The Four Revolutions escrita por starqueen


Capítulo 23
Capítulo 23 - Apenas escuridão.


Notas iniciais do capítulo

HEEEEY PESSOAS, novo capítulo aqui u.u

Ok, eu deveria ter postado esse capítulo ontem MAAAS não deu tempo por causa do feriado e talz, então eu estou postando agora e.e Anyway, SE PREPAREM porque a partir desse capítulo começa uma contagem regressiva até o final que deve ser no capítulo 26 ou 27.

Anyway pessoas, espero que gostem :)



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— O que acontece quando alguém para de respirar? — perguntei.

— Morre. — Matt respondeu o óbvio.

— Eu quero dizer depois. — falei.

Ele pareceu pensativo com aquilo.

— Eu não sei. — respondeu com sinceridade na voz. — Céu ou Inferno. Os ateus dizem que paramos de existir. Ou se os muçulmanos estiverem certos, vai ter um céu cheio de virgens.

Mais um dos comentários inteligentes e filosóficos de Matthew Summers ajudando e até fazendo toda a minha recente crise existencial sumir. Ás vezes eu me pergunto como ele pode ser tão inteligente e inspirador. Faria Freud ou Albert Einstein sentirem inveja.

— Victoria estava certa. — disse. — Você é um machista.

— Eu não sou um machista! — negou. — Os muçulmanos que são.

— Me deixe te falar algo assustador. — disse. — Onze de Setembro.

Ele me olhou com uma cara de “Sério mesmo?”.

— Eu estou morrendo de medo. — falou sarcasticamente.

— Vocês americanos são hilários. — comentei. — Se ouvirem algo que tem a ver com bombas, onze de Setembro ou germes simplesmente piram.

Ele revirou os olhos.

— Não há coisa melhor do que debochar de outro país quando não tem nada para fazer além de chorar e aceitar a morte próxima. — ele disse.

— Sim. — concordei.

Andávamos pelas florestas frias da Alemanha. Já tínhamos nos perdido há muito tempo, mas essa era justamente a ideia. Talvez fugir significasse se perder nas florestas alemãs e depois morrer de hipotermia graças ao frio e neve. Não tinha nevado até agora, mas eu sabia que a neve estava próxima.

Eu não sentia frio. Talvez o meu corpo já estivesse em uma grave hipotermia e eu nem estivesse sentido isso. Mesmo que a ameaça do frio ou morrer de fome berrassem na minha mente como algo que pudesse me matar, meu único foco era Lewis e Stephen. Eles tinham matado Audrey. Eu não tinha o luxo de chorar por ela ou ter um luto que dure mais que um minuto, mas o jeito que Stephen a matou ficava se repetindo na minha cabeça a cada segundo que se passava. Era traumatizante. Se Matt não estivesse de mãos dadas comigo agora, é provável que eu estaria totalmente louca.

Prefiro não comentar sobre o meu relacionamento com o Summers. Era mais confuso do que parecia. Eu preciso admitir que não sinto o mesmo por ele, mas ainda tem alguma coisa em mim que me faz ainda me interessar nele. Essa coisa ainda me fazia pensar nele ou até chegar a me importar em momentos de tensão.

Eu nem deveria estar pensando em relacionamentos no meio de uma guerra. Eu nem quero pensar em como devem estar Bennett, Helena e Travis agora. Sinceramente eu queria que explodissem Travis e Helena, mas Bennett não merecia mais sofrimento. Stephen o aprisionou por dois anos o poupando de sangue e comendo migalhas de comida humana. Bennett era o “criador” de Stephen. É meio óbvio que Stephen deveria ter algum problema com isso. Pensando melhor, as coisas faziam mais sentido. Stephen odiava Bennett por torna-lo um vampiro. Isso era um problema que eu poderia usar contra o meu amável bisavô caso o reencontrasse e não morresse de frio ou fome aqui.

— Você já imaginou a sua morte? — Matt perguntou.

— Quem em sã consciência iria imaginar a própria morte? — perguntei.

— Suicidas, paranoicos e o Obama. — respondeu em tom irônico e ao mesmo tempo engraçado. — E como somos os “rebeldes” da guerra estamos automaticamente no grupo dos suicidas.

— Paranoicos também. Só paranoicos pensam na própria morte. — lembrei.

— Estamos nos dois grupos principais das pessoas que imaginam a própria morte. — ele dizia. — Somos especiais. — deu um sorriso de canto.

— Especialmente fodidos. — digo sorrindo.

— Qual significado de fodido você quis dizer?

Dei um tapa no braço dele.

— Seu idiota. — murmurei.

Ele revirou os olhos.

— Eu só estava perguntando, ok? — ele tentava justificar. — Vivemos em um mundo livre e eu posso perguntar o que quiser.

— “Vivemos em um mundo livre”. — imitei a voz dele. — Sim, fala essa pro Lewis, Summers.

— Minha voz não é fina. — ele disse.

— Sim, ela é fina. — disse com um sorrisinho para provoca-lo.

— Minha voz é mais grossa que a do Lewis e Travis.

— Não, não é. — neguei só pra irritá-lo.

Matthew revirou os olhos.

Algo me dizia que aquela era a última conversa descontraída que eu teria na minha vida. Eu realmente estava no grupo dos paranoicos por ter pensado nisso. Algo parecia estar me avisando claramente que algo chamado fim estava próximo. Não como aqueles paranoicos pseudo cristãos que ficavam o tempo todo dizendo “O fim está próximo!”, mas esse tipo fim soa mais com o meu fim.

Paranoia não era uma coisa boa.

Continuamos caminhando em silêncio. O pensamento de que isso era uma caminhada para a morte de algum modo conseguia me fazer rir internamente. Provavelmente isso comprovava o que eu estava doente e louca.

Ao passar do tempo, nossos passos ficavam cada vez mais lentos e a nossa respiração mostrava claramente o nosso cansaço. Meu estômago roncava e a minha garganta já estava começando a ficar seca. Perfeito. Eu estava morrendo.

E alguma coisa acaba tomando a minha visão e mudando o rumo.

Eu sabia que Stephen tinha me deixado fugir. Isso era óbvio. Ele era poderoso demais para me deixar fugir tão facilmente como daquele jeito. Ele estava armando uma coisa bem maior para mim. Uma morte especial.

O helicóptero sobrevoando com o símbolo dos The Owners estampado significava que ele iria cumprir a sua morte especial. Era óbvio que Stephen não iria nos deixar morrer no meio de uma floresta da Alemanha. Ele iria querer que a minha morte fosse bem pior, bem mais assustadora e com toda a certeza do mundo bem mais sangrenta. Se eu morresse de fome, sede ou de frio ia ser frustrante para ele.

— Desistam! — gritou Lewis em um megafone no helicóptero. Outro helicóptero dos The Owners — com Stephen dentro — se aproximava.

Sinceramente, eu não estou em uma situação em que eu posso escolher alguma coisa — inclusive a desistência. Eles iriam capturar Matt e eu mesmo que não desistíssemos.

Antes que Matt fizesse algo, eu levantei os meus braços fazendo um sinal de rendição. Pensei que Matt iria ficar surpreso por eu estar fazendo isso, mas segundos depois ele fez exatamente o mesmo sinal.

— Vamos agir exatamente como mandarem. — ele sussurrou para mim. — Depois arrumamos um jeito de acabar com eles.

Assenti, concordando com ele.

— Vocês veem? — gritei o mais alto que pude para Lewis e Stephen. — Nós desistimos!

— Então suba aqui! — disse Stephen pelo megafone. — Eu quero falar com você!

Dei um último olhar para Matthew e fui andando até o segundo helicóptero e subindo a escada dele. Quando entrei, um vampiro subiu a escada e logo o piloto nos levou bem longe dali. Pronto. Eu estava literalmente voando para a minha morte — ou algo parecido com ela.

Dentro do helicóptero, tinha dois vampiros sentados no banco da frente e o Stephen ao meu lado, me encarando com um sorriso e um olhar doentio e de certo modo, triste. Seus cabelos castanho-claros estavam enormes e secos demais, e já tinham algumas ondulações nas pontas. Ele estava tão magro que eu me perguntava como alguém poderia ficar vivo com tão pouco peso. Poderia ser um vampiro e não envelhecia, mas as suas rugas de expressão estavam ficando mais fortes, dando um ar mais velho. Seus olhos verdes tinham um olhar tão morto e triste que nem a camada doentia de sarcasmo conseguia esconder mais. O sorriso torto não dava um ar desafiador, sarcástico ou feliz. Era o contrário. Conseguia aumentar ainda mais a desgraça que o líder dos vampiros tinha se tornado.

É isso o que quase três anos de guerra fazem com uma pessoa.

Ele se virou para os vampiros e olhou bem fundo nos olhos dos dois. Eles deveriam ter a minha idade — quem sabe poderiam ser mais novos que eu. O da direita era ruivo e parecia ter por volta dos vinte anos, e tinha uma tristeza clara estampada em seus olhos castanhos. O da esquerda era asiático, provavelmente da China, e era um adolescente magrelo de uns dezesseis ou dezessete anos, no máximo dezoito.

— Durmam. — Stephen ordenou pausadamente.

Os vampiros obedeceram a ordem do seu líder sem contestar. Fecharam seus olhos e entraram em um sono instantâneo. Eu me perguntei como fizeram isso, já que ninguém conseguia dormir tão rápido. Então eu me lembrei que o líder dos vampiros tinha privilégios e poderes a mais.

O líder dos vampiros conseguia hipnotizar qualquer vampiro para fazer o que ele bem quisesse.

Vampiros não costumam muito a hipnotizar pessoas. Eu só vi uma vez na vida um vampiro hipnotizando um mortal, quando eu tinha uns treze ou catorze anos. E ainda tinha dado errado. Big J me contou que até a idade média era muito comum os vampiros hipnotizarem mortais, até que o dominador de água se juntou com um de ar e lançaram uma paranoia em alguns habitantes de uma vila da Europa. Provavelmente deveria ter sido na época da Peste Negra. O dominador de água trabalhou juntamente com o de ar espalhando a história de que a peste negra era causada por vampiros. Se espalhou pela a Europa e as pessoas enlouqueceram. Foi assim que vampiros pararam de hipnotizar grande parte dos humanos. Tudo se trata de um truque da mente. A partir do momento em que o mortal tem consciência, ele não pode ser hipnotizado.

Mas eu não sabia que vampiros mais poderosos poderiam hipnotizar outros.

Então ficamos quase duas horas em puro silêncio. Eu pensava em inúmeras maneiras de conseguir fugir daqui ou em maneiras para acabar a guerra, mas, nada parecia dar certo. Eu não sabia o porquê de Stephen estar tão quieto, só sabia que ele planejava algo contra mim. Talvez o silêncio provasse isso.

Bisneta. — puxava o assunto, acabando com o longo silêncio. — Como vai?

Eu quase soquei a cara dele de tanta raiva.

— Eu estou ótima. — menti sorrindo. — Não poderia estar melhor.

— Ótimo! — A animação da sua voz era tão falsa que dava vontade de rir dele. — Porque eu queria conversar com você, e conversar com uma pessoa que não está bem deve ser péssimo, não é?

— Nem me diga.

— Bem, como uma híbrida você tem algumas vantagens, não? — começava. — Deve ter se livrado bem fácil da famosa e temível lua cheia.

— Sim. — menti. — Pode ir logo ao ponto, porque eu odeio ser enrolada.

Stephen revirou os olhos.

— Como sempre, você está bancando a espertinha para cima de mim. — ele disse. — Mas lembre-se: eu sempre serei mais esperto que você, não importe o que aconteça.

— O que custa ir logo ao ponto? — fingi estar ansiosa.

Ele bufou.

— Eu estava pensando já que você tinha vantagens extras, poderiam vir algumas desvantagens extras também, não? — seu sorriso se tornava perverso.

— Então quer me torturar? — perguntei. — Isso é bem previsível vindo de você.

— Eu quero te torturar tanto até que chegue o ponto que você mesma acabe se matando de tanto sofrimento. — ele dizia. — Eu quero fazer a sua vida um inferno.

— Então você já falhou nisso, querido bisavô, porque ela sempre foi um. — dei um sorriso sarcástico. — Aliás, o que eu fiz pra você para que desejasse tanto o meu fim? Eu sei que fiz muitas coisas, mas eu não me lembro de ter feito nada contra você.

— Porque você é a filha da Blair. — respondeu. — Eu perdi dezessete anos da minha vida presa a sua mãe biológica, ensinando-a como ser uma vampira. Tive que aguentar todos os problemas, todos os dramas dela e quase consegui remontar a personalidade dela. — deu uma pausa. — Se você nunca tivesse nascido, eu já seria líder dos vampiros há muito tempo.

A última frase dele deve ter explicado o quanto eu sou amada e desejada.

— Obrigada por todo amor. — disse sarcasticamente. — Como um vampiro eu acho que deve ter vivido muito tempo para adquirir um pouco de maturidade e perceber que me torturar não trará os seus anos perdidos de volta.

— Não, realmente não trará. — admitiu o vampiro. — Mas te torturar trará todo a diversão que não tive durante esses anos. — o sorriso perverso voltou.

— Então como pretende me torturar? — perguntei. — Irá colocar alguma música horrível do Justin Bieber enquanto me obriga a cortar os pulsos? Eu posso te garantir que seria terrível para mim.

— Haha, muito engraçado. — fingiu uma risada. — Você tem o mesmo humor debochado e sarcástico do seu pai. Detalhe: eu odiava o seu pai. Muito obrigado por mata-lo, ele era um babaca. — comentou. — Mas eu tenho uma coisa melhor ainda.

— Como o quê? — perguntei fingindo entusiasmo. — Diga, estou curiosa.

— Vampiros, acordem. — Stephen ordenou aos seus “servos”. — Eu odeio quando eles escutam minhas conversas. — comentou a última frase comigo.

— Mas e o piloto? — perguntei. — Ele deve ter ouvido essa conversa.

— Como um surdo poderia ouvir? — falou. — Ele foi torturado por dois anos. Não ouve mais nada.

Aquilo foi meio assustador, mas eu fingi que era normal.

Os dois vampiros acordaram ao mesmo tempo, como se fossem robozinhos. Na verdade, robozinhos seriam mais naturais e livres do que eles. Tanto o asiático quanto o ruivo tinham um olhar parado, não piscavam os olhos — isso era meio assustador — e pareciam olhar fixamente para Stephen, como se ele fosse o seu dono supremo. Pareciam estar em um transe eterno.

Eu queria gritar ou dar um soco na cara deles para que acordassem desse transe. Mas eu não podia.

— Eu estava planejando uma tortura melhor para você. — Stephen quebrou o curto silêncio que surgiu. — Seria um fim bem irônico, preciso admitir, mas... Seria perfeito. Já que você tinha morrido assim antes.

— Vai me torturar igual a Mary? — arrisquei.

— Abram. — ordenou aos vampiros. — Agora.

Os vampiros abriram o “portão” do helicóptero, mostrando apenas a grande visão do oceano atlântico um pouco abaixo de nós. Eu diria que o helicóptero estava sobrevoando uns quatro metros acima do mar.

— Espero que seja um fim digno. — ele disse. — Ver uma dominadora de água se afundando em seu próprio elemento.

Eu não tive nem um segundo para perceber o que ia acontecer.

Quando percebi, o ar não fazia mais parte do meu ambiente. Foi tudo tão rápido que eu nem tive tempo de prender a respiração e ter ao menos um minuto para conseguir pensar. O ar tinha simplesmente sumido em apenas um segundo, e graças a um dos vampiros que tinha me jogado, eu estava bancando o papel de idiota inútil e medrosa no meio do nada.

Por algum motivo sobrenatural — talvez por eu ser uma dominadora de água —, eu ainda enxergava direito. Ignorando o pânico e o fato de eu não respirar debaixo d’água, até que eu poderia sobreviver. Ou não, já que estava no meio do oceano atlântico sem nenhum senso de direção.

A minha reação foi de longe a mais humana e previsível possível: eu entre em pânico.

Aquela poderia ser uma das provas mais claras que alguma parte de mim ainda era humana depois de todo esse tempo, mas eu não tive tempo de pensar ou até perceber isso. Eu estava me afogando. Bancar uma de filósofa sobre a minha existência ou sobre humanos e criaturas sobrenaturais não era algo possível considerando todo o meu pânico, medo, nervosismo e falta de ar.

O pânico e nervosismo eram as únicas emoções que conseguiam ultrapassar o medo. Eu respirava inúmeras vezes seguidas, de uma maneira que o meu cérebro masoquista e agora suicida fazia sem que eu mandasse. A água entrava nos meus pulmões e o meu coração batia tão rapidamente que eu pensei que ia explodir, não me afogar. O meu cérebro não funcionava. Tudo que conseguia pensar era que estava sem ar e ia morrer no meio do nada. Ponto final. Nada a mais. Manter a calma ou pensar logicamente era impossível quando não se conseguia respirar. Tudo era guiado por emoções e instintos de sobrevivência renegados.

O meu corpo era puxado pela a pressão, me fazendo ficar cada vez mais próxima das profundezas. A pressão controlava o meu corpo, e por mais que o meu cérebro berrasse para que eu fosse até superfície, eu não conseguia. Era impossível. Meus ouvidos pareciam que iam explodir e todos os meus órgãos internos entraram em uma espécie sinfonia clássica suicida contra a vida. Isso deveria ter acontecido em torno de uns... Quinze segundos? Talvez ou pouco mais ou menos, mas ainda assim, tempo não era mais o meu inimigo. Não importa se eu morresse em dois minutos ou em trinta segundos, daria na mesma coisa.

Se eu conseguisse pensar, iria desejar ter os poderes do Aquaman — por mais que todos achassem que ele era um super herói inútil, até eu.

E também se conseguisse pensar, teria me xingado de todos os palavrões possíveis por nunca ter me importado com Surf quando era criança. Meu pai era um surfista, meu irmão também. Eles sabiam nadar perfeitamente. Mas como sempre, como a desgraça da família, eu tinha que achar que surf ou natação eram perdas de tempo.

Aquela era de longe a pior situação que eu poderia enfrentar na minha vida toda. Me fazia sentir fraca e inútil, mesmo que fosse uma assassina assustadora e a famosa híbrida da última dominadora de água dos últimos duzentos anos e uma loba. Não importa quem você é, um presidente, o líder dos vampiros, um pobre, um rico, um gordo ou um magro... Iria acabar morrendo de qualquer jeito.

A mesma sensação de fraqueza e inutilidade estava tão forte quanto na vez que Hector tinha me afogado antes. A diferença é que não tinha sido no meio do oceano atlântico, mas era quase igualmente assustador. O jeito que ele me controlava me fazia sentir tão inútil que toda uma vida tentando ser uma dominadora poderosa e sem que ninguém mandasse em mim era inútil.

Chegou a um ponto que o meu corpo não se mexia mais. Por mais que meus instintos de sobrevivência clamassem pela a superfície, era inútil, já que movimentos já não eram mais possíveis. Aos poucos, toda aquela pilha de emoções ia indo embora. Meu cérebro já não estava nervoso, não sentia mais medo e o pânico tinha sumido. A minha consciência já estava em um lugar bem longe. O meu corpo afundava cada vez mais nas águas do oceano, e a única coisa que me restava era a visão. Na verdade, metade da minha visão já que estava cega de um olho desde que Travis tinha me dado uma facada.

Memórias da minha infância vinham a minha mente. Diziam que quando você morria tinha um flash de toda a sua vida nos seus últimos segundos e também que após esse flash você se arrependia ainda mais de todas suas escolhas erradas. O problema é que eu não conseguia me arrepender já que o meu cérebro não pensava. As memórias só eram jogadas e eu parecia um típico espectador alienado de televisão que não conseguia ter opinião sobre nada e não sabia de nada. Eu só aceitava as memórias sem nenhuma emoção ou ponto de vista.

O dia que matei a minha família foi a memória mais clara e longa de todas, provavelmente a que deveria ter me abalado, mas eu já estava quase sem consciência para ter alguma emoção.

Lembranças de Jeff voltavam. A primeira vez que ele me beijou. As palavras de ódio do pai dele contra mim — que se acontecessem hoje, seria algo hilário, e não irritante como foram. O jeito que eu estraguei a vida dele no dia que matei o seu pai. Ele desejando vingança ao assassino do pai dele. A memória de Kristen o matando.

As recordações de quando eu conheci os outros três dominadores deveriam causar uma nostalgia em mim, mas não causava. O jeito que tudo era antes da guerra. As minhas tentativas de fuga da Área 51. Wright e Roux. As brigas e discussões que eu tinha com Matt eram de longe as memórias mais longas. A época em que Helena era uma patricinha meio metida a nerd que queria saber de tudo, a mesma época em que Matt era mais idiota do que hoje e em que Travis não me odiava — éramos quase amigos —, e gostava de ler, assistir séries e alguns desenhos japoneses. Desenhos não, animes. Se eu falasse desenhos na frente dele, é provável que ele me matasse.

A vez que fomos para o meu “amado” país natal para derrotar Hector. Quando eu tentei provocar Matt o beijando e quase transando com ele. O jeito que eu perdi a memória. Minha viagem nos EUA à procura de um telepata e as vezes que eu sentia ciúmes de Matthew com outras garotas. Quando eu o beijei de verdade e a casa dele acabou explodindo. Depois eu recuperei a memória e ele ficou órfão e de brinde perdeu a mão.

Eram tantas memórias de tanta coisa em tão pouco tempo.

E no final, todas elas eram preciosas e ao mesmo tempo inúteis.

A vontade de fechar os olhos e deixar isso acabar era tão forte que acabou se tornando o meu único instinto. Aos poucos, a visão do mar sumia, chegando a um ponto que apenas a escuridão preencheu todo a minha visão.

Toda a dor, emoções e memórias tinham ido embora. Até porque elas nem existiam mais no meu ser. Eu não existia mais. O ciclo da vida tinha finalmente se cumprido para mim. Eu tinha me tornado apenas escuridão.


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Notas finais do capítulo

POIS É PESSOAS, A SAM MORRE, LIDEM COM ISSO :D

Okay, sem brincadeiras, eu não vou garantir NADA sobre a Sam morrer de verdade ou acabar sobrevivendo a isso, então vou bancar a Neyde e ficar quieta sobre isso u.u

Eu pensava que esse capítulo ia ser beeem maior, masok, é melhor que não tenha ficado mesmo porque tem um pessoal que não deve gostar de quando passa de 4k de palavras (até porque o capítulo é tão longo que se torna uma bíblia ahsuashuas ~ignorem isso).

Enfim pessoas, espero que tenham gostado do capítulo e até o próximo o/



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