Após repassarem o plano, Elena animou-se com a estrategia deles. Pela primeira vez ela sentiu que conseguiria enfim enrolar-se aos braços de seu amado e permanecer ali para sempre. Ela estava sentindo tanta falta dele que não conseguiria nunca explicar ao próprio. Levaria horas e horas, mas ela nunca acharia a palavra que se encaixasse perfeitamente em tamanho sentimento.

Elena estava tão feliz e esperançosa que mal podia acreditar que há quatro meses atrás fez com que o Alaric a forçasse a esquecer o Damon. Aquilo nunca daria certo, pois ela sabia que de uma forma ou de outro alguém falaria do passado dela com Damon e ela se lembraria que sempre amou ele; desde o momento em que o tocou e sentiu seu coração bater mais forte.

Mesmo enquanto ela estava sob o efeito da "hipnose" que Alaric provocara, - fazendo-a esquecer que amou o Damon - ela já sentia algo forte em seu coração só de ouvir o nome dele... Elena tinha a impressão de que droga nenhuma, vampiro nenhum, nada e nem ninguém poderia faze-la se esquecer de Damon. Ela o ama com tanta força que ela poderia jurar sentir uma pontinha de dor só de pensar em viver sem este sentimento que tem por ele.

___ Tudo bem, gente. Vai dar tudo certo. Nós vamos conseguir.

___ Só não sei se é uma boa ideia eu ir junto com vocês - Alaric disse. - o Klaus ainda deve guardar rancor.

___ Eu também acho, mas de qualquer forma, ele não oferece nenhuma ameaça a você e é justamente por isso que precisamos de você, Rick. - Elena disse, encorajando-o, mas sendo sincera - Sei que parece mesquinho eu dizer isso, mas precisamos de proteção extra por lá e você é o único vampiro que pode bater de frente com um Klaus. E também, você tem o privilegio de hipnotizar outros vampiros, o que pode nos ser útil.

___ Bem pensado, cunhadinha.

Caroline estreitou os olhos para Enzo.

___ Certo. Então eu vou - Alaric afirmou. Elena pegou a mão dele e ficou na ponta dos pés para agradece-lo com um beijo na bochecha.

___ Isso é tudo muito bonito, mas acho que devemos ir o quanto antes.

Eles começaram a descer a escada.

Elena e Caroline desceram na frete, seguidas a menos de trinta centímetros por Enzo. Porém, Alaric parou no ultimo degrau e franziu as sobrancelhas ao ouvir um som que mais parecia um ruído de tão baixo, mas ele tinha certeza de que havia mais alguém na casa.

___ Que foi? - Caroline perguntou à ele.

De repente Enzo caiu de joelhos no carpete do piso. Ele não chegou a gritar nos três primeiros tiros, mas o quarto doeu; era uma estaca que pela profundidade e local que acertou em suas costas quase acertou seu coração. Enzo deu um grito grave e estridente. Mais três tiros.

Elena, pelo instinto de sobrevivência havia se escondido atrás de uma coluna entre a sala de estar e a sala de jantar. Alaric estava procurando de onde vinha os tiros e Caroline estava paralisada, em choque, assustada demais até para gritar. Ela fitava Enzo, queria tira-lo dali, queria gritar para que ele saísse dali, mas o som não saía de sua garganta.

Enzo, porém, tentou se levantar, mas foi atingido por mais um tiro. Ele colocou a mão esquerda para trás, para tirar a estaca de seu corpo e por sorte conseguiu. Mas as balas de madeira ainda estavam presas em sua pele, fazendo-o sofrer com a dor, pois eram pequenas demais para que ele conseguisse as puxar.

Alaric puxou Enzo pelo braço e o levou para o segundo andar. Elena fez o mesmo com Caroline, que continuava petrificada pelo momento.

__ Fiquem aqui. Seja o que for, não pode me matar - Alaric disse. - Cuidem dele - ele disse, se referindo ao Enzo.

Enzo estava sentado na beira da cama de casal que um dia fora de Damon. Ele apoiava as mãos nos joelhos e arfava como um cão, incapaz de pedir ajuda.

Caroline levou as mãos a boca e começou a chorar em silêncio.

___ Fica calmo - ela disse para Lorenzo. - Calma, calma... - agora parecia dizer mais para si mesma.

A loura se aproximou de Enzo e acariciou o rosto dele, como se aquilo fosse aliviar a dor que ele estava sentindo. Uma lágrima escorreu pelo rosto dela. De alguma forma, aquilo aliviou mesmo a dor, pelo menos um pouco. Enzo respirava mais calmo e quase não sentia dor, pois estava ocupado demais admirando a beleza de Caroline. O calor que o corpo dela exalava era... ótimo.

A camisa de Enzo estava ensanguentada.

___ Tudo bem, vou dar um jeito nisso - Caroline disse, deslizando as mãos do rosto dele. - Agora, tire a camisa.

Enzo deu um meio sorriso para ela e ergueu uma sobrancelha e ela deu-lhe um sorriso triste com os lábios fechados.

Com calma, ele levantou os braços, mas não pôde evitar fazer uma careta quando fez isso, pois as balas afundaram um pouco mais em suas costas.

Elena que observava a cena, revirou os olhos com um pouco de ânsia ao ver as balas nas costas ferida e ensanguentada do vampiro. Ela aproveitou que ambos estavam ocupados demais para se preocupar com ela, e foi atrás de Alaric.

Caroline ajudou Enzo a tirar a camisa, e ao toca-lo o corpo dela arrepiou por inteiro. Se ele percebeu isso, não disse nada, mas a tensão e desejo entre os dois era óbvia.

A pele de Enzo estava quente e umida de sangue misturado com suor. Caroline ajoelhou-se na cama bem atrás de Enzo, e com uma pinça começou a tirar as balas. Uma por uma. Eram sete no total, e a cada bala retirada, Enzo gemia de dor. E Caroline mordia as bochechas para não chorar toda vez que ouvia o vampiro sofrendo. Por fim, na sétima bala, ela não aguentou e começou a chorar.

Enzo virou-se para trás quando sua pele terminou de cicatrizar. Caroline continuava de joelhos, chorando. Ele segurou o rosto dela e a forçou encara-lo.

___ Por que está chorando?

___ Você... Eu... Não sei. Te ver sofrendo...

Enzo a puxou para perto de seu peito nu e a abraçou, brincando com o cabelo dela.

Elena voltou para o quarto e sem querer acabou com o momento intimo entre os amigos.

___ Ops - disse.

Caroline deu um salto para trás e ficou em pé. Ela passou a mão pelo cabelo, enxugou o rosto e se recompôs. Não havia motivos para ela ter ficado daquele jeito. Afinal, não acontecera nada demais ao Enzo. Ele levou uns tiros e estava com um pouco de dor, tudo bem, sim, era verdade, mas ele, assim como ela, é um vampiro e não importa quantas balas tinha ou quantos minutos ele iria sofrer até arranca-las do corpo, pois em menos de um minuto ele estaria curado e não haveria nem mesmo uma cicatriz para provar que o que aconteceu foi real.

É claro que foi real, e a as manchas de sangue na camisa de Enzo sob a cama não deixariam Caroline esquecer tão cedo.

No entanto, ela preferiu não comentar sobre o que acabara de acontecer. Enzo abriu o guarda-roupas de Damon e pegou a primeira camisa que avistou e a vestiu.

___ Cadê o Rick? - Caroline indagou.

___ Quem atirou em mim? Eu vou acabar com o desgraçado! - Enzo gritou, levantando-se para ir em direção a porta. Porém, Caroline o impediu.

___ Pelo amor de Deus, você não vai a lugar algum - Caroline o empurrou para trás. - Não vou deixar que um idiota qualquer o mate. Se alguém vai mata-lo, esse alguém sou eu. E para sua sorte não será hoje.

Apesar da brincadeira, seu tom era sério e não havia nenhum sinal amigável no rosto dela.

___ O Rick está bem. Ele está tentando tirar alguma informação do otário. Era um caçador. Só que isso não é tão comum, ou seja, o maldito está aqui a comando de alguém - disse Elena, com certo desprezo.

___ De um covarde, você quis dizer - Caroline corrigiu.

___ Desculpa, docinho, mas não sou do tipo "encoleiravel".

Enzo tentou passar pela porta, mas Caroline se colocava à frente dele todo segundo. Ele a empurrou e a segurou contra a parede. Seus corpos estavam colados e ele podia sentir a respiração ofegante dela contra seu peito. Os olhos de ambos estavam penetrados um no outro, até Enzo aproximar-se mais com o rosto, fazendo com que os seus lábios quase tocassem os da loura. Ele desceu a mão da parede e deslizou pelo corpo de Caroline, até a cintura. Segurou a cintura dela com uma força gentil e dois segundos depois desceu as escadas até a sala de jantar; que é onde Alaric está com o caçador.

As pernas de Caroline quase cederam, mas ela apoiou-se no guarda-roupas. Seus lábios se abriram em um O perfeito e ela andou em silêncio até a escrivaninha.

Elena observava cada movimento atentamente.

Caroline pegou um abajur e tacou na parede com tanta força que a lampada se estilhaçou em centenas de pedaços.

___ O que esse idiota pensa que está fazendo?! - ela gritou, e Elena começou a rir.

Enzo viu o caçador de joelhos e Alaric andando de um lado pro outro na frente do homem. O cara parecia ter entre trinta e quarenta anos, tinha alguns cabelos grisalhos e seu rosto tinha algumas cicatrizes por baixo da barba mal feita.

___ Então você é o imbecil que pensou que me mataria? - Enzo questionou.

A resposta do caçador foi:

___ Eu vim até Mystic Falls. Eu sou um caçador. Eu vou matar o Enzo.

___ Eu sou o Enzo, seu filho-da-mãe!

___ Eu vou mata-lo, Enzo.

___ Está hipnotizado - Alaric contou.

___ Claramente - Enzo concordou. - E você não pode fazer nada? Você não é o original dos originais? O rei dos reis? Faz alguma coisa. Mas que merda!

Elena estava parada perto da coluna em que se escondeu minutos atrás. Caroline foi até o homem e quebrou o pescoço dele. Ela saiu e voltou quase no mesmo segundos, com um ramo de verbena; e enfiou a planta na boca do caçador morto.

___ Por via das duvidas - explicou.

Enzo sorriu, surpreso com a agilidade e inteligencia repentina de Caroline.

___ Ora, ora - Alaric disse e sorriu também. - Bom, de qualquer forma, eu não poderia ajudar em nada mesmo.

___ Hmmm - Elena murmurou.

___ Uma coisa é certa, ele veio aqui somente para mata-lo. Acho que você deveria tomar mais cuidado agora que sabe que tem um inimigo também vampiro por aí.

___ Claro. Mas na minha opinião deveríamos estar dentro de um carro nesse exato momento.

___ Sim - Elena concordou. - Mas e o corpo?

___ Deixe aí. Acho que o covarde virá para ver se o trabalho foi feito, e como não estarei aqui, quero deixar o recado.