A Maldição da Wicca escrita por FireboltVioleta


Capítulo 6
Fall In Insanity




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HERMIONE

Assim que a aula acabou, esperei que todos saíssem da sala para falar novamente com McGonagall. Rony pareceu indagar com o olhar, mas me livrei dele dizendo que o encontrava em alguns minutos lá fora.

Quando Harry passou pela porta da sala e a fechou - me lançando um olhar cúmplice e compreensivo antes de desaparecer - me virei para a professora.

Meu Deus.... por pior que eu imaginasse que seria aquela profecia, eu não imaginava o quão insano e chocante seria aquela suposta maldição...

Eu não havia tido coragem de falar à Rony sobre a conversa do dia anterior. Não... céus. Ele não podia saber... se afastaria de mim assim que tivesse a mínima ideia do que poderia acontecer comigo.

Senti minhas pernas bambearem quando fui em direção à diretora.

McGonagall me lançou um olhar penalizado.

– É isso...? - arfei, fechando os punhos na mesa - é isso que pode acontecer comigo? De uma hora para outra, posso me transformar numa bruxa descontrolada e perigosa? Eu já passei por isso... - ergui o olhar, sentindo meus olhos arderem - mas o que a senhora disse... vai ser mil vezes pior...

A professora se sentou, segurando minha mão. Me senti levemente reconfortada com a empatia que ela parecia querer passar para mim.

– Sim... sim, srta. Granger... só não concordo com sua concepção de que se tornará uma bruxa das Trevas... como eu disse, houveram bons Wiccas durante a História...

– Um suicida e uma celibata - bufei, sentindo minha cabeça latejar - se isso for ocorrer mesmo comigo, ninguém ao meu redor vai estar seguro, professora! Se ocorrer... - senti as lágrimas teimosas escorrerem em meu rosto - não vou dar oportunidade dessa maldição me influenciar.... não vou...

– Acho que entendeu errado, Hermione - ergui a cabeça, surpresa. McGonagall nunca havia me chamado pelo nome, nem à nenhum outro aluno - durante a história bruxa, isso foi considerado uma maldição porque supostamente tornava seus "portadores" bruxos cruéis e sanguinários. Mas, como eu disse no inicio da aula, o poder Wicca supostamente tem ligações muito fortes com sentimentos e emoções, incluindo as mais profundas de dentro da pessoa. Há motivos para supor que todos os Wiccas das Trevas que existiram já tinham em seu íntimo sentimentos negativos e ruins, e que seu poder elemental apenas permitiu aflorar o que já crescia dentro de cada um.

"A senhorita é uma pessoa boa, Granger. Duvido que haja, neste castelo ou em qualquer ouro lugar, alguém com o coração mais puro, gentil e amoroso do que a senhorita. Por isso, acredito que, se a profecia for verdadeira... se você realmente se tornar uma Wicca... será tão poderosa quanto as da Tríade original, mas, ao mesmo tempo, tão inofensiva quanto uma bruxa comum.

Mas você sempre foi um aluna e pessoa extraordinária, Granger. Não me resta mais nenhuma dúvida de que a senhorita será, sim, a nova Wicca de nosso tempo.

Se for acontecer, não considere essa condição tão especial como outros encarariam. Algumas maldições são imperdoáveis... outras são um fardo... mas algumas podem se tornar uma bênção. Caberá a você escolher... entre a luz e as trevas. Será decisão sua, e de mais ninguém. Nem mesmo do poder dos elementos. É você que o controlará, e não o contrário."

Assenti para McGonagall.

– A senhora... a senhora disse que a criança da profecia.... teria a marca do pentagrama... uma estrela de cinco pontas...

– Acredito que não seja uma marca visível... pelo menos, não no início - ela disse - infelizmente, o pouco que dispomos sobre a transformação de um bruxo em Wicca diz que a invocação, ou transformação, sempre é repentina e desencadeada por alguma emoção ou condição emocional e psicológica muito forte. Herbart teria se invocado devido ao ódio da tia... Isabelle, pelo amor que a dominou quando se apaixonou pela primeira vez...

– É uma condição hereditária, segundo a história - murmurei - acha que sou descendente de uma da Tríade original?

– Acredito que sim... - McGonagall gesticulou para que eu me aproximasse da mesa do professor, apanhando um livro de aparência desgastada e abrindo-o... acho que irá se surpreender ao ver isso...

Olhei para o desenho de uma iluminura medieval, que retratava três mulheres segurndo ramos de palmeira, numa campina.

Olhei ensandecida para a figura do meio. Os olhos, o rosto, perfeitamente desenhados à moda dos primeiros séculos... era assustadoramente familiar.

– Ela se parece comigo! - arfei, arregalando os olhos.

– E idêntica, Granger. Mesmo considerando que se trata de um desenho antigo e sujeito a erros... e, comparando com outras iluminuras e pinturas que representam os Wiccas, sempre há semelhanças físicas entre os Wiccas e seus antecessores, e estes antecessores, com as primeiras Wiccas. E você - ela me encarou - é idêntica a Helena.

– Então eu seria... seria descendente da primeira Wicca negra?

– Talvez sim... - McGonagall se ergueu na mesa - o que não decide, necessariamente, que você também será... como eu disse, a decisão será sua.

– O que mais sabem sobre Helena?

– Que ela, Drii e Sophie não eram britânicas - vi, pasma, McGonagall dar um sorriso enviesado - eram gregas. Helena desencadeou uma guerra há séculos atrás, antes de se mudar com as irmãs para onde, futuramente, seria a Inglaterra. Largou uma filha na Grécia, junto do pai da menina... deve conhecer a história. Mesmo os trouxas a conhecem...

– A guerra de Tróia! - eu era descendente de Helena de Tróia?

– Não é só isso... a filha dela, que foi deixada pela mãe... se chamava Hermione.

– Professora... como seria possível? Sou nascida trouxa! Mesmo que, séculos atrás, eu tenha tido um antepassado bruxo... isso é loucura!

– É hereditário Granger, independentemente do quanto se misture o sangue mágico... poderia muito bem acontecer, não só com você, quanto com qualquer um que descendesse da Tríade.

– Então... - engoli em seco - posso não ser a única Wicca no mundo.

McGonagall suspirou.

– É isso que nos preocupa. Quando associamos a profecia à você, quase esquecemos do fato de que um outro descendente, provavelmente de Drii, ainda pode estar por aí, pronto para se invocar à qualquer momento... e, este sim, seria alguém com quem eu e o resto da Ordem deveríamos ficar preocupados. Nada confirma que, mesmo após a morte do irmão de Isabelle, esta não tenha tido filhos, apesar de ter jurado que nunca casaria.

– isso é muito... - lutei para achar a palavra certa - doentio.

– Por isso vamos ajuda-la, srta. Granger - ela sorriu de modo bondoso - você não ficará sozinha nessa empreitada... se realmente for a criança da profecia, a nova Wicca... nós vamos apoia-la e garantir que seus poderes nunca saiam de controle. Vamos ajuda-la a se acostumar a reger todos os elementos... espero que considere isso como um treino no futuro. Kingsley está pronto para controlar e acobertar qualquer coisa que possa pôr a senhorita em risco ou que possa causar pânico à outras pessoas. Não vai enfrentar isso sozinha... já cometemos esse erro uma vez, e não o repetiremos - ela parecia gritar o nome de Harry com os olhos.

– Eu... - murmurei, com a voz embargada - obrigada, professora... eu... estou tão perdida...

McGonagall veio até mim e fez o inacreditável. Ela me abraçou.

– Não se aflija, Granger - ela afagou meu ombro após me soltar - acho que, se a senhorita for realmente quem esperamos que será, será com certeza uma bruxa tão extraordinária quanto já é.

No fundo, senti uma pontada de vergonha e orgulho, com o elogio da professora, acalmarem um pouco meu coração abalado.

– Bom... acho que por hoje é só... poderemos conversar mais na próxima aula...- ela deu uma piscadela travessa que quase me fez rir - tenho certeza de que alguém muito especial está te aguardando lá fora.

– Sim... acho que sim - dei uma risada fraca - professora... diretora - ainda não havia me acostumado à chama-la pelo novo cargo - obrigada... até logo.

McGonagall acenou, dando um sorriso tenso que só fez meu estômago, já revirado, dar mais uma volta.

Quando saí, apressada, varri os olhos ao redor, procurando Rony.

Eu ia dar alguma desculpa pelo meu comportamento estranho nos últimos dois dias. Por que eu faria o possível e o impossível para que ele não descobrisse. Não queria que ficasse ainda mais preocupado do que já estava comigo, com toda aquela ladainha do Torneio Tribruxo. Eu só havia contado sobre a conversa com McGonagall para Harry por que ele compreendia perfeitamente o que era ser encarado como uma bomba-relógio suspeita durante toda a vida. Ele, mais que ninguém, já sabia o que era passar por isso.

Mas, quando virei o corredor, mais à frente, um grito de dor chegou aos meus ouvidos.

Me aproximei correndo, e vi algo que fez minhas pernas bambearem.

Rony estava caído no chão, com uma trilha de sangue escorrendo levemente de sua cabeça, empastando seus cabelos e deixando-os ainda mais vermelhos. Eu só consegui focalizar a causa do ferimento quando fui derrubada por algo pesado e violento. Minha cabeça bateu no chão com o impacto, enquanto meus olhos, antes de se embaçarem, focalizavam a varinha enrugada em uma mão enorme.

– Ora, ora... veja só quem eu encontrei... que coincidência...

Aquela voz, em meio à minha cegueira momentânea causada pela dor, fez minhas entranhas revirarem de repulsa e choque.

Era Córmaco McLaggen.


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