterona durante a vampirização, desencaminhou o garoto. Agora ele acha legal agarrar pobres meninas indefesas por aí...

Rony arfou, sorrindo bobamente.

– Assanhamento e testosterona? - repetiu, rindo.

– Isso mesmo - funguei, estreitando os olhos, embora estivesse morrendo de rir mentalmente com a expressão estranhamente maravilhada de Rony.

Foi quando uma carta ridiculamente pesada caiu no chão adiante de mim, deixada por uma coruja parda que quase deu de cara com o teto na hora de alçar voo de volta para o corujal pela janela à esquerda.

Me agachei e apanhei o envelope pesado. Estava endereçada à mim.

– De quem é?

Franzi o cenho, surpresa.

– Do Ministério da Magia... - arfei - seção de Partilha de Bens e Testamentos.

– O quê? - Rony também arfou, se aproximando.

Abri a carta, com o coração saltando na boca. Como assim? Quem... como?

Li num átimo, sentindo um gosto amargo na boca conforme descia as linhas... meu Deus... era impossível... impossível.... insano.

Era uma herança. Uma herança gigantesca.

– O que foi, Hermione? - Rony pelo jeito não havia lido a cara toda ainda - o que é?

Olhei para Rony, sentindo uma vontade imensa de desmaiar.

– Me disseram que ele já havia morrido, Rony... nem o conheci... e que tudo que diziam sobre ele ser bruxo também era mentira - senti o torpor diminuir, me fazendo ficar quase horrorizada - exatamente o contrário do que está escrito aqui.

A herança era do meu tio, Harold Granger.


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