Sem perder a esperança escrita por Ester


Capítulo 11
CAPÍTULO -11 Acordo




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POV. PEETA

Trabalho durante toda a semana mas no domingo não vou para as obras da padaria por não haver ninguém lá. Os trabalhadores tiram o dia para ficarem com a família e descansar. Como não tenho família penso em ir à casa da Katniss tomar café e convidá-la para fazer um passeio comigo, mas olho pela janela e a vejo saindo com Gale em direção a floresta. É o dia em que ficam sozinhos por horas. Normalmente retornam no fim do dia. Penso em como estou em desvantagem em relação a ele. Katniss e eu ficamos juntos mas quase sempre com um objetivo específico, fazer o livro ou terminar os projetos de construção, sei que esses são momentos em que também estamos juntos para espantar a solidão. Mas eles se juntam por diversão. Nenhum dos dois depende da caça, ela é só entretenimento e isso é algo que não possuímos.

Notei que ela ficou em pouco enciumada com a presença da Rosaly, mas não sei o que concluir com isso. A verdade é que ás vezes, a sinto bem próxima a mim. Mas também próxima a ele é como se estivesse indecisa sobre quem escolher e sinceramente isso está começando a me irritar. Quanto tempo ela vai ficar com isso? Minha vontade é confrontá-la e definir tudo, mas o medo que tenho de perdê-la sempre fala mais alto e me calo. Quando descobri sobre os sentimentos da Rosaly liguei para ela afirmando que nunca teríamos nada e pedi para não incomodar a Katniss novamente senão eu abriria mão de seus serviços, ela passou um tempo tentando me fazer mudar de ideia mas no fim cedeu e se comprometeu a não tocar no assunto. Fiz isso por que não quero dar chance ao azar. Mesmo que minha relação com Katniss indefinida, não quero correr o risco de dar motivos a ela para escolher o caçador.

Depois de acompanhar a saída dos dois defino o que fazer durante o dia, não quero ficar em casa pois em todo o tempo estarei pensando no que estarão fazendo na floresta e isso me deprime. Decido ir a padaria, não tem ninguém lá mas, tem muito trabalho, um forma de ocupar a mente. Trabalho durante todo o dia não paro nem para comer. Estou exausto mas consigo me obrigar a pensar somente na próxima atividade a ser feita. É cansativo vigiar seu próprio pensamento, mas no fim do dia percebo que quase não pensei nela. Volto a Vila com o corpo cansado e a mente vazia, me sinto leve e desligado. Por isso levo um susto quando a percebo atrás de mim. Disse que havia me chamado e que não ouvi. Apesar de toda dor que sinto por sua indefinição abro um sorriso ao vê-la e ela retribui.

_Senti sua falta hoje_ diz me dando um abraço e um selinho que já ficou comum em nossas saudações. Retribuo com todo carinho que sempre tenho por ela lutando muito contra toda a vontade que tenho de aprofundar o beijo e me grudar na sua boca, porém sem dar vazão as minhas vontades simplesmente respondo:

_ Também senti sua falta, você saiu cedo...

_ Estava na floresta caçando e resolvi cobrar um acordo que fizemos há muito tempo.

_ Que acordo?_ pergunto sem ter ideias do que está falando.

_ Eu caço, você cozinha_ diz com um sorriso nos lábios e expressão travessa no rosto.

_Eu me lembro desse acordo, foi logo quando saímos da caverna na primeira arena_ realmente recordo a situação e sinto um pouco de tristeza, naquela época tinha certeza que estávamos bem, achava que seria minha quando retornasse ao distrito. Disfarço meus sentimentos e pergunto:

_ Pode ser aqui em casa?_ falo rapidamente esperando que concorde. Sempre comemos em sua casa, mas ultimamente Gale tem estado muito presente e não sei se consigo lidar com isso hoje.

_Pode ser tenho só que tomar um banho e depois volto_ diz me passando o caça, um peru selvagem já limpo e tratado.

_ Vou te esperar então. _ dou um selinho em sua boca, abro a porta e a vejo saindo em direção a sua casa. Começo a preparar o jantar, sinto uma melhora em relação ao péssimo dia que tive, ela virá para cá, e o fato de ter me procurado demonstra que também sente minha falta. Coloco tudo no fogo e subo para tomar banho. Quando estou descendo ela chega, está com um vestido simples, mas está muito bonita, o cabelo solto e ainda molhado, seu sorriso ao sentir o cheiro da comida é hipnótico. Tenho que me conter para não ficar olhando para ela como um bobo. Durante o jantar conversamos sobre várias coisas, rimos, e brincamos. Conto sobre meu dia sem falar de como me senti sozinho e ela fala sobre o seu, as coisas que fizeram na floresta e tudo mais. É sempre fácil passar tempo com ela, parece que só existe nós dois no mundo.

Após o jantar a convido para assistir um filme. Ela questiona a ideia por nunca ter assistido nada que valesse a pena na programação da TV. Relato que durante minha estadia na Capital tive acesso a arquivos digitais que foram proibidos durante o período de escravidão. Mas que não foram deletados. Um acervo artístico com livros, músicas, filmes e documentários de épocas distantes. Os arquivos foram liberados para todos e fiz alguns downloads daquilo que achei interessante. Tenho uma quantidade grande de livros e filmes que ás vezes gasto o tempo vendo.

Na sala ela percebe algumas mudanças que fiz, como quase não vem a minha casa e sempre quando vem fica na cozinha elogia as mudanças. Originalmente as casas são idênticas, até com os mesmos móveis, mas aproveitando as compras que precisava fazer para a padaria. Diversifiquei um pouco. Providenciei um sofá realmente confortável que além de grande, reclina, aparelho de som, e reprodutor de arquivos digitais. Também coloquei, em cima da lareira, um grande quadro com uma pintura de nosso piquenique, nele estamos abraçados observando o pôr do sol e o efeito dele nos prédios da Capital. Ela fica um tempo olhando o quadro mas não diz uma palavra. A chamo para sentar e escolher o filme, sei que ela não gostará de nada violento e opto por uma história romântica, não é meu gênero favorito, mas a história é boa e fala sobre uma garota com câncer.

Durante o filme percebo sua aproximação. Ela se achega a mim e a envolvo em meus braços. Tê-la assim tão perto, sentir seu cheiro é uma sensação indescritível. Relaxo rapidamente. O filme acaba e constatamos que está chovendo muito lá fora. Digo para ficar e esperar, começamos a assistir outro filme mas, o esforço do dia começa a cobrar descanso. Acordo com a TV chiando, Katniss está completamente adormecida em meus braços, penso em levá-la para cama, mas isso implicaria em me separar dela e me recuso a soltá-la. Sinto-me um lixo por esse pensamento mesmo assim, opto por aproveitar o máximo deste momento. Acabo por reclinar o sofá, pego uma manta e nos cubro, viro e estico minhas pernas e ficamos assim. Como o sofá é grande parece que estamos deitados em uma cama. Essa impressão me remota ao tempo em que dormíamos abraçados para afugentar nossos medos. Katniss suspira e dorme tranquilamente a aconchego em meus braços e fico ponderando se ficará chateada com essa situação quando acordar, escolho correr o risco, e depois do que passei hoje aceito este momento como uma benção e logo adormeço.


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