POV KATNISS

Retornar a nossa rotina habitual fica difícil depois da exposição trazida pelo programa de TV. Não posso andar nas ruas sem ser parada pelas pessoas que querem comentar o que estão assistindo. O Distrito fica lotado no fim de semana, por pessoas que querem conhecer nossa casa, a padaria, a campina, enfim todos os lugares relatados no reality. Não permitimos que ninguém entre em nossa casa e Gale nos ajuda com isso, ele coloca um segurança impedindo o acesso das pessoas, mas isso quer dizer que nós também não podemos sair e isso fica limitando nossa liberdade. Se em casa não permitimos a entrada de ninguém a padaria vira o point. Não tem como impedir as pessoas de entrarem então Peeta simplesmente aumenta a produção de tudo e deixa os funcionários atenderem as pessoas durante todo o fim de semana. Nunca recolheu tantos lucros. Ele sempre diz que dos males o menor, pelo menos a padaria começa a se sustentar sozinha e até produz lucro.

Nossa exposição pública continua assim como os vexames, que ficam notórios a todos. Após nossa discussão sobre como devemos encarar o dia, Peeta passou o dia inteiro trabalhando ao sol, ele estava concluindo a fachada e depois de tantas noites dormindo pouco, estava realmente cansado, quando chegou a minha casa estava muito queimado pelo sol, e com a expressão cansada no rosto, me ofereci para fazer o jantar e ele sentou a mesa para esperar mas ficou cochilando sentado, o chamei para jantar passando as mãos nos seus cabelos para acordá-lo. Ele comeu pouco e falei para ir se deitar.

_Ainda está cedo Katniss.

_Eu sei mas você está cansado vai deitar_ ele tenta ficar acordado dizendo que o sono passou e então percebo, ele acha que estou querendo que vá para sua casa dormir, por isso está resistente. Desisto de convencê-lo falando, pego sua mão e o conduzo até o quarto. Quando percebe que não estou querendo dormir sozinha fica mais relaxado. Ele deita e decido passar um creme em seu rosto para diminuir a ardência das queimaduras pela exposição ao sol. Enquanto passo em seu rosto ele fica mudo. Vejo seu pescoço também vermelho e pergunto a ele:

_Você estava de camisa enquanto estava exposto ao sol?

_Não estava muito quente._ responde sem entender o motivo da pergunta.

_Peeta você tinha que ter ficado vestido, não podia ter ficado tanto tempo sem ela. Anda tira sua blusa._ falo firme olhando para ele.

_Por que quer me ver sem camisa?_ pergunta já abrindo o maior sorriso.

_Ah! Tá muito engraçado eu vou ter é que passar creme nas suas costas também. Para você conseguir dormir se não logo elas estarão queimando.

Ele não discute só tira a camisa e vira de costas. Como imaginei estão vermelhas e queimadas. Começo a passar o creme e ele diz um_ isso é tão bom_ entre dentes mas logo apaga. Continuo passando o creme e depois o chamo,e não acorda. Fico um tempo olhando para ele, observando seus braços e parte do corpo exposta, balanço a cabeça tentando afastar a vontade de fica ali só acariciando sua pele. Quando consigo me controlar desço as escadas, ando pela casa, cuido da cozinha e alimento o gato e subo novamente, tomo banho e me deito ao seu lado, chamo seu nome, passo a mão nos seus cabelos, mas ele está completamente adormecido. Deitado da mesma forma que estava enquanto eu passava creme em suas costas. Resolvo tentar dormir, o tempo passa e novamente aparece a contagem no canto da tela, passo uma hora me virando de um lado para o outro sem conseguir dormir. Bato no travesseiro tentando deixa-lo mais confortável.E nada. Fico agitada, dormir com ele sem seus braços sobre mim parece impossível.Por fim Peeta acorda devido ao meu intenso movimento, abre os olhos e se vira e me chama para deitar em seu peito. Deito e fico um pouco constrangida por que ele está sem camisa e não sei onde colocar as mãos, mas logo o constrangimento passa e rapidamente durmo. A contagem para depois de uma hora e vinte minutos até Peeta acordar e volta a zerar quando deito em seu peito passa cinco minutos e estou dormindo.

Ver essas coisas como expectadora me faz entender o quando já era dependente dele e não conseguia admitir. Quando nos beijamos a primeira vez eles fazem uma festa, o momento é exibido como um grande acontecimento, eles ficam dias anunciando e fazendo propaganda. No momento do beijo mostram a vibração e torcida das pessoas nas ruas. É uma coisa de louco. Eles mostram todo o inicio do nosso namoro, os dias de inverno, o tanto que nos beijamos o tempo todo, as risadas do Peeta toda vez que eu parava suas mãos e carícias mais quentes. Consigo ver seu esforço para resistir a vontade de ficar comigo, escondido em seus sorrisos e calma, muitas vezes ao sair de perto ele suspirava ou falava sozinho que eu ia acabar deixando-o maluco. Na verdade os beijos eram realmente quentes e agora mais experiente tenho que reconhecer sua força de vontade para se conter, ele não vacilou nenhuma vez.

De todas as cenas que assisti as que mais me incomodaram foram as que mostravam a quantidade de mulheres que iam a padaria tentando falar com o Peeta, mas para minha alegria fica claro que ele é sempre educado, mas nunca dá trela para nenhuma. É difícil perceber os olhares que dão a ele e os suspiros todas as vezes que passa. Durante o treinamento dos funcionários ele realiza aulas ensinando as receitas que pratica. Os idealizadores usam isso como um programa de culinária colocando receita e tudo mais, chegaram a ligar para ele oferecendo um programa diário com o mesmo estilo mas ele se recusou a participar.

Todo processo da briga eles mostram a conta gotas, fazem aparições minha com Gale e mostram a frustração do Peeta e por fim a separação, todo sofrimento do Peeta é mostrado primeiro e eu pareço uma maluca forçando sorrisos e alegria. Mas à noite volto a chamar seu nome entre gritos e muito choro. No fim mostram sua melhora e eu me afundando na saudade que sentia dele, na falta que me fazia todos os dias.

Um dia quando passava por uma loja uma senhora que deveria ter quase oitenta anos me parou e disse:

_Minha filha olha o que você está fazendo, o Peeta tá certo em ficar chateado, você fica o tempo todo com aquele grandão e não cuida dele direito vai acaba perdendo aquele menino._ não consigo parar de rir e quando Peeta que estava na loja me ver sorrindo e sai a senhora repete a ele o que estava me dizendo. Peeta fica me olhando e depois diz.

_Eu falo isso para ela todos os dias eu tenho razão e ela não. Viu Katniss até as pessoas mais velhas concordam. _ e nos despedimos dela sorrindo.

Como ficamos mais de um mês separados as coisas começam a ficar iguais, eu chorando todos os dias e ele trabalhando todos os dias, por fim as pessoas começam a ficar entediadas. E eles antecipam nossa reconciliação. Foi realmente um momento muito forte e difícil de ser visto principalmente para mim. Todas as minhas fraquezas ficaram expostas para todos. Ficamos calados só vendo as cenas, mas quando terminam Peeta vira para mim e diz:

_Então que tal repetir a cena com direito à conclusão agora hein?_ fico rindo mas no fim acabo cedendo e por mais que me sinta constrangida por tudo que aconteceu decido seguir a ideia do Peeta. Não posso mudar o que fizeram mas posso escolher de que forma vou viver com isso e escolho ser feliz. É com base nesse pensamento que me forço a enfrentar o que vem a seguir, quando retornamos do Quatro iniciamos uma nova fase de nossas vidas e boa parte do tempo estávamos sempre juntos. Nosso momentos íntimos eram intensos e frequentes apesar dos idealizadores serem proibidos por lei de os apresentarem na íntegra esses momentos, sempre arrumavam um jeito de indicar ao telespectadores o que acontecia a seguir quando o sistema fazia o corte. Eles colocavam frases, focavam em nossa fala enfim arrumaram um jeito de expor nossa vida sexual para todo o país. Mas um episódio criou um verdadeiro reboliço. Depois de um tempo em nossa casa, Peeta tinha tido somente pequenas crises, onde alguns flashs o atormentavam, sempre passageiros, rapidamente ele conseguia se recuperar.

Mas teve um dia antes da Delly se mudar para sua casa em que ele realmente ficou agitado e irritado, é claro que não me agrediu, mas se recusou a ficar perto de mim. Voltou para sua casa e mesmo que só por uma noite eu senti muito sua falta. Haymitch ficou com ele e eu fiquei acompanhando pela janela. Próximo às quatro da manhã vi todas as luzes de sua casa serem apagadas e resolvi dormir. Acordei sentindo um cheiro delicioso de pão vindo da cozinha. Desci correndo as escadas e lá estava ele, com um olhar triste mas um sorriso sincero no rosto. Assim que me vê começa a pedir desculpa de forma desesperada, eu nem escuto só me jogo em seus braços e começo a beijá-lo, ainda para o beijo para se desculpar mas digo a ele:

_Para de se desculpar e aproveita para se dar bem_ e volto a beijá-lo com mais intensidade a última coisa que as câmeras captam é a resposta de Peeta logo depois de sua gargalhada.

_Você não existe Katniss_ e me levanta do chão caminhando comigo no seu colo em direção ao quarto.

Essa cena e televisionada várias vezes, dando ênfase no meu comportamento, essa e outras cenas servem de pano de fundo para uma nova discussão sobre mim. Começam a referirem a mim como a "garota quente" conversas, intrigas e fofocas permeiam os programas. Mostram opiniões de mulheres e homens sobre mim, alguns bem ofensivos. No Distrito também tenho que lidar com piadas e brincadeiras sem graça e isso começa a me incomodar. Não consigo ficar indiferente, meu relacionamento com o Peeta fica diferente, fico retraída e acanhada. Só consigo me estabilizar depois de muita ajuda dele que passa horas conversando comigo, fala do quando gosta de minha espontaneidade e dos nossos momentos. Não cobra nada mas me faz perceber que não preciso mudar pela opinião das pessoas, mas que preciso fazer o que me faz feliz e o que me faz assim é estar com ele por isso decido não ligar para as outras pessoas e ser feliz .