Skinny Love escrita por Novaes


Capítulo 44
Why can't you do what you want to right now?


Notas iniciais do capítulo

MEU DEUS! Okay, esse capítulo vai ser meu recorde até agora! Como prometido, mais um capítulo, e eu nem demorei dessa vez né? Como prometi no último, esse seria o fechamento do caso e um momento incrível do shipper de vocês que eu estou achando gostoso demais de escrever.
Eu estava com tantas saudades de ter uma ideia tão brilhante, e sinto que finalmente agora tenho tempo, como por exemplo, estou terminando de responder os comentários e programando outros capítulos, até para outras fanfics, gente! Eu queria ficar de férias para sempre, mas acho que tenho apenas 1 semana e já já minhas aulas vão voltar, e isso me deixa triste, mas... Eu espero atualizar, ou pelo menos deixar capítulos prontos para o próximo mês, não sei, sei que estou MUITO feliz por ter escrito esse capítulo em pouco tempo, e por estar atualizado constantemente e claro, por ter pessoas incríveis como vocês, vocês são realmente minha rocha, tudo que eu consigo é por causa de vocês! Obrigada por me deixar sã, eu amo muito vocês! De verdade, perdoem a demora, qualquer coisa, aquilo não era minha culpa, mas eu realmente peço perdão. Vocês são incrivelmente pacientes, e eu amo muito vocês! Vocês são tudo e sim, estou chorando agora porque vocês são tão lindos! Obrigada mais uma vez. Aproveitem o capítulo. Espero que gostem. PS: vocês me deixam tão chorona nos comentários!
Agradecimentos – Galadriel Lovegood, Connie, Marii, Marcia Brito, Jac seja bem vinda baby.



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P.O.V Lize

Eu dormi, a última coisa que eu lembro foi Spencer pedindo para eu dormir no carro, quando ele me acordou, nós já estávamos no tal clube que era muito longe.

— Lize – Ele me acordava balançando-me de leve e falando meu nome tão suavemente que parecia um sussurro. Ele estava do lado de fora do carro, encostado na porta.

— O que é? – Acordei estressada como sempre.

— Você voltou no seu humor de sempre, fico feliz – Ele falou enquanto eu passava as mãos pelo rosto numa tentativa falha de mandar o sono embora. Resolvi logo sair do carro enquanto Spencer estende para mim uma garrafa de água, assenti pegando-a e acenando de leve como um agradecimento.

Resolvi tirar um pouco da água e jogar logo no meu rosto para acordar e foi o que eu fiz enquanto Spencer entrava numa crise de risos.

— Por que diabos está rindo? – Perguntei. Estava com um humor péssimo, a fim de acabar esse caso logo.

— De você. Quanto tempo não dorme? – Ele retrucou.

— Sabia que não se responde uma pergunta com outra? – Falei e ele pareceu pensativo.

— Na verdade...

— Nem comece – Interrompi-o levantando as mãos num tipo de redenção.

Entramos no lugar e parecia tudo uma grande Seita para mim, e não era muito amiga do homem lá de cima, me parecia algo bem escuro e sei lá, estranho.

Eu senti um arrepio quando entrei naquele lugar.

Vi algumas pessoas usando túnicas. O que foi estranho, umas de branco e outras de preto.

Segui Spencer olhando para os lados e achando tudo muito mais que estranho, então tinha essa pequena casa, ou santuário que a cruz estava virada de cabeça para baixo. Puxei Spencer pela mão e senti que ele ficou arrepiado quando tirei a mão e acidentalmente subi minhas mãos no braço dele, percebi que ele engoliu seco. Ele estava nervoso. Ele fica nervoso com meu toque. Spencer tem uma inocência que nunca ninguém tiraria.

— Olhe essa cruz – Expliquei apontando. – Não acho que esteja dessa maneira porque eles simplesmente esqueceram.

Eu engoli seco dessa vez.

— Satanistas – Ele falou olhando para os lados e procurando alguma outra prova. Tinha umas velas e outras coisas, mas nada muito suspeito.

— Vamos, vamos continuar andando – Murmurei saindo e ele veio atrás de mim. – Reid, de todos os lugares que ele esse trabalho já me colocou, esse está conseguindo ser o pior.

 Ele riu discretamente.

— Você não tem jeito, Lize – Ele falou num tom brincalhão de negação.

Fomos andando enquanto aquelas pessoas com túnicas andavam na nossa frente, mas uma me chamou atenção, e pelo que eu pude perceber, era um homem. Ele tinha uma cruz incrivelmente tatuada na testa. Ele estava de túnica branca. Ele encarava Spencer, e seguia seu olhar para mim de uma forma tão sugestiva. Como se ele estivesse planejando alguma coisa. Não sei, me chame de paranoica, mas esse homem definitivamente está sugerindo alguma coisa em seus pensamentos, e isso nos envolve. Spencer percebeu porque ficou encarando ele.

— Que homem estranho – Sussurrei enquanto vi Spencer concordar.

— Olá, como podemos ajudar? – Perguntou uma mulher ainda de túnica. A dela era branca.

— Doutor Spencer Reid e Agente Elizabeth Stonem, ligamos mais cedo, precisamos fazer perguntas com quem está no comando do Social Girls Club – Ele esclareceu e a mulher nos falou breve pedindo para nós a seguirmos enquanto andamos atrás dela e deixamos o homem para trás e ele ainda nos encarava enquanto andávamos.  Os corredores eram enormes, e eu fiquei tonta de tantas cruzes que eu via na minha frente, em todos os lugares. Era enjoativo tudo aquilo, e eu nunca fui religiosa. Andamos por tantos lugares que acho que não saberia chegar direito porque não estava muito concentrada.

A verdade é que trabalhar é difícil, e estaremos sempre cansados porque é sempre assim, acabando um caso e indo direto para outro. Não reclamo, de modo algum, é legal estar fazendo algo direito de vez em quando, mas mesmo assim, é difícil. Estou cansada, admito. Para quem vivia na base de álcool e outras drogas todos os dias, e toda noite. Não era tão difícil viver assim, a coisa difícil de verdade é viver sóbria o tempo todo.

Com sorte, tenho Spencer que está analisando o lugar desde que chegamos e provavelmente deve saber sair desse hospício.

Assim que chegamos, a mulher abriu a grande porta e demos de cara com uma mulher, o que não me surpreendeu porque isso é um lugar só para mulheres. Ela agradeceu a outra mulher e pediu para nos sentarmos, e foi o que fizemos.

Ela não usava túnica, já tinha certa idade, mas não era suficientemente velha para dizer que era muito velha.

— Agente Elizabeth Stonem e Doutor Spencer Reid – Spencer nos apresentou apontando para mim.

— Eu sei quem são, o seu supervisor ligou mais cedo avisando, vocês querem falar das meninas desaparecidas não é? – Ela foi direta. Outch! Devo dizer que essa eu não esperava.

Spencer ficou um pouco sem fala e eu fiquei um pouco brava.

— Okay, você conduz um lugar cheio de garotas, no mínimo é sua responsabilidade cuidar de cada uma delas – Eu comecei e senti a mão de Spencer na minha apertando de leve para que eu pudesse calar a boca. – Você não dá à mínima, eu entendo. Eu vim aqui, e então você vai responder, que porcaria de lugar é esse? Pensei que era sei lá, um tipo de jeito para se reconectar com o Deus, Jesus, ou tanto faz – Continuei irritada.

Spencer passou as mãos no rosto um tanto nervoso.

— Olhe a sua boca, garotinha. Isso é um lugar de respeito, você claramente precisa de Deus na sua vida – Ela falou ofendida.

— Preciso de Deus? Sério? Okay, não vamos para esse caminho okay? Apenas não – Falei ainda irritada, mas me acalmando, precisamos dela.

— Apenas nos diga se você sabe de alguma coisa – Spencer reagiu.

— Eu não sei de nada, meu filho. Tudo que sei é que Deus está no comando de tudo e que se algo aconteceu com essas pobres garotas isso é apenas a vontade de Deus – Ela comentou e isso me deixou enjoada.

— Por que tem um homem aqui? Pensei que era um lugar apenas com garotas – Retruquei.

— Ele é o padre daqui – Ela respondeu brevemente.

Olhei para Spencer por um momento e um plano genial veio à tona. Sei que precisaria falar com Spencer e falar com Hotch.

 - Spencer, eu pensei em algo, preciso falar com você agora... Particularmente, claro – Falei rapidamente me levantando enquanto ele me olhava confuso. –Agora, por favor – Pedi e ele fez o mesmo.

Eu o ouvi sussurrando um “com licença” para a mulher antes de sairmos. Olhei para os lados do corredor e não vi ninguém, então me senti livre para falar.

— O que aconteceu? – Ele perguntou cruzando os braços acima do peito.

— Eu preciso compartilhar uma ideia. Acho que você não vai ficar muito feliz com isso, mas veja, isso é uma emergência.  Eu não acho que essas mulheres fez algo como isso, mas eu acho que o padre fez – Eu comentei e ele ficou calado. – Ele não sabe quem eu sou, pelo menos eu acho, eu poderia entrar aqui, ser a garota nova,  ele virá até mim e eu poderei descobrir onde está a prima de Morgan – Continuei e ele já levantou a mão nervoso.

— Lize...

— Por favor, pense em Morgan. Eu sei que está pensando no padre também – Apelei e ele suspirou pesadamente tirando o celular e discando rapidamente algum numero e colocando o celular no rosto. – Hotch? – Ele falou.

Sorri aliviada.

— Obrigada – Não usei minha voz, apenas falei e ele leu meus lábios.

Depois de muita conversa e Spencer explicando o plano certinho, ele concordou e entramos de novo na sala para falar com a dona do lugar.

— Precisamos conversar – Falei enquanto sentava.

— Bem, eu estou ouvindo – Ela retrucou.

— Somos agentes federais entende, precisamos de um favor, eu irei ser uma das suas novatas aqui por um tempo, me infiltrar até descobrir quem é o assassino – Expliquei e ela negou rapidamente com a cabeça.

— Não podemos fazer isso, estamos aqui apenas para encontrar a ligação com Deus – Ela negou.

— Apenas finja que eu estou aqui me reconectando com Deus – Rebati.

— Eu não posso fazer isso, e...

— Senhora, tem uma garota nas mãos dessa pessoa e ela irá mata-la em pouco tempo, preciso fazer isso. É uma vida em jogo – Disse, apoiando meus cotovelos na mesa.

— Okay – Ela concordou.

— O que eu preciso fazer? – Perguntei confusa.

— Eu percebi que tem garotas usando túnicas brancas e pretas, qual a diferença? – Spencer perguntou. Eu já tinha esquecido esse pequeno detalhe, mas mesmo assim, foi bom ele ter perguntado.

— Bem, as que usam branco são as puras e as que usam preto são... Bom, vocês entenderam – Ela explicou. Eu tive que me controlar para não rir. – O que você é, Srta. Stonem? – Ela perguntou.

— Um pouco tarde para a túnica branca – Respondi e ela ficou nervosa e Spencer colocou as mãos no rosto, conversar disso, perto dele e que me envolve, o deixa envergonhado por algum motivo. Ou tímido, não sei. – Mas pensando bem, todas as vitimas usavam túnicas brancas e então, eu preciso parecer pura, o que vai ser difícil, então, é, uma túnica branca – Falei rapidamente e a vi um pouco confusa para acompanhar o passo.

Ela apenas afirmou com a cabeça.

E de um modo provocativo, olhei para Spencer que ainda estava com as mãos no rosto.

— Você precisa ir embora, Reid – Eu o tirei dos seus desvaneios.

— Precisamos de agentes aqui e de escutas em você – Ele falou baixo enquanto pegava o celular de novo. Falou brevemente com Hotch e ele disse que mandaria agentes disfarçados.

A mulher chegou novamente com a túnica e deixou no canto enquanto disse que iria sair para resolver algumas coisas. Que uma mulher me acomodaria num quarto.

— Ninguém pode saber quem eu sou – Avisei e ela concordou com isso.

Espero que eu esteja certa, só dessa vez.

Os agentes chegaram rapidamente e entraram pelo fundo, se isso fosse possível. Diminuímos o numero de pessoas que o viram eles. Vieram direto para a sala e eu estava ainda sentada na cadeira enquanto Spencer estava relendo o caso e procurando uma solução para que eu não fizesse aquilo.

Era um homem e uma mulher os agentes e a mulher me disse que eu precisaria tirar a blusa porque ela colocaria a escuta no meu sutiã, Spencer tossiu um pouco e saiu carregando o outro agente enquanto eu me segurei para não rir.

— Namorado? – Ela me perguntou enquanto eu tirei a camisa.

— Nope – Respondi breve enquanto a via mexer no meu sutiã.

Acho que depois que fica velha, seu corpo não é mais nenhum problema, ou sei lá, pode até ser, mas você está cansada demais de parar de fazer as coisas pensando no que as pessoas vão pensar.  Você fica menos tímida. Todos têm problemas com o corpo, em alguma época da vida, eu acho que nunca tive. Sempre tive um corpo normal, nunca tive o que reclamar e absolutamente não tinha vergonha de mostra-lo.

— Você é lésbica, porque de verdade, meu número é...

— Isso também não, querida. Já passei dessa fase de garotas – Respondi dando de ombros enquanto ela terminava e olhou para mim gargalhando. Eu ri brevemente também.

— Tudo pronto – Ela falou enquanto eu colocava a camisa e ela deixou um cartão na minha mão. – Caso você precise sei lá, de companhia – Concluiu ela saindo do escritório piscando para mim, Spencer entrou logo atrás olhando para mim de um modo sugestivo enquanto eu ria.

— Well, well, o que podemos dizer? Eu sou uma ótima quebradora de corações – Expliquei e ele revirou os olhos mostrando para mim a túnica e que eu me vestisse.

Ele repassaria o plano comigo enquanto eu colocava a túnica por cima da roupa.

— Eu sei, Spencer. Juro que eu entendi, não sou idiota. Eu sei que vai estar do outro lado e não vai me deixar, eu sei disso – Assegurei e fui até a frente dele.

Ele ficou pensativo por um momento, como se estivesse querendo fazer algo, mas sua consciência ou sei lá, o segurasse.

Eu sei que ele quer.

Droga, Spencer, por que você tem que pensar tanto nas suas atitudes?

— Preciso ir agora, Reid – Sussurrei o trazendo de volta para realidade porque ele parecia estar longe.

— Eu sei... Eu... Só tenha cuidado, okay? – Ele gaguejou e eu sorri.

Apertei a mão dele de leve enquanto ele entrelaçou nossos dedos e eu achei estranho, foi um sentimento estranho e eu só conseguia fitar nossas mãos unidas.

Ninguém nunca fez isso.

Ninguém nunca fez isso.

Minha mente agora ficou a mil e eu precisava ir terminar o caso.

— Não ria de mim, Spencer – Brinquei me referindo ao estado atual. A túnica.

Tirei minha mão das deles e saí do escritório enquanto tinha uma mulher do lado de fora que me esperava.

 - Sou Eva – Ela se apresentou.

— Lize.

— Prazer em conhecê-la. Vou levar você agora para conhecer seus aposentos – Ela falou.

Assenti a seguindo.

Após tantos corredores, entramos num quarto simples, tinha uma cama, um guarda roupa e uma cômoda simples ao lado da cama e cruzes espelhadas pelo quarto.

— Esteja pronta e vá para a igreja central, estaremos fazendo uma grande missa – Ela comunicou e eu concordei esperando ela sair e me sentei na cama, eu não poderia me sentar ou deitar que eu tinha medo de cair no sono, estava realmente exausta.

Não tive nada que me arrumar, a não ser checar se todas as minhas escutas estavam pegando, então escondi o celular na parte da frente da calça e saí seguindo algumas pessoas que provavelmente todos estariam indo para o mesmo lugar.

Estava totalmente perdida para falar a verdade, entrei na grande igreja e resolvi me sentar um pouco atrás, mas num lugar onde o padre poderia ter uma boa visão sobre mim.

— Olá irmã, que Deus esteja com você sempre – Falou uma garota que me puxou para um abraço.

— Você é amigável, oh – Murmurei enquanto ela me apertava, não me dei ao trabalho de abraçar de volta. Não gosto de abraços. Ela nos separou me segurando pelos ombros e sorrindo para mim. – Vejo um lindo futuro para você, Deus está no controle de tudo...

— Você também – Falei confusa.

Pra falar a verdade, toda essa história de Deus e Jesus e qualquer que seja isso, me deixa confusa, para falar a verdade. Não acredito. Se existisse tal Deus, onde ele estava enquanto aconteciam aquelas coisas comigo?

 Besteira, é o que eu digo.

Sentamo-nos porque o padre passou, assim que ele começou a falar, ele parou e me encarou. Enxergou-me no meio de tantas pessoas, então ele estava observando.

Ponto para mim.

A missa foi rápida, ou pelo menos mais rápida do que pensei que seria. Mas conseguiu ser uma eternidade com todas aquelas rezas e essas coisas que eu realmente não entendo, tive que me segurar muito para não dormir.

Esperei todos saírem, inclusive a menina que estava do meu lado para sair e fiz cara de santa, pelo que eu li, era como as garotas eram.

Assim que comecei a andar para o lado de fora da igreja, escutei alguém me chamar atenção bem atrás de mim.

— Olá minha criança – A voz do padre atingiu meus ouvidos.

— Padre – Cumprimentei abaixando minha cabeça de leve.

— Você é novata, não é? – Ele perguntou com um tom calmo enquanto andava ao meu lado, e eu não sabia direito para que lado eu iria porque eu não prestei atenção quando saí do quarto.

— Sou – Respondi breve e não fui rude.

Sorri brevemente enquanto ele começou a falar sobre os ensinamentos de Deus e que estávamos todos a procure de nos reconectar com ele.

Quando percebi que estávamos num ambiente vazio, ele começou a se aproximar.

— Gostaria que você conhecesse o meu lugar especial – Ele falou sussurrando próximo do meu ouvido e colocou as suas mãos na minha cintura, aquele era de longe um dos momentos mais nojentos que me coloquei. Droga, Lize, você se mete em cada uma.

Ele segurou a minha mão de leve e começou a me puxar, não lutei, apenas o segui.

Assim que ele me posicionou na frente de uma grande porta, eu não sabia direito por quais corredores eu passei, tentei seguir com o olhar, mas era complicado quando eu estava tão cansada.

Assim que ele abriu a porta, eu me deparei com a prima de Morgan deitada no chão desmaiada, algumas ferramentas para matar, alguns sedativos. E então o cheiro de éter  atingiu minhas narinas e tudo ficou preto.

Tudo ficou claro para mim, quando escutei a voz de alguém no fundo, bem no fundo e eu abria meus olhos lentamente, dando de cara com o padre que já usava suas roupas normais e ele tirou a túnica que eu usava antes, me deixando com as roupas normais. Ainda acho que ele não descobriu a escuta.

Tentei me mexer, mas estava cheia de cordas me segurando. Ótimo, pensei.

— É ótimo que você acordou, minha filha – Ele falou enquanto eu ainda estava sonolenta lutando contra o sono.

— Ah, é, Padre? – Fui irônica.

Ele estava agachado na minha frente enquanto virei-me e vi a prima de Morgan, ela estava acordada e estava encolhida.

— Qual seu propósito aqui? – Fui logo ao ponto.

— Não é óbvio? Eu quero começar a limpeza de uma humanidade imunda, cheia de matanças, drogas, sexo, coisas que não deveriam existir nunca, mas existem – Ele justificou.

— Você está tentando limpar todas essas coisas, principalmente a matança, com outras matanças? Você percebe o que está fazendo? – Perguntei depois da justificativa idiota que ele me deu.

— Minhas mortes são justificadas...

— Nada que você faz é justificado, isso aqui... É uma cachina – O interrompi.

— Cale a boca, cale a boca! – Ele gritou descontrolado enquanto se aproximava de mim, eu não me assustei, nem recuei. Do jeito que estava, fiquei.

Ele virou dando as costas para mim e respirou fundo levantando a cabeça, e virou de novo para mim sorrindo.

— Sabe, eu vou dar uma saidinha básica, mas quando voltar... – Ele deixou a frase no ar com os dedos levantados numa menção de assustar. Conseguiu assustar a prima de Morgan que olhei com um olhar calmo para que ela se acalmasse, e o Padre saiu com um ar vitorioso. Assim que ele fechou, eu consegui me mexer um pouco e pegar a faca que tinha escondido dentro do meu sapato, puxei com muita dificuldade a faca e fui tentando arrancar as cordas me libertando e correndo tocando de leve no ombro da prima de Morgan, mas logo lembrei que tinha que avisar a Hotch e a equipe para vim, puxei logo meu celular e disquei rapidamente pedindo para ele atender rápido antes que aquele homem chegasse.

— Lize, meu Deus! O que aconteceu com você? – A voz de JJ do outro lado da linha.

— Não tenho tempo para broncas agora, JJ. Preciso que você avise a todo mundo que é aqui dentro do clube que ele esconde as garotas, eu não sei explicar onde é, eu acho que ele está vindo, então vou ser rápida, é depois da igreja. O suspeito é o Padre, apenas corram, por favor – Expliquei rapidamente enquanto escutava alguns passos que soavam pelo corredor e me levantei ficando atrás da porta e peguei a faca e um pano com éter. Assim que a porta abriu e me joguei em cima da pessoa, pude virar ela e ver que era ninguém mais, ninguém menos que Eva da igreja. A menina simpática.

— EVA? – Gritei praticamente.

— Ora, ora... Se não é a garotinha da igreja – Ela murmurou.

— O que está fazendo aqui?

— Não é óbvio? – Ela riu debochada enquanto eu segurei o pano no seu rosto para que ela perdesse a consciência e não demorou. Arrastei-a para o lado enquanto fechei a porta, a menina é tão imprestável que deixou a porta aberta.

Okay, dessa vez fui ingênua, não teria notado nunca que essa garota seria a amante do Padre. Mas também nunca achei que ele fizesse isso sozinho.

Outros passos soavam do outro lado da porta e eu estava pronta. Assim que abriu, eu iria pular em cima, mas o padre foi mais rápido e me jogou no chão surpreso, eu puxei a faca e inclinei para ele, mostrando que iria ataca-lo se ele movesse mais um músculo.

— Ora, ora... Você não é teimosa?

— Você está perguntando para mim? – Retruquei me levantando e o encarando, ainda com a faca inclinada.

— O que está fazendo com isso, gracinha? – Ele perguntou apontando uma arma para mim. – Vai me matar? – Debochou.

— Não vou matar ninguém, mas aparentemente, você vai – Falei e então deu breve oportunidade para que eu pulasse em cima dele e desarmasse ele, a arma dele voou para longe, do outro lado da sala onde estava a prima de Morgan.

Ele me jogou no chão, poderia admitir que estava fraca. Mas ainda assim dei uma rasteira e ele caiu por cima de mim e tentou me enforcar, foi um ato inútil porque eu dei um chute de leve nele e ele parou caindo do lado e eu me rastejei pegando a faca enquanto ele me deu soco no rosto, não cai, nem nada, mas eu tenho que admitir que ele até que é forte.

— PARA O CHÃO! FBI! – Gritaram as pessoas quebrando a porta, e pude ver  o meu time entrando e segurando ele, para algemar. Alguém lia os direitos dele, enquanto eu me levantei tirando as cordas da prima de Morgan e ele correndo para abraça-la. Ele me olhou com um olhar incrível de gratidão, enquanto eu vi alguém me puxar, era JJ. Ela me abraçou fortemente.

— MEU DEUS! Quando você vai parar de bancar a heroína? – Ela murmurou no meio do abraço. Ela abraçava forte, e eu resolvi que era hora de fazer algo sobre isso, passei as mãos nas costas de JJ, tentando dar um abraço, mas aquilo era apenas uma tentativa frustrante de um abraço, mas ainda assim, ela sorriu. Sei que ela sorriu. – Você está sangrando.

— Ah, não diga!

— Você não consegue parar de ser irônica né?

— Não é possível – Fiz a cara mais adorável que consegui, e caímos na risada enquanto Hotch veio a nossa direção.

— Lize, como pode ser tão imprudente? – Ele começou a bronca, e eu contive revirar os olhos. -  Parabéns, Lize. Você mais uma vez provou que eu estava totalmente errado no primeiro dia que interroguei você – Ele continuou e eu não contive o sorriso.

— Não fique sentimental – Eu sorri e ele sorriu junto.

Enquanto eles resolviam tudo, eu saí e me sentei num capô de carro novamente distante, eu estava bem machucada para quem passou pouco tempo presa, meus pulsos estavam vermelhos e minha testa sangrava.

— Você não consegue parar não é? É sempre inevitável isso, quando tem perigo, você sempre está lá – A voz de Spencer chegou aos meus ouvidos e eu fiquei aliviada por algum motivo, quando me virei, ele estava com um kit socorro e colocou em cima do capô do carro.

— O que eu posso dizer? Perigo é o meu nome do meio – Dei de ombros.

Ele riu brevemente tirando um algodão, e outras coisas.

— O que está fazendo? – Perguntei o óbvio.

— Eu vim cuidar de você – Ele falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, ou talvez fosse e eu não conseguia ver.

Começou a passar o algodão levemente no ferimento. Ardeu um pouco, mas tentei não demonstrar.

— Por que sempre me mata de susto dessa maneira? – Ele sussurrou e eu virei para o lado.

— Não tem nada para ficar com medo, oras.

— Mas mesmo assim – Ele falou e eu sorri. Ele ficou me encarando quando terminou o curativo, assim como eu o encarava. Vi que ele olhava para minha boca, e depois para os meus olhos.

— Por que não faz logo o que quer, Reid? – Minha pergunta foi tão retorica que vi ele ficar com medo, de ter entendido errado.

— Eu não sei do que...

— Você fala demais, esse é o problema – Não pensei, apenas fiz. No momento que tomei consciência do que estava fazendo, meus lábios estavam selados com os de Reid, eu pensei em parar e dizer que foi sem querer, ou não dizer nada, mas resolvi que por um dia, não iria ser tão dura comigo mesma, ou até mesmo com eles, mesmo sabendo do que iria acontecer, principalmente de Spencer que iria ficar machucado comigo, mas esqueci disso por alguns minutos, ou vários.

Aos poucos fui aprofundando o beijo, enquanto envolvi o pescoço dele com uma mão o puxando mais para mim, e a outra mão estava em seu cabelo. Spencer parecia confuso de poderia colocar a mão na minha cintura ou não, mas ele desceu uma mão até minha cintura, enquanto a outra estava no meu pescoço, ele fazia carinho ali.

O que eu poderia dizer? Spencer beija diferente do que outras pessoas. E isso é horrível, ele beija tão bem, ele consegue ser tímido até beijando e eu consigo apenas ser uma maníaca sexual, eu repreendi-me levemente esse pensamento e quando nós dois estávamos sentindo a maldita ausência de ar, tivemos que quebrar o beijo e Spencer estava com a testa colada na minha.

— Uau – Spencer exclamou enquanto puxava o ar.

E eu ri.

Ele abaixou a cabeça se separando, porque queria evitar olhar meus olhos.

Sei que ele estava feliz agora.

Sei que ele estava sorrindo e eu olhava para o outro lado.

— O que foi...

— Apenas deixe para pensar nisso depois, Dr. Reid – Eu ironizei enquanto saia de cima do capô, Spencer permaneceu no mesmo lugar, então eu praticamente colidi com ele.

Ele olhou finalmente para mim, e eu fiquei o encarando.

— Droga – Ele murmurou e eu fiquei confusa. Ele me beijou mais uma vez, foi um beijo rápido porque eu sabia que teríamos que ir embora.

Quando ele quebrou o nosso beijo, eu sabia que essa era a hora.

— Precisamos ir – Murmurei e sai, assim como ele saiu andando ao meu lado até o nosso time que nos esperava para irmos para casa.


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Notas finais do capítulo

eu amo vocês, meus anjinhos!
se cuidem!