[Dean McCurdy]

– Vamos, Oliver! – chamo a atenção de meu irmão que está se arrastando.

– Mas eu estou cansado, Dean! – ele me responde, com uma voz manhosa - Falta muito?

– Oliver, você percorre esse caminho todos os dias! Viu? Chegamos, seu reclamão!

O garoto sai correndo e entra na casa abraçando minha mãe, sem ao menos tirar a armadura.

– Como foi o dia, querido? – pergunta minha mãe.

– Normal. – respondo.

Sou Dean McCurdy, 17 anos, moro com minha mãe e meu irmão. Um garoto que vive normalmente nesse mundo de Guerra pura.

Tiro a armadura, pego os cartões de memória da mesma e vou para o quarto.

Me dirijo ao armário onde guardo várias coisas e minha lança, Assassina.

Gosto de treinar com ela, mesmo sem meu treinador junto. Oliver gosta de ficar me assistindo. Espero um dia poder ensiná-lo. Hoje não vou treinar, apenas fazer alguns reparos.

Pego Assassina, Oliver vê e se senta na cama, invadindo meu quarto.

– Hey, garoto, por que não vai ajudar a mamãe? – brinco.

– Aaaah, Dean, você sabe eu gosto de te ver treinar. Me deixa ficar, por favor! – Oliver tenta fazer uma careta fofa. Eu rio e acabo cedendo ao meu irmãozinho.

Sento no chão e Oliver se deita na cama. Começo a arrumar coisas aqui e ali.

– Pensei que ia treinar! – Meu irmão quebra o silêncio.

– No meu quarto? Pouco espaço, espertinho.

– Seu chato! Agora não te entrego a carta! – ele fica de cara amarrada.

– Carta?

– Sim. Olha.

Oliver me mostra uma carta. É estranha. De papel, com destinatário escrito a mão. Nunca pensei que veria uma dessas...

Antes que ele possa pensar, arranco a carta das mãos dele e abro. Ele não protesta, mas parece um pouco irritado.

“Caro Dean McCurdy,

a pessoa que lhe fala, nada mais é do que um velho. Um velho que sabe que coisas que nenhuma outra pessoa sabe. Para entender melhor, pegue o pendrive dentro do envelope.”

Sigo o que a carta diz, conecto o pendrive no tablet que estava nas mãos de meu irmão há segundos atrás.

O que vejo é tão... estranho. Um mundo com uma felicidade... pessoas sorrindo, sem guerras... Oliver observa com atenção, aquilo é mais estranho pra ele do que pra mim. Vejo crianças brincando e no fim, a palavra “Sentimentos” está destacada.

Uma nova carta surge na tela, digitada.

“Entende agora o que quero dizer? Um mundo perfeito, sem guerras...

Pense no mundo em que vivemos, e no que ele poderia se tornar. Eu escolhi 11 jovens para dizer toda essa verdade. Você é um deles. Pegue o cartão de memória e o conecte em sua armadura. Ele te ajudará a encontrar os outros Escolhidos e sentir.

Os sentimentos dos outros Escolhidos são:

Alegria

Beleza

Sabedoria

Coragem

Inocência

Justiça

Paz

Solidariedade

União

E você é o que faz toda essa revolução ir pra frente, você, Dean McCurdy, é a Esperança.”

[Helena Parker]

Leio uma história para Claire. Ela sorri, mas está quase dormindo. Se ela dormir terei tempo para ler um livro, ou algo do tipo. É tão complicado ter tempo para isso...

Sou Helena Parker, 17 anos, vivo com a minha irmãzinha, Claire, de 5 anos. Eu me dedico totalmente a ela. Também moro com meu pai, mas não sei se posso conta-lo, já que vive trancado no escritório desde... ah, é melhor não comentar sobre isso...

Claire finalmente dorme, eu a coloco na cama e puxo um tablete da estante. É uma história sobre uma garota que perdeu os pais e vive sozinha, mas ela procura uma bruxa que tem a poção que pode revivê-los, mas se usar, ela não poderá se apaixonar, só que ela encontra um garoto e... bem, eu já li esta história muitas vezes, mas não canso...

Vou sair do quarto de Claire quando vejo um envelope no chão. Tipo, um envelope de papel, com uma escrita a caneta. Isso é sério? Que antiquado!

Pego a carta mesmo assim, a abro e leio.

“Cara Helena Parker,

Peço que me desculpe caso esteja tirando seu tempo. Sei que é ocupada por causa da sua irmã, mas isso é realmente necessário. Não tente adivinhar quem sou, apenas saiba que sei muitas coisas. Coisas perigosas, segredos de Estado... Enfim, pode entender de um jeito mais fácil se conectar o pendrive em algum lugar.”

Isso está realmente estranho. Mas pego o pendrive, e o plugo no computador.

Um vídeo passa e sou tomada por uma coisa estranha. É um mundo tão bonito, e perfeito. Há crianças, como Claire, pulando e brincando. Seus pais sorriem e brincam junto com elas. Imagino Claire, meu pai, minha mãe e eu nesse mundo. Seria tão... bom. Sem todas essas Guerras e... ah, eu detesto elas! Detesto! Queria poder mudar tudo isso!

Uma palavra aparece no final. Sentimento.

Outra carta aparece em minha tela.

“ Sei o que está pensando. Não seria perfeito viver em um mundo assim? O que fazer para que ele volte?

Bem, muito do que fizeram foi irreversível. Mas coisas ainda podem ser mudadas. Eu escolhi 11 jovens para contar a verdade. Boa parte desse mundo pode voltar com sentimento. Você e outros 10 foram escolhidos para isso. Para sentir. O cartão de memória te ajudará a sentir e a encontrar os outros.

Seus sentimentos são:

Alegria

Beleza

Sabedoria

Esperança

Inocência

Justiça

Paz

Solidariedade

União

E você, é uma das coisas que move tudo isso. Você, Helena Parker, é a coragem.”