Destiny, Um Quase-Anjo Apaixonado escrita por Nynna Days, Goddess


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olha quem está de volta :)

Espero que gostem. Depois desse capítulo a história será narrada por Harper e Simon, tendo um capítulo para cada um.



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Sala 102 – Avaliação do Nephilim número 4.005: Harper Marie Moore.

Harper revirou os olhos diante do Anjo sentado do outro lado mesa e cruzou os braços, se recostando na cadeira. A câmera deu close em sua expressão entediada e em seu cenho franzido em confusão. Ela se recusava a quebrar o silêncio e deu um meio sorriso irônico. Até que eles tinham demorado em ir atrás dela depois de tanto problema que havia causado.

Não, ela não precisava nem ter começado algum problema. Só o fato de ter nascido e ter sobrevivido durante intermináveis dezoito anos já era motivo o suficiente para que mandassem alguém atrás dela. Cruzou as pernas e começou a mexer o pé, impaciente. Será que eles não poderiam ter esperado até o dia seguinte? Ela teria que passar seu aniversário de dezoito anos sendo interrogada por um dos Seres Perfeitos?

“Senhorita, diga seu nome para a câmera.”, o Anjo pediu.

Mesmo com sua ligação limitada com as pessoas que possuíam asas, Harper ainda tinha um senso interno que a ajudava na identificação da hierarquia angélica. Concentrou-se por alguns segundos, juntando ainda mais suas sobrancelhas e encarou os olhos verdes e impassíveis do Anjo. Sentiu uma leve vibração e retornou a sua pose indiferente.

Um Sub Arcanjo.

“Vocês sabem o meu nome.”, respondeu e bufou.

A expressão do Sub Arcanjo não se alterou.

“Nephilim, diga o seu nome.”, repetiu.

Harper revirou os olhos e inclinou seu corpo na direção da câmera. Seus cabelos castanhos claros quase ocultaram seu rosto distorcido em rudeza. Seus olhos azuis tempestuosos se estreitaram e ergueu uma sobrancelha, desafiando qualquer um que assistisse a aquela fita mais tarde.

“Meu nome é Harper Marie Moore”

O Sub Arcanjo assentiu, anotando algo em seu caderno. Harper tornou a se recostar a cadeira e cruzar os braços, esperando. Poderia estar ali á poucos minutos, porém havia sido o suficiente para destruir com o restante de sua paciência. Tamborilou os dedos na mesa de madeira, chamando a atenção do anjo.

“Sua idade.”, ele pediu e apontou para câmera com a caneta.

Revirou os olhos e decidiu continuar do jeito que estava.

“Dezoito anos há exatamente...”, pausou olhando para o relógio. “Seis horas e quarenta e dois minutos.”, o anjo anotou. “E antes que me pergunte, sim, sou uma Nephilim. Minha mãe é Gael Moore e meu pai é um humano desconhecido.”

“Obrigado.”, o Anjo agradeceu e colocou os cotovelos na mesa, cruzando os dedos diante de seu rosto. “Então, a chamamos aqui porque tivemos um número alarmante de queda nesses dois anos. E isso deixou o número de Anjo capazes de serem Guardiões inferior ao número de pessoas quem precisam. Por isso os Arcanjos conversaram entre si e decidiram pedir ajuda externa.”

Gargalhou diante da demonstração de desespero. Há tantos anos os Nephilim eram tratados como serem desprezíveis e que não deveriam existir. Tudo por serem a prova física da falha dos anjos. O Sub Arcanjo aguardou o fim do riso de Harper com a expressão neutra. A Nephilim tinha algumas coisas para dizer. Que tinha consciência do número de queda dos Anjos – queda e desistência. Sua melhor amiga namorava um Anjo Caído há quase dois anos.

“E como seria essa ajuda?”

O Anjo estendeu uma pasta na direção da Nephilim enquanto lhe passava a explicação.

“Será um treino como Guardiã. Para que não tenha nenhum problema com o andamento angélico, terá a guarda de alguém que ‘saiu dos padrões’ ou ‘fugiu do destino’. Por um mês você será o Anjo da Guarda de alguém.”

Harper leu as informações e ergueu os olhos, duvidosa.

“E o que eu ganho com esse trabalho comunitário?”

Dando sua primeira demonstração de sentimento, o canto do lábio do Anjo tremeu.

“Estamos lhe dando uma chance de nos provar que sua existência não é tão desnecessária quanto achamos.”, ele ressaltou. Harper deu um meio sorriso ao constatar o quanto aquele anjo era capacho. “E se completar a missão, podemos conseguir um lugar ao nosso lado para você.”, finalizou com entusiasmo na voz.

Entusiasmo esse que Harper ignorou.

“Muito obrigada, mas não estou interessada.”, bateu as mãos na mesa, pegando impulso para se erguer. “Sou a última pessoa que vocês deveriam pedir ajuda.”, caminhou até a porta com as mãos no bolso.

Claro que eles não a deixariam ir embora com tanta facilidade.

“Podemos fazer sua mãe ser perdoada e dar a localização de seu pai.”

Harper parou com a mão na maçaneta fria. Fechou os olhos, deixando aquela máscara de indiferença deslizar de seu rosto. Todos os dias em que olha para a sua mãe, não pode impedir que a culpa a tomasse. Afinal, seu nascimento era o motivo de nunca retornar ao céu e nem tentar fazê-lo. E seu pai... Ela queria conhecê-lo, nem que fosse para socá-lo.

Ela fez uma careta e a contragosto retornou a mesa com passos arrastados. O Sub Arcanjo tinha um sorriso de vitória nos lábios, dando-lhe a pasta novamente. Harper a colocou embaixo do braço e se afastou sem dar nenhuma palavra. Sabia que eles a contatariam quando precisassem.

“Você tem três dias para ajeitar as coisas e ir para a faculdade onde sua Pupila está. Já cuidamos de sua matrícula e seu dormitório. Os papéis necessários estão todos aí dentro. Estude sua Pupila e boa sorte.”, o anjo informou. Harper tocou a testa com o indicador e assentiu. “Ah, Nephilim. Feliz aniversário.”

Harper não respondeu, ansiosa para sair daquele ninho de Seres Perfeitos. No caminho para a saída abriu a pasta novamente. Um sorriso involuntário deslizou por seus lábios avermelhados ao ler o nome da amiga que, na semana passada, pensou que seria obrigada a se separar.

Mary Rose Bogossian.

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Simon tinha consciência de que David queria lhe dizer algo importante. Seus passos inquietos e as mãos por seus cabelos cacheados eram uma boa indicação disso. Será que seria agora que seu amigo contaria a verdade? Sempre soubera que David era estranho e contraditório. Com vinte e um anos agia e falava como se fosse muito mais velho.

Além disso, Simon sempre sentiu um tipo de ligação entre eles, como se fossem conhecidos de muito antes do nascimento. David sempre esteve presente desde que Simon lembrava e agradecia por isso. Ele era a sua consciência. Dizia o que estava certo e o que estava fazendo errado. Mas sempre tinha alguma coisa obscura em seu passado que ele se negava em compartilhar, mesmo com os anos de amizade.

Parece que aquele momento de suspense havia acabado.

“Simon, meu nome é Daniel.”

Os olhos castanhos de Simon se arregalaram e ele se levantou, sentindo-se traído. Ao mesmo tempo, simplesmente não conseguia sentir raiva do amigo. Era aquela estúpida ligação que coexistia entre os dois. Quem começou a mexer nos cabelos acobreados, inquieto e sabendo que aquela não era a única mentira que seria confessada.

“Como assim?”, ele indagou confuso. Daniel desviou os olhos azuis dele e respirou fundo, parecendo profundamente envergonhado. “Eu te conheço desde… sempre. Quero dizer, crescemos juntos, David!”, deu um empurrão no amigo, aproveitando uma pequena faísca de raiva que surgiu. “Você vai me explicar essa merda toda agora!”, exigiu.

Daniel encolheu os ombros, tanto pela violência quanto pelo xingamento.

“Você tem que se acalmar, Simon.”

Simon se afastou, quase arrancando os cabelos.

“Não me mande ficar calmo.”, ele replicou e bufou. “Quem é você afinal? Um fugitivo? Um serial killer? Um estuprador?”

Daniel revirou os olhos azuis.

“Não seja precipitado. Estive do seu lado todos esses anos. Acho que você iria reparar caso eu fosse algum tipo de assassino ou coisa do tipo.”, ele balançou a cabeça e deu um passo a frente. “Vou te contar tudo, mas tem que me prometer manter a cabeça aberta.”

Simon se sobressaltou.

“Você é gay?”, questionou erguendo as mãos. “Não que eu seja preconceituoso, mas se for isso, iria explicar muita coisa. O porquê de você não ficar com nenhuma garota que te apresento, por exemplo.”

Daniel deu um sorriso de canto.

“Não, Simon. Eu não sou gay.”, ele esclareceu. Simon soltou o ar e assentiu consigo mesmo, se livrando do pensamento sobre seu melhor amigo estar apaixonado por ele. Pelo jeito que David - ou Daniel, seja lá o que fosse - o seguia e parecia querer saber de todos os seus passos, era o pensamentos mais óbvio que poderia ter. “Eu sou um anjo. Seu anjo da guarda, para ser mais exato.”

O alivio evaporou.

“Você é um o quê?”

“Anjo”, Daniel repetiu destacando cada uma das sílabas. “Guardião.”

Simon recuou, estreitando olhos escuros.

“Você é doido. Esse negócio de ‘Anjo’ não…”

Sua frase foi bruscamente interrompida quando sua visão foi tomada pelo esplendor das asas de Daniel em forma de falcão com penas prateadas nas pontas e com um tom de branco envelhecido em seu interior. O Guardião arqueou uma sobrancelha no momento em que suas asas bateram ao seu redor, fazendo o cabelo acobreado de Simon se bagunçar. Ele tinha a boca aberta em um arco perfeito, desacreditando no que seus olhos mostravam. Tentava pronunciar palavras desconcertadas, mas sua boca estava seca demais. Agradeceu mentalmente por estar sozinho em casa. Se sua mãe ou Sarah vissem aquilo, seria o fim.

“Você vai me deixar explicar tudo agora?”

Simon assentiu e Daniel sorriu forçado.

“Muito obrigado, Quase-Anjo.”, ele encolheu as asas nas costas e deixou que a preocupação transparecesse em seu rosto. “Pensei que nunca teria que te contar isso. Na verdade, não era para você saber disso nunca.”

O Quase-Anjo passou a língua pelos lábios.

“E o que mudou?”

Daniel lançou um olhar sério e enigmático.

“Tudo, Simon. Tudo mudou.”

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“Espero que esteja certo dessa decisão, Gabriel.”

Miguel encarava seu irmão e tentava desvendar a incognita que se formava em seu mente. Como ele poderia ser um Arcanjo perfeito e ainda assim carregar tanta piedade por criaturas imperfeitas e auto destrutíveis? E ainda assim, não se assemelhar em nada com eles. Rafael tinha o cenho franzido, dando outra demonstração de humanidade. Ezequiel e Uriel escolheram ficar quietos e observar como a confusão entre os irmãos se desenrolava.

“Se você tiver outra ideia, fique à vontade para compartilhá-la, irmão.”, Gabriel ofereceu desviando os olhos das inúmeras pastas à sua frente. “Sempre achei um disperdício querer isolar os Nephilim por nascerem terem nascido do pecado. Nossos anjos também nasceram após o pecado da carne. Não concordo que nossos anjos caiam na tentação e se reproduzam, mas nosso Pai lhes deu o livre-arbitrio. Eles tem o direito de fazer suas escolhas e isso nos deu um grande desfalque.”, ergueu os olhos multicoloridos para o irmão. “Será que pode cuidar dessa?”

Miguel pegou a pasta e leu o nome da Nephilim.

“Moore? Filha de Gael?”

Gabriel assentiu.

“Gael era da sua jurisdição, certo?”, indagou. Miguel assentiu a contragosto. “Então, você só vai continuar supervisionando um trabalho que já era seu.”

“Nada que eu te diga o fará mudar de ideia?”

Gabriel parou de folhear outra pasta e suspirou.

“Se der errado, prometo apoiar a sua ideia, Miguel…”, pausou. Todos permaneceram em silêncio, esperando o fim daquela frase. “E tiraremos todos os anjos dos humanos e destruíremos os Nephilim. Eu prometo.”


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