Entrei correndo no quarto da Carol, que estava saindo do banheiro e estava enrolada em uma toalha. Ela gritou quando eu entrei correndo e puxou a toalha para mais perto de si.

–Calma ai garota! –disse ela se recuperando do susto.

–Você... Hum, ainda... Trabalha na... Secretária? –eu estava totalmente sem folego, e meu coração parecia que estava na minha garganta em vez de meu peito, quando eu saí correndo da aula de história o professor nada disse, acho que ele já está acostumado comigo e com os meus surtos psicológicos.

–Hãã... Vou me meter em uma encrenca se disser que sim? –Carol perguntou preocupada e com certo receio, pois é, eu não a culpo, se fosse comigo eu provavelmente não aceitaria se uma louca viesse perguntar isso para mim.

–Juro que não. Palavra de escoteira. –Eu menti, nunca fui escoteira...

–Por que eu não acredito em você? –ela sorriu.

–Porque você é esperta.

***

–Eu vou me meter em uma tremenda encrenca se você for pega... –disse Carol balançando a cabeça após eu contar o meu plano.

–Por favor? É por uma boa causa... –Eu fiz uma carinha de cachorrinho com fome e abandonado... E me sai muito bem, já que ela sorriu e cedeu.

–Você tem que ser rápida, muito rápida... Muito rápida mesmo.

–Okay! Eu vou ser como um raio! –disse eu animada. Não iam me pegar, tenho certeza disso. Eu poderia muito bem ir na diretoria perguntar onde está Scott, mas que emoção haveria nisso? Nenhuma! Zero! Do meu jeito é bem mais emocionante.

–Acho bom. Vai! –disse Carol e eu me esgueirei para dentro da sala do diretor, que ficava atrás da secretária, Carol iria cuidar se alguém aparecesse, e eu... Eu iria procurar a ficha do Scott.

Parei no meio da sala do diretor, que mais parecia um chiqueiro, e olhei ao redor, procurando o armário das fichas dos alunos... Havia um no canto da sala, cinza, como aqueles de guardar arquivos. Corri até ele e abri a primeira gaveta. Procurei ficha por ficha até que achei: Scott Dylan. Então esse era o sobrenome dele? Dylan? Que sobrenome mais tosco.

Peguei a ficha e comecei a folha-la. Quando achei o número para contato, ouvi três, e depois de uma pausa, mais duas, batidas na porta. Esse era o sinal da Carol de que alguém estava vindo! Ferro com tudo! Vou ser expulsa e vou levar Carol junto, por ser minha cumplice, ela vai me matar.

Olhei ao redor em pânico, aonde iria me esconder? Ouvi a voz da Carol do lado de fora da sala, falando com o diretor.

–Mas... O senhor não esqueceu algo no banheiro? –perguntou ela em pânico.

–Não, eu não estava no banheiro! –respondeu ele impaciente.

–E onde o senhor estava? –Carol perguntou, enquanto eu olhava para os lados, procurando um esconderijo.

–Na sala de reuniões! –Disse ele desconfiado.

–Então... O senhor não esqueceu nada na sala de reuniões? –perguntou Carol sarcasticamente e o diretor bufou, e a empurrou, entrando na sala no mesmo segundo em que eu entrava no armário de casacos.

Olhei pela fresta do armário, e vi o diretor entrar olhar ao redor e suspirar, ele havia desconfiado da Carol, claro que havia, ele não era tão burro quanto parecia, ele se sentou na sua cadeira e começou a mexer no computador, olhei ao redor do armário, que era incrivelmente pequeno, muito pequeno, havia alguns casacos pendurados e no canto direito, bem no fundo havia uma revista pornô... Sr. Mitchell! Que safadinho o senhor hem?

Ouvi a porta se abrir e olhei novamente pela fresta da porta, o professor de história havia entrado na sala, ele cumprimentou o diretor com um aceno de cabeça e se sentou na cadeira em frente ao Sr. Mitchell.

–Mais alguma notícia dele? –O professor perguntou, e o diretor balançou negativamente a cabeça.

–Continua no mesmo estado, nenhum avanço... –ele respondeu cabisbaixo, de quem eles estavam falando?

–Quando vamos contar para ela? –o professor perguntou, o diretor deu de ombros. –Ela está agitada demais, hoje saiu correndo da minha aula. –Ai Meu Deus, eles estavam falando de mim! E do Scott!

–Você gostaria de ligar para eles? Perguntar as notícias você mesmo? –o diretor perguntou sem paciência, e eu notei, que aquela conversa, não era a primeira vez que acontecia.

–Claro! Você tem o número? –ele perguntou animado, e o Sr. Mitchell falou o número, e eu anotei no celular. Se estavam falando de mim e do Scott eu queria saber! E queria saber aonde ele estava também!

Eles continuaram conversando até que o professor saiu, e o diretor ficou por mais alguns minutos até que se levantou e saiu, eu rapidamente saí do armário e coloquei a ficha do Scott novamente no lugar, sai da sala pé ante pé, e encontrei Carol sentada na mesa da secretária, roendo as unhas, quando me viu pulou e me abraçou.

–Eu já estava achando que haviam te expulsado! Feito suas malas e pensando se arrumassem ou não as minhas! Nunca mais faça eu fazer alguma coisa assim! Entendido?! –Ela estava nervosa... Nervosa é pouco, eu sorri tranquilizando-a, mas não disse nada, ainda estava meio pasma pelo que havia acabado de escutar. –E então? –Carol perguntou.

–O que? –Perguntei distraída, ela me empurrou com o ombro.

–Achou o que precisava?

–Hãã... Não, não deu tempo de achar. –menti, não que eu não confiasse nela, mas, não sei... Só achei melhor não contar a ninguém tudo que eu ouvi.

–O que?! Vamos ter que fazer tudo de novo? –perguntou ela decepcionada.

–Não... Não era uma ideia boba desde o início, melhor esquecer. Mais cedo ou mais tarde ele vai voltar. –eu disse.

–Claro que vai. Ele vai voltar para você. –ela sorriu para mim e nós voltamos para o dormitório, quando chegamos Andressa e Wesley estavam se agarrando no sofá, e eu anotei mentalmente para nunca mais me sentar naquele sofá. Nunca mais.

Carol pigarreou e eles se soltaram e Wesley sorriu constrangido. Andressa deu de ombros e Carol e eu trocamos olhares, cada uma foi para o seu quarto e Andressa e Wesley continuaram se engolindo no sofá. Sério, eu nunca mais vou sentar ali.

Entrei no meu quarto e sentei na cama do Scott, peguei meu celular e olhei para o novo contado que eu havia adicionado. Eu estava com medo do que iria me esperar quando ligasse, mas... Eu precisava saber, certo? Certo! Respirei fundo e liguei para o número, após alguns toques uma voz feminina falou:

–Hospital San Thiago, em que posso ajudar?