Por Megan

Estava no quarto da Marra que dividia com Danusa e também infelizmente com a intrometida da Mel, aquela mulher era intragável, fazia pose de santinha, mas eu não dava nada por ela ou pelo seu caráter, já que ela adorava me provocar. Não sei como conseguiria ficar no mesmo quarto e resistir à tentação de esganá-la. Por haver apenas três garotas no concurso nos juntaram, mas por mim, colocariam o Matheus conosco, ele era sweet, seria inofensivo, e despachassem a Melissa para outro quarto. Do que jeito que ela gostava da atenção dos garotos, sabia que adoraria.

Enquanto usava o tablet para navegar no site da Marra e ver a repercussão do Geração Brasil e do meu vídeo ( o fizera com tanto cuidado, e para mim tinha ficado tão bom, me decepcionei quando meu dad o desaprovou, mas ele só devia ter feito aquilo para me desapontar mesmo, felizmente o público tivera uma opinião diferente e eu alcancei uma vitória amazing) , Merdissa saiu do banheiro já de pijama e não resistiu à tentação de me perturbar:

– Megan Lilly, aproveita essa noite aqui, pois amanhã você já estará em casa. Hoje teve sorte, pois foi uma votação popular, como é mais conhecida, te escolheram. Mas já ouvi boatos de que jurados da Marra escolherão quem vai sair no próximo desafio.

– Olha, querida, você já se enganou uma vez, pois disse que eu sairia hoje... Não vem com essa empáfia, não. Com certeza, eu continuarei amanhã.

– É o que veremos- ela falou se deitando.

– Não, eu apostaria a minha fortuna nisso, amanhã continuarei aqui! – disse firme e me virei na cama, não queria mais discutir com alguém tão desagradável.

Pouco tempo depois, Danusa veio até a minha cama:

– Não liga, Megan. Seu vídeo tava top. Você mereceu!

Eu só sorri e minha prima voltou a sua cama. Peguei meu Marra book, e comecei a armar um plano, a littler revenge, se aquela indivídua achou que sua provocação ia ficar por pouco, estava bem enganada. Fiz uma pesquisa, digitei uns comandos, e algum tempo depois já sabia tudo o que precisava.

Percebi que Danusa e aquela outra já tinham dormido. Acessei as câmeras do nosso quarto, e gravei alguns minutos da filmagem. Troquei as imagens que estavam sendo transmitidas por aquelas que eu havia gravado. Sabia que acabara de infringir uma das regras do concurso, mas tinha fé que não seria pega.

Me levantei, fui até uma cadeira onde estava a roupa que Melissa selecionara para usar no dia seguinte. Era um terninho branco com uma calça branca, e uma blusa estampada, até que era um modelo elegante. Peguei a calça, e comecei a descosturar uma parte dela. Imaginava que ela não perceberia esse detalhe. Enquanto fazia o serviço, Danusa acordou, e sussurrou:

– Megan, o que você tá fazendo?

– Xiii... Fica quieta e dorme. Tá tudo certo! – sussurrei.

Ela estava um pouco sonolenta e me obedeceu. Aquilo me assustara, mas eu confiava que Danusa não contaria nada.

Eu já estava terminando, desfiei mais alguns pontos, voltei para cama, troquei as imagens da câmera, e quando elas voltaram a ser ao vivo, coloquei o computador de lado, apaguei o abajur da minha cabeceira, e fui dormir.

Por Davi

Nós estávamos reunidos no auditório quando Jonas Marra apareceu para anunciar o desafio daquele dia:

– Para ser o sucessor de Jonas Marra, é preciso ser mais que um bom programador, ou ter muitas ideias, ou as várias habilidades técnicas para desenvolvê-las. No dia-a-dia, eu entro contato com pessoas diversas, dentre clientes, sócios e outros empresários. Eu preciso vender a minha ideia, é preciso saber vender. O desafio de ontem foi justamente esse, nele vocês estavam se vendendo a mim e os dois últimos colocados ao público também. Quem está aqui é por que soube se vender. Parabéns, vocês passaram. Mas saber se vender a um empresário não é o suficiente. Vocês precisam saber responder perguntas sobre os produtos, saber vender aos clientes, ter uma ideia das suas dificuldades, do que eles querem e precisam. O desafio de hoje será nesse sentido. Todos estudarão sobre alguns produtos Marra e depois atenderão ligações e responderão e-mails de clientes reais. Todas as suas ações serão monitoradas. Uma banca de funcionários do suporte foi especialmente selecionada para avaliá-los. O candidato que tiver o pior desempenho segundo eles, será eliminado. Boa sorte a todos.

Assim ele saiu, e nós fomos para uma sala com computadores, cada qual tinha as informações dos produtos que iríamos atender, e um fone de ouvido com um microfone... De certa forma, quem já tinha uma boa familiaridade com os apetrechos marra possuía uma vantagem. Como por exemplo, Vicente que era um Marra fã, e sacava muito. Ernesto, o meu outro colega de quarto, não era tão fera quanto Vicente, mas também tinha um bom conhecimento. Já eu conhecia apenas o básico, e me concentrei na leitura. Não tinha tanta vontade de ser o sucessor de Jonas Marra, mas com certeza, a ideia de ser eliminado assim no início não me agradava... Não posso mentir, eu gostava de ganhar.

Como estava concentrado, eu mal prestava atenção a minha volta, mas como Melissa esbarrou em minha mesa, percebi que ela tinha saído e voltava ao seu computador. Continuei a leitura, mas logo depois ouvi um barulho alto de uma roupa se rasgando e vi que era a calça dela, ela havia se rasgado por inteira. Era uma situação bastante constrangedora, mas de certa forma engraçada, e muitos tentaram segurar o riso.

Muitos tentaram, menos Megan Lilly que logo soltou uma risada, que foi imediatamente seguida pela a de Danusa e a de Matheus. Os três haviam formado uma espécie de grupo e andavam juntos desde a noite anterior. Percebi que Matheus havia se entrosado com elas, e não com seus colegas de quarto. A verdade é que eu até vira Zac e Yuri cochichando de forma maliciosa sobre ele. Eles diziam que Matheus era a quarta garota do “Geração Brasil” e que deveria ter ficado no quarto das meninas e não no deles.

Como num efeito manada, mais alguns foram contagiados, e começaram a rir. Era engraçado, mas eu consegui me conter, me levantei e ofereci a camisa de manga comprida que usava, e Melissa aceitou. Ela amarrou a no quadril, parecia envergonhada, mas isso se desfez logo, pois depois levantou furiosa, e foi em direção a Megan:

– Foi você! Foi você que fez isso!

– Eu fiz whatt? Querida, não tenho culpa se você compra roupa vagabunda em brechó.- Megan disse com desprezo.

– Eu não compro roupa vagabunda, você trapaceou! Mas vai ver, agora se ferrou, pelas regras ... – tenho que admitir, as duas discutiam com atitude.

– Look, não me acuse sem provas. Tá bom? – Megan era dura na queda.

– Não tenho provas, mas vou conseguir!

– Vai? Te desafio, você não vai encontrar nada... Melissa, acho melhor você parar de me acusar, vai chorar nos braços do seu nerdzinho.

– Jonas Marra tem que resolver isso.

– Sabia que você ia apelar pro meu dad. Sempre apela para outra pessoa. Pode ir. – Megan desafiou.

Melissa se virou para mim:

– Davi, vem comigo até o meu quarto, vou devolver a sua camisa assim que trocar a minha roupa.

– Ok. – concordei e a estava seguindo, mas ao fazer isso escutei Megan Lilly falando pelas nossas costas.

– Tomem cuidado, guys. Evitem os amassos, as regras não permitem, tá?

Nós a ignoramos e continuamos. Enquanto andávamos falei:

– Mel, tem certeza do que tá fazendo? Realmente não vai cair bem para você procurar Jonas Marra sem provas.

– Tenho certeza, Davi. Ela armou para mim... E as provas, vou conseguir com o próprio Jonas. Ele tem que me mostrar as filmagens do meu quarto ontem à noite. É hoje que essa patricinha sai do concurso! – ela falou aquilo com um brilho estranho nos olhos que me deu até medo.

Esperava no corredor, enquanto Melissa trocava de roupa no quarto. Já era a segunda vez que eu a apoiava em uma discussão com Megan. Mas a verdade, é que apesar de ser muito bonita, ela não atraía, não sentia aquela faísca. Não sabia dizer o que, mas havia algo estranho nela...

Talvez houvesse duas motivações para eu demonstrar o meu apoio. A primeira era que ela participava do chat nerd, e a ajudava por uma espécie de coleguismo. A segunda era a sua adversária. Megan Lilly era linda, e eu não era imune a seus encantos, admito que ela sim me atraia. O que me deixava confuso, já que por outro lado, aquele seu jeito prepotente me irritava de uma maneira que me dava uma vontade de falar coisas horríveis com Megan, mesmo ela sendo mulher, e olha que com as garotas, eu sempre procurava falar de modo mais suave.

Quando dei por mim, Melissa estava no corredor e me devolveu a camisa:

– Obrigada... Você foi um príncipe!- ela falou um tanto próxima de mim.

– Não fiz nada demais.- disse tentando me desviar.

– Sabe, Davi. Eu sei que durante o concurso a gente não pode, mas quem sabe depois. – ela estava sendo bem direta – Talvez a gente pudesse se ver! – ela se aproximou novamente.

–Melissa, quem sabe... – disse me desviando, eu não estava interessado, mas não consegui ser direto com ela, não conseguia ser grosso com as mulheres, tirando Megan.

– Está bem... Agora vou até a sala de Jonas Marra, você vem comigo?

– Claro... – a segui pela curiosidade, eu ainda queria ver onde aquela história iria dar.

Ao chegarmos a porta da sala de Jonas, avistamos a filha dele:

– Então está com medinho e veio falar com o seu papai? Veio pedir perdão, prometer ser uma boa menina. Vai confessar, Megan Lilly? – Mel provocou.

– Perdão a quem? Eu não fiz nada! Só pensei que like sendo uma acusação contra mim, eu deveria estar presente!- tinha que admitir, havia muita confiança em sua voz, e audácia em sua atitude, e eu adoraria tê-la em meus braços daquele jeito e naquele momento.

Por Megan

Eu, a santinha do pau oco e Davi entramos na sala do meu dad. A presença daquele babaca me deixava so angry. Aquele assunto não tinha a ver com ele, então o que estava fazendo ali? Por que sempre tinha que defender aquela Merdissa?

– Murphy, me falou que está havendo um problema com vocês e que querem falar comigo. – meu dad comentou frio.

– Na verdade, a Melissa me fez uma acusação e esse “anão” não tem nada a ver com isso. What are you doing here? –me virei para Davi - Que eu saiba, ela não precisa de guarda-costas nem de um dom Quixote* para salvá-la dos moinhos de vento.

– Davi, você tem alguma coisa a acrescentar, ou ??? – meu dad perguntou e eu adorei a sua atitude.

– Não, eu só... tô... – Davi gaguejava.

– Então volta para os seus afazeres, deixe as garotas aqui que eu vou resolver a situação delas. – ahhh, como amei meu dad naquele momento!

Golias saiu com o rabo entre as pernas e Melissa contou toda a situação. Depois ela fez um discurso boring sobre a transparência do concurso, que eu a tinha prejudicado, que deveria ser punida por causa das regras, blá,blá, blá. E exigiu, sim exigiu, já que falava com tanta prepotência, ver os vídeos do nosso quarto na noite anterior.

Percebi que meu Dad estava muito impaciente com aquilo. Mas atendeu o pedido dela. Em velocidade rápida, ele os passou, mas como eu esperava, não notamos nada. Só que ela insistia, e assim ele voltou a projeção várias vezes. E depois de quase uma hora., percebi que meu Dad não aguentava mais, já eu, apesar do tédio em volta, ria por dentro... Como queria pegar a imagem do rosto daquela bitch e emoldurar num quadro.

– Melissa, não penso que vamos achar nada. Mas vou passar esses vídeos para o pessoal da empresa de auditoria verificar, caso encontrem algo, Megan será punida. Agora vocês têm que voltar para a competição, senão não conseguirão completar a prova de hoje. – Dad tentou manter a calma e nós saímos.

Eu saí satisfeita, I loved aquilo. Já Merdissa, como eu queria rir dela...Voltei para o meu computador e Danusa perguntou curiosa:

– E aí?

– Nada, Danusa. Nothing, afinal eu sou inocente. –ri.

Percebi que Davi estava olhando para gente e isso foi tão bom para a minha vaidade. Mas enquanto ele nos olhava, vi que Zac Virus desconectou o equipamento que gravaria as chamadas dele, provavelmente era algo que aquele nerd asshole nem perceberia e se não houvesse a gravação das suas conversas durante a prova, Davi seria eliminado.

Tá, eu não era a pessoa mais digna para desaprovar trapaças. Mas o que eu fizera com Melissa, fora uma brincadeira “inocente”, algo que não a desclassificaria. Aquilo era totalmente diferente, e não gostei nem um pouco. Eu detestava aquele stupid Davi... Mas Zac me causava certo medo, ele era sinistro, e depois daquilo, notei que realmente não prestava. Me aproximei de Golias, e o fingi provocar:

– Tá vendo, seu gigante nanico? Tentou dar uma de herói, defender a sua lady, e acabou com cara de imbecil. Não apoie quem não tem provas, tá bom? – falei alto e ele me olhou bem por uns momentos, nossa, o seu olhar demonstrou uma força que me deixou sem ar, fuck , ele mexia comigo, e enquanto eu era o seu foco, aproveitei para reconectar o equipamento dele.

– Megan, quer saber? Me deixa em paz! Hoje já desperdicei muito tempo com você!

Eu o ajudava, e ele me menosprezava. Ahhh, aquele nerdinho ainda teria que me agradecer, pedir perdão por aquilo.

Por Jonas

Eu sentia uma pressão enorme, o concurso já estava me tirando do sério. E nesse dia, novamente houve uma confusão envolvendo os candidatos mais polêmicos, ou seja, Davi e minha filha. Claro que havia o envolvimento de outra moça, e eu já tinha percebido que existia certa implicância entre Megan e Melissa.

Há vários dias, eu trabalhava direto tentando corrigir as coisas, ainda assim estava longe do que queria, também tinha que avançar com outros planos, e me sentia preso, atrasado. Será que aquele trio me causaria problemas todos os dias? Eu já não aguentava mais ter que lidar com aquelas picuinhas.

Tentei me aprofundar no trabalho: mandar algumas mensagens, olhar projetos da Marra, desenvolver outros, até mesmo conversei um pouco com Brian. Mas a verdade é que não conseguia me concentrar por muito tempo.

Durante a tarde, chegou uma mensagem que eu esperava. Era a avaliação do desafio do dia, li tudo com atenção. Apesar de muito jovem, Vicente foi excepcionalmente bem, o garoto era muito esperto, e conseguiu atender os clientes com desenvoltura. Ernesto foi outro que teve um bom desempenho, o rapaz tinha uma ótima lábia, era um vendedor nato. Por mais que eu quisesse vê-los longe da Marra, Davi e Megan também tiveram avaliações positivas e continuariam. Do lado do moleque, até que era esperado, mas o da minha filha era surpreendente... Megan já superava as minhas expectativas com o tempo de permanência, e como tudo estava sendo verificado, eu sabia que ela fizera aquilo por si mesma, o que parecia mais incrível ainda. Os piores colocados no desafio foram Zac e Yuri. Ambos não lidavam bem com o público, o primeiro era um tanto impaciente e o segundo tinha uma linguagem técnica demais que não fora entendida. E de acordo com a banca, Yuri fora um pouco pior que Zac, assim mesmo sendo o candidato preferido pelos acionistas, ele era o eliminado do dia.

Gravei um pronunciamento informando esse resultado, ele só seria transmitido à noite, mas era melhor ficar livre de uma vez.

Apesar de não querer, voltei meus pensamentos para Megan e Melissa, me lembrei das duas em minha sala. Peanuts, negou tudo, mas estava com um jeito de menina sapeca, o mesmo de criança quando aprontava algo. Revisei o relatório dos auditores, eles não constataram nada. Revi o vídeo, Megan apenas usou o computador na cama, até que o desligou e dormiu. Existiam métodos para ludibriar as câmeras, eu conseguiria fazer algo assim. Mas minha filha não teria habilidade para aquilo... Só que aquela cisma não saía da minha mente. Minha cabeça doía. Respirei fundo, eu estava muito cansado.

Assim olhei para frente, vi Verônica, senti o seu perfume mesclado de erva doce e que me enlouquecia. Era como se o mundo materializasse os meus desejos mais profundos. Só ela poderia transformar aquele dia infernal em um inesquecível e no bom sentido:

– Jonas ... – como eu gostava de ouví-la pronunciado o meu nome - Eu agendei uma entrevista através do seu assessor, mas se você estiver muito ocupado, eu volto outra hora! – ela esclareceu.

– Não, Verônica ... Eu estou pronto para você – disse rouco quase num sussurro, aquilo era verdade, mas só depois de falar é que percebi que não deveria ter dito algo com esse duplo sentido indevido. Não me lembrava daquela entrevista, e como era com Verônica, com a falta que sentia dela, com certeza não me esqueceria. Murphy não me avisou. Em outra situação, eu o censuraria. Mas naquela, queria lhe dar um prêmio. Fora uma surpresa maravilhosa.

– Como??? É... Eu... – Verônica pigarreou envergonhada, ela deve ter notado o outro sentido da minha frase – Então ... Muitos problemas? – ela tentava acabar com o constrangimento.

– Como sempre – sorri sedutor, eu gostava de atiça-la, de deixá-la confusa.

– O concurso? –ela ainda parecia atrapalhada.

– É! Seu irmão e minha filha! Eles sempre me causam problemas...- falei de maneira suave, não era uma cobrança.

– Jonas, Davi é um ótimo rapaz – mesmo assim ela respondeu em tom defensivo.

– Que adora arrumar uma confusão.

– Você não gosta que nada fuja do seu controle ...

– Verônica, quer saber de uma coisa? O ar da Marra está muito pesado, vamos sair daqui? – sugeri insinuante.