P.O.V. Nicholas Alexander Ellionder

Vinho. Se algum dia alguém lhe falar que essa bebida não lhe deixa de ressaca, esse alguém está claramente mentindo para você. Eu tenho uma forte tolerância a bebidas, é bem difícil eu ficar bêbado. Mas no caso da ressaca... aí minha sorte vai pôr ralo abaixo.

Uma criada vem me acordar. Ela escancara as pesadas cortinas azul marinho do meu quarto, deixando os raios do sol quase me cegarem... se não fosse pelo meu edredom.

– Você precisa se levantar alteza. A rainha e o rei já retornaram e o esperam lá embaixo no escritório. – ela fala.

Então eles já voltaram... essa viagem deles a Veneza não demorou nem dois dias.

– Está bem. – falo num murmuro sonolento antes de ela sair.

Me levanto da cama rápido. O que não foi minha melhor ideia, pois assim que fico de pé minha cabeça dói como se estivessem batendo nela com um martelo. Me dirijo até o banheiro e pego um medicamento para me ajudar com essa ressaca. Ele passa direto pela minha garganta. Depois de tomar banho eu me visto com uma calça jeans, uma blusa rocha e calço meus Vans pretos. Ajeito meu cabelo castanho escuro com as mãos mesmo. Eu deixo ele molhado mesmo e meio bagunçado. Logo que me ajeitei eu desci para o escritório do Rei Henry. Chegando lá minha mãe e ele já estavam à minha espera.

– Acordando tarde de novo Nicholas! Quantas vezes vou ter que lhe avisar para parar com as noitadas e criar responsabilidades! – Henry exclama quando entro.

– Se você vai começar com essa história de apontar meus defeitos eu vou dar meia volta e sair dessa sala. – aviso. Já estava cansado dele querer dá uma de pai.

– Não precisa meu filho. Lhe chamamos para falar de algo importante. – minha mãe fala tentando impedir mais uma das brigas que eu sempre tenho com Henry. Ela tinha a voz calma e suave. Como legado de Afrodite ela tinha uma beleza incrível. Seus olhos eram verde como esmeraldas, seus cabelos castanhos estavam presos em um rabo de cavalo sofisticado e seu vestido vermelho combinava com seu tom de pele bronzeado. Realmente sua beleza conta como um dos motivos para Netuno ter se envolvido com ela. Netuno... o deus das tempestades e mares era o meu verdadeiro pai.

– Então porque me acordaram do meu adorado sono? – pergunto afastando qualquer pensamento sobre meu pai verdadeiro.

– Acontece que essa viagem que fizemos, foi para uma reunião com Apolo, Zeus e Poseidon. – minha mãe responde. E o nome do meu pai volta de novo... tecnicamente seu nome grego. – E nessa reunião tomamos uma importante decisão.

– E qual foi? – falo olhando distraidamente para a pintura no teto. Era um céu escuro, cheio de estrelas prateadas e douradas. Tinha constelações e cometas. O artista tinha muita habilidade com as cores. Conseguiu reproduzir o céu quase que perfeitamente.

– ... e vamos realizar uma Seleção. – com essa palavra dita pelo Henry minha atenção voltou para eles.

– O quê? – exclamo.

– Você e Derek vão ter uma Seleção. Por favor Nicholas não haja como uma criança mimada e enfrente suas responsabilidades. Você vai ter a seleção. Os deuses que mandaram. Sabe que não podemos desobedece-los! – Henry fala como se a ideia não o agradasse muito também. E mesmo com nossas brigas, ele sabia que eu odiaria essa ideia de Seleção.

– Querido, eu sei que é uma coisa, hum... – minha mãe balançava a mão como se procurasse uma palavra.

– Absurda. – falo. Ela dá um sorriso divertido antes de voltar a falar.

– Eu diria complicada. Mas cada um tem seu ponto de vista. Só peço que por mim, aceite a Seleção. Pense como será divertido! Você conhecerá garotas incríveis, escolherá uma esposa e ainda cumprirá um trato de amizade com a Grécia. Eu sei que você gosta de sair, de ter liberdade. Mas chega um momento em que você precisa encarar as responsabilidades. Esse momento chegou querido. E você precisa se manter firme para encará-lo.

Falando isso ela saí do escritório junto com Henry. Minha mãe era uma pessoa realmente incrível. Ela expressava sua opinião e não tinha medo de dizer o que queria. Ela era forte e corajosa. Bondosa e amável. Confiante e determinada. Eu sempre pensei que ESSE era o principal motivo de Netuno ter se encantado por ela. Por que eu tinha que ter um pai olimpiano? Por que eu tinha que ter justamente o Rei de Roma, o Imperador que mandava em tudo, como padrasto? Além de tudo eu não me encaixava nos padrões de Roma.

Eu era rebelde, fugia das responsabilidades, ficava em festas, pulava as regras, era desorganizado e agia por impulso. Eu era um péssimo romano!

Acabo bufando frustrado. Agora eu tinha uma não escolha nas mãos. De qualquer jeito eu teria que aceitar a Seleção. Mas talvez minha mãe tenha razão... a Seleção pode ser divertida. Afinal, o que tem de tão mal em 20 meninas lutando pelo meu coração?