A Maldição da Wicca escrita por FireboltVioleta


Capítulo 44
Choices


Notas iniciais do capítulo

Ae, gentes!
Novo capítulo para a alegria de vocês...
E sim, ah, ta acabando.... (todas choram... #sqñ)
Estou aberta á sugestões para uma quarta temporada... (meio sem ideias, se quiserem sugerir algo.... hehe)
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/558166/chapter/44

HERMIONE

A alegria por saber que Rony estava razoavelmente bem - e que iria melhorar - mascarava o enorme rombo que se instalara em minha própria alma.

Mesmo depois te ter voltado à forma humana, mesmo após a batalha ter acabado, mesmo quando eu sabia que não fora pior do que as batalhas que eu havia travado nos últimos tempos, eu não podia deixar de disfarçar a dor e a angústia que pulsavam em mim.

Cada ano que eu passara no mundo bruxo aumentava ainda mais o buraco em que se acumulavam minhas mágoas e sofrimentos. E então, com tudo que havia me comprimido neste último ano, parecia que não sobrara mais nada da garota que eu já fora um dia.

Mas eu tinha decidido que, por mais que estivesse sofrendo, não iria mais remoer o passado. Iria enfrentar o que viesse e fazer o que fosse necessário, e ia viver meu presente apenas com foco no futuro... um futuro que eu tinha a boba esperança de que seria muito melhor.

A única coisa que ainda me perturbava era o fato de que eu teria que carregar aquela maldição pelo resto da vida. Ferida – em todos os sentidos – como eu estava, podia, finalmente, pensar sem a interferência do poder em meu corpo.

Não que eu não tivesse aprendido e desfrutado muito de tudo que vivenciei como Wicca, nem que aquilo não fora definitivamente útil para proteger meus amigos e colegas.

Mas eu não parava de pensar no como ter todo aquele poder, mesmo sabendo usa-lo, poderia ser perigoso ao longo de minha vida. Eu vira e sentira o potencial de cada elemento do Pentagrama, seu poder de cura e de destruição. E temia que, um dia, finalmente seria subjugada e corrompida por ele... ou até mesmo usada como arma involuntariamente por algum futuro e paranoico bruxo das Trevas.

E – o que me deixava ainda mais preocupada – o fato de que, considerando que a maldição era hereditária, um dia meus filhos ou netos a carregariam nas veias, talvez criando uma nova rivalidade e iniciando novos conflitos, como a da Tríade Wicca.

Esse último pensamento me deprimia mais do que tudo.

Eu decidira que não faria uma criança passar pelo que eu havia passado... enquanto carregasse a maldição, eu nunca poderia ser mãe.

Tudo isso me passava na cabeça durante o enterro dos mortos da luta, que ocorreu na noite seguinte á batalha.

Tentei me distrair macabramente com a lista afixada defronte para os túmulos cavados no chão. Pansy Parkinson, Córmaco MacLaggen , Stanley Brown, Gusteau Faubert, Simas Finnigan, Madelaine Dubois, Leopold Weasley...

Todos que só estariam vivos agora em nossas memórias.

Quando vi o caixão de Madelaine, desabei nos braços de Rony – liberado da enfermaria após cinco minutos de briga entre eu e LeBrou para assistir aos funerais - que me abraçava ao meu lado, vestido com um colete por cima das ataduras.

O caixão de Madelaine era todo amarelo, com desenhos que a irmãzinha dela havia feito minutos antes do enterro. Mal conseguia encarar a família dela, que assistiu á descida do esquife com as cabeças voltadas para o chão.

O de Córmaco havia sido decorado com uma bandeira do time de quadribol da Grifinória, que Rony – para minha surpresa – cedera para o caixão.

– Ele merecia, apesar de tudo... – ele comentou, sem graça, enquanto o caixão descia.

– Era irritante... mas no fundo, era gente boa – murmurei, desanimada.

– Harry me contou – ele sorriu amarelo, quando preparavam o terceiro caixão – se não fosse por você... eu não teria entrado para a equipe, não é?

Corei, envergonhada.

– Não está zangado? – ergui o olhar para ele.

– Zangado? Um pouco – ele deu de ombros, me fazendo fungar e revirar os olhos – mas não posso me queixar... você realizou um sonho meu. Só isso...

– Mas agora acho que fui injusta com McLaggen.

– Nós dois fomos – Rony afagou meus cabelos.

O de Simas fez todos rirem sem querer. Estava todo queimado nas bordas, com um desenho proposital de bombinhas e labaredas na tampa, feitos por Neville e Dino. Pobre Simas... ele teria adorado a homenagem.

O dele e o de Madelaine foram dispostos um do lado do outro, com um belo aro em forma de um oito horizontal entrelaçando suas lápides.... ver aquele símbolo de novo me fez querer chorar novamente.

O de Leopold foi um dos últimos á serem descidos, um esquife de madeira de abeto com um gato felpudo esculpido na tampa.

Senti as lágrimas que já escorriam em meu rosto aumentarem de intensidade. Meu pobre amigo... o melhor guardião, conselheiro e gato de estimação que uma garota poderia ter tido. Meu coração parecia querer explodir de dor ao me dar conta de que ele seria apenas mais um dos tantos mortos queridos nossos que haviam falecido nos últimos anos.

Mas podiam me dizer o que quisessem, que eu não arredava pé da ideia de que tudo aquilo não seria o fim para todos aqueles que haviam morrido.

– Cuide bem de nossos amigos, Leopold – sussurrei para o vento – descanse em paz... obrigada.

Fosse lá para onde estava indo, eu sabia que, se possível, ele faria isso por mim.

____________________O________________________

Quando os funerais se encerraram, fomos dispensados para voltar ao castelo.

Fiquei aliviada quando finalmente voltei para dentro da segurança de Beauxbatons. Senti que toda a dor que eu havia suportado lá fora estava sendo deixada para trás, junto com os portões que se fecharam.

Fiquei muito feliz quando LeBrou – ainda carrancuda comigo - me disse que todos os feridos estavam se recuperando bem, e que talvez os de Hogwarts poderiam embarcar já na próxima comitiva de volta para nossa escola, dali á dois dias.

Estava imensamente agradecida por ver quase todos os meus amigos se recuperando – fisicamente e mentalmente – de tudo que haviam enfrentado.

Mas, de todos, nenhum parecia tão disposto á se curar quanto Rony, que, desde o dia anterior, simplesmente obedecera todas as ordens das curandeiras de repousar e tomar poções.

Para meu completo espanto, LeBrou me olhou sugestivamente enquanto liberava – de novo? – Rony para ficar fora da Ala Hospitalar.

– Acho que o Sr. Weasley está bem o suficiente para dormir na Torre hoje.

Oi? Só eu tive a impressão de que ela quis dizer “sua cama” em vez de “Torre”? Qual era a daquela estagiária?

– Ahn... – mordi o lábio quando vi um vestígio nada educado de sorriso no rosto apalermado de Rony – OK. Se for pra desocupar o leito dele... – gaguejei, ficando ainda mais sem graça.

– Acho que ele vai se sentir melhor por lá – LeBru sorriu, erguendo as sobrancelhas.

Eu não gostava daquela mulher... ela era telepata.

Rony ficou ridiculamente calado enquanto nós íamos para a Torre de Noble.

– O que fizeram com os Comensais? – ele indagou de repente.

– Vivos ou mortos? – funguei.

– Mortos.

– Queimados – franzi a testa – uma incineração coletiva que, por mais que me assuste, foi presidido pela Luna.

Rony engoliu em seco.

– E os presos?

– Foram mandados para Azkaban hoje de manhã, enquanto estávamos inconscientes, segundo Nyree – olhei para ele - está muito perguntador hoje...

– Falta de prática... passei quase uma noite toda como um lagarto escamoso, esqueceu?

Só Rony para me fazer sorrir numa situação tão inusitada.

– Não esqueci, não, ô empalado – estreitei os olhos para Rony, rindo.

– Chega – ele bufou – virei dragão, virei espetinho de dragão... agora já deu.

– Churrasquinho de Rony... – brinquei, estalando os lábios – hum... parece apetitoso.

– Garota... – ele me encarou, soturno – acho que você quer que nós terminemos nossa aposta, não é?

– A droga da sua safadeza não tem limites, Rony?

– Não – ri quando Rony beijou minha bochecha – ela é imortal.

Não é preciso dizer onde e como dormimos naquela noite.

Só sei que não conseguia tirar os olhos daquele garoto enlouquecedor, enquanto ele afagava meus braços nus, deitado ao meu lado na cama do dormitório.

Eu definitivamente não me sentia mais tão envergonhada de ficar apenas de lingerie ao lado dele. Rony me surpreendia até nesses detalhes, já que eu tinha certeza que nenhum outro rapaz nesse mundo respeitaria tanto minha intimidade e meus sentimentos.

Se eu pensava em selar aquilo com algo mais irrevogável e profundo?

Sim, eu pensava. Pensava muito em como seria fazer amor com Rony. Como seria sentir tudo aquilo, reger uma valsa íntima ao som de nossos corações, estar em seus braços numa união mais forte do que tudo que eu já vivenciara. Meros pensamentos eram suficientes pra me arrepiar e me encher de desejo.

Mas eu sentia que nós não estávamos prontos ainda. E, depois, eu já me sentia suficientemente satisfeita e feliz, apenas com aquelas expressões inusitadas de carinho que ocorriam entre nós dois. Eu achava que, caso cedesse á vontade, não ia me recuperar tão fácil depois se não fosse como eu esperava, simplesmente por que não estava preparada. E nunca faria Rony passar pelo mesmo risco.

Mas, sinceramente, ver todo o carinho e o desejo que banhavam os olhos azuis que me sondavam estava desafiando cada vez mais meu autocontrole.

– Não canso de achar você linda – ele comentou, acariciando meu ventre. Arfei baixinho, sentindo minha pele se arrepiar em contato com seus dedos carinhosos.

– Você também não é de se jogar fora – brinquei, afagando, condoída, o enorme curativo em seu peito – ainda dói?

– Nada me dói – ele sorriu – bom... não quando estou com você – vi suas orelhas avermelharem ridiculamente e ri – você é o melhor analgésico do mundo.

Aproximei ainda mais meu corpo de seus braços, me aninhando junto á Rony.

– Bom, o analgésico aqui está mandando você ir dormir e descansar – franzi a testa para ele, fingindo seriedade.

– Como você quer que eu durma sabendo que a Wicca Suprema deste século está aqui, quase peladinha, nos meus braços? – Rony brincou, fingindo desespero quando estapeei sua orelha.

– Rony, eu estou falando sério...

– Tá, tá – ele riu, enquanto segurava, entre os dedos, o pingente do infinito em meu pescoço – bom, sendo assim, boa noite, então...

– Bobo – beijei sua testa, relaxando a cabeça no travesseiro, ainda abraçada á ele – boa noite, encrenqueiro...

Finalmente, senti o torpor soporífero me cobrir, convenientemente, quando relaxei nos braços de Rony. Não tive tempo de ver se ele já adormecera, pois eu mesma fui logo engolida, sem cerimônia, pela suave e tranquilizante inconsciência.

____________________O____________________

Entrei no mesmo sonho bobo que vinha tendo nas últimas semanas. Uma lembrança que parecia ressurgir com cada vez mais força.

Eu me observava pequena, talvez com uns dois ou três anos, e brincava na sala de casa com meu primo Alex, um ano mais velho.

Vi, sentindo minha garganta apertar – em sonho ou não – meu tio Harold nos observando com um sorriso no rosto cansado. Já parecia estar estudando sobre a maldição da Wicca á algum tempo, pois tinha uma fisionomia e atitude diferentes da lembrança que eu vira na Penseira, quando me visitou na primeira vez.

– Cuidado, meninos – ele riu, afagando a cabecinha da minha eu criança, que guinchou de alegria – anda muito levada, hein, Lontrinha?

– Ti-Alold – bali, batendo leve e ritmicamente um bloquinho colorido em suas pernas – paqueca...

– Nem vem, não sou que eu cozinho – Harold bagunçou meus cabelos – tá pornto o almoço, Wendell?

– Vem fazer você, se acha que está demorando, calça 46! – ouvi alguém exclamar da cozinha, num tom defensivo.

– Calça 46? – meu tio pareceu achar graça.

– É. Folgado. Demais – tive que eu mesma segurar o riso com a petulância de papai.

“Ah, tio...”, pensei dentro do sonho, sentindo a alegria e a tristeza se misturarem em minha mente. “Sinto tanto a sua falta... queria que estivesse aqui...”.

Senti, sobressaltada, alguém tocar meu ombro.

Virei-me, ficando atônita quando me deparei com uma figura idêntica ao meu tio sentado na poltrona adiante... alguns anos mais velho, ligeiramente mais translúcido.

Mas sem dúvida era ele.

O homem defronte á mim também recuou um pouco, parecendo surpreso e fascinado.

Estremeci, boquiaberta.

– Tio? Tio Harold?

O sorriso de resposta dele me deixou sem chão.

– Hermione... – ouvi sua risada maravilhada estremecer as bases de meu sonho como a vibração de uma corda – quanto tempo, minha menina... – ele me encarava abismado.

Senti meus olhos arderem.

– Tio...

Corri para ele antes mesmo que erguesse os braços, me jogando á ele num abraço sobrenatural.

Era como um fantasma, só que ligeiramente mais sólido.

Não tinha a menor ideia se as lágrimas que escorriam em meu rosto eram reais ou só estavam no sonho.

– Minha pobre Lontrinha... – senti os braços fantasmagóricos de meu tio circularem minhas costas e me apertarem – não sei nem o que dizer á você primeiro, meu anjo...

– Tio Harold... – ergui o rosto para ele.

Seus dedos gelados enxugaram minhas lágrimas. Ele sorriu tristemente.

– Minha menina corajosa. Olhe só para você... como cresceu. Já é uma mulher... – ele afagou meu rosto – não tem a menor ideia do quanto eu sinto por tudo que você sofreu nos últimos tempos, querida. Nunca poderei me perdoar por abandonar vocês... Wendell e Monica...

– Não, tio – segurei a mão que ele estendera – você nos salvou... não pense assim... – senti minha garganta arder – eu é que pensei que, esse tempo todo... – pisquei, ainda abalada por ter meu tio ali, mesmo que fosse só como espírito – você me ajudou de qualquer forma... preparou tudo para mim...

Harold riu sem humor.

– Seu namorado me disse a mesma coisa... – ele balançou a cabeça – garoto fantástico... e ama você de um jeito que não entendo como consegue aguentar. Ele a ama demais... talvez mais do que eu...

Senti um sorriso inesperado surgir em minha face. Eu também nunca entendera tudo sobre aquele sentimento bizarro de Rony por mim. Nem antes, e – mesmo depois de tudo – nem agora.

– Se Rodrick tivesse-me encontrado primeiro... – solucei – você não teria...

– Não – ele me cortou, sério – não diga isto. Você é que estava destinada á viver, Hermione. Você estava destinada á cumprir a profecia... – ele voltou á sorrir, de repente – e, como Ronald fez questão de me enfatizar, fez isso com a maestria e a dignidade de uma verdadeira Wicca.

– Que dignidade? – funguei, abraçando meu próprio corpo – tio, eu matei uma criatura inocente e dois seres humanos sem um pingo de arrependimento ou temor, com toda a crueldade possível...

– Aquilo não foi crueldade, meu amor – Harold apertou minhas mãos – era sua alma se autodefendendo de qualquer sentimento que atrapalhasse suas decisões e o cumprimento da profecia, se resguardando de qualquer coisa que arriscasse que os elementos dominassem você... enquanto tentava entrar em seu subconsciente, não pude deixar de ter contato com suas memórias, e o que eu vi confirma isso.

“Pense bem... você não sentiu arrependimento, mas também não sentiu sadismo... você ofereceu rendição á Comensais que provavelmente mereciam algo pior do que a morte. Salvou centenas, se não milhares, de vidas inocentes... e, quanto ao acidente da segunda tarefa, você não deixou de sentir remorso por algo que saiu de seu controle... acha mesmo que uma Wicca indigna e corrompida teria feito isso?”

– Mesmo assim, tio... – balancei a cabeça – eu não... não me queixo de ter sido escolhida. Acho que carregar a maldição na verdade é como uma faca, que pode ser usada para matar ou dividir o pão. Mas uma faca... – completei, angustiada – pode ser deixada de herança e usada com fins indignos no futuro... ou roubada para tirar uma vida...

– Sua preocupação é o que fará com esse poder no futuro... ainda se preocupa se um dia será dominada pelos cinco elementos, ou o que será de nossos descendentes – Harold suspirou.

– Tio... eu não sei se eu teria coragem de deixar isso para uma criança... – cobri o rosto com as mãos, tremendo – por mais que ser Wicca fosse uma honra e uma responsabilidade que poderia melhorar nossos mundos... eu não quero carregar isso pelo resto da vida. Achei tudo incrível e maravilhoso, aprendi tantas coisas, nunca havia tido tantas possibilidades e vivências tão proveitosas em minha vida... mas esse poder não é para mim. E acho que ainda não haverá alguém realmente adequado para usa-lo durante um bom tempo.

– Errado – meu tio sorriu – você é adequada, Hermione. Será conhecida, sem dúvida, como a maior Wicca deste século... se não a do milênio. Mas entendo que não queira ter que carregar isso nos ombros. Você só quer ser uma bruxa normal. E sei que já sofreu muito para ter que se preocupar com mais isso em sua vida.

– Obrigada, tio... você tem razão. Mas se ainda houvesse um modo de, sabe...

– Retirar a maldição? – Harold parecia tenso – Hermione, há séculos se descobriu um modo de fazer com que um Wicca perca seus poderes...

– O quê? – arfei, chocada.

– Sim – ele respirou fundo – mas isso exigiria sacrifício. Alguém disposto á receber os poderes na fase final de sua vida... um Wicca, obviamente, que procurasse se livrar do Pentagrama... e um ritual simples de transferência.

“Nesses últimos dez séculos, houve milhares de bruxos que desejaram receber o poder, e absolutamente nenhum – Harold piscou – Wicca disposto á desistir dos cinco elementos. Nem mesmo Isabelle ou Wendall, os únicos Wiccas bons na História, pois temiam que, mesmo transferindo a maldição para anciões, estes fizessem uso dela para recuperarem sua vitalidade e, portanto, também fossem desencaminhados.Eu mesmo, infelizmente, receei fazer esta transferência, pelo mesmo motivo dos antepassados de Rodrick.”

– Espere... – estava me sentindo tonta – a intenção seria que alguém recebesse a maldição já com uma idade avançada, para que, quando essa pessoa morresse, a maldição também se extinguiria com ela, já que não haveria hereditariedade nesse caso, certo?

– Sim... – Harold me encarou – mas há mais uma coisa que precisa saber. Não poderíamos nos dar ao luxo de arriscar que a pessoa que recebeu a maldição fosse corrompida... o que acarretaria o sacrifício que lhe mencionei.

Senti meu estômago despencar.

– Está dizendo que... essa pessoa teria que ser morta?

– Seria uma alternativa... se ela sobreviver á síntese, dependendo de quem será escolhido.

– Isso... – senti minha boca ficar seca – é... seria horrível.

– É a única forma de nosso legado se encerrar, além do celibato – meu tio baixou a cabeça, parecendo condoído – e, por mais que essa proposta seja realmente cruel, eu acho que deveria ser de conhecimento de seus amigos e de McGonagall também – ele deu de ombros – nunca se sabe se algo poderia ser feito para modificar esse ritual.

“No fim das contas, você é que decidirá, Hermione. Eu, pessoalmente, acho que seria um desperdício uma bruxa talentosa como você abrir mão de poderes que lhe caem tão bem. Mas também entendo que queira viver uma loucura de cada vez á partir de agora. A decisão será sua, afinal. Mas eu só posso dizer que, Wicca ou não, tenho orgulho da bruxa em que se tornou, querida...”

– Eu... obrigada, tio... mas eu preciso... pensar em tudo isso...

– Claro que precisa... – ele beijou minha testa – e, independentemente de sua decisão, ficarei feliz por você. Só lhe peço que tenha cuidado quando fizer sua escolha. E que faça o que for preciso para ser feliz agora, querida.

– Sinto tanto sua falta... – funguei, me sentindo estúpida por agir como uma criança outra vez.

– Eu também, Lontrinha... mas infelizmente não poderei voltar á fazer parte de sua vida como antes. E acho melhor que não nos encontremos de novo.

– Não! Por quê? – guinchei, aflita.

– Você vai ter que superar isso, meu amor – pousei a cabeça na mão que ele afagava meu rosto – não posso roubar para mim o que ainda tem de amor, atenção e vida em você. Precisa focar no seu futuro... e tem que dedicar todo o seu afeto á uma nova pessoa que entrou em sua vida, por que ela precisará dele muito mais do que eu. Você tem muitas pessoas que a amam, Hermione, e não pode deixa-las por causa de sofrimento para com o passado. Como um cara muito inteligente me disse uma vez, não vale a pena viver sonhando e esquecer-se de viver.

– Dumbledore – sorri, ainda angustiada.

– Ele sabia das coisas.... assim como você. Bem, acho que vou lhe poupar os últimos minutos de sono que ainda tem. Não se esqueça... sempre vou amar você, Lontrinha...

– Não, tio! Não vá embora! – agarrei seus pulsos, mas ele começou á desaparecer – não, por favor, não...!

– Não! Não!

– Calma, Hermione, calma!

Ergui-me, arfante, com os olhos saltados.

Na penumbra do quarto, distingui os olhos assustados de Rony me encarando.

– Calma, Hermione... foi só um pesadelo... estou aqui – senti-o afagando meu braço no escuro.

– Não foi um pesadelo – solucei, com as mãos na boca.

– O que foi?

– Amanhã... – guinchei, apertando sua mão na escuridão – é importante... mas eu conto amanhã...

Senti Rony deitar outra vez, me puxando para seus braços. Tremendo, aflita, me apertei contra seu corpo, como se ele fosse uma barreira contra a angústia.

– Tente dormir de novo... – ele sussurrou, acariciando as mechas de meu cabelo.

Eu tinha medo de adormecer outra vez, mas logo o efeito tranquilizador das carícias de Rony fizeram efeito, me mergulhando outra vez num sono profundo e – para meu alívio e minha decepção – livre de sonhos angustiantes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Maldição da Wicca" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.