Chegou o dia. O dia que vou rever minha irmã depois de dez anos, nem lembro dela direito, lembro vagamente.

Mas, ainda tem o enteado dela que vai morar conosco. Que saco!

– Você tem certeza de que não quer ir comigo, Alice?- pergunta meu pai pela centésima vez.

– Não, pai! Eu vou ter que vê-los do mesmo jeito!

– Tá bom! Beijo.- ele diz, me beijando.

– Tchau!

– Tchau! Até daqui a uma hora mais ou menos.

Ele sai de casa e vai embora com seu carro. Um Gol brnaco.

Assim que ele sai, vou para o computador e desabafo pelo Skype com meus amigos sobre como estou aflita e nervosa em rever minha irmã.

– Nunca pensei que eu estaria assim.- eu disse.

– Calma, Alice, vai dar tudo certo... É como ver um parente distante.- explica Daniel.

– Isso! É como ver um parente distante, uma tia, avó... Eu tenho 100% de certeza de que ela vai perguntar como você está, a escola, namorados e essas coisas.- fala Juliana.

– Tá bom, vou tentar relaxar.

– Bebe suco de maracujá!- os dois falam juntos.

– Tira foto com ela! Eu quero ver como ela é! Se ela for gatinha...

– Daniel, ela tem marido.- eu falo, estragando os sonhos dele.

– Ah! Ainda bem que tenho vocês!

– Eu, não!- eu digo.

– Ainda bem que tenho a Ju!

– Ih, sai daqui!

Quando dou por mim, ouço a buzina do carro. Me despeço dos meus amigos, levanto da cadeira e vou até a sala e olho pela janela que dá para ver a garagem. Meu pai sai do carro primeiro, logo depois, o menino. E que menino! Alto, pele branca, olhos castanhos, cabelos pretos e bagunçados, barba por fazer, ele estava vestindo uma camisa polo azul, calça jeans e tênis pretos. Meu pai tira do porta-malas três malões enormes. O menino bate no vidro do carro e fala:

– Barbara, anda, sai do carro! Sai desse vício no celular!

E assim, ela o obedece e consigo ver minha irmã. Ela não parece ter 25 anos, parece ter 18, tem cabelos loiros esvoaçantes, olhos verdes como meu pai, jáeu puxei minha mãe com olhos castanhos, estava vestindo um vestido branco florido e salto alto. Ela percebeu que eu estava os olhando pela janela, sorriu e gritou:

– ALICE!