A Maldição da Wicca escrita por FireboltVioleta


Capítulo 17
The Wicca Dragon




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RONY

Assim que McGonagall e Becky se aproximaram de mim, eu havia fugido...

Não entendi por que havia feito isso... era como se eu estivesse preso dentro de um corpo com vontade própria, apenas como um espectador. A minha conexão mental com o corpo do animal em que me transformara parecia quase impossível de ser feita.

Foi quando me vi planando alguns metros do chão que finalmente vislumbrei escamas brilhantes onde antes eram meus braços. Sentia músculos novos em minhas costas se contraírem e relaxarem em direção ao céu. Minha visão ainda estava anuviada, mas era mais pela falta de elo mental do que qualquer outra coisa.

Um dragão! Eu nunca sequer imaginara virar um dragão!

Não poder controlar meu corpo era irritante... eu era como um animal completamente irracional, cuja consciência estava amordaçada por trás do cérebro.

Continuei planando por alguns minutos, me escondendo inconscientemente em meio á alguns pinheiros. A última coisa que eu – ou, no caso, o dragão – queria era ser visto por alguém.

Infelizmente, o destino parecia estar contra nós.

Ouvi passos adentrando na campina e um grito que não distingui o que dizia.

Virei-me em direção ao som, planando baixo até me aproximar do que quer que houvesse entrado em meu esconderijo.

Tentei me refrear, mas o instinto do dragão era de analisar e eliminar um provável perigo. Eu estava morrendo de medo de que fosse alguém inocente, mas, mesmo que conseguisse me conectar ao dragão, não conseguia sequer enxergar quem era.

Farejei o ar, apertando os olhos para tentar ver a pessoa que havia acabado de cair na grama.

– Não... – ouvi um soluço vagamente familiar, enquanto distinguia o aroma que entrou em minhas narinas.

O cheiro me fez arregalar os olhos...

Baunilha.

Só havia uma pessoa que eu conhecia que usava um perfume assim.

“Não!”, tentei gritar para meu próprio corpo. “você não pode feri-la! Você tem que ser eu, não um animal descontrolado!”

Eu tinha que me conectar antes que o dragão a machucasse. Estava finalmente vislumbrando o corpo encolhido de medo à minha frente.

Hermione estava aterrorizada, com os olhos brilhando, erguendo a mão inutilmente para tentar se proteger.

Aquilo despedaçou meu novo coração.

Tentei forçar-me á tomar o controle, mas o dragão já se preparava para o ataque... eu sentia o formigamento de espinhos surgindo na cauda, a comichão nas garras, uma ardência absurda na garganta que era a premonição do fogo que seria expelido por ali...

Senti a mão quente e ligeiramente minúscula de Hermione tocar meu rosto. Sua expressão ficou pasma.

– Rony?? – a ouvi arfar.

Ouvir meu nome, saído daqueles lábios adoráveis, repleto de choque e surpresa, foi o que esburacou a represa que me impedia de dominar meu corpo.

O carinho, a preocupação e o horror em minha mente foram demais para o corpo do dragão, que rugiu agoniado antes que eu tomasse o controle.

Pisquei, completamente atordoado, quando finalmente dominei meu corpo.

Hermione recuou apavorada, se arrastando para trás na grama.

“Não!”, arfei mentalmente, triste. O que eu tentei dizer saiu como um guincho baixo. “Sou eu, Hermione... não vou te machucar... nunca te machucaria”.

A ideia de que quase havia ferido Hermione – ou coisa pior - me deixou tão angustiado que pensei em eu mesmo fugir dali.

Recuei também, fazendo menção de ir embora.

– Rony, não!

Ela se ergueu, me encarando com uma emoção muito forte no rosto. Ela parecia... maravilhada.

Olhar para sua expressão de espanto reverente fez meu coração de dragão bater ainda mais rápido.

Queria responde-la, mas dragões naturalmente não falavam. Pisquei com raiva... agora tinha alguma ideia do quanto era irritante ser um vampirizado, sem poder dizer nada.

– Não fuja – Hermione se aproximou de mim. Agora eu é que parecia o atordoado e amedrontado.

Ergui o braço, encarando as garras mortíferas em minhas mãos, As escamas acobreadas brilhavam chamativamente, o que seria um problema se eu tentasse me esconder outra vez de dia.

Para minha surpresa, Hermione segurou minha pata, dando um aperto imperceptível na ponta da garra menor.

– Eu... – ela deu uma risada assustada – caramba... nunca imaginei isso... – ela tocou meu rosto outra vez, rindo mais alto – um dragão... – ela fingiu fechar a cara – e um dragão ridiculamente bonito, ainda por cima... como se sente?

“Ahn... sei lá”, lancei um olhar significativo para ela. “Escamoso, grande, avantajado nos quadris, rabudo, querendo literalmente cuspir fogo, quase matando a namorada. Sinto-me o próprio capeta.”

Ela pareceu distinguir o que eu pensara, pois deu uma gargalhada gostosa, fazendo meu pobre peito latejar de carinho.

– Você está ótimo... para um dragão, é um dos mais bonitinhos que eu já vi...

Ri, fazendo o dragão emitir um rosnado baixo e divertido. Ah, Hermione e seu dom de deixar todas as situações mais confortáveis...

Arrisquei dar uma focinhada brincalhona em Hermione, mas calculei mal a força, fazendo a coitada cair de volta no chão. Fiquei preocupado, sensação que sumiu quando a ouvi rir gostosamente na grama, rolando feito uma garotinha.

– Ah, Rony... – ela se apoiou com as mãos no chão, ainda rindo.

Enquanto me divertia com sua alegria, senti, pasmo, o vento na campina mudar de direção e fortalecer-se, vindo em nossa direção. As plantas chacoalharam-se ao nosso redor, como se dançassem para nós. Notei, boquiaberto, que o vento vacilava cada vez que Hermione parava um pouco de rir.

Hermione parecia estar notando o mesmo que eu, pois parou abruptamente e observou o gramado balançar-se com a ventania.

– Ah... – ela murmurou – ah...

Antes que eu pudesse fazer um comentário que nunca seria ouvido, porém, percebi que não estávamos mais á sós.

Uma coisinha pequena e arrepiada surgiu com um estalinho em minha pata, me assustando e fazendo-me cair de lado na grama. Rugi indignado, me virando para Becky e revirando os olhos. Hermione não segurou outra risadinha.

Becky deu um gritinho estabanado e recuou, até se apoiar, abalada, na perna de Hermione.

– Menino Weasley? – fungou a elfa, olhando tímida para a dona.

– Sim – Hermione respondeu – você não estava com...

– Granger! – ouvimos um grito no começo da campina. Virei-me na direção do berro, abaixando a cabeça quando McGonagall chegou até nós, com a mão no peito.

– Weasley! – ela arregalou os olhos – por que... como... céus, por que fugiu?

Dei de ombros, envergonhado. A diretora arregalou os olhos ainda mais.

– Parece-me que ele já se adaptou ao novo corpo – Hermione comentou – um animal desse tamanho, tão perigoso... era para ter levado muito mais tempo – ela engoliu em seco – professora, quanto tempo...?

– Não sei, Granger – McGonagall nos olhou, séria – até que ele volte ao normal e comece a controlar as transformações ao seu bel-prazer, podem levar horas... dias... houve casos de demorarem meses...

Rugi, chocado. Eu podia ficar naquela forma por meses?

– Mas – ela completou – não creio que seja este o caso do Sr. Weasley – a professora me encarou – vou avisar todos em Beauxbatons sobre a nova transformação e a forma que ele tomou... por hora, é melhor que fique longe de olhares curiosos... talvez deva passar a noite aqui na floresta – McGonagall suspirou – ainda se fosse um animal pequeno... não podemos criar pânico.

– Tem razão – Hermione ergueu o olhar para mim – se importa de ficar por aqui hoje, Rony?

Claro que não”, rosnei baixinho, meneando a cabeça. “Nem queria chamar a atenção mesmo...”

– Muito bem – McGonagall, para nossa surpresa, deu um largo sorriso – nunca esperei algo assim... mas a imponência e o poder de um dragão parecem lhe cair muito bem, Weasley.

Nossa, que elogio. Enverguei a cabeça, agradecendo envergonhado.

– Concordo, professora – Hermione afagou meu focinho, sorrindo com tamanho afeto que fiquei ainda mais sem graça – se a senhora não se importar... será que posso passar a noite com ele aqui?

Eu ia comentar que podia ficar muito bem sozinho ali, mas resolvi não discutir. Até por que eu ia gostar muito da companhia de Hermione, no fim das contas.

– Claro – a diretora assentiu – comunicarei Madame Maxime e os demais funcionários para que não interfiram nessa área da floresta... até amanhã, provavelmente todos já saberão, então vocês poderão voltar para a escola, e, caso o Sr. Weasley ainda não tenho voltado ao normal, poderá ter um pouco mais de liberdade para transitar pelos terrenos de Beauxbatons.

– OK... – Hermione suspirou – Becky, você pode voltar com a professora e avisar aos meus amigos?

– Sim, sim, menina Granger – Becky fez uma reverência animada – Becky avisará aos amigos da senhorita!

Com um estalinho final, Becky desapareceu.

– Já vou indo... tentarei adiantar tudo para que os senhores possam estar retornando assim que o dia amanhecer...

– Obrigada, professora...

A professora se despediu e se virou, em direção á saída da campina.

Depois que McGonagall desapareceu por entre as árvores. Hermione se voltou para mim, com um sorrisinho irritante.

– Parece que seremos só eu e você de novo, lagartão...

“Lagartão a tua bunda”, tentei xinga-la, mas, outra vez, tudo saiu num rosnado irritado. Hermione riu, afagando meu nariz de modo divertido.

– Estou zoando contigo, seu mala – Hermione beijou a ponta do meu focinho. Fingi desmaiar no gramado com um baque, o que só a fez quase chorar de tanto rir.

Bufei, revirando meus novos olhos enormes. Hermione se aproximou e deitou em meu dorso, encarando, com um lindo sorriso no rosto, as nuvens brancas que passavam no céu. El afagava as escamas de minha cauda, parecendo absorta nos próprios pensamentos.

Quando dei por mim, Hermione havia adormecido, com a cabeça apoiada na lateral do meu corpo.

Levei minha cabeça até ela, arrumando desajeitadamente os cabelos que lhe caíam pelo rosto com a boca. Enrolei suas pernas com a cauda para que não ficasse com frio e abarquei-a com a asa, como se improvisasse uma barraca. Observei-a ressonando suavemente, fascinado com a despreocupação que tingia seu rosto enquanto dormia.

Deitei minha cabeça em seu colo, suspirando. Em alguns minutos, também adormeci, me sentindo bizarramente feliz e mil vezes mais tranquilo.

Hermione tinha razão... ser um animago, com o perdão do trocadilho, ia ser o bicho. Parecia que ia ser mais interessante e emocionante do que eu esperava.

E eu não fazia ideia do como estava certo...

_____________________OO______________________

Os problemas começaram de manhã.

Becky havia me acordado com um discurso apressado e estridente sobre todos já estarem preparados para nossa volta, desaparecendo em seguida de modo tão veloz que eu quase pensei que fora um sonho muito chato. A macaca quase acordara Hermione com aquela barulheira.

Quando me levantei, com cuidado para não acordar Hermione, senti meu estômago roncar.

Com toda aquela correria com a minha transformação, eu havia esquecido completamente de perguntar á Hermione, quando eu ainda estava na forma humana, sobre a alimentação do animago na forma animal.

E eu tinha uma péssima ideia do que um dragão realmente comia.

– Fome – murmurou Hermione, erguendo a cabeça para mim, sonolenta.

“Ah, vá, sério?”, bufei com sarcasmo.

Hermione ergueu a sobrancelha para mim.

– Parece que vamos ter que caçar.

Ah, não. Ela estava falando de comida crua?

“E o que você acha que dragões comem?”, minha mente revirou os olhos para mim. “McLanche Feliz?”

Hermione riu, maldosa, quando viu minha careta de aversão.

– E você acha que foi mais legal eu ter que ficar mordendo meu namorado quando estava vampirizada?

“Ahn, alô, Hermione!”, virei minha cabeça para ela. “Você não teve que me matar. Foi só um pedacinho de mim. Está sugerindo que eu mande algum bicho ver capim pela raiz, garota! É diferente!”

– Então fica com fome – ela bufou, tácita.

Rugi, fazendo questão de ter a última palavra, antes de Hermione revirar os olhos e me seguir em direção á floresta.

Dispensando detalhes sobre minha caçada sangrenta, retornei á campina com um grande bezerro-apaixonado na boca.

Hermione tapou o rosto assim que eu deitei o corpo do bicho no chão e comecei à comer.

– Com tantos animais – ela gemeu – e você me vem matar logo um em perigo de extinção?

“Tem muitos bezerros-apaixonados por aí. Em perigo de extinção estou eu, gata”. Continuei comendo como se ela não tivesse dito nada.

Pois é... a semana, pelo visto, seria longa... que eu voltasse logo ao normal...

Porém, pelo menos para mim, passar aqueles dias ao lado de Hermione, transfigurado num animal tão inconveniente, foi estranhamente um dos melhores períodos que eu vivenciara nos últimos meses.

O que acabou sendo um alívio.

Por que, quer eu soubesse, quer não, o que nos aconteceria num futuro não muito longínquo faria com que demorasse um bom tempo até eu ter momentos assim outra vez...


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Notas finais do capítulo

PRO POVO QUE ESTÁ PERDIDO COM OS BICHOS QUE ANDO BOTANDO NA FIC:
Bezerro-apaixonado: http://twitpic.com/de8aab
Kelpie: http://magpielibrarian.files.wordpress.com/2012/08/tumblr_m8q41aasry1rcmhigo1_500.jpg
Rony como dragão: imaginem o carinha mais ou menos com esse esqueleto... (não vou postar nada definitivo por que, na mente dos leitores, vai ficar mais bonito do que eu pensei... huashuas) - http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http%3A%2F%2Fus.123rf.com%2F450wm%2Fpasob%2Fpasob1203%2Fpasob120300003%2F12802752-dragon-tribal-like.jpg&imgrefurl=http%3A%2F%2Fbr.123rf.com%2Fphoto_12802752_dragon-tribal-like.html&h=1350&w=1254&tbnid=DqiS-u4Is0rAEM%3A&zoom=1&docid=XLPx33zDtdZleM&ei=B0BSVKu7OsOeNouvgbAO&tbm=isch&client=firefox-a&ved=0CD4QMygOMA4&iact=rc&uact=3&dur=472&page=1&start=0&ndsp=20



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