Sem perder a esperança escrita por Ester


Capítulo 22
CAPÍTULO 22 – Cobrança




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POV KATNISS

Acordo cedo para poder desfrutar mais um pouco de sua companhia. Sei que ele logo vai trabalhar então fico só admirando as suas feições. Sereno, tranquilo. Passo a mão no seu rosto e um sorriso se mostra em seus lábios.

_ Bom dia_ falo baixinho.

_Bom dia amor_ sua voz é sonolenta.

Deito a cabeça em seu peito e fico quieta pensando na noite anterior, nós nos beijamos tanto que as coisas começaram a ficar “quentes’’ e sinceramente já estava considerando que esse seria o momento em que nos envolveríamos de forma completa. Mas Peeta, talvez num lampejo de consciência, nos interrompeu, parou o beijo, me puxou para o seu peito e disse um “Boa noite Katniss”, tão afobado que comecei a rir, ele também riu. Mas depois completou:

_Desse jeito você vai acabar me deixando maluco, sabia?_ não respondi só fechei os olhos esperando o sono vir. Dormi logo e muito bem, depois de tantas noites sozinha chorando, essa compensou todas, assim como Peeta. Tudo que deixou de falar neste último mês, todas as declarações de amor que não fez, compensou em uma única noite. Dizendo tantas coisas ao meu ouvido que sinceramente me fez esquecer tudo, até o motivo pelo qual, não havia me entregado ainda a ele. E se não tivesse interferido por mim teria acontecido. Com nossa separação percebi que não consigo ficar sem ele, quando me pegou nos braços para me fazer tomar banho, não resisti porque tudo que queria era tê-lo por perto novamente e quando o ouvir dizendo que sempre iria me amar me joguei em seus braços e o beijei. Admiti meu erro foi muito difícil mas fiz e pedi desculpa, porque sei que errei, coloquei a amizade do Gale acima de tudo. Mas agora terei que agir diferente e foi isso que me comprometi a fazer.

Depois do café fomos juntos para o centro, ainda está cedo, mas como abandonei o serviço por três dias sei que terei muita coisa para fazer. Quando nos despedimos combinamos de estarmos juntos no jantar e por mais que seja difícil para mim o beijo na porta da padaria. Encontro-o novamente no mercado, mas só de longe, as obras de reconstrução do prédio estão quase concluídas faltando pouca coisa. Fizemos um primeiro andar onde ficam as barracas de comida, as mesas e os produtos que não precisam de tanto espaço para exposição, em baixo tem as barracas de farinha, açúcar e outras que precisam de mais espaço. Do primeiro andar vejo Peeta carregando sacas de farinha. Corro até o parapeito e grito:

_Ei padeiro! Seu patrão não deixa você parar nem para almoçar? _ele olha para cima tentando me achar e reponde:

_ Ele até que deixa, mas tenho um encontro com uma linda garota à noite então tenho que me apressar.

_Espero que ela falha o esforço. _ não consigo esconder o sorriso.

_ Ela vale cada gota de suor do meu corpo. _ fala voltando ao trabalho, e ainda de costa diz:

_Não se atrase. _ e vai em direção a porta. Fico rindo pensando em como as coisas mudam depressa, ontem estava na cama deprimida e hoje estou aqui rindo a toa. O sorriso me acompanha durante todo o dia. Gale aparece e realmente estava com saudade dele, a dias que estava na mata, conversamos por um período e no fim da tarde estou pronta para passar mais um tempo com Peeta.

Logo que chego em casa o telefone toca e depois de meia hora com Plutarch no meu ouvido realmente me sinto irritada. Preciso conversar com o Peeta sobre essa ligação e sei que não será agradável. Como combinado me arrumo para o jantar. Visto uma saia curta que a muito tempo não usava. Não é o meu tipo preferido de roupa mas como está calor fica bem. Peeta chega antes que eu termine de me arrumar, falo com ele com a porta ainda fechada e ele desce e começa a organizar o jantar na cozinha. Quando me ver descendo as escadas fica com a boca aberta me olhando mas depois os seus olhos se prendem em minhas pernas.

_Cuidado com a baba Mellark ela está escorrendo... _ falo bem perto dele e levantando seu rosto com a mão o obrigando a olhar para parte de cima do meu corpo. Ele percebe que foi indiscreto e fica vermelho mas logo se recupera e diz:

_Desculpe por isso, mas você está realmente linda com essa saia. Faz tempo que não te vejo assim. _ fico rindo de sua reação e ele aproveita por saber que não me aborreci e faz algo mais ousado. Passa sua mão entre as minhas pernas alisando a parte à mostra. Reajo com um pulo e um grito. Bato na sua mão fingindo raiva.

_Peeta essa sua mão está bem saidinha não? Vai tocar nas panelas vai! _ tento passar a ideia de irritação que não é verdadeira e ele começa a rir e só então percebo que não estamos sozinhos. Gale que sempre anda silencioso entra na casa sem ser percebido, ele olha para o Peeta e começa a gritar.

_Quem você acha que é para passar as mãos nela? Você ficou maluco? Nunca mais encosta essas mãos nela, entendeu?_ ele está bem perto a Peeta com o dedo levantado em seu rosto. Temo por sua reação mas ele se limita a dizer:

_Não sabe bater? Como é que você entra na casa dos outros sem ao menos se anunciar? A quanto tempo estava espionando a gente? _ não está gritando mas percebo sua irritação.

_Não estou espionando, eu estava entrando e vi você passando as mãos nas pernas dela, vai negar que fez isso?

_A questão não é o que eu fiz ou deixei de fazer, isso é entre Katniss e eu. O problema é você entrando na surdina na casa de outra pessoa. _ Peeta responde tentando se manter calmo, mas o clima fica muito tenso então percebo que é hora de intervir.

_Por que você não se anunciou Gale? _ parece a coisa mais idiota a se dizer mas tento desviar sua atenção de Peeta.

_Por que eu não me anunciei? O cara estava passando as mãos nas suas pernas e você que saber por que não bati na porta?_ ele me olha como se não conseguisse acreditar no que digo. Penso em algo para acrescentar mais é difícil, por fim digo:

_ Eu poderia estar de toalha, ou sem roupa, enfim essa é minha casa você não pode entrar sem bater e nós já conversamos sobre isso. _ não consigo dizer mais nada nem responder seus questionamentos.

_Então tudo bem, quando eu vier em sua casa vou bater antes de entrar. Ok? Agora vamos discutir o outro ponto, o fato dele ficar passando as mãos em você. _ ele fala indicando Peeta com a mão e esperando de mim uma resposta.

Peeta solta a respiração com raiva e olha para mim, sei que o que está esperando que eu diga ao Gale sobre nosso relacionamento, mas não consigo, se falar agora ficará ainda mais magoado e não quero isso. Nem pensei em como abordá-lo para explicar a situação e então fico sem reação, muda. Meu cérebro pensa em algo que eu possa dizer para não ficar mal com nenhum dos dois, mas é difícil. Faço uma tentativa ao menos de adiar a conversa.

_Gale olha só, isso é problema meu, foi uma brincadeira sem graça do Peeta e eu reclamei com ele, agora: Por favor! Pode ir embora? Não dá para os dois ficarem juntos sem brigarem e Peeta já estava aqui. Então por favor, a gente conversa amanhã. Pode ser?

Ele fica sem fala essa é a primeira vez que peço para que saia, sempre quem vai embora quando chega é o Peeta, mas tenho que mostrar quem é minha prioridade agora. Então vou até a porta e abro. Ele passa com uma expressão dura, de raiva, não diz nada só vai embora. Volto para a cozinha, mas antes fecho a porta com a chave. Peeta está de cabeça baixa visivelmente irritado. Chego perto dele e o abraço.

_Eu vou falar com ele, só preciso achar a forma certa de fazer, por favor! Tenha só mais um pouco de paciência._ não diz nada só me abraça. Depois do clima que se instalou fica ainda mais difícil falar sobre o telefonema mas não tenho escolha. Demoro um tempo para me decidir, principalmente sobre como começar a conversa. Decido pelo obvio.

_Peeta quero falar uma coisa com você._ falo logo após o jantar. Ele se mostra atento a minha fala e começo relatando o que aconteceu depois da nossa “excursão” pela Capital e como tive que aceitar alguns acordos para não ser julgada por deserção, fraude e outras coisas. Nesse acordo me comprometi a ajudar na reconstrução dos Distritos, contribuindo com o que o governo achasse necessário para esse fim. E foi isso que Plutarch ligou para cobrar. Ele quer que eu vá em alguns Distritos levando a ideia de reconstrução que foi desenvolvida no Doze. Sei que é mais uma jogada de publicidade, mas não posso recusar. Felizmente Peeta não fez nenhum acordo por isso não é obrigado a nada. Mas a ideia do governo é que nós dois participemos, já que sabem que trabalhamos juntos aqui pois os projetos ficaram por conta do Peeta. Ele desenvolveu algumas ideias bem legais, que nos pouparam tempo e melhoraram a qualidade das construções. Por isso ficou a meu encargo, convencê-lo a participar. Sinceramente se preciso ir prefiro que vá comigo, para me ajudar, e porque lidar com gente, câmera e festas sem ele parece insuportável, sem falar no tempo que ficaríamos longe um do outro. Mas sei que é uma atitude egoísta e injusta, após tudo que passou deve estar querendo ficar longe de toda essa sujeira. No fim digo que preciso ir mas que é inteiramente livre para ficar.

_ Vou com você se for o que você quer Katniss. _ diz decidido.

_ Não sei o que quero, não queria te envolver em tudo isso, mas não sei se consigo lidar com essa gente sem você. _ tento passar toda verdade pois é uma só: Eu preciso dele ao meu lado, e isso faz com que me sinta horrível, culpada, como se o estivesse usando. Incapaz de lidar com esses sentimentos simplesmente conto tudo a ele. _Peeta, a verdade é que preciso de você e isso me deixa mal, me sinto mesquinha e egoísta, você tem tantas coisas pra lidar e venho te trazer mais isso, desculpa. _ no fim estou quase chorando. Ele me abraça, e fica em silêncio um tempo, depois me leva até o sofá e me obriga a ficar de frente a ele.

_Katniss_ diz com uma voz serena._ Realmente não tinha intenção de me envolver com o governo novamente, mas por você faria qualquer sacrifício, se sente mal por precisar de mim não sinta, pois isso é tudo que quero, que precise de mim como preciso de você. Não quero me separar de você e se for preciso ir ao fim do mundo para ficarmos juntos irei.

_ Mas não é sua responsabilidade é minha. Não é obrigado a nada.

_Eu sei e vou somente por você, porque quero estar junto quando precisar de mim e tirar umas casquinhas durante as festas por que não sou santo_ termina a frase já rindo.

_Como assim tirar casquinha?_ pergunto sem entender nada.

_Ah! Você sabe, durante as festas você fica mais colada em mim, toda linda e arrumada, tem sempre danças e beijos públicos e é claro que posso me aproveitar um pouco_ ele termina me olhando com expressão de moleque no rosto.

_Peeta Mellark! Você está dizendo que durante as festas que tínhamos que ir se aproveitava de mim?_ pergunto séria e exigindo uma resposta. Ele vira de lado e diz:

_Vamos mudar de assunto?

_Não, nada de mudar de assunto quero saber a verdade._ instigo curiosa com a sua declaração.

_ Ah! Katniss o que você queria? Eu sempre estava com a garota mais linda da festa, sabia que parte daquilo era fingimento, mas quer saber? Sempre quis que fosse sincero, então quando te abraçava ou beijava fazia por mim também, imaginado que um dia seria de verdade.

_Nem todas as vezes que te beijei foi fingimento, sabia que tinha que fazer, mas algumas vezes fiz porque quis, porque tive vontade._ digo olhando bem para seus olhos. Isso é mais do que suficiente para ele me agarrar e beijar com todo amor do mundo que sei que tem por mim, e retribuo tentando passar a alegria que é saber que alguém te ama. Não entendo bem de sentimentos, mas sei que no meu coração existe um lugar que é só dele. E é nesse lugar que penso quando o beijo, tentando transmitir a certeza que o quero ao meu lado porque preciso dele e se não acha isso ruim eu não me sinto mais culpada. Próximo às dez horas da noite ele começa a andar e a me levar em direção a saída, depois de muitos beijos, me dá boa noite e abre a porta para ir embora. Mas não quero que vá, fecho a porta e digo:

_Vai ter uma boa noite sem mim? Sei que não terei longe de você. _ passo a chave na porta e concluo_ Fica comigo?

_Sempre _ é tudo que diz. E volta a me beijar enquanto caminhamos para o quarto. Nos deitamos me enrosco nele e logo dormimos. Pela manhã levantamos cedo, pois a viajem está marcada para as 11 horas. Peeta vai para casa arrumar sua mala e deixar instruções na padaria. Faço minhas malas e vou até a casa de Haymitch, fico agradecida por saber que também irá. Resta só mais uma coisa a fazer: me despedir do Gale. Será só algo rápido, pelo clima que se instaurou em nossa última conversa não sei o que esperar Peeta e eu conversamos muito e ele quis definir nossa situação e então decidi assumir que estamos namorando, mas concordou em esperar até o fim da viagem para que eu conte ao Gale.

Vou até seu escritório no centro e o convido para conversar. Ele parece mais tranquilo, pede desculpa por seu comportamento, diz que estava estressado por algo do trabalho e que acabou descontando em mim. Que entende que Peeta também é meu amigo e que vai respeitar meu próprio tempo, não entendo o que quer dizer mas digo um “tudo bem” mais para encerrar o assunto por que não quero retornar a discussão, lhe informo que estou indo para o Quatro participar de umas reuniões com os moradores de lá. Ele aceita bem e pergunta quando retorno.

_Não sei talvez tenhamos que ir a outros Distritos e isso pode demandar tempo, mas acho que no máximo um mês estaremos de volta.

_Um mês?_ questiona_ E quem mais vai?

_Haymitch, o Peeta e eu _ digo rapidamente, mas quando ouve o nome de Peeta seu rosto se transforma.

_Por que Peeta vai?_ pergunta de forma áspera_ Achei que era mentalmente instável para uma viajem dessa. Então por que o querem lá? _ não sei porque mas quando o vejo se referindo ao Peeta dessa forma me sinto irritada. Ele sabe que me sinto culpada por tudo que Peeta passou e desqualifica-lo dessa forma é no mínimo cruel. Então me aproveitando da raiva respondo:

_ Muito dos projetos desenvolvidos aqui foram ideia dele. E ele vai porque pedi, não quero enfrentar tudo isso sozinha.

_E por que não me chamou? A poucos dias vocês nem se falavam e agora está tudo bem? _ refuta parecendo magoado.

_Você tem sua mãe e seus irmãos e o emprego aqui, não era justo te pedir e ele fez parte de tudo por isso Plutarch fez questão que estivesse junto_ relato parte da verdade nem pensei em viajar com ele ainda mais sem o Peeta.

_ Então, boa viajem. _ ele se vira e sai. Não digo mais nada, vou para casa e termino de arrumar minha mala. Peeta chega e me chama, mas querendo adiantar o serviço espero ele subir.


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