A nova Geração Brasil escrita por Cíntia


Capítulo 2
De repente, Califórnia


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo não trás muita novidade em relação a trama da novela, mas é necessário e espero que gostem. Fiquem com Jonas Marra...



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Por Jonas

Sai de casa pouco tempo antes de começar a festa da minha renovação de votos com Pamela, 20 anos de casamento não era pouca coisa, e se não fosse por forças externas não teria saído... Ela ficou furiosa, mas é que não fazia ideia do que me perturbava. Não podia falar com ela, pelo menos não agora, apesar de tanto tempo de casamento, não fazia esse tipo de confidência, não me sentia confortável a esse ponto. Pam não me parecia preparada para suportar o que viria, sempre fora muito protegida, e para ela era como se eu fosse um super-herói sem problemas, não conseguia dividir com Pamela as minha dificuldades mais graves, os meus traumas. Vivíamos mergulhados numa fantasia, ela uma mocinha inocente e despreparada e eu um ser quase inatingível, o Marra Man. Só que a realidade não era assim, e eu precisava sair. Eu precisava fazer isso para ter uma resposta definitiva sobre o que estava me ameaçando, colocando em risco o meu império, e por que não o meu modo de vida.

Tinha tantas coisas na mente, estava num momento da vida onde tudo parecia compactuar contra mim. Todos queriam me enfrentar, até mesmo os acionistas da Marra, uma empresa que criei do nada, e que hoje valia mais de 90 bilhões de dólares por causa das minhas ideias e atitudes. Mesmo assim me pressionavam para que eu escolhesse um sucessor... Queriam que eu deixasse o comando da minha própria empresa. Diziam que eu estava velho, obsoleto... Mas eles não sabiam nada, eu estava com 42 anos, e esses 22 anos desde que fundei a Marra, só me trouxeram conhecimento do mundo dos negócios, eu havia me tornado um lobo, uma raposa, e não ia desistir assim tão fácil do que construí na vida.

Há 22 anos saí do Brasil sem olhar pra trás, parecia que não havia mais nada lá para mim, principalmente depois da morte do meu pai, não via mais motivação para ficar. Nunca fui patriota, ao contrário, sabia que lá não era o lugar para realizar os meus sonhos. E sem tanto peso em mim, fui embora, decepcionando e até partindo corações de gente que não merecia, prejudiquei pessoas, deixei um rastro de sujeira, fiz muita coisa errada naquela época. E continuei fazendo durante todos esses anos para conquistar o poder. Menti, manipulei, e até cometi certos crimes. O mundo real era assim. E seguindo o conceito de que fim justificava os meios... Até que conseguia aliviar a minha consciência de vez em quando. Pois eu tinha uma ideia, e creio que fiz um bem com o computador (dentre outras coisas) que eu inventei: rápido, barato, usando peças de qualidade, e pronto para acessar a internet, o Bro, conseguiu levar a tecnologia e a informação a muita gente nesse mundo. Gente que naquela época nem sonhava com isso. Claro que enriqueci muito também, o Bro foi a base para construir o meu império. Um marco na história da computação.

Fora do Brasil, também criei uma família, até porque não tinha boas recordações e orgulho da que deixei lá... Há 20 anos conheci Pamela em um momento delicado da vida dela... Um pouco antes dela perder o namorado em um acidente de carro. Eu como todo nerd, era fã da princesa Shelda, tendo o sonho secreto de me casar com ela, ou indo para realidade, com a atriz que a interpretava, no caso Pamela Parker, que também era uma herdeira rica. Não perdi a oportunidade para conquistá-la e consolá-la. E quando ela descobriu que estava grávida do namorado falecido, não fiz por menos... Para um homem como eu que não podia ter filhos por causa de uma caxumba mal curada, essa família tinha caído do céu... E quando Megan nasceu, eu também me tornei pai. As coisas pareciam estar se encaixando.

Nesses 20 anos, eu e Pamela fomos o exemplo de um casal perfeito para o mundo. Vivemos muito de imagem é claro, o nosso estilo de vida sempre pediu isso... Tivemos muitos bons momentos, aventuras, ocasiões de sonhos e prazer. Só que fora dos holofotes, também houve muitas brigas, nós éramos um tanto diferentes, de mundos distintos, e até tínhamos opiniões contrárias em muitos aspectos... Eu, um garoto nerd que cresceu num bairro de classe média baixa, passou por muita dificuldade, que nunca teve o amor de mãe, que lutou e até fez muita coisa errada para subir. Ela, uma garota popular e riquíssima que sempre teve tudo, foi mimada e protegida por todos, principalmente pelo pai, Jack Parker (o caubói rei da mídia), sempre quis ajudar as pessoas, mas nunca teve um conhecimento verdadeiro da realidade, da pobreza e da real dificuldade. Nunca precisou lutar de verdade, pois sempre teve tudo o que quis. E mesmo que eu me esforçasse e tentasse mantê-la nesse mundo de conto de fadas, fazendo surpresas e a mimando, as vezes, as coisas saiam do controle e eu a desapontava. Eu não era perfeito e sempre fui muito ambicioso. Ela sempre teve necessidade de atenção. Eu sempre dei muita atenção a Marra. Mas claro que sabíamos nos portar, e nossas brigas, nunca se tornaram escândalos na mídia. Nós tínhamos uma dinâmica muito boa para o público e muita sincronia, erramos, até nos traímos, mas conseguimos manter essas coisas longe dos holofotes, e sempre fazíamos as pazes.

Entretanto houve um efeito colateral, pois depois de crescida, nossa filha, Megan, se revoltou com esse estilo de vida “perfeito”. Começando a ter um comportamento rebelde, a beber (mesmo sem ter idade pra isso), aprontar muito, dirigir em alta velocidade, andar em companhia dos famosos mais problemáticos, e até chegou a ser presa.

Apesar da minha Peanuts não ser mais a nossa filhinha “perfeita”, eu e Pam ainda mantínhamos a imagem de casal 20. A grande festa de renovação de votos que preparamos ajudava a mostrar a nossa imagem, e claro agradava a Pam com sua adoração por eventos glamorosos e necessidade de sempre mostrar como era uma estrela brilhante, mesmo após tantos anos longe da atuação. Eu também gostava de brilhar, mas às vezes, até cansava de tanto brilho e exaltação, essa festa era uma dessas ocasiões, me submeti para agradar a Pam. Mesmo assim não estava aliviado quando saí, ao contrário.

Encontrei a pessoa que esperava em cima pedra de uma praia deserta. Ele me entregou um envelope grená, e o abri. A situação era muito grave. Sentia o desespero, o suor frio se iniciando, a respiração se apressando, Era o começo de um ataque de pânico ... Mas me controlei, não podia ficar assim, precisava pensar. Eu podia perder tudo que conquistei, a minha vida iria mudar, acabar. Mas talvez eu ainda pudesse agir, talvez eu pudesse mudar aquela situação, ou pelo menos postergá-la.

E eu também precisava pensar numa maneira de me acertar com Pam, diminuir a sua resistência depois da minha saída repentina... Armei uma surpresa com um avião ... Fiz uma daquelas declarações românticas e bem publica, do jeito que ela adorava. Consegui conter a sua fúria e ate passamos uma tórrida noite na mansão Marra.

No dia seguinte, eu já sabia como agir contra os problemas mais graves. Nunca imaginei que faria aquilo, quando sai do Brasil, tinha a intenção de não voltar mais. E agora pretendia me mudar e montar uma filial da Marra lá. Eu não tinha alternativa. Ia voltar ao país que nasci e que detestava, teria que enfrentar tantos fantasmas do passado. Pois Isso poderia conter até mesmo os acionistas da Marra. E claro também ajudaria em relação àquele problema que ameaçava para valer a minha vida e o meu império. Jonas Marra voltaria ao Brasil depois de mais de 20 anos longe, essa realmente seria uma notícia chocante...


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Espero que tenham gostado, e quem puder não deixe de comentar, ou menos mostrar que está lendo, isso sempre me anima e até me inspira a escrever.



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