A Maldição da Wicca escrita por FireboltVioleta


Capítulo 5
The Wicca Legend




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RONY

Eu praticamente não vi Hermione o dia todo.

Quando finalmente a encontrei, a noite já havia caído. Achei-a conversando com Harry no Salão Comunal, com uma expressão ansiosa. Harry a escutava, parecendo chocado.

Ela parou de falar abruptamente assim que me viu.

– Rony... - Hermione corou um pouco - ah, olá...

– Onde você se meteu? - indaguei - te procurei o dia todo!

– Desculpa... - ela deu um sorriso envergonhado - não quis te preocupar... só... precisava de um tempo sozinha hoje... fui conversar com a diretora.

– Sério? - sentei ao seu lado - sobre o quê?

Ela lançou um olhar assustado à Harry, como se pedisse socorro.

Franzi a testa... o que eles estavam escondendo?

– Falar sobre o Torneio Tribruxo - algavariou Harry, arregalando os olhos de um modo que desmascarava sua expressão supostamente tranquila.

– O que está acontecendo com vocês dois? - ergui a sobrancelha - estão tão misteriosos... aconteceu alguma coisa?

Hermione suspirou.

– Córmaco... ahn... me cercou hoje a tarde.

Enquanto a raiva natural fervia em mim, tive a leve impressão que isso não era a única coisa que acontecera com Hermione. Ela estava anormalmente pálida. Mas resolvi não comentar nada sobre isso.

– O que aquele imbecil fez com você?

– Nada - ela balançou a cabeça vigorosamente, com os olhos saltados - mas... ele... - Hermione engoliu em seco - te ameaçou...

Funguei, revirando os olhos.

– É isso que te preocupa, sua boba? - beijei sua bochecha - achei que era algo mais sério...

– Você viu o tamanho daquele brucutu, Rony?? - ela arfou - eu morro de medo daquele verme tentar fazer algo ruim contra você...

– Deixa disso, Hermione - eu ri, afagando sua mão - deixe ele tentar... vai ser engraçado ver Córmaco se estatelando no chão...

– Prometa que não vai arranjar encrenca com ele, Rony - Hermione me olhou, séria - prometa!

– Tá bom, prometo... - balancei a cabeça, ainda rindo, Me levantei e baguncei o topo dos cabelos de Hermione, que riu em resposta - tentem dormir, vocês dois. Vamos ter cinco aulas amanhã e eu quero estar pelo menos uns vinte por cento acordado na aula de História da Magia.

Hermione pareceu engolir em seco, mas disfarçou com um sorriso.

– OK... acho que já vou subir também... Harry?

– Estou indo - Harry se ergueu e nos seguiu escadaria acima.

Harry entrou no dormitório masculino. Antes que eu entrasse atrás dele, porém, Hermione se despediu de mim com um inesperado beijo na boca. Bambeei na escada, rindo com o inusitado "boa-noite" da minha namorada.

Afaguei suas costas enquanto me abraçava. Ri com gosto quando ela terminou.

– Nossa... obrigado!

Hermione deu uma risadinha.

– Ande, seu legume - ela brincou - temos muito o que fazer amanhã. Boa noite...

– Boa noite - acenei para ela enquanto entrava no dormitório feminino.

Entrei no nosso dormitório e me arrumei para dormir. Mas, mesmo depois de me deitar, não pude deixar de ficar intrigado com o como Hermione parecia assustada quando eu entrara na Torre da Grifinória. O que será que estava abalando-a tanto? Não devia ser só o encontro desagradável com o trasgo do Córmaco McLaggen...

Enquanto pensava nisso, adormeci aos poucos, olhando para o teto da minha cama.

__________________OO___________________

– A aula de hoje deve prometer ser um saco - comentei com Neville, que, como sempre, procurava algo na mochila que com certeza não estava lá.

– McGonagall vai dar a aula hoje - ele franziu a testa - estranho, não? Ela não é de cobrir aulas de outros professores... a Profª Amarca deve estar doente...

Nos acomodamos na sala de História da Magia, sentando em duplas. Eu fizera questão de guardar lugar para Hermione, mas a criatura nefasta foi sentar do lado de Harry, me deixando sozinho com a cabeçuda da Parvati.

Parvati começara uma mania de me fuzilar com os olhos desde que soubera do Torneio Tribruxo. Merda... como se eu fosse culpado por ter ido junto com ela naquela festa de Inverno idiota. Ela não era a única que trazia um trauma daquele dia...

McGonagall pediu silêncio com a varinha. Todos se aquietaram.

– Muito bem... - ela sorriu - primeiramente, sejam bem vindos de volta às aulas de História da Magia. Espero que possam usufruir muito mais do que alguns conseguiram há algum tempo, dadas as... circunstâncias... dos últimos meses...

"Gostaria de começar a aula contando sobre algo que o Ministério, durante anos, restringiu no currículo de História da magia. Alguns provavelmente já ouviram falar disso, mas em forma de lendas passadas oralmente. Outros talvez não conheçam..."

Ela voltou o olhar estranhamente para Hermione naquele momento.

– Alguém aqui poderia me dizer o que é, por definição, um bruxo Wicca?

Um burburinho envergonhado encheu a sala, enquanto os alunos se entreolhavam e cochichavam.

Para minha surpresa, Hermione não levantara a mão.

Quem fez isso, para meu choque completo, foi Parvati, ao meu lado.

– Professora... - ela pigarreou - é um bruxo ou bruxa poderoso que pode controlar vários elementos...

– Correto, Srta. Patil... dez pontos para Grifinória...

Hermione arregalou os olhos, e notei que ela apertava as bordas da mesa de tal forma que os nós de seus dedos ficaram brancos.

– Bom, como a colega de vocês descreveu, um Wicca seria um bruxo ou bruxa que tem poder sobre os cinco elementos... água, fogo, terra, ar e espírito. Este último, na verdade, seria o poder de cura e de morte sobre outros seres vivos.

"Muitos acreditam que isso é uma lenda, já que os registros sobre Wiccas datam de quase mil anos atrás, época em que nossa escola foi fundada. Mas esta suposta lenda, que talvez seja verdadeira, poderia explicar como os Wiccas surgiram. Irei conta-la agora à vocês.

Há séculos atrás, três irmãs com dons incomuns em magia conviviam juntas numa terra distante. Elas se chamavam Drii, Sophie e Helena.

As três respeitavam e usufruíam da natureza ao seu redor... a magia delas, com o tempo, se entrelaçou na própria magia natural que as cercava, conferindo a elas o poder de usar e controlar os quatro elementos - água, fogo, terra e ar - e, também , permitindo, aos poucos, que pudessem usar essa magia elementar para curar pessoas e criaturas de seu vilarejo. Tanto trouxas como bruxos ouviam falar da Tríade Wicca, como começaram a ser chamadas.

Com o tempo, Sophie adoeceu mortalmente. Suas irmãs tentaram salva-la com o poder do espírito, mas algo saiu errado enquanto Drii e Helena conjuraram seus poderes. O que devia salvar Sophie, infelizmente, apenas acelerou sua morte.

Diziam que, quando Helena usou seus poderes, havia tido um sério desentendimento com Sophie, e isso repassou pelo seu poder. Sua mágoa e raiva contra Sophie supostamente mataram sua irmã.

Nesse ponto, Drii e Helena se acusaram mutuamente de terem matado Sophie.

Ambas tomaram caminhos contrários, fervendo de ódio uma contra a outra. Com o passar do tempo, ambas se casaram e tiveram filhos.

Alguns anos se passaram, e Helena e Drii se reencontraram.

A velha rixa entre as duas surgiu novamente, e, no meio de um vilarejo vizinho, ambas decidiram duelar uma contra a outra. O duelo foi violento, e ambas usaram os elementos ao seu redor para tentarem se destruir.

Infelizmente, o uso dos elementos também cobrou seu preço. Ao redor da campina onde duelavam, muitas pessoas inocentes gritavam e tentavam se esconder da terra que tentava engoli-las, da água que afogava suas crianças, do fogo violento que se alastrava no vilarejo, dos ventos que derrubavam suas asas. E, do nada, muitas caíam mortas com as ondas do poder do espírito - agora sendo usado com propósitos homicidas - entre Drii e Helena.

Finalmente, após uma súplica feita por um corajoso morador trouxa do vilarejo, Drii parou de conjurar os elementos. Dando-se conta da destruição e das mortes que havia causado, o remorso a inundou. Antes mesmo que a irmã completasse seu propósito de destruí-la, Drii puxou a adaga em sua cintura e a enfiou no peito.

Vendo a irmã morta no chão, Helena, vendo-se como a única irmã que "sobrevivera", se autoproclamou, naquele momento, a Primeira Wicca. Com o tempo, começou a usar seus poderes para subjugar à todos da província onde morava. Vivia como uma rainha, junto de seu marido e seus filhos.

Porém, um dia, ela convenceu-se de que não podia arriscar que seus marido ou um futuro descendente tentasse usurpar seu poder e destrui-la.

Neste dia, ela destruiu toda a sua família, matando inclusive os seus próprios filhos. Para seu "azar", um de seus filhos homens fugira da mãe enquanto Helena se ocupara de seus irmãos e irmãs. Nunca mais foi visto.

Helena, finalmente vista como uma ameaça ao mundo bruxo, foi confrontada por dezenas de bruxos talentosos, convocados para tentarem subjuga-la. Entre eles, quatro se destacavam... Godric, Rowena, Helga e Salazar."

Olhei ao redor. Não tinha nem um único aluno que não estava debruçado na mesa, ouvindo boquiaberto.

– Muitos desses bruxos perderam a vida, mas quando não parecia mais haver esperança, um bruxo diferente surgiu em meio aos poucos batalhantes que restavam. Era Herbart, o único filho de Drii, já adulto, que viera duelar contra a tia.

"O poder de Herbart, unido aos poderes dos outros bruxos, finalmente destruíram Helena. Herbart foi aclamado como um salvador, sendo conhecido por toda a Grã-Bretanha, tal como os outros bruxos e bruxas que haviam apoiado-o na batalha contra Helena.

Mas o poder dos elementos começou a dominar a própria alma de Herbart. Com o tempo, ele começou a desenvolver em seu coração a mesma maldade e sede de poder que haviam dominado Helena.

Mais uma vez, o mundo bruxo se viu em perigo. Outra vez, batalhas sangrentas foram travadas contra o novo Wicca, e, à custo de muito sangue e vidas inocentes, esse novo "mal" foi destruído.

Desde então, surgiam outros, violentos e poderosos, que eram confrontados e destruídos quase sempre por outro conjurador, ora da linhagem de Drii, ora da linhagem de Helena. O poder de dominar os cinco elementos começou a ser visto como um mal, pois sempre desencaminhava seus dominadores, que surgiam de tempos em tempos em cada linhagem dos filhos de cada conjurador que surgia. Foi chamada de "Maldição da Wicca".

Houveram apenas dois Wiccas que não se prostraram diante da ambição e sede de poder, ambos supostamente da linhagem de Drii. Uma foi a única Wicca mulher da história, a Wicca Isabelle. O outro foi seu irmão, Wendall,

Infelizmente, ambos não quiseram arriscar a vida dos inocentes ao seu redor, vivendo com poderes que poderiam, com o tempo, domina-los para o mal ou serem usados por outros. Isabelle decidiu envelhecer sem filhos. Wendall foi ao extremo e desnecessário... após causar apenas um infortuno ferimento em sua esposa, tirou a própria vida.

Desde então, a linhagem dos Wiccas supostamente desapareceu... nunca mais se ouviu falar de um descendente de Helena em mais de quinhentos anos. Os descendentes de Drii supostamente teriam sido extinguidos com Isabelle e Wendall, há duzentos e vinte anos atrás...

Pelo menos... até agora."

McGonagall terminou a história, erguendo o olhar para os alunos. Todos estavam embasbacados.

Caramba... eu mesmo estava chocado. Se aquela lenda fosse verdade, então havia existido bruxos bem piores do que o próprio Voldemort no passado.

– Professora..? - Harry ergueu a mão - seria possível... a senhora acredita que essa história foi real?

– Não só acredito, Sr. Potter - McGonagalll afirmou, séria - como tenho o estranho pressentimento de que, talvez, haja alguém entre nós que poderá ser, impressionantemente, um novo Wicca.

"Não fala isso nem brincando, professora", arfei mentalmente. "Depois de Voldemort, um bruxo ou bruxa desses acabaria com tudo que nos restou..."

– Mas isso são apenas suposições - a professora continuou - até agora, não houve nenhum indício de que um Wicca, do bem ou do mal, ainda tenha surgido. Mas existem rumores.... boatos... de que talvez venhamos à enfrentar novamente algo como a Maldição da Wicca um dia.

A Profª McGonagall piscou e, para o alívio da atmosfera tensa da sala, sorriu.

– Mas eu contei isso para vocês, por ora, apenas para fazer um paralelo com o tópico da aula de hoje, sobre as reações extremistas de trouxas aos bruxos que conheceram aos poucos durante a Idade Média,,,

A partir desse momento, minha mente se desligou da aula. Ainda latejava com tudo que estava acontecendo de estranho recentemente... Hermione apareceu abalada do nada, escondendo algo de mim... a diretora se dispôs a cobrir uma aula que nunca dera antes, e ainda veio com aquela história macabra sobre maldições e bruxos poderosos.

"A profecia que Kristina Carrow citou... será que pode ter algo à ver com tudo isso?"

Olhei espantado para Hermione, que visivelmente arfava na mesa. Estava tão pálida quanto no dia anterior, com os olhos saltados de quem recebeu uma notícia arrasadora.

– Você acha que isso é verdade? - Parvati cochichou para mim - sobre os Wiccas? Eu ouvi falar disso, mas era só uma lenda para mim...

Ah, não. Meu cérebro estava fritando.

Eu ia tirar tudo a limpo com Hermione assim que a aula acabasse. Se ela estivesse escondendo algo, ia falar. Nem que eu tivesse que prende-la dentro de uma sala cheia de visgo-do-diabo pelo resto da vida..

Ah, ela ia me contar sim... por bem ou por mal...


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