“ - Mel... –alguém me chamava – MEL!!! Me salve...

Estava pressa, ou melhor, amarrada. Comecei a ficar apavorada. Salvar quem? Onde estava?

Olhei ao redor, estava em um quarto, estavam me torturando.

– MEL!!! SOCORRO!!! –reconhecia a voz, era de uma criança.

Uma criança... MEU IRMÃO!!!

– NAT!!!

– Mel...

– ONDE ESTÁ? –berrei, com a voz fraca mas com toda minha força.

– Na sala... –a voz dele estava diminuindo como se estivesse desmaiando.

Forcei para me soltar da corda então, uma dor tomou meu corpo todo, logo, percebi que estava sangrando muito e não conseguia escapulir. Berrei em desespero:

– NATAN!!!”

Acordei e Natan entrou no quarto, me viu e me abraçou mesmo toda suada e chorando.

– Você está bem ? –perguntou, preocupado.

– Não –sussurrei em seu ouvido.

– Quer falar sobre isso ? –questionou.

– Quero, sinto que posso confiar em você... –falei baixo e comecei a contar: - Minha mãe morreu e meu pai torturava eu e meu irmãozinho, na época eu tinha uns 10 anos e ele tinha 8 anos, meu pai abusava de mim e, às vezes, me cortava, batia no meu irmão que deixava cicatrizes enormes, principalmente, nas costas , teve vezes que ele desmaiava e tudo isso só parou quando matei nosso pai aos 14 anos, não estava preparada porém mamãe antes de morrer pediu para cuidar dele e eu queria salvar ele da vida que vivíamos, logo que souberam, colocaram eu no orfanato e ele também mas separados, faz 2 anos que não o vejo mais. –contei minha história, olhei para ele que chorava... peraí! Chorava?

– Por que está chorando? – limpei o rosto dele, ele pegou minha mão colocou na bochecha dele e segurou a minha embaixo da dele.

– Você não se esqueceu de mim, Mel... –sussurrou.

Franzi o cenho, não estava entendendo, encarei seus olhos pretos... conhecia aqueles olhos...

– Não estava me reconhecendo, Melanie?

Aquela voz... os olhos... os cabelos cacheados... a pele...

– NATAN!!! –reconheci , o abracei com toda força e beijei seu rosto todo, o que o fez ficar corado.

Entraram no quarto.

– Ouvimos gritos e... – falou Emmy e parou quando viu a cena, do lado dela estavam todos os meninos, exceto Allan, e Avril.

– O que aconteceu ? –perguntou Ethan.

– Eu encontrei... –falei com um sorriso enorme na cara e com o rosto todo sujo de choro.

– Encontrou o que ? –perguntou de novo.

– Meu irmão –abracei Natan fortemente.

– Mel... não... consigo... RESPIRAR... –tentou avisar e parei.

– Irmão ? –Emmy perguntou e começou a rir.

– Por que você está rindo? –perguntei.

– Porque eu pensei que... –ficou nervosa e corou.

– Ah... entendi –sorri para ela que ficou mais vermelha do que um tomate, ela gostava do Nat, talvez, eu ia ser cunhada dela.

– Meninas! –dramatizou Ethan.

Eles me deixaram nós à sós e falei como se não tivesse amanhã:

– O que aconteceu com você? Já beijou? Tem namorada? Quantos anos você tem? Sentiu falta de mim ? Me reconheceu logo de primeira? Gosta de quem? Quem são seus amigos ?... –ele colocou a mão na minha boca e falou: - deixa eu responder –e começou a contar: - você sabe o que aconteceu e depois disso eu fui acolhido aqui, meus amigos você já conhece e... –ficou sem graça mas continuou: - Já beijei, não tenho namorada, acho que vou fazer 15 anos, claro que senti, depois que ouvi seu nome fiquei intrigado e te reconheci quando te vi, gosto da Avril –terminou.

Sai do colo dele e comecei a pular com se tivesse visto Papai Noel ( aí você pergunta: você acredita em Papai Noel ? e eu digo: Claro, às vezes, é bom ter esperança )

– Para de pular, têm coisas que você não me contou –resmungou Nat.

Parei de imediato, olhei para ele, me sentei na minha cama e comecei:

– O que você quer saber ?

– Como a mamãe morreu ? Como você matou o pai ? –perguntou.

– Ela estava com câncer no cérebro, então só foi questão de tempo para morrer. Um dia ele foi trabalhar, chegou em casa e eu estava lavando a lousa enquanto ele dormia, logo, matei ele quando estava adormecido no sono profundo, peguei o travesseiro, sufoquei e depois dei facadas nele para me certificar –contei nervosa, lembando da cena.

Iniciou uma cachoeira de lágrimas em meu rosto, ele fez cafuné na minha cabeça enquanto pus em seu colo e perguntou:

– O que ele fez a ti, meu anjo?

Ficamos assim até que ele perguntou como um cachorrinho pidão:

– Posso dormir aqui?

Como estava cansada disse: - Pode.

Nos aconchegamos na cama e adormecemos abraçados.

– AI!!! –ouvi um grito de dor e acordei.

Natan estava em pé com a mão no rosto e Allan parecia que ia matar um... ( MERDA!!! Eu não tinha contado para Allan que Nat é meu irmão e ele deve estar pensando que dormi com Nat. QUE CONFUNSÃO!!! ) Dei um salto da cama, fiquei entre os dois e gritei nervosa:

– O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?

– Eu estava dormindo, aí Allan chegou, me tirou da cama e me deu um soco –explicou Nat.

Olhei para Allan, coloquei minhas mãos no rosto dele, o que fez ele olhar para mim e falei:

– Ele é meu irmão.

– Como ? –perguntou confuso.

– Ele é meu irmão.

Tirei as mãos dele e ele falou:

– Caraca! Me desculpa, cara, é que...

Nat levantou as mãos, interrompendo Allan e disse com um sorriso no rosto:

– Tranquilo! Já entendi

Allan deu uma risadinha de nervoso e colocou a mão no cabelo.

– Al, pega gelo para o Nat ? –perguntei, ignorando totalmente a camaradagem dos dois.

– Al ??? –perguntaram em uníssono.

– É, algum problema? –questionei confusa.

– Não, tô indo –respondeu.

Depois que ele saiu, Nat falou:

– Você gosta dele?

Olhei nos olhos dele e pensei: ( Gostar? Não sei, pois todas as vezes que vejo ele meu coração bate forte e sinto como meu estômago estivesse embrulhado, como se meu mundo ficasse calmo ,logo que o visse, minhas pernas ficam um pouco bambas. Eu não gosto, acho que o amo )mas respondi:

– Não sei.

– Sei... –riu.

– Aqui está! –Allan entrou correndo no quarto.

Coloquei o gelo no rosto do Nat e depois que falei:

– Quando você veio aqui, queria dizer algo ? –perguntei ao Al.

– Sim, é porque o pessoal estava comentando o quanto você sofreu e eu fiquei preocupado –disse.

– Ah –foi a única coisa que disse, Nat olhou para mim e reprimiu uma gargalhada ( poxa! Ele ficou preocupado, o que EU faria, além de ficar com cara de taxo? )

Depois que terminei com o trabalho de ajeitar a cara do meu irmão ( o que não ficou bom, conclui... nunca vou ser enfermeira ), falei: - Então que horas são?

– 2 horas da manhã –respondeu Allan, olhando para o relógio de pulso.

Arregalei os olhos e perguntei: - 2 da manhã ? você veio me ver duas horas da manhã?

– EI!!! Eu quero dormi –falou Esmeralda cansada.

Olhei para ela e o quarto todo , que estava cheio de garotas dormindo, quando virei o rosto para onde Al estava... PERAÍ!!! CADÊ ELE ???

– Onde ele foi ? –perguntei.

– Sei lá... –respondeu Nat, me puxou e falou: - vamos voltar a dormir, Mel.

Deitei e ele falou:

– Boa noite, meu anjinho –e dá um beijinho na ponta do meu nariz.

Tinha alguém me observando mas... quem era?

Ele não parava de me olhar com aqueles olhos azuis claros e calmos como o céu...

– Por que está me olhando? –perguntei nervosa.

– MELANIE!!!

– Sim? –perguntei, sussurrando e abrindo os olhos.

– Você tá viva... uff –disse, aliviado Nat.

Limpei meus olhos e perguntei:

– Como assim?

– Você não estava respirando, Mel –explicou Nat.

Arregalei os olhos.

– Temos que levar ela pro hospital – falou um garoto de olhos azuis... PERAÍ!!! CONHEÇO ESSES OLHOS!!!

– Esse é o Peter –apresentou Nat.

– Consegue levantar? –perguntou Peter.

Fiz esforço, o que resultou em uma dor do cão, ele viu e falou:

– Parece que não –me pegou no colo e eu gemi.

– Como está se sentindo? –perguntou.

– Mal... –então eu apaguei.

Bip...bip...bip...

– Mel...

Estava tudo rodando e depois fechei olhos para tentar afastar a tontura.

– Mel, está me ouvindo? Sou o dr. Simon. O que está sentindo? –abri os olhos e encarei o homem gordinho ( não muito ) que estava na minha frente e respondi: - Tá tudo doendo e onde estou?

– Você está no hospital com anemia, hematomas pelo corpo , cortes e eu soube que costuma ter pesadelos então você está traumatizada também, além de desidratação, ficará um bom tempo no hospital e terá de ir ao psicólogo em seguida, então o que mais ajudará você agora é descansando e antes comendo de acordo com sua dieta –explicou tudo.

– Onde está meu irmão? –perguntei.

– Está na escola, agora descanse, darei um sedativo para agir mais rápido –disse.

E... dormi.