Chegando no hospital, Luiza e Cirilo foram direto na recepção procurar notícias sobre Salazar.

–Sim, Salazar. Podem entrar.-disse a mulher que os atendeu.

–Obrigada.- disse Luiza, enquanto Cirilo acenou com a cabeça pra mulher.

Chegando na sala, Salazar estava consciente, pois já havia saído do coma, mas estava com os olhos fechados, tentando relaxar profundamente, quando ele escutou barulho de passos junto com a porta sendo aberta, ele pensou que fosse a enfermeira e abriu os olhos mirando diretamente na porta, então se emocionou quando viu que era sua amada filha.

–Filha, que saudade.- ele disse, com um sorriso largo no rosto, enquanto Luiza chorava de emoção por descobrir que ele acordou. Os dois se abraçaram longamente, mas de um jeito desajeitado, pois Salazar ainda não podia fazer muito esforço, Cirilo ficou um pouco mais atrás, sentado numa cadeira que ficava lá, quando Salazar percebeu sua presença ali, o chamou e ele foi.

–Cirilo, queria aproveitar pra pedir desculpas. Pra você e para a Patrulha Salvadora.- ele disse, com sua mão em cima da mão de Cirilo.

–Eu sabia, tinha certeza que o senhor diria isso quando nós viéssemos.- ele disse, sorrindo.

–E cadê os outros patrulheiros?

–Estão em uma missão de salvamento agora.-mentiu ele, não queria que Salazar soubesse que ele tinha saído da Patrulha Salvadora e depois aproveitar pra armar mais vilanias na cidade.

–Você deixou de ajudar seus amigos a salvarem a cidade só pra vir aqui me ver?- Salazar tinha a boca em forma de "O".

Cirilo apenas acenou com a cabeça em afirmativa, fazendo Salazar chorar de emoção junto com Luiza, os três se abraçaram de emoção, não pela recuperação de Salazar, mas pelo ato bondoso de Cirilo.

Enquanto isso, os patrulheiros estão na maior discussão porque a notícia que Faraó colocou em suas mentes sobre o evento, e as meninas não estão mais aguentando tudo aquilo.

–Gente, dá pra parar só um pouquinho e me responder? Quem foi que disse pra vocês que essa luta não era pra vocês saírem de lá e sim para o vencedor ficar esnobando vocês?- perguntou Valéria.

–O Faraó nos disse por telepatia.- disse Daniel.

–Ah, então é isso.- disse Alejandra.

–É por isso o quê?

–Por isso que vocês estão brigando tanto entre si desse jeito, vocês já se conhecem há tanto tempo, são parceiros de trabalho há muitos anos, como podem pensar uma coisa dessas?

–Vai me dizer que vocês vão confiar no Faraó? O maior rival de vocês?- perguntou Chiquinha e os patrulheiros se entreolham.

–Tem razão.- disse Marcelina.

–Claro que temos.- disse Valéria.

–É verdade, poxa, agora perdemos o Cirilo por causa daquele maldito Faraó!- repetiu Marcelina.

–Mas até que o Cirilo merecia. Você já se esqueceu do ano passado quando ele ficava se achando pra gente só porque tinha muitas ideias?- disse Mário.

–É, além disso, ficava defendendo a Luiza como está fazendo agora, de novo.- disse Alícia.

–Mas até que a Luiza parece estar arrependida. - disse Chapolin.

–É só um fingimento Chapolin, só que o Cirilo não quer entender.- completou Alícia.

–Ah gente, vocês acham que se a Luiza estivesse fingindo, ela ia querer botar o pai dela atrás das grades outra vez? Lembrando que da outra vez ela ficou furiosa e quis se vingar de vocês.- disse Marcelina.

–Claro que não Marcelina, ela só fez aquilo pra nos atrair na armadilha do Faraó de entrar lá dentro do androide e ser derrotado por ele.- disse Jaime.

–Eu concordo com o Jaime.- disse Carmen.

–Pensem o que vocês quiserem, pois isso não vai mudar o fato de que elas estão certas. Pelo contrário, elas continuarão certas da mesma forma.-disse Marcelina.

–Espera aí Marcelina, você vai ficar contra nós agora?-perguntou Mário, indignado.

–Desculpe Mário, mas como uma boa patrulheira que eu sou, estou seguindo as regras de ficar do lado de quem está certo, como dessa vez o errado são vocês, não posso lhes dar apoio, sinto muito.- disse Marcelina, com firmeza.

–Marcelina, eu não tô te reconhecendo.- disse Mário.

–Eu também não estou reconhecendo vocês.

–Eu não esperava isso de você Marcelina.- disse Daniel.

–E eu muito menos de vocês.

Depois disso, Marcelina deu as costas para todos os patrulheiros, até para as meninas, para esconder os olhos lacrimejados por causa da discussão com seus amigos e pior, com seu amado. Aquilo era demais pra ela, que começou a sentir uma corrente elétrica passar por seu corpo, já que suas lágrimas passavam pelo seu corpo feito por eletricidade e todos nós sabemos que água com eletricidade é uma das maneiras de se dá um curto circuito, que poderia ser fatal, então, secou as lágrimas e foi se deitar.

–Bom patrulheiros, agora que não temos mais o Cirilo, acho que temos que decidir se ficamos assim ou se encaixamos mais um patrulheiro.- disse Daniel.

–É uma escolha bem difícil.- disse Maria Joaquina.

Então, todos, menos Marcelina foram se juntar na mesa da sala pra decidir isso, apesar de preocupado e triste por causa da briga com Marcelina, Mário se esforçou pra não pensar nisso e se juntou a eles.

Enquanto os patrulheiros estão lá tomando essa difícil decisão, Cirilo e Luiza estão voltando do hospital, mas tem um problema: Cirilo não faz mais parte da Patrulha Salvadora, logo, não poderá dormir no QG, então, onde ele vai dormir?

–Você pode dormir lá em casa comigo. Eu arrumo um colchão pra você dormir.- disse Luiza.

–Não precisa, eu não quero te incomodar.- disse ele.

–Não vai me incomodar.

–Mas e o seu pai? Ele não vai gostar de saber que eu dormi lá, mesmo que ele agora não seja meu inimigo e confie em mim.

–Ele não tem que saber. É só não contar pra ele que ele não vai descobrir.

–Sei não Luiza. Olha, não é que eu desconfie de você ou algo assim, é que nunca dormi... Desse jeito, sabe?

–Mas então onde você dormirá?

–Posso perguntar para a delegada Olívia se ela me deixa dormir lá. Tanta gente que vira a noite ou dorme lá.

–Tá bom então, mas se você mudar de ideia, pode ir lá em casa que eu vou estar te esperando tá?

–Tá bom, pode deixar.

–Tchau.- e beijou o rosto de Cirilo.

–Tchau.

Nisso, Cirilo começou a andar bem cautelosamente pelas escuras ruas de Kauzópolis, ainda estava triste por causa de sua saída da patrulha, mas no fundo estava feliz, pois assim poderia parar de sofrer. Em certo ponto, começou a ter a sensação de estar sendo seguido, olhou pra trás e não viu nada, depois, olhou em volta e viu um vulto parado atrás de uma árvore.

–Quem é você?- ele perguntou, apesar de assustado e com medo, tentou permanecer o mais calmo possível.

–Não se preocupe Cirilo, eu sei que você não me conhece, mas já me apresento. Sou um super herói chamada Mister A, eu sou um membro de um grupo de heróis fundado por mim mesmo chamado "The Misters", pois somos inspirados no grande ilusionista Mister M, eu estava lá no Smash Bros, mas não pude participar, pois não fomos convidados, então, nós só assistimos e vimos o jeito que você venceu aquele jogo, depois eu vi que seus amigos estavam com raiva de você, ainda consegui ouvir sua conversa com aquela garota, então, já que seus amigos te expulsaram do grupo deles, que tal entrar para o meu?- disse o estranho, finalmente saindo da sombra da árvore e ficando debaixo de um poste, ele estava todo vestido de preto da cabeça aos pés e ainda tinha uma máscara preta nos olhos com desenhos em branco.

–De onde você veio?- perguntou Cirilo.

–Calma, vamos por partes. Eu não estou te obrigando a entrar no meu grupo, estou apenas convidando, você pode recusar se quiser, mas afirmo que seria uma honra ter você como integrante do nosso grupo.

–Como posso confiar em você se nem sequer o conheço?

–O que eu posso fazer pra você confiar em mim?

–Talvez, se me deixasse olhar nos seus olhos. Eles são a única parte do corpo humano que não mentem.

O estranho garoto Mister A respirou fundo antes de responder.

–Ok.- e ele tira a máscara, revelando um rosto desconhecido para Cirilo. Ele tinha um nariz fino, olhos azuis e cabelos pretos, com uma franja na testa, porém, a franja estava virada para o lado direito. Ao olhar aqueles olhos azuis iguais ao do mar, mesmo que ele fosse um desconhecido, Cirilo pôde ver que ele falava a verdade, desde que brigou com seus amigos e se tornou prisioneiro de Faraó, assim que foi libertado ele aprendeu a ler os olhos das pessoas pra não sair dando confiança pra qualquer um e depois ser passado pra trás. Por fim, disse:

–Está bem, eu vou lá só pra conhecer esse seu grupo, se eu gostar deles eu entro, se não gostar, eu não entro.

–Beleza, como já disse, deixarei você escolher à vontade.- ele disse, se levantando e colocando sua mão nas costas de Cirilo para guiá-lo.

Enquanto caminhavam até o QG dos Mister's, Cirilo e Mister A foram conversando no caminho, o garoto revelou que possui vários poderes, como o de absorver o poder de outros heróis, super agilidade, lança raios destruidor com os olhos, mas o que ele mais gosta é um poder que ele chama de "energia ponto zero", que é feito quando ele aponta seu dedo indicador para algo e ele lança um raio paralisador em volta do objeto que ele apontou e pode lançá-lo pra qualquer direção.

–Mas garanto que, apesar de todos esses poderes, eu uso apenas para o bem, entendeu? Uso contra o mal que ataca Kauzópolis.

–Tudo bem, eu confio em você. Mas eu nunca tinha te visto por aqui antes.

–Eu sei, é que chegamos ontem, vimos uma matéria sobre a Patrulha Salvadora no jornal lá da minha cidade e ficamos loucos pra conhecer vocês. Nosso nome é inspirado no Mister M, mas o grupo foi inspirado em vocês.

Cirilo sorriu, finalmente estava voltando a ser adorado por alguém novamente.

–Chegamos.- disse Mister A, apontando para o QG, era um casarão, na verdade, mas parecia mais um sobrado misturado com um castelo, pois o telhado tinha algumas pontas agudas, que serviam para impedir que ladrões entrassem pela janela.

Ainda com o coração na mão por estar próximo de ficar no meio de estranhos, Cirilo viu quando Mister A girou a maçaneta e abriu a porta, em seguida, entraram.